Esme Cullen - A História - Short Fic escrita por Ditto


Capítulo 5
Capítulo 4




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A guerra tinha seu preço: os alimentos estavam extremamente caros, Esme comia batata amassada quase todo dia, água era controlada e tinham toque de recolher as oito da noite. Mas apesar disso Esme Evenson estava feliz, feliz como não estivera a muito tempo.

Os hematomas tinham finalmente sumido de sua pele e ela percebeu que a pele tinha deixado de ter o tom amarelado pavoroso e voltado a ser rosada.

A casa agora tinha um cheiro agradável de flores silvestres que ela recolhia todos os dias. O lugar parecia mais iluminado, mais vivo.

Os tempos decerto não eram agradáveis, mas Esme pela primeira vez estava em paz. Só que ela sabia que aquilo não ia durar para sempre. O marido ia voltar, e ela sabia que ele voltaria em breve porque até o momento não tinha recebido nenhuma intimação do exército avisando sobre a morte de Charles Evenson.

– Deveria estar feliz de ele estar vivo e voltando. Decerto as esposas dos outros soldados estão felizes – murmurou.

Sua rotina era simples, acordava cedo, arrumava a casa, ia até o mercado comprar os mantimentos e por fim visitava o orfanato. Era encantada pelas crianças e como gostaria de ter as suas próprias algum dia.

– Oi tia Esme! – as crianças gritaram ao vê-la chegar – Você trouxe biscoitos?

– Claro – Esme disse rindo – aposto que vocês só gostam que eu venha por causa dos biscoitos.

Ali no orfanato ela se sentia em casa. De certa forma até realizava seu sonho de infância de ser professora ao ensinar algumas crianças a ler. Estavam lendo Branca de Neve agora e Esme as vezes se imaginava como a princesa, encontrando seu príncipe encantado.

Balançou a cabeça, não devia ter aqueles pensamentos, era uma mulher casada e não uma adolescente que sonha com contos de fada. Devia pensar no presente, e o presente exigia uma mulher forte capaz de lidar com o marido ausente.

Ficou no orfanato até a hora permitida e saiu prometendo levar um bolo de chocolate no dia seguinte.

– Crianças e chocolate.... não sei por que elas gostam tanto...

Entrou na casa de bom humor, deixando a travessa de biscoitos vazias na pia, já passando na cabeça a receita do bolo e como o faria.

– Onde você estava esposinha?

Se virou assustada e percebeu o marido sentado no sofá, uma garrafa vazia de Vodka no chão.

O marido tinha mudado muito nesses meses, o cabelo e a barba estavam grandes e espessos. Ele estava visivelmente magro e abatido. Mas o olhar de quando ele estava bêbado estava presente, igualzinho como era antes. Esme automaticamente se encolheu.

– E-e-eu estava no orfanato. S-se soubesse que você chegava hoje teria vindo mais cedo para preparar o jantar.

– Piranha! Aposto que estava se esfregando com outro cara enquanto eu não estava aqui!

– N-n-não – Esme disse se encolhendo mais – e-eu estava no orfanato, v-v-você pode ir perguntar.

– Mentirosa! Acha que eu não sei! Aproveitou eu estava servindo os Estados Unidos e foi ser o prato principal na cama de outro!

– N-n-não – murmurou baixinho.

– Eu vi a morte de perto Esme! Eu vi gente ser morta do meu lado! Mas pensei, eu irei sobreviver porque tenho uma esposa dedicada me esperando em casa, mas e agora? Agora eu chego e você não está em casa! Nem um bilhete escrito dizendo onde foi!

– E-eu n-não sabia que você chegava hoje, senão eu deixaria um bilhete... eu deixaria....

– Argh, cala a boca! Não quero te ouvir. Vamos ver se pelo menos seu amante a deixou melhor de cama. – disse a puxando pelo braço em direção ao quarto.

Esme olhou-o em pânico, calculando quanto tempo ela demoraria para se soltar e sair correndo de casa. Mas logo desistiu, para onde iria?

Foi jogada na cama e as roupas arrancadas brutalmente. Ela mal conseguiu alguma coisa quando sentiu o marido entrando nela com força.

Respirar e não chorar, respirar e não chorar...

Meses se passaram e tudo voltou a ser como era, só que dessa vez Esme sentia que era mil vezes pior pelo simples fato de ter experimentado a liderdade por alguns meses.

Teve de abandonar o orfanato, o marido não gostava que ela saísse sozinha por aí. Sentia tanta falta das crianças, nunca chegara a entregar o bolo de chocolate prometido...

Ela percebeu que seu corpo ficou debilitado novamente, tinha emagrecido um pouco e vomitava depois de quase toda refeição. Apesar de magra sentia-se inchada e estava tão cansada....

– E-e-esme – o marido a chamou soluçando no processo, claramente bêbado.

A bebida tinha se tornado algo frequente na casa, a guerra tinha marcado profundamente Charles. Ele não falava o que tinha passado, mas ela sabia que se antes ele bebia para se divertir, agora bebia para esquecer.

Deitou-se na cama e esperou o marido terminar. O corpo todo tremia de dor, ela sentiu a vista ficar nublada....

Acordou assustada vendo o céu já escuro. Sentiu pontadas agudas no estômago. Tentou se levantar da cama mas quase caiu no chão. A dor a fazia gemer, parecia ser perfurada por milhares de agulhas.

– Médico.... preciso de um médico.... – murmurou consigo mesma incapaz de se mexer.


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Notas finais do capítulo

Acho que todos já sabem o que Esme tem né? ;P



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