Celaena

A Vida as vezes e estranha, como a morte as vezes e vazia

Tudo que eu sempre quis foi envelhecer como humana, ser livre pela floresta e poder viver com meu irmão, casar e ter filhos que um dia seriam parte da sociedade, o que eu ganho?

A morte, começo a esquecer minha vida, apenas penso na escuridão e na morte.

Ela não perdoa ninguém, apenas tem um cheiro doce

Ando pela escuridão seguindo o cheiro mais doce que ja tive o prazer de sentir, parece chocolate mais mil vezes mais gostoso, como o amor, necessidade, meu rosto começa a arder, arder muito, ouço vozes, muitas vozes...

— Acorda! Você vai me secar menina! Acorda logo - minha visão começa a clarear, doce, sugo mais daquela bebida divinamente doce, eu preciso, mais, mais, mais... clack... um tapa me faz largar minha bebida, começo a ver tudo vermelho, raiva! quem se atreve a tirar de mim minha bebida doce, olho-a seu pescoço sangra, seu cheiro e doce, eu preciso, seus olhos estão aterrorizados, não importa, nada importa, eu preciso de mais.

Começo a me levantar e ir novamente para cima da minha presa, tão linda, seus cabelos negros caem ate sua cintura, sua pele branca mostra-me exatamente onde tenho que atacar, e seus olhos cheios de medo, ah ele são a melhor parte, estou quase la.... quase la... mas sou impedida, alguém me segura fortemente pela cintura.

— Tente se controlar, respire, você não quer matar essa humana, lembre-se de quem você é, lembre-se da onde você veio, lembre-se que um dia você foi como ela, respire de vagar e concentre-se - sua voz era reconfortante, comecei a me lembrar, minha casa, minha família, o teste, o parapeito, cair, morrer, sim... eu estou morta, mas não estou, isso significa que sou um deles, um vampiro... 

Lagrimas quentes molham minha face, não sou mais humana, não posso voltar para minha casa, não tenho mais uma casa, vou viver para sempre e ver todos que eu amo morrerem, não terei filhos e não poderei mais comer nem beber cerveja, tudo perdido, tudo se foi, começo a gritar e espernear, recebo uma pancada na nuca e volto para a escuridão.

Lorian 

 A primeira recém-criada em décadas, desacordada, histérica, eu não devia estar ouvindo pelas paredes eu sei disso, eu devia estar cuidando desse reino com a rainha regente, mas não, fui atraído como uma mosca para a luz, o cheiro da recém-criada me pegou em cheio, me deixou sedento e curioso, olho para as paredes e me perco em um transe.

Mais cedo Leon estava exitado, me disse que a recém-criada era a mais bela donzela que ele já tinha visto na vida, que seus cabelos de fogo eram macios e lisos em suas mãos e que sua boca era o próprio pecado, que sua pele de porcelana macia e branca era sua perdição, que seus olhos azuis me deixariam hipnotizado, mas o seu cheiro era a unica coisa que eu prestava atenção, eu nunca nem cheguei a vê-la mas só de sentir o seu cheiro eu fiquei obcecado... eu tenho que parar de pensar nisso... parar de pensar nela... saio do meu transe quando a porta se abre e Leon entra sentando-se a cadeira a minha frente.

Essa parte do castelo era a minha favorita, pouca iluminação, só as velas nos candelabros iluminavam o local, o moveis quase tão velhos quanto eu, e as paredes ainda eram de pedra, olho meu amigo e concelheiro, seu cabelo esta uma desordem, suas roupas estão rasgadas e sua pele esta cortada e sangrando em vários lugares.

— Vejo que a donzela em perigo não esta tão em perigo assim, já que lhe deu uma surra meu amigo - falo sarcasticamente

— Você deveria ter visto, ela parecia um anjo vingador, selvagem, linda, perfeita, e quando lagrimas de sangue cairão pelo seu rosto me bateu uma vontade de beija-la e me perder nesse pecado que são seus lábios - Leon disse mais exitado que antes

— Vejo que ainda esta obcecado por ela, como esta a humana, imagino que aterrorizada?

— Sim estou obcecado por Celaena, a humana vai bem, dei o dobro do dinheiro a ela e mandei ela para casa - ele diz sorrindo

— Então acho melhor ir se alimentar, não quer que quando seu anjo acorde lhe veja sangrando e com as roupas rasgadas não e amigo? - pergunto retoricamente, isso o faz perceber seu estado e se levanta para ir embora.

— Conheço um rei que precisa de um dama selvagem também, ele e muito reservado para o meu gosto

— E eu conheço um concelheiro que devia estar trabalhando e não cuidando de donzelas perigosas

— Deixe meu anjo vingador comigo Lorian - Leon sorri e vai atras de um humano para se alimentar me deixando sozinho com meus pensamentos.

Eu não preciso de uma dama, eu não posso ter uma dama, eu não posso ter ninguém, minha alma esta morta, dou um assopro magico apagando as velas e ficando na escuridão.

Minha querida escuridão, minha melhor amiga, ela e o vazio me acompanham diariamente, eu não mereço a luz de uma dama, não mereço o amor de uma, não posso ter o amor de uma, fui amaldiçoado a ficar sozinho, a morrer sozinho.

Fui amaldiçoado a ser Rei.

Leon

Termino de me alimentar de uma humana criada e vou para o meu quarto na parte nova do castelo, em olho no espelho e vejo o estrago, minha roupa esta pior que a dos mendigos do antigo mundo, sangue seco mancha minha pele mas não ha mais feridas, troco de roupa, uma calça cargo preta e uma camiseta de algodão, arrumo meu cabelo azul, minha descendência elfica, cabelos azuis e olhos verdes incomuns.

estou pronto para ver novamente meu anjo vingador.

saio a procura da minha dama, pelo labirinto que Lorian chama de corredor, ate chegar a parte antiga do castelo, não sinto mais a presença do rei, sei que ele estava curioso com Celaena mas ele não quis ir ver como ela estava.

Chego a porta de madeira rustica do quarto do meu anjo vingador, ela esta quase acordada, sento em uma cadeira antiga, linda e desconfortável, meu anjo abre seus olhos hipnóticos e fica maravilhada, e a primeira vez que ela vê as coisas com os olhos do vampiro, ela parece linda e muito tranquila, mas eu sei o que tem escondido de baixo dessa tranquilidade, então ela olha pra mim, maravilhada, e eu entro em choque, linda, tão linda.

— Tens que se arrumar anjo, deve ser apresentada ao rei e a corte antes do amanhecer - digo lentamente, não quero assusta-la

— Você! você não deixou-me matar aquela jovem, obrigado, eu não poderia me perdoar se tivesse a matado.

— Nenhum de nos perdoaria, humanos são muito bem respeitados em nosso reino - digo, ela ainda esta com um olhar aliviado, fico maravilhado com ela.

— Vou deixa-la se arrumar - levanto-me e ela se levanta como um borrão de tão rápida, descontrolada ainda, sorrio e me aproximo — Voltarei para lhe buscar na hora certa, então e melhor ir se arrumar.

— O que devo vestir? - pergunta apavorada, me aproximo e beijo sua testa a deixando envergonhada.

— O que lhe agradar, você e perfeita anjo, todos iram gostar de você como eu gosto.

Saio antes de ela responder, se eu ficasse mais um instante em seu quarto eu poderia beija-la de verdade, sorrio, seria um ótimo beijo, meu anjo vingador.