Fire escrita por R C Denucci


Capítulo 2
1 - Sobre hábitos


Notas iniciais do capítulo

Postei junto só p ninguém reclamar q o prólogo é muuuuuito pequeno. Eu sei que é pequeno meu filho, eu escrevi.
*FAVOR NÃO SER UM LEITOR FANTASMA. COMENTE*
GRATA, A ESCRITORA.



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O gosto forte do café puro desceu como um presente à garganta da detetive Jennice Glick, que ansiava um por calor naquele dia frio. Outubro sempre fora frio em Ocala, mas ela não estava preparada para esse dia em especial, o início do mês geralmente se estabilizava em torno de 25°C, mas este dia certamente não entrava nesta média, a sensação térmica de lado de fora do Departamento de Polícia era de pelo menos 13°C. 13°C que não eram protegidos pelo seu terninho de linho.

O lado de dentro do DP era um pouco diferente do que as pessoas geralmente esperam, quer dizer, talvez até fosse o turbilhão de informações e tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas, Jenn não sentia isso, na verdade, aquela enorme quantidade de informações fazia com que ela se sentisse em casa, com tantos rostos conhecidos ao seu redor.

Enquanto andava pelo recinto, Jenn não podia deixar de pensar que alguns hábitos nunca mudam, mesmo com uma rotina completamente diferente a cada dia que se passa. Cada policial que trabalhava ali tinha suas manias, em especial o detetive Harlow Bauer, parceiro de Jenn, por algum motivo ele estava sempre atrasado, assim que passava pela mesa de Harlow – Assim que chegava. – estava vazia. Sentou-se na sua mesa, que ficava de frente para a de Harlow, no mesmo momento em que uma voz em meio a tantas outras se elevou:

– Glick! – Era a voz do diretor do DP, Kevin Fosters, aquele homem era quase a definição de bipolaridade, nunca se sabia como estaria o seu humor, neste dia, ele parecia de bom humor, mas isso não impedia que no dia seguinte ele viesse com o humor de quem quer estrangular cada pessoa que vê pela frente.

– Diretor. O que me trouxe hoje?

– Onde está o detetive Bauer?

– Essa é a pergunta que eu me faço toda manhã...

– Então, neste caso, você tem um 187 na esquina da NE 21st com a Av. 45th.

Jenn saiu da sua mesa e seguiu para o estacionamento, assim que atravessou a porta sentiu uma rajada fria e encolheu os braços. Correu para a sua viatura na esperança de que estivesse quente dentro do carro, era uma falsa esperança, talvez estivesse até mais frio do que do lado de fora, ligou o aquecedor no máximo tentando chegar a uma temperatura confortável.

Homicídio. – Pensou. – Há quanto tempo não ouço falar de um... estava bom de mais para ser verdade.

Não se lembrava de nenhum caso recente, pelo menos nenhum que fora reportado a polícia... a violência em Ocala tinha diminuído muito, recentemente, claro que sempre existe alguma coisa ruim acontecendo, se não tivesse, ela não teria um emprego.

Trabalha como policial desde que se lembra, começou com seus poucos dezesseis anos como estagiaria, ao longo dos anos foi sendo promovida, passou por quase todos os cargos possíveis, mas o atual era o seu favorito, hoje com quarenta e nove anos, se lembrava de muito pouco do que acontecia na época em que entrou para a polícia, as pessoas não lhe contavam nada, mas é claro que ela ouvia pelas finas paredes do DP, e de acordo com o que ela escutava, Ocala já foi uma cidade muito mais violenta...

Esse pensamento durou o suficiente para chegar até a rua atrás do Museu de Arte, os policiais já haviam interditado a área. Ela atravessou a massa de curiosos que passava por ali, e chegou até o corpo, um adolescente, não tinha muito que falar sobre apenas vendo, na autopsia seriam revelados os detalhes mais importantes.

Ela se abaixou para olhar o corpo mais de perto e pediu um par de luvas para um policial que passava. Agora, sem correr o risco de estragar alguma possível prova, levantou a pálpebra do garoto e examinou seu olho, a esclera estava extremamente vermelha, contrastando com o azul da íris. A hemorragia subconjuntival deixava a causa da morte clara como água, sufocamento.

Jenn viu uma mulher jovem do outro lado da cena conversando com um homem que aparentemente era quem havia chamado a polícia, devia ter uns cinquenta anos e parecia em estado de choque. Assim que percebeu que a mulher havia terminado o interrogatório padrão a chamou:

– Braiden! – Ela virou-se enquanto Jenn se levantava.

– Detetive Glick. – Braiden Callahan podia até ser bem mais jovem do que a maioria dos policiais, mas ganhou o respeito de Jenn quando se mostrou ser mais corajosa do que muitos policiais mais velhos, que, supostamente, deveriam ser mais corajosos do que os novatos.

– Já sabem quem é o garoto?

– Sim, Chad Devney, vinte e um anos. – Disse levantando um saquinho de plástico lacrado com uma identidade dentro – Estava com os documentos na carteira.

– Já falaram com a família?

– Achamos que talvez fosse melhor você falar, você sabe dar más noticias sem machucar tanto as pessoas. – O que era verdade, a mãe de Jenn a ensinou uma forma de se colocar totalmente no lugar dos outros, escolhendo as palavras cuidadosamente, calculando cada movimento, e transparecendo todo o carinho possível na sua face, mesmo que este não seja verdadeiro.

– Tudo bem. Ligue para os pais e chame-os a delegacia. – Braiden concordou com a cabeça ao mesmo tempo em que o celular de Jenn vibrou no seu bolso de trás.

HARLOW B.:

Eu sei que estou atrasado

Já estou indo

Algo que não entrava na cabeça de Glick era como uma pessoa podia se atrasar todos os dias, como ele nunca tentara acordar vinte minutos mais cedo?

Ela respondeu:

Vá direto p o DP

Você vai me ajudar com as pistas do 187

*

Já dentro do carro, ligou o aquecedor e alguns minutos depois relaxou, seguiu dirigindo tranquilamente pelas ruas calmas de Ocala, com uma quantidade imperceptível de automóveis. Considerando o frio incomum, os que se esconderam dentro de lugares fechados, fizeram uma boa escolha.

Parada no semáforo um pensamento engraçado e levemente perturbador lhe ocorreu, quando o diretor lhe dissera que era um 187, havia pensado que depois de tanto tempo sem ver um corpo, iria se sentir enjoada, como da primeira vez, mas ela sentiu somente pena do garoto que estava ali. Alguns hábitos nunca mudam...


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Notas finais do capítulo

NOVAMENTE:
*FAVOR NÃO SER UM LEITOR FANTASMA. COMENTE*
GRATA, A ESCRITORA.



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