Ladybug Super Star! escrita por Kaoru Hakuou


Capítulo 1
A Audição




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O burburinho na sala era endurecedor.

O nervosismo com a audição era quase palpável e Marinette tinha a impressão que desmaiaria a qualquer segundo. Ela observou uma menina dar uma pirueta perfeita, sentindo uma gota de suor escorrer pelas suas costas. Era impressão sua ou o chão estava tremendo?

– Este lugar parece bem cheio. Eu acho que vi aquela atriz de Jogos Vorazes quando entramos. Era para ter tantas candidatas nesta etapa?

Ela, Tikki e Alya estavam em um canto afastado da sala para onde as arrastara assim que chegaram. Quando se inscrevera para aquela audição, Alya dissera que era apenas um pequeno filme independente, mas a quantidade de mulheres naquela sala era surreal.

– Não sei por que está tão nervosa, você estava incrível na gravação. É perfeita para o papel – comentou Alya.

A menina deu mais uma pirueta perfeita.

– Sim, mas bem, isso aqui –disse Marinette gesticulando para as pessoas da sala e olhando seriamente para suas amigas – é uma história totalmente diferente. Não era para ter tanta gente aqui!

Alya e Tikki desviaram o olhar, de repente achando o chão e o teto estranhamente interessantes. Ela as encarou com suspeita.

– O que vocês não estão me contando?

– Err, você sabe como é, algumas coisas acontecem, mas quem imaginaria, né Tikki?

– O que? Eu disse para contarmos!

– Nem tente escapar! Você concordou em não falar nada!

– Eu não tinha muita escolha... Se contássemos a Mari teria desistido do papel e sabemos o quanto ela gostou dele!

– Exatamente! Temos um ótimo motivo – concordou Alya satisfeita.

– Do que vocês estão falando!?

Alya e Tikki se encararam por um segundo e acenaram em concordância. Não tinham mais como esconder.

– Você se lembra que a Alya disse que era um filme pequeno e independente? – perguntou Tikki.

– Sim, foi por isso que me inscrevi – respondeu Marinette – Não sou uma atriz profissional nem nada, só tenho o registro porque vocês me arrastaram junto. Nem sonharia em tentar um filme grande.

– Sim, sim. Bem, o diretor que originalmente ia fazer o filme teve que sair e pediu para um diretor conhecido dele assumir tudo. Acontece que esse novo diretor que assumiu é um amigo de infância de Adrian Agreste e ele o chamou para fazer o papel principal. Ninguém achava que ele concordaria, mas ele aceitou na hora.

– O QUE!? – berrou Marinette e logo em seguida levou uma cotovelada da Tikki – Ai!

Diversas pessoas viraram para encará-las. Ótimo. Esfregando o braço, Marinette sentiu suas pernas bambas e seu lábio tremer.

– O-o que? – repetiu incrédula, agora mais baixo.

– Isso deu um bafafá enorme! Saiu em programas de televisão, jornais, revistas, em todo lugar! De repente pessoas brotaram do chão para investir no filme e uma horda de mulheres no cio correram de todo canto para ter uma chance de atuar com o Adrian. Um verdadeiro caos. – completou Alya – Como você não viu nada disse!?

– No fundo achávamos que você já sabia – disse Tikki como que pedindo desculpas.

Agachando-se em desespero, Marinette começou a espalhar todo seu cabelo, o sangue fugindo de seu rosto. Ia ter um ataque.

– Marinette, reaja! Você está branca que nem um fantasma – disse Tikki estalando os dedos.

– Brad Pitt? – perguntou Marinette desejando secretamente que a suas amigas afirmassem e que o nome que escutara não passasse de mais uma de seus desvaneios.

Ela sempre tivera uma queda por Adrian. Na verdade estava mais para um desabamento completo.

Era uma paixão antiga, de uma época que Marinette nem ao menos sabia o que era amor direito. Eles se davam bem embora não pudessem ser considerados grandes amigos.

Desde aquela época ela já o observava.

Com o passar dos anos ela tentara inúmeras vezes confessar seus sentimentos, mas ou por culpa do acaso ou por vergonha, nunca dava certo.

Com o tempo, cada um acabou seguindo seu caminho, mas Marinette jamais o esquecera completamente.

Nem no ensino fundamental.

Nem no ensino médio.

Nem mesmo quando conquistara o tão desejado diploma em design, quando secretamente desejara poder compartilhar tudo aquilo com Adrian em vez de Nathanael.

Nenhum relacionamento dera certo também.

Por anos tentara, desejara e lutara para amar Nathanael tanto quanto ele a amava, mas fracassou vergonhosamente. Eram bons juntos, mas no final acabou apenas magoando a pessoa maravilhosa que ele era e por isso se arrependia todo dia.

E cheia desse arrependimento, ousou tentar esquecer Adrian, mas como que carma, ele veio até ela em seus sonhos assustadoramente eróticos. Um choque excitação percorreu seu corpo e Marinette sacudiu a cabeça para afastar essas lembranças.

– Por favor, Brad Pitt não chega nem aos pés do Adrian. A-D-R-I-A-N. Em uma fantasia de couro justa. – respondeu Alya com um sorriso travesso.

– Muito delicada, Alya – comentou Tikki com cara fechada.

– O que? Não falar nada não vai mudar a verdade. A Marinette precisa deixar toda essa vergonha. – disse Alya e se virou para mim – Você foi incrível em todos os ensaios que fizemos, parecia a verdadeira Ladybug.

Marinette respirou fundo e juntou toda a paciência que conseguiu.

O problema não era atuar em um filme maior. Estava nervosa antes, mas isso era normal.

E é verdade que grande número de candidatas havia causado uma grande pressão nela. Mas era preciso ser muito insensível para não sentir toda a tensão do lugar.

Marinette tinha um pouco de vergonha, mas conseguia lidar com essas coisas. Se tivesse esperado um pouco, teria se recuperado completamente.

Mas Adrian?

Adrian era uma história totalmente diferente para ela.

– É, mas no ensaio eu estava só com vocês imaginando um estranho qualquer, não o incrivelmente sexy, musculoso e, ai meu Deus, vou ter um treco. Não consigo nem falar o nome dele direito sem lembrar daquele tanquinho divino começar a babar! – disse Marinette de forma histérica.

Ela não costumava perder a postura, mas aquele homem a deixava fora de orbita.

– Marinette! Por favor, você vai arrasar! Deixe de ser uma gatinha medrosa e tire essa tigresa interior para fora – disse Alya em pé ao lado dela tentando abaná-la com uma folha – Ou talvez eu deva dizer joaninha? Enfim – disse agitando as mãos – Você devia aproveitar e seduzir aquele pedaço de mal caminho antes que alguém o faça.

Ah, sim.

– Claro! Vou chegar para ele e dizer “Então Adrian, você provavelmente não lembra quem eu sou, mas sei absolutamente tudo sobre você e tenho certeza que sou a pessoa perfeita para você. Alias, tem uma foto do seu tanquinho no teto em cima da minha cama para que eu possa dormir olhando para ele, quer uma minha também?”.

– Tem!? – Perguntou Tikki.

Fechando a cara, Marinette acenou confirmando.

Ela tinha certeza que isso tinha acontecido quando estava bêbada, pois a foto aparecera lá magicamente depois da noitada que tivera com Alya e Tikki no aniversário dela e não se lembrava nada do que tinha acontecido.

A última coisa que Marinette se lembrava era de ter percebido que alguém confundira vodka com tequila na caipirinha dela.

Desde então ela deixara lá para lembra-la de fazer suas próprias bebidas e de nunca beber demais novamente.

Pelo menos era isso que ela dizia a si mesma.

– Talvez esse não seja o melhor caminho. Que tal pedir ajuda para ensaiar suas falas? A luz de velas? E regado a vinho? Na horizontal? – sugeriu Alya com um sorriso predador.

– Alya! – berrou Marinette e logo em seguida senti Tikki dar uma cotovelada em meu braço novamente, no mesmo lugar – Ai! Você ainda vai me deixar um roxo assim.

Esfregando o braço dolorido, ela olhou ao redor e percebeu que todos estavam encarando elas com cara de poucos amigos. Marinette viu a menina das piruetas dar um sorriso de deboche e ficou vermelha.

E a audição nem havia começado.

Se ela chegasse ao fim do dia viva já estaria feliz.

– Horizontal? Quem falou sobre sexo? Não consigo nem falar o nome dele! – sussurrou Marinette indignada.

Alya e Tikki começaram a rir deixando Marinette mais envergonhada. Elas ainda estavam rindo quando perceberam que não conseguiam mais ouvir o burburinho das pessoas.

Tikki rapidamente se virou em direção a porta e cutucou Marinette.

– Mari, ele está aqui.

Com essa simples frase, ela sentiu seu mundo se desequilibrar.

– Ai minha senhora!

Um calafrio percorreu seu corpo.

Lentamente Marinette se levantou tentando enxergar por entre todas aquelas pessoas que também lutavam por um espacinho para espiar o mundialmente famoso ator, modelo e cantor, Adrian Agreste.

Lá estava ele na porta, alto e com seus olhos verdes iridescentes.

– Ser tão lindo assim devia ser pecado – sussurrou Marinette.

Acompanhado se de seu empresário e toda uma parafernália de profissionais que o mantinham impecável e suculento como um pedaço de bolo para todos o desejassem.

Todos da sala acompanharam atentamente os movimentos de Adrian.

Pareciam querer come-lo vivo e agora tudo fazia sentido para Marinette.

Se o que Tikki dissera fosse verdade, então aquela audição estava sendo feita especificamente para selecionar a atriz que interpretaria a confiante Miraculous Ladybug, a uma heroína que usa um colã de joaninha e é a grande paixão de Chat Noir, personagem que seria interpretado por Adrian.

Quem não gostaria de por as mãos neste papel?

Quer dizer, eu certamente Marinette não seria a primeira reclamar de tê-lo grudado a ela usando apenas roupa super justa agarrada a todos os lugares certos.

– Marinette, você está babando – sussurrou Tikki.

– Ai caramba, eu estou perdida.

Adrian caminhou com passos firmes até o final da sala onde havia outra porta e se virou para todos. Marinette mal notara o homem de pele morena e alto ao lado dele até que começou a falar animadamente.

– Primeiramente, parabéns a todas que chegaram até aqui. Mais de cem mil gravações foram recebidas no do prazo do mundo inteiro para ter a oportunidade de estar aqui hoje e possivelmente desempenhar o papel da grande heroína deste filme. Talvez até roubar alguns beijos do Adrian, nunca se sabe – disse Nino rindo e dando uma leve cotovelada em Adrian que coçou sua cabeça e riu – Eu brinco, mas foram várias noites em branco para assistir todas as gravações e acreditem quando eu digo que vocês mereceram chegar aqui. Para quem não sabe, meu nome é Nino e estarei dirigindo este filme. Também sou amigo de infância de Adrian, então uma simples atuação superficial não me enganará. Quero ver a alma de vocês nisso. Adrian?

– Como disse o Nino, parabéns a todas vocês, são todas mulheres incrivelmente talentosas. Algumas mais, outras menos, mais cada uma com seu charme. Confesso que espiei algumas das gravações e estou ansioso para testar cada uma de vocês.

As mulheres mais próximas aos dois se agitaram e alguns gritinhos ecoaram do fundo da sala.

Marinette olhou em desespero para Alya.

– Ai minha senhora!

– Será que ele faz isso de propósito ou é natural? Você está tão ferrada Mari.

– Alya, não a desespere mais! – repreendeu Tikki.

Tentando acalmar seu desespero, Marinette respirou fundo até dez para se acalmar.

Precisou repetir o exercício algumas vezes até que seu coração se acalmasse. Quando o fez, voltou a prestar atenção ao que Adrian dizia.

– ... E quando chamarem o grupo do seu número, entrem na sala e lá orientaremos vocês. Boa sorte! – finalizou Adrian.

Em seguida ele trocou algumas palavras com Nino e se viraram para a porta atrás dele indo para a outra ala. Um a um a comitiva os seguiu e a sala se perdeu novamente em burburinhos.

– O que? O que? O que eu perdi? – perguntou Marinette desnorteada para Alya e Tikki.

– Bem, parece que eu e a Alya teremos que esperar você em outro lugar, pois só as candidatas podem permanecer aqui.

– O que!? Não, nem pensar, se com vocês eu já estou nervosa, imagine sem!

– Relaxa, Mari. Por que não faz aquela sua coisa quando vai entrar em um personagem? – sugeriu Alya.

– Ótima ideia! – disse Tikki animada pegando as mãos nas de Marinette e ficando de frente para ela – Olhe para mim Mari.

Marinette hesitou por um segundo, insegura.

– Vamos, depressa! – apressou Tikki.

Suspirando, Marinette acenou confirmando com a cabeça e olhou nos olhos de Tikki. Ela sentiu então Tikki deslizar o dedo ao redor de seus olhos várias vezes, fazendo-a involuntariamente fechar os olhos.

– Eu estou colocando em você uma máscara invisível.

A voz de Tikki ecoou em sua mente.

– Com isso você não é mais apenas Marinette. Durante o dia, você é apenas uma mulher normal, mas quando alguma coisa acontece, você se torna Ladybug, uma heroína confiante e habilidosa que luta contra as forças do mal.

– Ah, boa ideia Tikki! – exclamou Alya.

– Shhhh!

A voz de Alya pareceu muito distante para Marinette e ela a ignorou.

Sua concentração estava completamente voltada para a voz da Tikki e conforme ela falava, imagens começaram a se formar em sua mente.

– Eu sou a Ladybug, uma mulher confiante e determinada.

Tikki sorriu. Marinette já estava começando a entrar na personagem ao ponto de, em vez de apenas repetir, complementar.

– E o Adrian não é mais só o Adrian. Ele é o Chat Noir, seu parceiro de luta convencido e mulherengo que sempre vive dando em cima de você.

– Sim, ele é tão convencido! E tenho certeza que usa essas cantadas com todas.

Alya começou a dar saltinhos animados. Estava dando certo.

Desde que conhecera Marinette no colégio, ela sempre usara esta técnica como último recurso para se acalmar ou entrar dentro de um personagem nas peças de teatro. Quando Tikki ajudava, era quase hipnotizante vê-las fazendo a mágica.

– E você não gosta dele. Você se importa com ele, mas não sente nada mais além disso, entendeu? – terminou Tikki.

Acenando afirmativamente com a cabeça, Marinette abriu os olhos e abriu um enorme sorriso.

Estava confiante e não tinha duvidas de que tudo daria certo.

Pulou em suas amigas puxando-as para um abraço triplo.

– Obrigada por terem vindo, não sei o que faria sem vocês. Agora vocês precisam ir antes que venham tirar vocês a força. Ligarei assim que sair daqui.

Marinette acompanhou as duas até a saída, onde se despediu rapidamente e voltou para a sala.

Fora uma das primeiras a se inscrever na audição e seu número era bem baixo comparado aos outros que ela viu pela sala.

Não demoraria muito para ser chamada.

– Eu sou a Ladybug. Esta audição nem se compara a combater as forças do mal. Adrian é apenas o metido do Chat Noir – sussurrou repetidamente para sí mesma.

Nem percebeu o tempo passar até que ouviu uma voz anunciar.

– Candidatas do número 16 ao número vinte, podem entrar.

Marinette puxou seu broche para confirmar seu número.

17.

– Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus!

O desespero de repente a atingiu como uma parede invisível. Parece que sua minha bateria de sorte havia ido para o espaço.

– Olha só, coitadinha, pelo jeito temos uma gatinha medrosa aqui – disse uma voz atrás de Marinette.

Inconscientemente ela se virou para ver de onde havia vindo a voz e se depatou com a menina das piruetas sorrindo falsamente para ela.

– Certamente não espera mostrar isto – disse gesticulando para Marinette - para o Adrian, não é? Você só envergonharia a si mesma, você sabe. Seria terrível se ele te eliminasse antes que pudesse dizer um “a” – disse enquanto andava em direção a porta.

Um calafrio percorreu sua espinha.

Vaca.

Marinette olhou para o broche dela.

Número 20. O mesmo grupo.

Sua sorte definitivamente havia acabado.

– Ah, sim, meu nome é Chloe Bourgeois. Guarde bem esse nome querida, pois eu serei a Ladybug e futura senhora Agreste. Embora eu talvez prefira usar hífen.

O sangue começou a subir em sua cabeça.

Se sua sorte havia acabado, Marinette decidiu que indignação serviria como combustível até ela voltar aos eixos.

– Hunf! Ladybug! Senhora Agreste! Você está mais para o vilão Hawk Moth! – disse Marinette, que foi prontamente ignorada.

Ela poderia até não conseguir o papel, mas naquele momento uma forte determinação se formara dentro de Marinette.

Não perderia para Chloe.

Pisando firme, ela seguiu em direção a fila de seu grupo que havia sido organizada por um rapaz da organização. Ela ouviu atentamente quando ele começou a passar algumas instruções.

– Quando eu liberar, vocês vão entrar em linha indiana, como estão agora, e pararão em frente aos jurados. Haverá um “X” onde a primeira da fila deve parar, então não deve haver problemas quanto a isso. Lá dentro eles explicarão o que cada uma deve fazer, então não adianta ficarem me perguntando! Assim que receberem as explicações vocês devem recuar até o fundo da sala para deixar o meio dela livre para as apresentações. Quando terminarem tudo, saiam pela outra porta que encontrarão lá dentro, vocês não devem voltar por esta porta ou serão desqualificadas.

O rapaz pegou o que parecia ser um comunicador e trocou algumas palavras por ele. Depois falou com um outro rapaz e então virou para nós novamente.

– Prontas? Podem entrar.

Antes que Marinette sequer pudesse respirar, ela já estava dentro da sala, virando-se para os jurados.

Bem em frente ao Adrian.

Um carnaval explodiu em seu coração.

Nino puxou um microfone para perto de sua boca e o ligou.

– Bem, vamos começar! – disse o Nino – Já conhecemos todas vocês no papel: seus cursos, suas habilidades e suas conquistas. Mas aqui queremos saber mais sobre vocês que não pode ser visto nestes papéis, por isso, conforme são chamadas, quero digam seus primeiros nomes, façam uma demonstração de suas capacidades físicas e digam dois números de um a cem. O número servirá para definir o que interpretarão para nós.

Marinette tentava se focar em Nino, mas seus olhos continuavam voltando para Adrian.

Duas vezes tivera a nítida impressão de que ele a olhara para ela também, mas considerando que ele era um dos jurados, não era de se estranhar.

– Espere, isso não é muito arbitrário? - perguntou uma das candidatas – Eu posso pegar uma cena muito difícil e não passar enquanto alguém pode pegar uma cena muito fácil e passar facilmente.

Um silêncio repentino invadiu a sala e Marinette jurou ter escutado alguém engolindo em seco. Ela virou sua cabeça suavemente para ver de onde tinha vindo a voz.

– Por favor, não falem sem permissão. Não existe cena fácil. Se vocês não tem confiança em suas próprias habilidades, talvez não estejam no lugar certo.

A mulher que fizera a pergunta encolhera ligeiramente. Ao lado dela Marinette pode ver Chloe soltar um sorriso sorrateira e indignação a invadiu novamente.

– Continuando, vocês receberão dois roteiros: um monólogo para interpretar sozinhas e, se acharmos necessário, um segundo roteiro a ser interpretado com o Adrian. Mas apenas se acharmos necessário, entenderam? Não irei repetir.

– Sim! – responderam todas em uníssono.

Todas as candidatas se afastaram até o fundo da sala e Marinette percebeu com nervosismo que seria a segunda a ser chamada.

Espiou Chloe novamente e notou que ela ainda estava com aquele sorriso no rosto.

Marinette então olhou uma última vez para Adrian antes de respirar fundo e fechar seus olhos.

Com o dedo indicador, ela lentamente contornou seus olhos várias vezes.

– Eu não sou mais apenas Marinette. Adrian não é apenas Adrian. – sussurrou para si mesma.

Como uma avalanche, imagens e mais imagens se formaram em sua minha mente, uma atrás da outra.

Lembranças da Ladybug.

Suas lembranças.

– Numero 17? Numero 17? – disse a voz impaciente do Nino – podemos contar com a sua honorável presença nesta audição, oui?

Abrindo lentamente seus olhos, Marinette o encareou.

Pode ouvir a risada de Chloe, mas a ignorou.

Avançou graciosamente para o meio da sala olhando diretamente para os jurados.

– Desculpem-me, deve ser o nervosismo – disse sorrindo.

– Ela não me parece nervosa – comentou Adrian baixo, mas alto o suficiente para Marinette escutar – parece-me bastante desafiadora, na verdade.

– Cof, cof – disse Nino levantando uma sombrancelha para Adrian – prossiga.

– Meu nome é Marinette – disse ajustando sua postura – E farei uma sequencia de movimentos para minha demonstração.

Confiante, ela começou sua demonstração com uma sequencia de movimentos de ataque e defesa que sua mãe lhe ensinara inúmeras vezes.

Um dos jurados soltou um bocejo e Marinette soube que estava na hora de colocar um pouco mais de ação em sua apresentação.

Chegando no canto direito da sala ela parou e esperou alguns segundos.

Nino já estava se levantando, mas foi pego de surpresa quando Marinette saiu correndo até o outro lado da sala, onde usou a parede para dar um mortal para trás seguido por uma sequencia de acrobacias, piruetas e dança.

Ela então finalizou com uma elaborada pose no meio da sala.

Os jures não falaram nada, mas quando ela olhou para eles, viu em seus olhos que eu os tinha impressionado.

Teve a impressão de ter visto um olhar de orgulho nos olhos de Adrian, mas devia estar errada. Olhares não falavam.

Com o canto do olho Marinette espiou Chloe.

Ela parecia com raiva. Marinette 1, Chloe 0.

Levantando o olhar para os jurados e escolheu os primeiros números que me vieram em sua mente.

Andou confiante de volta ao seu lugar sob os olhares agressivos das outras candidatas. Não era apenas Chloe com quem estava competindo, percebeu Marinette.

Chegando de volta em seu lugar, um rapaz a entregou suas falas e ela imediatamente começou a ler seu monólogo para decorá-lo.

Na cena que recebera, Ladybug narra em seu diário sua relação com Chat Noir. O diretor incluíra algumas anotações junto com as falas para auxiliar na interpretação e Marinette passou a se concentrar na construção mental da cena.

As apresentações das outras candidatas passaram rapidamente enquanto ela se dedicava a estudar sua parte, só se distraindo quando Chloe tropeçara durante sua apresentação. Sentira uma pontada vergonhosa de prazer naquilo, mas depois só sentiu pena dela.

Novamente chegara sua vez e ela hesitara apenas por um segundo, respirando fundo.

Durante sua atuação, entrara completamente na pele da Ladybug e nas nuances de seu relacionamento com Chat Noir.

Marinette ficara surpresa ao notar durante o processo que havia mais naquele relacionamento do que apenas uma parceria e paixonite boba. Havia ali emoções tão complexas que ela apenar torceu que conseguisse transmitir um décimo de tudo aquilo.

Quando voltou ao seu lugar, não sabia dizer se tinha ido bem ou não e por isso decidiu pensar sobre isso mais tarde e se focar em ler suas falas para sua cena com Adrian.

Não sabia se pediriam para faze-la, mas preferia prevenir. Uma coisa precisava ser certa, já que Adrian sem duvida era um elemento imprevisível em sua vida.

Conforme lia o roteiro, Marinette sentiu calafrios percorrerem seu corpo.

Uma gota de suor escorreu pela sua coluna.

Leu mais duas vezes para ter certeza de que não estava lendo errado.

Não estava.

– Oh. Meu. Deus. Oh meu Deus!


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