Eu estava trancada em um box feminino há mais ou menos meia hora. Eu havia parado de chorar, pois nao queria que os meus olhos ficassem vermelhos e inchados, o que seria horrível. Prometi a mim mesma que não iria mais chorar hoje, principalmente porque a culpa disto era de Jacob Black. Aquelas palavras me causaram tanta dor, que até agora o meu peito doía. Lembro-me só da cara estática que o Jacob ficou ao me ver chorando e correndo pro banheiro. Comecei a ouvir vozes no banheiro e me concentrei nelas:

- Eu ouvi dizer que a Renesmee Cullen, a novata, e o Seth Clearwater são namorados. - Disse uma voz estridente de taquara rachada.

- Eu bem que achei isso. Mas o Jake a olha de um jeito estranho. - Como aquela vadia, que eu nem sei quem é, podia chamar ele de Jake?

- Eu não tenho namorado. - Disse saindo do box e vendo as duas figuras que me olhavam estáticas. Uma delas tinha o cabelo preto, era magra e sem muitos atributos. Olhos igualmentes escuros. Uma outra era loira, loira oxigênada. Tinha a pele muito clara e os olhos verdes escuros. Ela tinha curvas que eu pensei serem impossíveis alguem ter.

- ã, oi! - Disse a loira. Me virei para o espelho e resolvi limpar a minha maquiagem borrada.

- Oi. Quem são vocês? - Perguntei, lavando o rosto.

- Eu sou a Miranda, prazer e desculpem me pela a nossa conversa. - Disse a morena.

- Eu sou a Victorya. Você deve ser a Renesmee Cullen certo? - A loira perguntou.

- Sou eu mesma, prazer. Não foi nada, já estou acostumada a falarem pelas minha costas. Sabe, no meu colégio da Suécia inventavam cada boato, como aqui. - Disse e sorri sinicamente.

- Mas você e o Seth não tem um rolo? - Perguntou a Miranda, que devia ser do grupinho das 'M'.

- Não, ele é apenas o meu amigo.

- Sei. - Ela disse e eu percebi que ela não acreditou.

- Não, sério. A gente é amigo desde pequeno.

- Mas você não era da Suécia? - Foi a vez da loira perguntar.

- Sim, mas eu nasci e cresci em Forks. Depois passei três anos lá na Suécia. - Espero que os meus pais não me estrangulem por ter dito algumas informações.

- Ah, e você conhecia mais alguem aqui de Forks além do Seth?

- Sim, os guris de La Push. O Jake, o Seth, o Embry, o Quil, o Sam, o Jared, o Paul, ah, esquece, vocês não conhecem.

- Atá. - Disse a loira. - Mas você devia enlouquecer sendo rodeada por homens com aqueles tanquinhos, né? - Ela suspirou.

- Eu me acostumei. Cresci com eles e eu ainda era criança e tal... - Disse querendo mudar de assunto. Não queria ouvir essas oferecidas falando do físico deles.

- Sorte sua. - A morena murmurou e suspirou também.

- Bem, eu já vou indo. Bye girls. - Eu disse e fechei a porta do banheiro, sendo recebida com um abraço quente. Reconheci imediatamente o cheiro, da última pessoa que eu gostaria de ver agora.

- Me larga, Jacob!!

- Desculpa, Nessie, Desculpa. - Ele murmurou no meu ouvido, me fazendo estremecer de leve com o contato.

- ME LARGA, JACOB! QUE MERDA! - Eu disse, ou melhor gritei, em meio ao corredor. O empurrei com toda a minha força, mas ele era mais forte do que eu, mesmo com a minha parte vampira.

Notei que todos nos olhavam e ruborizei.

- Vem, Nessie, vamos conversar. - Ele disse puxando a minha mão.

- Não, Jacob. Quem disse que eu quero conversar com você? Será que é difícil de entender que eu não quero falar contigo? - Disse, controlando a minha voz para que os humanos não ouvissem.

- Nessie, só me escuta.

- Que saco, Jacob. Não dá pra entender que eu não quero falar contigo? - Perguntei olhando nos seus olhos. A única coisa que eu enxerguei foi dor, muita dor. Nesse momento, foi como se dez facas atravessassem o meu corpo. A dor era tamanha, era como se eu sentisse a dor de Jacob.

- Por favor, me escuta. Depois pode nunca mais olhar na minha cara. - Ele disse e eu não consegui negar. Eu não sabia o porque, mas ele estava sofrendo e eu não podia permitir isso.

- Tudo bem, mas vamos pra um lugar mais apropriado. - Eu disse olhando ao redor, onde os humanos nos encaravam de canto de olho. Nossa senhora, tudo isso por uma fofoca?

Ele me puxou pela mão até uma sala aonde não havia ninguém, mas parecia ser uma sala de aula.

- Então Jacob, o que quer? - Eu perguntei friamente, mas, na verdade, o que eu mais queria fazer era abraçá-lo e fazer aquela dor que ele sentia passar.

- Nessie, desculpa. Desculpa por todas as burradas que eu fiz, enquanto você não estava aqui. Desculpa por não te ajudar quando você voltou, desculpa eu fazer você sofrer como eu fiz. Mas Nessie entenda, primeiro, eu não evitei falar com você todo esse tempo, eu não sei o que aconteceu. Eu não ouvia o telefone tocar e o meu computador, bem, ele pifou. A Leah mudou o número do meu telefone, talvez seja isso também. Mas Ness, isso não vai mudar os fatos, mas de qualquer jeito, eu queria dizer que eu nunca esqueci você. - Ele disse e depoiss sussurou quase inaudivelmente - Nem teria como.

- Jake. - Eu percebi que estava chorando. Não era pra menos, ele nunca tinha me esquecido, nunca me evitou, apenas foi a Leah que armou tudo! Ele nunca me esqueceu, nunca me esqueceu. Essas palavras estavam ecoando na minha mente e eu percebi que o Jake esperava uma reação minha. Eu ainda não entendia o motivo para tamanha dor, mas agora eu podia reconfortá-lo e ao mesmo tempo, demostrar que eu o perdoei.

- Jake, não imagina quanto tempo eu esperei por esse abraço. - Eu o abracei com impeto, e senti aquele cheiro amadeirado que eu tanto amava. Ele escondeu o rosto em meus cabelos, e abraçou a minha cintura, enquanto eu abraçava a sua. Fechei os olhos e inspirei novamente aquele cheiro, que eu tanto desejei sentir durante esses três anos longes.

- Nessie, eu sonhei com esse momento durante esse três anos. Que saudades pequena! - Ele estava com a voz abafada devido ao meu cabelo. Sorri inconscientemente. Não sei por qunato tempo ficamos ali, abraçados e sorrindo, até que eu me dei conta.

- Jake, nós precisamos voltar pra aula. Já devem estranhar eu não ter aparecido no segundo período, imagina o terceiro. - Disse me desfazendo do abraço e olhando no relógio da Tommy que tia Alice me dera de natal.

- Ah, é aula. Já tinha me esquecido. - Ele disse.

- Cabeça de vento, Jacob Black. - Eu disse rindo.

Seguimos para a nossa aula que para a minha felicidade seria mesma. Língua Espanhola.

Me surpreendi ao ver que a classe de espanhol estava vazia. Sentei em uma classe meia isolado, no canto, e Jake sentou ao meu lado. Eu não sei se ele fez aquilo conscientemente, mas percebi ele direcionar a cabeça em minha direção e cheirar o meu pescoço. A minha única reação foi estremecer.

- O que pensa que está fazendo, Sr Black? - Perguntei inquisitiva.

- Ai, Ness, você tem um cheiro tão bom. - Ele explicou e eu ruborizei. Ele riu da minha cara que deveria estar mais vermelha do um tomate.

- Lobo mau. - Sussurei, eu sabia que ele estava me provocando.

- Desculpe-me, chapeuzinho vermelho. - Ele disse gargalhando.

- Para Jacob! Você tem namorada, imagina o que as pessoas pensariam de você se sentasse com outra.

- Nessie, a Leah nem estuda aqui. - Ele disse, com a testa vincada. Não entendi essa reação.

- Tá, mas é um namoro público não? Eu acho melhor você se sentar em outro lugar. - Eu disse séria. Ele fez uma cara de mágoa e logo me corrigi. - Não que eu esteja te expulsando.

- Tá bom. Eu acho que a Miranda ia implicar comigo se eu não sentasse com ela hoje. - Ele disse fazendo uma careta e depois deu um maravilhoso sorriso. - Mas eu vou cobrar a companhia hein, Nessie?

- Tudo bem, Jacob, vaza logo que a professora está chegando. - Disse empurrando-o do lugar. Você deve estar me achando louca por expulsar o homem que eu - infelizmente - amo incodicionalmente do lugar ao meu lado. Mas na verdade eu não queria criar falsas percepções sobre a minha pessoa, principalmente porque ele tem a Leah e também porque pensam que eu tenho um 'lance' com o Seth. Eu até quis rir disto. Imagina o Seth, irmão da Leah, e eu, que AMO o Jacob. Não ia prestar.

Me distraí dos meus pensamentos com a sala enchendo de gente, mas ninguém sentava ao meu lado. A professora de espanhol entrava na sala, de uma forma meio atrapalhada, tentando equilibrar os livros que carregava. Se não me engano o nome dela era María Elisa García.

- Buenos días. - Ela disse com uma voz suave e um grande sotaque. Deveria ser de um país onde originalmente se falava espanhol. Colocou os livros em cima da mesa e pegou um papel ao qual eu deduzi ser a chamada.

- Buenos días, maestra. - Eu disse sorridente. Eu adorava aprender outra língua, mas a única que eu sabia além de inglês era italiano, que me disseram que era muito parecido com o espanhol. O comprimento em espanhol era o máximo que eu sabia, além do simples 'Adíos'.

- Buenos días, señorita. - Ela disse em espanhol e continuou em inglês. - Você deve ser a senhorita Renesmee Cullen, não é?

- Sou eu mesma. - Sorri amigavelmente, quando ouvi alguém bater na porta. A professora se dirigiu à mesma e vi que era o Embry carregando uma mochila e com um sorriso Colgate no rosto.

- Professora, posso entrar? - Ele disse e piscou, deixando-a desorientada. O Embry era muito bonito, assim como os outros lobos, então eu não culparia a professora por se deslumbrar. Percebi que ela prendeu a respiração enquanto Embry segurava o riso. Automaticamente comecei a rir. O Embry chavecando a professora eraa realmente hilário.

- Claro, sr Call. - Ela disse dando passagem para que ele entrasse.

- Quantas vezes já disse para me chamar de Embry ou Em? - Ele sussurou baixinho ao passar por ela. Ela era realmente bonita, com os cabelos castanhos que iam até os ombros em ondas. Tinha um corpo muito farto, mas nem por isso era gorda. Ela e o Embry deveriam se conhecer. Eu continuava a rir, enquanto muitos dos alunos me olhavam assustados. Provavelmente não tinham ouvido o díalogo, se não estariam igual a mim. Apenas o Jake segurava o riso, igual ao Embry.

O mesmo veio na minha direção sorrindo e logo disse:

- E aí, baixinha? Posso sentar aí com você? Já que não tenho dupla e você está no meu lugar.

- Desculpa Embry. Não sabia que você sentava aqui. - Sorri envergonhada. - Pode sentar aqui sim, Em. - Disse com ênfase no apelido para demontrar que eu ouvi a conversa e vi ele corar.

- Você ouviu? Merda, esqueci que era meia-vampira. - Ele disse.

- É, mas o Jake também viu. Você acha que eu estava gargalhando aqui, por que? - disse e terminei por ri.

- Ai, Ness, não espalha.

- Mais uma que caiu nas garras de Embry Call, né? - Disse ainda rindo e sorrindo inconscientemente.

- Pára, Ness. Seja boazinha e preta atenção na aula, - Caraca, ele sabe imitar igualzinho o meu pai!

- Ententido. - Disse fazendo posição de sentido com a mão na cabeça.

O período passou rápido e em meio a suspiros involuntários da professora quando ela encontrava o olhar de Embry, e em meio a conversas malucas e papos sem sentidos, a aula finalmente acabou. Não era pra menos, a gente tinha tido dois períodos de espanhol e a minha bunda chegava a estar quadrada. Levantamos dos nossos lugares e eu ria da piscadela da professora pro Embry, enquanto ele apenas dizia que tinha que garantir um futuro fora do colégio, ou seja, tinha que passar de ano. Ele era muito cara de pau mesmo. Paquerar a mulher em plena aula, ainda só pra tirar notas boas... Eu balancei a cabeça negativamente enquanto saia da sala e ia para o refeitório, acompanhada pelo Embry e pelo Jake que ria alto relembrando das cenas da aula. Suspirei ao entrar na lanchonete e todos, todos mesmo, se viraram para nos encarar. Uma guria pálida e baixinha com dois homens musculosos, altos e bronzeados como se fossem os seus guarda-costas. Corei e fitei os meus pés enquanto caminhava até uma mesa onde avistei o Quil, mas de repente uma barreira (leia-se pessoa) bateu comigo, derrubando toda a sua bebida, que carregava, em mim. Eca, era Coca-Cola (recuse ilimiraçoes :D ) e cheirava muito mal. Levantei irritadíssima e encarei a pessoa (leia-se: muralha!).