Meu Fim escrita por Mahhizz


Capítulo 1
Capítulo 1 Meu Fim


Notas iniciais do capítulo

Essa semana foi um pouco difícil pra mim.
Eu tive essa idéia a partir de uma história real, não vou entrar em detalhes, mas foi uma coisa que mecheu muito comigo.
 
Thais dedico a você, boa sorte.=*



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8:30

Sentada numa cama de hospital. Estou na UTI. Meu caso é sério, terminal.

Uma chuva fina cai, e molha a janela.

Mesmo sozinha, me sinto bem, mais viva do que nunca. Poder respirar. Motivo suficiente pra agradecer a Deus.

Escrevo minha última carta, a pedido da minha família e, dos médicos que, com muito carinho e dedicação, lutaram até o fim pela minha recuperação.

Infelizmente, não foi possível, o câncer não tem cura, no meu caso leucemia, um tipo raro e muito forte.

Dois dias antes de completar quinze anos, tive uma febre de quarenta graus e, feridas por todo corpo. No hospital, foi detectada minha doença, em estágio avançado.

A hora em que soube, meu mundo veio abaixo, entrei em choque. Comecei a quimioterapia imediatamente, meu cabelo não chegou a cair, um brinde, para a gravidade do meu problema.

Agora meses depois do diagnóstico, recebi a difícil notícia, a esperança acabou. Não há mais possibilidades. Meu corpo frágil não aguentou a doença, estou fraca e debilitada. Ainda assim, sinto-me bem na alma, tenho paz.

Meus pais estão inconformados, minha mãe sai toda hora do quarto pra chorar. Meus amigos sofrem por me ver assim.

Quando eu pensei que um mundo de possibilidades fosse se abrir, descubro que já estou de partida. A vida é uma surpresa.

Com o tempo, eu aprendi a aceitar minha condição e, agora sinto que todo aquele peso saiu de mim.

Aprendi a confiar em Deus e a respeitá-lo acima de todas as coisas. Ele me consolou nas tribulações.

Um dia desesperada aqui no quarto, comecei a chorar e, pedi uma resposta, uma solução. Estava sozinha. Ele me respondeu instantaneamente, olhei pela janela, e vi um lindo céu azul. Me aproximei e sutilmente, comecei a perceber a beleza da natureza. Pela primeira vez, eu contemplei a delicadeza da flor, o sincronismo das folhas com o vento. Chorei. Chorei muito. Tudo aquilo era maravilhoso.

Apesar de fraca, com a ajuda de uma enfermeira dei uma volta no hospital e admirei cada detalhe. Cada pedacinho de vida em volta de mim.

Chorei ao ver um bebê, ele era tão pequeno, tão delicado. Ser mãe era um sonho pra mim.

De volta ao meu quarto, sozinha, ajoelhei e fiz uma oração.

“Mesmo indo cedo, estou feliz pelo tempo que passei aqui, por tudo que vi, vivi e aprendi. Agradeço pelo ar que eu respiro e por ter me sustentado até aqui, não me deixando faltar nada. Meu coração ainda bate... muito obrigado.

Sinto que estou cada vez mais preparada pra te encontar, Deus, agora sei que todo sofrimento da terra, não se compara a satisfação e a plenitude de estar ao seu lado.

Quando chegar ai, quero abraça-lo preciso tocar em você.

E agradecer pela beleza da flor, o azul do céu, a magnitude do mar, a sensação dos pés na areia, o vento forte batendo nos cabelos. A liberdade de poder andar.

O gosto bom do café quentinho, a coberta confortável nos dias frios. A felicidade de poder sorrir, a sensibilidade ao toque, carinho, abraço.

Tudo o que você criou, foi perfeito, pensando em tudo só pra me fazer feliz.

Agradeço por cuidar de mim enquanto eu dormia. Daqui algum tempo, finalmente o encontrarei e, a eternidade será o começo pra nós. Obrigado.”

Engraçado que eu pensei que teria chances de realizar meu sonho, ir a um show, o do Tokio Hotel. Não dará tempo, eles virão em Junho, até lá, não estarei mais aqui.

Os médicos acham que eu não passo dessa noite. E já são 8:40.

Alguns deles choram depois de me consultar, outros evitam me ver.

Meus pais estão vindo me visitar, meus amigos também. Será a última vez, depois vira o fim. Minha mãe pediu pra eu escrever está carta, ela quer entregar aos meninos, quer que eles saibam que eu existi.

Que tinham uma fã fiel e dedicada. Vou sentir falta de uma coisa, do abraço que eu nunca darei neles, de olhar nos olhos, de sorrir pra eles. Em Junho, milhares de fãs irão vê-los, eu não.

A sorte é que eu nunca me esquecerei deles e, com sorte, nem eles de mim, nem que seja só o nome.

A janela está aberta e um vento gostoso está me refrescando. Me sinto mais leve, mais solta, mais livre. Estou calma, só meu corpo que está fraco demais. Preciso descansar, estou fatigada. Meus olhos cansados, querem se fechar. Está difícil respirar. Minhas mãos estam geladas. Preciso me deitar, quero ver meus pais.

E pra terminar, deixo aqui, um trecho da primeira música que ouvi deles, que me arrepia por inteira.

Deixo um recado, eu estou e ficarei bem, eu amo vocês e, não acaba por aqui.

 

     “ Mas agora parece que o momento chegou

        Eu vejo as nuvens escuras vindo de novo”...

 

 

      “ Além do mundo

         Para o fim dos tempos

         Onde a chuva não machucará

          Combatendo a tempestade

           Dentro do azul ”...

 

 

 

É onde eu vou morar, além da chuva, além das nuvens e do ar. Vou esperar vocês... pra sempre.

 

 

“ Além do mundo

   Para o fim dos tempos ”...

 

 

 

                                                                                       “ Através da Monção”...



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Notas finais do capítulo

Chorei muito quando escrevi essa fic, pensei até em não postar. Escrever tem se tornado um desabafo pra mim, quero esquecer tudo de ruim que acontece comigo e com as pessoas ao meu redor.
Se deixarem reviews ficarei muito feliz.
Mas essa história não pertence a mim, pertence a ela...
 
Tchau pessoas! Até mais breve