Only Trust In You escrita por Sra Dragneel


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665450/chapter/1



Capítulo I

A Boneca Quebrada




Toquei a campainha e esperei.

A casa dos Heartfilia era maior do que qualquer outra casa que eu poderia ter imaginado. Tão enorme e tão amedrontadora que me senti um tanto claustrofóbico.

Olhei em volta, vendo a enorme construção, a fonte no meio do jardim, se é que essa quase-selva postiça poderia ser chamada apenas de jardim, e as outras casas em volta — na qual eu não sabia a necessidade —; parecia uma morada de gigantes, e senti que poderia levar uma pisada a qualquer instante.

A grande porta dupla se abriu na minha frente e de lá saiu uma mulher, que mesmo tendo um ar de mais velha e o semblante totalmente rígido, eu sabia que tinha a mesma idade que a minha.

— Você deve ser Natsu Dragneel, o enfermeiro, certo? — depois que assenti ela se apresentou. — Erza Scarlet, governanta.

Seu aperto era consistente e a fala cuidadosamente escolhida; era como se ela estivesse me testando. Só que seu azar era que eu não tinha falado nada ainda. Dei um mínimo sorriso, mas não sei se ela viu, porque logo ela se virou e entrou na casa, esperando que eu fosse atrás. Sem uma palavra, mas um breve suspiro, a segui com minha mala em mãos.

Agora eu não sabia qual era o maior; a parte de fora da mansão ou o interior? Dei uma volta e conferi se meus olhos estavam me enganando. Parecia que não. As paredes de cor bege pareciam me engolir. Estremeci. Várias pessoas circulavam pelo lugar; limpando, carregando ou fazendo qualquer outra coisa.

Erza me explicou que ali era somente o hall de entrada e que a casa estava passando por umas mudanças no ambiente. Enquanto exploramos o local, ela me contava alguma coisa sobre o lugar ou advertências que eu deveria ter, ela também fiscalizava o trabalho dos outros empregados com olhos críticos, dando uma bronca aqui e ali de vez em quando. Quando olhei para o meu celular, descobri que já tinha se passado mais de meia hora desde que começara o tour na casa Heartfilia, o pior é que parecia que nem tínhamos chegado na metade. Erza não parecia ligar para isso, falava até com um certo entusiasmo, como se fosse sua própria casa. Passamos por portas, corredores e salas. O chão parecia se alongar diante dos meus pés e eu só pressentia que não acabaria tão cedo.

— Levy, você conferiu as novas cortinas? — ela perguntou para uma das empregadas. Ela era baixinha com um cabelo azulado, diferentemente de Erza que era alta e ruiva estonteante. — Eram para chegar hoje, eu fiquei ocupada recepcionando o Sr. Dragneel-

— Só Natsu — interrompi. Ser chamado de Sr. Dragneel fazia com que eu me sentisse velho. Percebi que era a primeira coisa que falava desde que cheguei, pois até Erza se assustou quando me pronunciei. — É um prazer.

— Levy McGarden, o prazer é meu. — sua mão era pequena também, juntamente com a proporção do seu corpo. Depois do cumprimento, ela se dirigiu à Erza. — As cortinas estão empilhadas Erza, só estou esperando o Gajeel terminar alguma coisa que aquele idiota tinha que fazer para me ajudar a colocá-las.

A face de Levy brava era engraçada.

— Ele deve ter tido algum imprevisto na grama sintética. — Erza não parecia incomodada com o fato de Levy não estar usando palavras formais com ela e nem nada. Os outros a chamavam sempre de Sra. Scarlet, mas Levy parecia ter um grau de intimidade com ela que nenhum outro empregado parecia ter. — Certifique-se que ele não demore muito, certo?! Vou terminar de mostrar a casa ao Sr. Drag... ao Natsu, e já vou te ajudar.

Ela assentiu e foi para algum lugar que eu não me lembrava o que era, pois eram muitos cômodos para colocar na minha lista mental.

Depois de passar por todas as salas, enfim chegamos à cozinha. Erza me apresentou ao cozinheiro chefe: Jellal. Com os cabelos idênticos ao de Levy, descobri que eles eram irmãos. A semelhança era tanta que eu não poderia deixar de notar.

A cozinha era bem acoplada e bem barulhenta até, com bateção de panelas e tudo mais.

— Opa, cara — ele esfregou a mão no avental antes de apertar a minha. — Jellal Fernandes.

Fernandes? Talvez ele não fosse irmão da Levy, apesar da semelhança. Fiquei tentado a perguntar mas mantive essa questão trancada na garganta.

— Natsu Dragneel. — cumprimentei.

— E o almoço? — Erza perguntou diretamente.

— Está quase lá, ruiva. — Jellal respondeu indiferente ao tom de Erza. Parece que temos outra pessoa próxima da senhorita muro-de-gelo. — Daqui a pouco sai.

Ele voltou a suas tarefas e Erza saiu da cozinha, comigo ao seu encalço.

Almoço? Quando saí do taxi lembro perfeitamente de ter visto as horas, e eram exatamente 10h28. Já se passara tanto tempo assim? Quantos mundos caberiam nessa casa para que Erza tivesse que me mostrar todos? Olhei para o relógio do celular e já passava do meio dia. O mais engraçado é que parecia que eu tinha tocado a campainha há alguns minutos; a magnitude da casa parecia ter sugado minha noção do tempo.

— Você deve ter reparado nas casas lá fora. — assenti com a cabeça enquanto subíamos uma vasta escada. — Lá é o dormitório dos empregados, nós iríamos te dar um também, mas como você deve ficar perto da Senhorita Lucy para cuidar dela, arranjamos um quarto mais próximo do dela.

— Tudo bem.

Percorremos um corredor de paredes amareladas e Erza abriu uma porta para mim. O quarto parecia ser um mini-apartamento, com certeza maior que o meu quarto. Depositei minha mala na cama e me sentei olhando ao redor. Erza me olhava atentamente. Na verdade, ela fazia isso desde que eu pisara na mansão. Sempre observando minhas atitudes e tentando rastrear algo errado, olhando sempre para onde meus olhos se direcionavam, buscando algum motivo para não confiar em mim.

Não me importava, de fato. Me sentia sim, incomodado com toda aquela protuberância, com todas essas pessoas novas, mas o que me fez ir até lá foi meu emprego e, enquanto ele fosse utilizado naquela casa, essas questões não teriam tanta importância.

— Aqui é bem amplo e assim como todos os quartos da casa, o seu tem o próprio banheiro. Duas portas a sua direita é o quarto da Lucy, a última porta no corredor é o escritório do Senhor Jude. — ela parou um pouco, como se estivesse hesitando em me falar algo, mas acabou por decidir contar-me. — O Senhor Jude trabalha muito no escritório, então, por hipótese alguma vá até lá, Ok?

Assenti com a cabeça, assim como fiz milhares de vezes. Quando Erza iria sair resolvi perguntar algo antes.

— Será que posso ir ver a Senhorita Heartfilia? Só pra anotar algumas coisas que devo ter mais precaução.

— Claro. Vou fazer algo rápido e volto daqui quinze minutos para te acompanhar.

Assim que ela saiu do quarto, deitei na cama e senti meu corpo relaxar por alguns minutos. Estava quase caindo no sono quando meu celular vibrou furiosamente no meu bolso. Sentei na cama abruptamente e atendi o celular furioso com a pessoa que eu nem tinha noção de quem era.

Quem é? — disse seco, mas me arrependi ao ouvir a voz do outro lado da linha.

— Esse é o jeito de tratar a mulher que te criou, garoto?

— Ah, oi mãe... Desculpa.

— Acho bom. Então, como está aí, no mundo dos milionários?

— Totalmente perdido. — disse sinceramente. — Acho que a casa deles é maior que o hospital, e eu nem vi a Lucy Heartfilia ainda.

— Mas nessas duas horas que você está aí, o que você ficou fazendo então?

— Conhecendo a casa, e não, eu não estou brincando Dona Grandine.

— Boa sorte meu filho, lidar com pessoas extremamente ricas às vezes é duro. Te vejo semana que vem.

— Certo, tchau mãe.

E essa era minha mãe. Grandine Dragneel. Desde sempre minha mãe e eu não fomos muito chegados, não que isso seja um problema. Parece que existe um respeito e a necessidade de privacidade entre nós. Quando não quero falar, ela não insiste. Quando ela não quer falar, eu não insisto. É mais uma questão de individualidade, nunca fui um filho muito agarrado à minha mãe e nem ela foi tão possessiva sobre o meu desenvolvimento. A única vez que ela ultrapassou essa linha limiar entre nós, foi na minha puberdade; onde as coisas começaram a ficar estranhas e confusas na minha cabeça. Meu pai estava viajando a trabalho, então ficou por conta da minha mãe. Ela até que se saiu bem.

Já o meu pai, Igneel, parece não saber os limites das perguntas e de vez em sempre fica me fazendo passar vergonha. A primeira vez que trouxe uma garota em casa é um exemplo bem claro disso.

Ri sozinho pensando naquele dia.

Resolvi tomar um banho e esperar Erza. Após entrar no banheiro e negar um banho de banheira — porque sabia que se entrasse ali não sairia mais —, tomei uma ducha rápida e vesti uma camisa branca e um jeans. Vi meus cabelos rosados — uma mistura exótica dos brancos de Grandine e os ruivos de Igneel — e tentei arrumá-los, sem muito sucesso, é claro. São muito rebeldes para que eu posso apenas acalmá-los com meus dedos.

Peguei meu equipamento e uma ficha de anotações e aguardei.

Erza entrou alguns minutos depois. A sua postura e sua face me fazia sentir como se fosse um garoto de dez anos; sua maturidade me incomodava. Tão jovem, mas eu poderia ter mais medo dela do que da minha própria mãe.

— Acho que a prima dela está lá, a Senhorita Lisanna. — poderia ser minha imaginação, mas Erza parecia dizer essas palavras cuidadosamente, com uma certa raiva até. — E qualquer coisa que você quiser, pode me chamar.

Fechei a porta do quarto e fui em direção ao quarto da garota. Erza bateu cuidadosamente na porta e alguns segundos depois uma figura albina saiu de lá. Percebi Erza adotar uma postura mais do que profissional; não que a garota estivesse prestando atenção nela. Ela me encarava. Definitivamente não era uma coisa boa.

— Senhorita Strauss, esse é Natsu Dragneel. — apertei sua mão rapidamente. — O novo enfermeiro.

— Chegou rápido, vejo que é eficiente. — sem uma resposta de minha parte, o sorriso estranho que ela tinha no rosto se dirigiu à Erza. — Lucy vai descansar agora, é melhor deixar ela.

Erza iria falar algo, mas eu a interrompi antes que pudesse dizer qualquer coisa.

— Não vai demorar mais do que dez ou quinze minutos. — disse rápido. A garota albina não pereceu gostar da ideia, mas me deixou entrar mesmo assim.

Lucy Heartfilia, a minha paciente, estava sentada na cama. Ela estava de costas para mim, o cabelo loiro — símbolo da família Heartfilia — estava solto e caía em cascata sobre suas costas. Me aproximando dela, vi seus braços um tanto magros e pálidos, como se não comesse e não saísse de casa há meses. Já tinham me informado da situação dela, de como uma depressão forte foi o suficiente para deixar ela em estado de choque. Não falava e mal se mexia. Uma boneca perfeita que foi quebrada.

Mesmo estando de frente para ela, Lucy não olhou para mim em algum momento. Somente quando segurei o equipamento de medir pressão e peguei no seu braço com gentileza é que ela pareceu me notar.

— Eu sou o Natsu, o novo enfermeiro. — sussurrei não querendo que Erza e a garota albina que estavam na soleira da porta me ouvissem. Gosto de trabalhar sozinho, só com o paciente, mas está aparentando que aqui não vai ser esse o caso. — Será que posso medir sua pressão? Não vai doer.

Seus olhos castanhos se viraram para mim com algo que eu não sei explicar. Me senti estranho. Era como se tivesse passado milênios até ela para de me encarar e voltar sua atenção ao nada. Foi imperceptível, mas depois de segundos, minutos ou meses ela virou de leve o braço. Esse foi meu sinal de que ela deixaria examina-la.

Nunca fui psicólogo e nem pretendo ser, mas quando ela me encarou, eu vi algo que quase me fez mudar de ideia. Se a frase que diz que os olhos são um espelho para a alma estiver certa, então a alma dessa garota está destroçada.

Foi o olhar mais tocante que já recebi na minha vida.

A vontade de explorar o lugar em que esses olhos sustentam subiu ao meu peito, mas reprimindo-o de qualquer jeito, segui com o que fui mandado fazer.






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

YEEEEEEEEEEEEEEEEEEY
Oi. Bom, essa é uma fanfic um tanto dramática, esse primeiro capítulo foi um pouco introdutório, mas se vocês derem uma chance pra ela, eu ficaria muito feliz. Espero que tenham gostado. Foi simples? Foi. Mas é o primeiro capítulo, então... :v
Qualquer erro, me contem ok.
Eu geralmente empaco muito em fanfics, mas nessa eu desenvolvi o começo o meio e o fim, então, provavelmente vou terminar ela, além de estar bem empolgada.
Bom, até o próximo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Only Trust In You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.