Quem vê seus olhos escuros, não enxerga sua solidão, o oco em seu peito, e muito menos as palavras que se engasgaram em sua garganta.

Não vê suas lágrimas brigando entre si, para ver qual cairá primeiro. Quem vê os seus olhos, não enxerga sua alma, o seu breu.

Quem vê os seus olhos, não sente, não sente a brisa gelada que se tumultua em ti.

Quem vê os seus olhos, não vê o teu reflexo.

Quem vê, se perde dentro da escuridão.

Quem vê não sente o quanto você sente.

Quem vê, a escuridão se passa desapercebida.

Quem tenta descobrir, se comove, e desiste antes do fim.

Mas quando eu vejo, vejo esses olhos escuros, eu sinto.

Muitas vezes eu tentei enxergar além, muitas vezes eu quis que eles me mostrassem a luz, mas quando vi que só havia escuridão, me perdi.

Me perdi, e me afoguei em suas mágoas.

Eu quis tanto te salvar, entre a escuridão de seus olhos, você estava mais longe do que eu podia tocar.

Eu vi sua imagem, me pedindo ajuda.

Eu vi uma chama em volta da tua inocência.

Eu vi você sumindo, e novamente escureceu.

Eu gritaria para dizer que eu ainda estava ali.

Mas teus ouvidos, escutavam apenas teus próprios gritos, era impossível de me ouvir.