Broken Glass - Caco de Vidro escrita por Letícia Silveira, Maavi


Capítulo 29
Capítulo 29 - A Morte Veio Mais Cedo


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores de mi vida! *-* Desculpem-me pela demora.
Nem me explicarei, porque eu acho que vocês entendem que a minha vida aqui fora está mais difícil e atarefada do que nunca.
Gostaria de agradecer aos meus quatro leitores: Jeh Fonti, Alinica, Dan e Nath Garcia. Vocês são os únicos que se prestam a comentar. Muito obrigada, suas lindas! ♥
Espero que gostem do capítulo. Boa leitura ♥



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Capítulo 29 - A Morte Veio Mais Cedo - Renesmee's Point of View

Não conseguia discernir as vozes e os sons; tudo se encontrava nebuloso. Também detectavam-se alguns toques frios em minhas pernas e mãos. A dose de anestesia introduzida em minha veia dopava-me, dando-me a sonolência como presente. Entretanto, tudo o que eu queria era escutar o choro, o primeiro ato externamente humano de meu bebê.

Ao mesmo tempo em que eu lidava com as minhas emoções, reconhecia as limitações. Aqueles vampiros possuíam uma dieta vampiresca de sangue humano, e não eu poderia confiar o meu pequeno a eles — o meu instinto proibia-me de tal. Devido a isso, eu não me rendia à solidão e à calmaria: eu preferiria permanecer no clima caótico que era aquele quarto em vez de malparar o meu precioso. Além de ele ser a minha única salvação daquele lugar, ele também era a única salvação de eu permanecer sã. Certamente, caso o perdesse por causa do fato de estar recém no sétimo mês de gestação, eu enlouqueceria , e nem Jacob ajudar-me-ia nessa situação.

— O médico chegou. — consegui compreender a nervosa fala de Alec; a qual, estranhamente, não acalmou a minha mente.

Nebulosamente, consegui identificar a caricatura de um homem pequeno e medroso. A sua face demonstrava o seu medo, e era inquestionável o motivo — ele deveria ter sido obrigado pelos Volturi a vir socorrer-me. Dei um leve sorriso a fim de ajudá-lo a sentir-se mais à vontade; porém, logo, a minha tentativa de aliviá-lo tornou-se uma careta de dor ao sentir outra contração. Como era insuportável aquilo!

O resto que se sucedeu foi doloroso, no entanto recompensou. Seriam memoráveis os gritos que escapavam da minha boca enquanto Alec, o único vampiro a permanecer na sala e a contorcer a sua cara para controlar-se, tinha a sua mão esmagada pela minha. Ele deveria agradecer a Deus por ser mais forte do que eu, senão já teria perdido o seu membro.

No entanto, a sensação vivida por mim ao receber o meu filho nos braços fora inenarrável. Talvez o mundo ainda fosse algo abstrato em minha mente, concretizando-se apenas no momento em que eu repousei os meus olhos sobre os seus ainda fechados. Talvez eu não soubesse o significado de "morrer por alguém" até tê-lo em minhas mãos. Avistar um ser tão pequeno e frágil assim demonstrava que ele merecia mais cuidado do que o recomendado, e eu dar-lhe-ia tal. Amava-o, afinal — amá-lo-ia desde o seu primeiro suspiro até o último.

Entretanto, em vez de permanecer admirando o meu filho, que me fitava com curiosos olhos, senti uma fraqueza alastrando-se em meu corpo. Parecia estar amolecendo; não possuía, sequer, força para continuar a tocar o meu pequeno.

— Há uma hemorragia interna! — gritou o médico, que acabara de pronunciar a última palavra que eu consegui entender. As demais nublaram-se de tal maneira em minha mente que não pude evitar de render-me à escuridão.

Ao mesmo tempo em que o fazia, sentia um aperto no peito — provavelmente, era um fenômeno psicológico. Posto que eu abandonara o meu filho há alguns minutos, considerava-me uma ingrata e fraca: a minha mãe, exemplo de pessoa que batalhou por mim, nunca se renderia tão facilmente à dor ou à morte.

Queria chorar, mas não podia. Queria gritar, mas não conseguia. Queria acordar, mas não o fazia. Queria viver, mas eu morria...

Se tudo tinha um motivo para existir, esse seria a morte. Se todos os seres eram incapazes de resisti-la; logo, nascíamos para morrermos, morríamos por nascermos. No entanto, para que vivíamos se morríamos? Não fazia sentido assim como, por mais que eu tivesse a minha força de vontade, eu não conseguia resistir à escuridão. A negritude e a calmaria clamavam pela minha alma, que se entregava como uma vítima acuada ao seu predador. Assim, ao menos, se não nascíamos para morrer, então vivíamos para temer o fim, o irreversível.

Sossego, tranquilidade, aflição e mágoa — esses eram os pensamentos que cercavam a minha mente. Cada segundo parecia nublar — ainda mais — as minhas opiniões acerca da morte. Eu estava irrevogavelmente certa de que o fim havia chegado e, sequer, o meu filho eu teria presenciado.

Eu parecia estar mergulhando em um lago. A água era escura; e, ainda que eu tentasse enxergar os seres que, por ali, nadavam, não conseguia. Um tom aparentemente esverdeado cobria, logo, a minha visão, nublando-a. Era estranha a sensação de a água ser mais densa do que o meu corpo, pois eu não conseguia nadar à superfície luminosa do lago.

Um temor ultrapassou, repentinamente, pelo meu corpo. A sensação de estar afogando-me preencheu-me, e logo comecei a sentir o ar escapar e o terror se apossar. Algumas perguntas cruzaram a minha mente; porém, quando escutei um choro de bebê vindo do alto, o mundo pareceu sobrestar. Os poucos segundos que fitei aquela face delicada voltaram à minha mente, sufocando-me — afogando-me.

O ar deixou os meus pulmões; a vida pareceu abandonar o meu corpo. Senti a rendição tomar conta de meus sentidos. Os meus olhos, que já ardiam devido ao contato com a água, quereram, inutilmente, espelir as lágrimas acumuladas; porém, nada parecia servir de motivação para eu alcançar a superfície. Ali, eu, simplesmente, morreria.

Parecia que eu era empurrada para o fundo do lago, tão desconhecido para mim quanto a morte. Enquanto eu fitava a superfície, percebi que havia um círculo de luz, o qual ficava cada vez menor devido à distância. Logo, sentia a pressão da água sobre todo o meu corpo, mas conseguia ficar olhando para cima. Os meus pulmões pareciam rasgar-se e queimar-se à medida que eu inalava água. Assim, tranquei a respiração, sentindo o pânico e o pavor apossando-se da minha alma.

Quando o círculo já estava quase desaparecendo e o meu corpo não aguentava mais de dor, a força que me puxava para baixo cessou. Estranhei, todavia não consegui reagir. Tanto tempo sem ar havia rendido-me apenas um fruto: a certeza de que eu ir-me-ia dessa para melhor.

Entretanto, uma força contrária, ainda mais forte, atraiu-me para cima, em direção ao círculo luminoso. O ar pareceu voltar a ocupar os meus pulmões em uma ávida lufada. Uma enorme claridade pôde ser reconhecida pelas minhas pálpebras ainda fechadas, e uma intensa dor de cabeça foi sentida por mim. A minha mente, ainda confusa, agora recusava-se a reconhecer o que ocorrer. Até que abri os olhos; vendo um rosto, aparentemente, desconhecido.

Era um menino com pele branca como a minha — talvez, um vampiro. Porém, eu ainda conseguia escutar o seu coração bater em um ritmo lento assim como estava a sua respiração. A deduzir pelos seus cabelos despenteados e esparramados no sofá, ele deveria estar dormindo. A boquinha pequena e entreaberta parecia um convite para fitar aquelas bochechas fartas e macias. Ele era simplesmente adorável.

Aparentava ter uns dois anos de idade ou algo do gênero. O seu corpo era ainda pequeno e não ocupava nem a metade do sofá. Senti uma vontade de erguer-me daquela cama e ir ao seu encontro.

Aliás, só então, percebi que estava em uma cama de Hospital. Era apenas um quarto todo branco com a cama em que eu estava no meio e com o sofá preto em que o menino estava. O barulho de algumas máquinas ligadas a mim era a única coisa que se ouvia, e o medo de ainda estar junto aos Volturi e de não ver o meu bebê começou a crescer dentro de mim.

Um suspiro foi-se ouvido no ambiente, e logo percebi que viera dentre os meus lábios. A dor de cabeça estava insuportável, parecendo pesar uns vinte quilos sobre a minha cabeça, e o meu suspiro nada mais fora do que uma confirmação da minha dor.

Repentinamente, a porta foi aberta, e, para a minha surpresa, era o meu amor: Jacob Black. Os seus olhos iluminaram-se assim que ele pô-los sobre mim, e os meus não deveriam estar diferente. Além da sensação inacreditável de proteção ao tê-lo por perto, também sentia aquele calor de que tanto senti falta. Era inenarrável o que se passava pela minha mente dolorida — tantos pensamentos, tantas emoções, mas nada se definia na abstração das coisas.

Logo, percebi que o meu nome soara dos lábios da minha paixão, e a sua voz estava tão trêmula que não pude deixar de sorrir: aquilo tudo deveria — ou melhor, tinha de — ser verdade; de algum modo, tornar-se-ia crível.

Com a voz extasiada, perguntei pelo nosso filho. Involuntariamente, ao indagá-lo sobre o bebê, repousei a mão sobre a minha barriga, que já estava menor. Aquele gesto não me abandonaria tão cedo.

Jacob limitou-se a fazer um pequeno movimento com os olhos, movendo-os à sua direita, pousando-os no sofá em que o menino ressonava.

— Mas, Jake, o quê... — vi-me murmurar, porém calei-me assim que depreendi o motivo para o seu gesto.



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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu ia colocar apenas a parte da Ness fechar os olhos no coma, mas ficaria muito curto para tanta espera. E também tinha feito quase todo capítulo há duas semanas, mas nunca conseguia finalizá-lo. :S
Enfim, comentários sinceros é a melhor coisa que eu posso receber. Amo-os. Beijos :*



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