Amor gelado escrita por Vanessa Carvalho
Notas iniciais do capítulo
Perdão pela demora, mas os estudos estão me tomando bastante tempo. Tentarei não demorar tanto para os próximos.
As semanas passavam sem qualquer informação sobre o paradeiro de Jack. Porém os Guardiões estavam preocupados com outras coisas no momento. Jaime estava diferente. Ele se recuperou do ataque de Breu, mas de alguma forma, isso o mudou. Ele estava indiferente, distante até mesmo de Sofia, de quem ele nutria um amor imenso. Além disso, devido ao frio, todas as crianças estavam começando a ficar doentes. E isso estava preocupando a todos.
Fadinha e Sandman eram quem ficavam vigiando as crianças enquanto Norte e Coelhão procuravam Jack. Sua ausência nunca foi tão sentida quanto agora. Cupcake relatara que outro dia as aulas foram canceladas devido ao frio extremo e sem possibilidade de volta. As notícias afirmavam que era o inverno mais intenso que eles tiveram em anos e que talvez esse frio fosse aumentar.
Enquanto isso, todos tentavam entender o que estava acontecendo com Jaime. Ele estava indiferente a tudo. Era como se uma grande tristeza tivesse tomado conta dele e o garoto alegre tivesse sumido como se nunca tivesse existido. Ele ainda acreditava nos Guardiões, mas simplesmente não dava mais importância.
— Sofia, como está o Jaime? – Fadinha perguntou preocupada.
— Ele melhorou, mas...
— Oi Fada! – Jaime cumprimentou passando rápido para a cozinha e saindo no mesmo instante.
— Viu só? Ele ficou diferente. Sei lá, ficou mais...
— Frio! – Ela falou preocupada já pegando seu globo para relatar para Norte o que aconteceu.
— Ah Sofia eu... Ah, você ainda está ai? Olha eu tenho tentado entrar em contato com o Jack, não precisa ficar fazendo pressão em cima da minha irmã que...
— Tudo bem, Jaime, nós entendemos. Se existe uma pessoa para conseguir encontrar o Jack, esse alguém é você, já que vocês são amigos, não é?
— A... Migo? – Jaime falou devagar como se procurando o significado daquela palavra.
— É Jaime. Amigo de todos nós, na verdade! – Fadinha falou colocando uma mão no ombro dele e sorrindo.
— Bem, farei meu melhor! – Ele falou saindo de vez.
— Sofia, você vai ficar bem? Eu... Eu Tenho umas coisas para resolver!
— Tudo bem! Eu disse que ele estava diferente.
— É só preocupação. Eu volto mais tarde, e se sair...
— Me proteger do frio, já sei!
Fadinha chegou na fábrica de Norte o mais rápido que pôde. Mandou suas fadas vigiarem Jaime. Ela estava mais preocupada que o normal. Encontrou Sandman e Coelhão já esperando Norte. Eles estavam cada vez mais preocupados. Coelhão principalmente. O que o Breu fez com seu amigo? E o pior, o que ele está querendo fazer com as crianças?
— Então, por que todo aquele desespero?
— Gente, acho que descobri o que o Breu está tentando fazer.
— O QUE? – Coelhão gritou assustando alguns Yets que estavam por perto. Foi neste momento que Norte chegou.
— Assustando meus Yets Coelhão? Cansou da concorrência! – Norte falou soltando uma das suas gargalhadas.
— Não brinque Norte. O caso é sério. Breu está aprontando das suas.
— Ah isso nós já sabemos, precisamos descobrir...
— Ele está fazendo com que as crianças se tornem vazias. – Fadinha falou encostada numa coluna.
— Oi? – Norte perguntou confuso. – Como assim, vazias?
— Da primeira vez que o enfrentamos, ele queria fazê-las esquecer de nós, o que não deu certo, como todos sabemos, mas agora, ele está tentando criar um mundo sem sentimentos. Sem encantamento, sem... Amor. – Fadinha terminou a frase quase sussurrando.
— Como assim, sem amor?
— Fazendo as crianças, e temo dizer que desta vez ele expandiu seu alcance para os adultos também, esqueçam dos sentimentos de amor pelas pessoas que elas mais amam na vida. Tornando-as apenas...
— Vazias! – Coelhão falou assustado. – Isso.... Isso é horrível! Não dá para você conviver com as pessoas e não nutrir nada por elas! É impossível!
— Eu também achava isso, até conversar com o Jaime. Ele estava completamente seco e vazio. Não soube nem o significado da palavra “amigo” quando falei do Jack. Ele ainda tem todas as suas lembranças e ele ainda lembra de nós, ele apenas simplesmente não tem nenhum sentimento em relação a isso, em relação a nada. De alguma forma, aquela areia preta que Breu jogou nele, tirou toda a capacidade dele de sentir!
— Mas.... Então o que podemos fazer?
— Não sei, Norte, mas precisamos encontrar alguma coisa para...
No meio da discussão, o homem da lua apareceu novamente. Sand tentou, novamente, chamar a atenção dos amigos, que estavam preocupados demais para notar a sua presença. Mas, diferente da outra vez, o homem na lua apareceu! Não era uma forma física propriamente dita, era uma névoa, do tamanho de uma pessoa mediana, mas ainda assim, uma névoa. Branca, cálida, pura.
— Meus amigos de longa data... – Falou uma voz suave, mas segura o suficiente para fazer todos se calarem. O silêncio era tanto que se escutava a respiração dos duendes. – Demorei para entrar em contato com vocês, peço perdão por isso, mas precisava entender o que se passava. O que nosso inimigo estava pretendendo fazer. Temo que estamos em grave perigo. Mais do que o esquecimento, ele agora quer trazer para o coração dos humanos algo mais perigoso, algo mais sério. Esquecimento é parte da vida, à medida que nossas crianças crescem elas nos têm como suas lembranças mais bonitas da infância. O que não nos desobriga de protege-los. Daí a importância da nossa amiga fada. Sandman é responsável pelos sonhos mais bonitos, Norte a magia da infância e você Coelhão...
— A esperança. Todos nós sabemos disso.
— Sei que durante todo esse tempo, vocês se perguntaram porque eu recrutei Jack Frost e mesmo o aceitando, sempre se perguntaram disso! Eu sei, não adianta negar. Eu vejo o coração de vocês. Então vocês pensaram que era para a diversão, mas não é somente isso. Depois, como Breu já falou, ele é responsável direto pelo controle do frio, daí essa neve descontrolada tomando conta de todo o setor norte do Globo, mas o Jack tem algo que nem mesmo ele descobriu ainda. Ele é responsável e guardião dos sentimentos. Para me explicar melhor, ele seria a “cola” que as pessoas têm com seus sentimentos. É ele quem faz com que as pessoas se lembrem do que é a amizade, o carinho, o amor. E sem ele...
— Sem ele, as pessoas vão começar a esquecer disso! – Fadinha falou assustada.
— Depois que ele chegou, vocês notaram que as crianças pararam de discutir umas com as outras, e que elas estavam mais unidas? E que agora que ele foi embora...
— Elas começaram a se separar e a brigar. Jaime!
— Ele foi apenas o primeiro. Seus amigos também começaram a se afastar daquilo que os torna humanos. Meus amigos. Jack está onde a vista não alcança, após a fumaça, o vento, é lá que ele está. Encontrem-no mais rápido possível. Senão, o planeta se tornará um lugar sem sentimento algum. Um lugar onde apenas há seres vagando pela terra fazendo tudo automático, sem paixão nenhuma.
O homem da lua sumiu deixando apenas um pequeno fogo azul. Os guardiões ficaram calados por um tempo. Um mundo sem sentimentos? Isso seria horrível. O amor era a força mais poderosa que havia, todos sabiam disso. Com ele, as pessoas eram capazes de fazer qualquer coisa. E sem ele...
Um lugar onde os olhos não alcançam? O que o homem da lua queria dizer com isso? De repente, um raio de luar caiu em cima do Globo de Norte. Aparentemente tomou o Globo todo, mas depois de um tempo, ele focou exatamente onde havia uma fumaça negra permanente.
— É nesse lugar que vocês irão encontrar o Jack. Mas eu aviso... Ele está diferente. Não de uma maneira ruim, mas vocês precisarão de paciência para fazê-lo entender que vocês precisam dele. – A voz do homem da lua sumiu por completo.
— Coelhão, você e Sand vão até esse lugar procurar Jack. Eu e a Fadinha ficaremos aqui e tentaremos retardar esse vazio do Breu. Vão meus amigos, e boa sorte.
Coelhão se despediu dos amigos, abriu seu buraco característico e partiu em busca de Jack. Sandman foi atrás dele na sua nuvem de areia dourada. O destino do mundo agora estava nas mãos dos dois. Jack era necessário agora mais que nunca. Não só para salvar o planeta de um inverno rigoroso, mas para salvar os sentimentos humanos.
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