Por ironia do destino escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 9
O segredo de Sayama


Notas iniciais do capítulo

Queridíssimos...Eu juro que não desisti da historieta, apenas não tive tempo de escrever nada desde que entrei na faculdade e estou tentando ajeitar minha vida agora, mas vai dar certo.

Dediquei esse capitulo mais ao Sayama já que ele é uma peça importante da história, os próximos 2 capítulos serão focados em mais 3 personagens que também são importantes para a história. Só para avisar, porque tenho que falar deles antes de querer falar de guilds, clube do magá(eu dando spoiler) e convenções de animes na história. ^~^

Espero que gostem!! ^~^



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Acordei como um zumbi essa manhã, havia jogado Sayonaka até três da manhã, estava extremamente cansada, mas valeu a pena... Consegui 142.001 pontos, estou quase lá. Nesta quarta haveria reunião dos professores nos dois primeiros horários, foi o que me salvou, pois pude dormir até mais tarde (mas acordei quebrada mesmo assim) e a terceira aula seria no laboratório de biologia, o que é muito bom na minha opinião, adoro biologia.

Cheguei alguns minutos mais cedo, a sala estava basicamente vazia, vi Ingrid na mesa em que costumamos nos sentar se pegando com um garoto da nossa sala, eu não iria a interromper, mas fiquei parada alguns instantes na porta pensando em onde poderia me sentar, acho que todas as mesas já estão ocupadas por seus respectivos parceiros de laboratório.

—Acho que você está sem lugar agora—Disse Sayama em um português meio enrolado enquanto passava por mim.

—Eu também acho isso.

Ele riu disfarçadamente, depois se sentou na cadeira ao lado, que era seu lugar.

—Por que não se senta comigo hoje? —Disse Sayama puxando a cadeira ao lado dele para trás.

—Mas e seu parceiro de trabalho?

—O Kai? Ele entenderá.... Se bem que eu acho que ele não vai voltar para cá tão cedo—Sayama olhou para a mesa onde Ingrid e eu nos sentamos— Ele tem coisas mais.... Interessantes para cuidar. Acho justo você pegar o lugar dele, já que ele pegou o seu.

“A Ingrid tá pegando o amigo do Sayama... Por que isso não me soa bem? Aff... Se for o que eu estou pensando... Ela me paga”.

—Ok.

Um pouco antes da aula começar vi Hiro entrar pela porta, ele me cumprimentou com a cabeça depois passou por mim e foi direto à mesa do Ren, não sei o que falavam, mas bateu aquela pitada de curiosidade.

—Samanta... Você se importa de nós jogarmos depois da aula hoje? Porque os meninos e eu temos reunião do clube no intervalo do almoço hoje—Disse Hiro sorrindo sem graça.

—Ah, tudo bem...Depois da aula a gente se encontra então.

—Até depois da aula! —Disse ele saindo da sala.

—Você é amiga do Nakayama Hiro? —Perguntou Sayama sem olhar para mim, estava anotando algo em seu caderno.

—Sim.

—Hum.... Interessante—Disse Sayama, mas foi em um tom diferente, como se algo o tivesse incomodado.

—Por que pergunta?

—Nada em especial.... Só.... Ah esqueça, não é nada.

—Diga! —Ele, nada disse, pareceu até me evitar—Por favor, não vou contar a ele caso fale mal ou algo do tipo.

—Eu não tenho nada contra o Hiro...Ele é um garoto excêntrico, está sempre alegre, é o tipo de pessoa que eu conversaria, ele nunca me fez nenhum mal...Então não tenho nada para falar dele.

—Puff, você não me engana com esse papo. Sou brasileira, reconheço uma treta quando vejo uma—O sinal tocou e a professora entrou na sala quase que em sequência—Você vai me contar.

—É feio querer saber da vida alheia dos outros—Disse Sayama friamente, foi uma bofetada e tanto na minha cara.

—Não pergunto de novo, credo, só levo patada quando falo com japonês.

Sayama abafou suas risadas enquanto fingia estar interessado na aula. Eu apenas deitei a cabeça na mesa e falei em português “Eu mereço” de forma manhosa e um tanto entediada.

—É por isso que eu gosto dos brasileiros.

—Hã? —Disse eu levantando a cabeça.

—Vocês agem de uma forma muito engraçada—Disse ele gesticulando com a caneta como se estivesse me explicando algo, mas sem tirar os olhos do quadro.

—Desculpa tá, não era minha intenção Sr. Japonês—Disse eu de forma irônica.

—Sei que não era sua intenção, por isso gosto do seu jeito de ser. E não, isso não foi uma cantada ou algo do gênero, estou apenas sendo sincero.

—Ok então, e isso definitivamente não pareceu uma cantada para mim.

—Hum... O que seria para você uma cantada então?

—Geralmente algo idiota, dito por um cara querendo se dar bem com uma garota e parecer “o fodão” com isso. Geralmente são frases toscas como “— Seu nome é Tamara? Porque você Tá Maravilhosa” ou “—Você é sempre assim, ou tá fantasiada de gostosa? ”, e eu já ouvi o absurdo de “—Se você fosse um sanduíche teu nome ia ser X-Princesa”.

Sayama abafou sua risada meio que compulsória, depois olhou para mim ainda tentando disfarçar que não estava interessado na aula.

— X-princesa...Sério que Brasileiro fala isso?

—Bem, não todos, mas há brasileiros que falam isso e  eu posso afirmar porque já me disseram essas perolas.

—E os brasileiros conseguem mulheres chamando elas de comida?

—Não que eu saiba.

Depois da aula subi para a sala com a Ingrid que depois que contei do x-princesa não parou de falar de comidas japonesas que ela odiava, jurava que ela ia falar do garoto, mas achei mil vezes melhor ela falar de comida. Chegando aos nossos assentos havia outro bilhetinho em forma de coração em cima da minha mesa, dessa vez era em formato de gota e novamente uma rosa vermelha acompanhava o bilhete.

 

Samanta

 

Você faz eu sentir

Algo que ninguém mais

Consegue me fazer sentir...

 

Sobre o sentimento que tenho por ti...

Não é capaz de ser medido

Por palavras

 

Queria ter coragem de falar isso pessoalmente

Mas não tenho a coragem necessária para isso

Tenho que criar tal coisa, em breve serei capaz

E até esse dia chegar tenho uma proposta

Peço gentilmente que por favor aceite

As singelas e simples palavras

De um poeta anônimo

 

 

Achei criativo, olhei para Sayama que estava acabando de entrar na sala ao lado de um amigo, logo em seguida meu olhar voltou-se para o outro canto da sala onde umas garotas cochichavam dando risadinhas, Sayama também viu isso e veio até mim.

—Estão falando algo de nós, o que aconteceu?

—Isso—Mostrei o bilhete e a flor, Sayama riu debochadamente—O que houve?

—Elas acham que esse trabalhinho sem criatividade é de minha autoria? Francamente, dá muita dó da garota que escreveu isso para você.

—Acha mesmo que é uma garota?

—Certeza.... —Ele viu Ren entrar correndo na sala e o encarou feio—Se não for uma garota, é o viadinho do Yoshida—Sayama o seguiu sério com o olhar já que ele apenas deixou sua mochila, pegou sua marmita e saiu correndo da sala novamente.

—O que você tem contra o garoto? —Perguntei.

—Hã?! Nada—Disse Sayama tentando falar com naturalidade—Por que tanto interesse em minha vida, você mal me conhece.

—Você está certo, eu mal lhe conheço...Por isso estou tentando saber qualquer coisa sobre ti “ Sr. Sayama Masaya ”—Disse eu de forma.

—Ok.... Mas só para constar, meu nome é Masashi e não Masaya.

—Droga, estava demorando eu errar seu nome. Perdão, é que rima com Sayama.

—Tudo bem —Disse Sayama rindo, aff pelo jeito ele só sabe rir— Quer me conhecer.... Aceita almoçar comigo então?

—Pode ser.

Fomos até o terraço da escola, sentamos na sombra e começamos a conversar enquanto comíamos.

—Então, por que a rivalidade com o Ren? Desde que cheguei nessa escola só te vejo competindo com esse garoto.

—Hum.... Por onde posso começar.... Primeiramente, estou quase certo que você já ouviu alguma história sobre nós, porque eu sinceramente acho as vezes que os estudantes dessa escola não têm mais nada para fazer, a não ser ficar fofocando sobre os outros.

—Uau.... Que observação interessante. Eu só sei que parece que você já namorou a irmã dele.

—É basicamente o que todo mundo sabe, mas é algo mais complexo que isso. Nossas famílias são tradicionais, entre uma de nossas tradições está o casamente arranjado. Por amizade entre as famílias, poder aquisitivo e uma partida de Shogi foi decidido entre nossos país que Aiko e eu nos casássemos quando eu fizesse 18 anos. Até aí tudo bem, porque eu sempre me dei muito bem com a família Yoshida, para se ter ideia Ren e eu éramos melhores amigos até o chuugaku.

—Então a amizade de vocês acabou por que?

—Bem, é complicado dizer, porque eu amava Aiko, ainda a amo, ela sempre me encantou, quando soube que um dia teria que me casar com ela eu não fiquei triste, muito pelo contrário, foi um dos dias mais felizes da minha vida.

—E ela gostava do mesmo jeito de você?

—Sim.... Ela foi minha primeira namorada, e a que fiquei mais tempo até hoje também, namoramos por três anos, desde a sétima série quando fiquei sabendo que éramos noivos perante nossas famílias. Estivemos juntos desde de crianças, mudamos juntos com o tempo, ela mais do que eu, pois sua mudança não foi só física, mas mental também, ela tornou-se independente antes de eu se quer começar a pensar em meu futuro. Com 14 anos ela já não era mais a doce garotinha que meus pais esperavam ser uma ótima pretendente a esposa, eles passaram a não apoiar a ideia de nosso casamento, mas eu não importava com a reprovação deles, eu a amava do mesmo jeito. Nossas famílias começaram a brigar por conta disso, as coisas começaram a ficar feia para nosso lado e mesmo assim escolhemos permanecer ficarmos juntos. Então um belo dia quando estava no primeiro ano do kookoo ela chegou para mim chorando e disse que me amava, mas não aguentaria a ideia de casar-se comigo e simplesmente saiu da minha vida.

Eu fiquei observando suas reações, Sayama contava sua história olhando para o nada, triste e sem se quer tocar na comida. Antes que eu me esqueça, Shogi é o xadrez japonês, Chuugaku é a escola média japonesa, equivalente ao nosso ensino fundamental 2, só que de altíssimo nível e dá suporte para o aluno sair e ir trabalhar caso ele queira, em contrapartida o Kookoo(Kotogaku) seria o nosso ensino médio e dá suporte para o aluno ingressar na faculdade.  Voltando à Sayama, ele parecia gostar mesmo da Aiko, fiquei com um pouco de dó.

—Ela não aguentou a pressão—Disse eu.

—Sim e não, penso que ela não aguentava mais eu. Depois disso, acabamos seguindo o exemplo de nossos pais e começamos a nos odiar, sendo assim amigos passaram a ser inimigos e amores.... Foram esquecidos.

—Por causa de uma garota... A amizade de vocês foi desfeita?

—É mais complexo que isso, foi por causa de duas famílias e a total arrogância dele com tentar ser racional. Mas eu também não estou 100% certo, podia ter tentando ficar com Aiko, não fiz nada, podia ter tentado continuar a ser amigo de Ren, também não tentei, apenas aceitei o inevitável.

—Acho que entendo.

—Que bom.... Sabia que essa foi a primeira vez que falei tão abertamente com alguém sobre o assunto? —Disse Sayama se levantando.

—Que bom, quer dizer que confia em mim.

—Não confio, apenas quero confiar e acredito que esteja agindo certo para isso—Ele olhou para baixo, no rumo da placa na entrada escola— Matsuura Fukui Golden Zu—Disse ele meio que para só para si mesmo, não perguntei o motivo, voltamos para a sala logo em seguida.

Antes de ir embora, escrevi de forma que evidenciasse que estava fazendo aquilo e deixei um bilhetinho na minha mesa para o tal “Poeta Anônimo”.

Poeta anônimo

 

Poderia parar de gastar o verbo e tentar se mostrar para mim

Sabe, até onde eu saiba eu não mordo e não iria te tratar mal

Por isso, me deixou muito curiosa saber que tem uma pessoa

Na sala que me admira e perde seu tempo pensando em rima

E Harmonia na forma de palavras para poder me agradar.......

 

Prezado Poeta, espero que se apresente

Beijos Samanta!

 

Fui avisada por Ren que no dia seguinte era nossa vez de limpar a sala quando estava na quadra e até anotei em meu celular para não esquecer. Depois da aula de Educação Física fui jogar com os meninos, estava quase conseguindo bater o recorde na droga do Sayonaka, cheguei a 199.267 pontos na minha melhor partida. Combinei com Miki e Hiro de jogarmos depois da aula no dia seguinte, Ichiro disse já ter o dinheiro, só faltava eu conseguir bater o recorde do tal de Falling Angel. Passei no Yuan na volta para casa, comprei algumas coisas para o jantar e quando voltei encontrei meu irmão no chão da sala concentrado em arrumar o tal do Atari.

—E aí, como está meu dinheiro? —Perguntou Gabriel.

—Tá no seu bolso, já te paguei idiota—Disse eu pegando a rosa e colocando a na água.

—Sei disso, mas não custava tentar— Disse meu irmão vindo em minha direção—Oh, o gayzão do Yuan parou de vacilar e te deu uma rosa.

—Na verdade ganhei isso na escola.

—Aff, mais japas estão afins de você, acho que você faz o tipo dos de olhos puxados.

—Né, mas acho que é uma garota que anda me mandando essas coisas— Disse eu mostrando os bilhetes que estavam em minha pasta—Quer dizer, todos dizem que a letra é de mulher, mas eu não entendo, só sei que a minha é terrível.

—Anem...Joga isso na cara do Yuan. Chega para ele e diz, aê mano, até as mina da minha escola estão a fim de sair comigo e você aí não toma uma porra de iniciativa para me beijar.

—Gabriel! —Gritou minha tia do banheiro, creio eu—Você está sem internet até domingo!!

Gabriel e eu assustamos, acho que nem ele sabia que tia Kiyomi estava em casa pelo jeito, ela simplesmente gritou do nada ao ouvir meu irmão xingar, algo que ela realmente odeia que façamos, mas ela leva isso muito a sério.

—Que?! Tá de brincadeira comigo—Disse Gabriel sussurrando.

—Cara, você está perdido com nossa tia—Disse eu rindo enquanto ia para meu quarto, estava cansada.


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