Amor gelado escrita por Vanessa Carvalho


Capítulo 3
3° Capítulo




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Há uma semana, Norte e os outros procuravam Jack incansavelmente. Já haviam rodado o mundo mais de duas vezes; a Fadinha, junto com a divisão europeia e sul-americana andaram em locais que jamais pensavam existir. Chegaram inclusive a aumentar o pessoal do Brasil achando que talvez, Jack estivesse perdido no parco inverno que existe no Sul daquele país. E nada, nenhuma notícia. Rodaram todos os cantos do mundo conhecido e ninguém sabia de nada.

– Se você sabe de alguma coisa, de onde ele está, por que não nos diz? Diga.... Alguma coisa. – Norte gritava para a Lua. Ele estava mais preocupado que os outros. No globo, todas as vezes em que falava o nome do Jack, uma névoa branca aparecia. De alguma forma, ele sabia que seu amigo estava com problemas.

Coelhão, acabara de voltar de sua ronda. Os ovos estavam no prazo, então, resolveu ir até a fábrica do Norte. O natal estava distante, mas a fabricação começou a pleno vapor há uns meses.

Ele chegou em tempo de ver a explosão do amigo para com o homem na lua; resolveu deixa-lo sozinho. As coisas estavam diferentes sem o Jack. Encontrou Sandman, sentado brincando com um dos brinquedos dos Yets.

– Sand, alguma novidade? Encontrou alguma coisa, alguma informação sobre o Jack? – Coelhão recebeu apenas um aceno negativo do amigo. Suspirou frustrado. Há dois dias havia pensado numa coisa, que tentava ignorar. – Sand, será que o Jack...

– Nem ouse continuar. – Norte entrou na fábrica de repente e escutou a parte final da conversa.

– Mas norte, já faz uma semana e...

– O Jack NÃO morreu, está entendendo? NÃO morreu. – Outra explosão do Norte. Estava começando a ficar complicado conversar com ele.

Sandman logo se dispersou, não estava acostumado ver os amigos brigando daquela forma. Para ignorar toda aquela tensão, resolveu ficar de olho no globo de Noel. Globo que Norte tinha onde mostrava as crianças do mundo inteiro e a forma como elas vinham se comportando. De repente, vindo do Sul, da antiga casa do Jack, uma névoa cinza feito neve, só que mais agressiva. Não era época de inverno e Sandman começou a se preocupar.

Tentou chamar a atenção dos amigos, que ainda discutiam, mas como o mesmo não falava, foi em vão. Como de outras vezes, Sand se utilizou do gizo de um dos gnomos para chamar a atenção de Norte e Coelhão. Norte notou que seu amigo estava com temor nos olhos. Foi quando prestou atenção no globo. Quase todo ele estava tomado pela tal névoa cinza. Faltava apenas parte da Europa e Ásia, mas até mesmo as Américas já estavam envolvidas por ela. Várias vezes, relâmpagos apareciam e mesmo sendo apenas uma simulação, Norte sabia que aquilo não era bom sinal.

– Mas... O que é isso? – Coelhão perguntou olhando a tudo assustado.

Nem mesmo o homem da lua sabia o que estava acontecendo. Ele mandou uma luz, forte para o globo. Era uma luz cálida, para onde era a casa do Jack, dando a entender que os quatro deveriam começar as investigações de lá. Eles estavam prestes a sair quando o comunicador do Norte gritou.

– Papai Noel... Papai Noel...

– Sofia? Norte, essa é a voz da Sofia. – Coelhão correu para o comunicador. – Aqui é o Coelhão, fala pimentinha.

– Coelhão... O Breu... Ele... – Uma névoa cinza cobriu toda a comunicação dando para escutar apenas Sofia tossindo.

– Sofia... – Coelhão gritou. – Norte... As crianças.

Após falarem com a Fadinha, todos se dirigiram para o bairro das crianças. Ao chegar lá viram uma nevasca forte, densa, difícil até mesmo para o trenó de Papai Noel. O bairro das crianças era o mais afetado. Tudo estava morto. Sem vida, o verde de outrora sumira, dando lugar ao cinza escuro. Não havia mais árvores ou arbustos. Até mesmo o bosque que Coelhão usava para esconder seus ovos havia sumido. As casas estavam todas com suas janelas fechadas e não havia sinal de uma pessoa viva naquela hora.

Norte olhou com medo de que o pior tivesse acontecido. Saiu lentamente do trenó. Coelhão, mesmo tendo suas patas expostas, andou naquela neve escura. Sandman, na sua nuvem, procurava sinal de vida olhando pelas janelas. Sentiu alívio quando viu a família de Cupcake toda reunida na sala perto da lareira. Ela olhou para a janela e sorriu. Sandman sorriu para ela e fez sinal para eles não saírem de casa. Fadinha tentava não morrer de frio. O inverno não é a melhor estação para as asas de uma fada. Mas se as crianças estavam em perigo, isso ficava para depois.

– Mas... O que aconteceu aqui? – Norte perguntou.

– Vimos o Breu chegando de longe, foi tão rápido que só tivemos tempo de entrar em casa e ligar a lareira. – Cupcake falou chegando perto do grupo e dando um abraço em casa um deles.

– Você não deveria estar aqui fora... Está muito frio e...

– Coelhinho... – Sofia vinha correndo abraçando o Coelhão com lágrimas nos olhos.

– Pimentinha eu...

– O Breu levou meu irmão! – Ela falou chorando.

– O Breu fez o que? – Todos gritaram.

– Ele disse que estaria com ele no esconderijo, esperando por Jack. Onde é que ele tá agora?

– Ele.... Bem ele... – Coelhão começou a falar.

– Ele já vai chegar. Só teve que terminar um serviço que estávamos fazendo. – Fadinha falou tentando despistar o medo de Sofia.

Todos estavam se preparando para ir até o esconderijo do Breu, quando a névoa voltou a aparecer no céu. Era uma nuvem como a de Sandman, mas sombria e escura. Dela vinha uma risada sinistra. Risada que o grupo já havia escutado outras vezes. Do meio da nuvem surge Breu com algo nos braços. Era o corpo desacordado de Jaime. Sofia, ao reconhece-lo, se desesperou a tal ponto que precisou ser consolada pela Fadinha.

– Breu quando você descer daí... – Coelhão começou a falar irritado.

– Você não vai fazer nada! – Breu falou segurando com uma só mão o corpo de Jaime fora da nuvem pelo pescoço. Se ele apertasse com mais força poderia quebrar o pescoço de Jaime. Se ele soltasse...

– Jaime! – Norte e Sofia gritaram.

– Coelhinho... Salva meu irmão.

– Ja... Jack... Socorro! – Jaime falou quase sem voz desmaiando.

– Que bonitinho né? – Breu tocou no rosto do Jaime uma luz fina e azul brilhante começou a sair pela boca do garoto.

– O... O que é isso? O que você está fazendo com ele? – Coelhão perguntou com seu bumerangue em mãos.

– Ah, esse fio azul? É só a vida dele se esvaindo. Eu aprendi a sugar a força vital desses humanos, sabem como é... Eu preciso me alimentar.

– Solte ele! – Norte gritou.

– Ele é peça principal no meu plano.

– Do que está falando?

– Bem, vamos lá, tentarei explicar para vocês como se fossem crianças barulhentas de oito anos. Vejam, os guardiões existem para preservar a infância, basicamente, do mundo, certo? Cada um é responsável pelos sonhos e esperanças. Bem digamos que o Jack passou a ter uma responsabilidade maior quando se juntou a vocês. Assim, ele é responsável pela alegria e divertimento que as crianças têm, mas ele tem uma função maior, que talvez vocês não tenham percebido. Ele... Controla o inverno. É ele o responsável por esse mundo idiota não vive uma bola de neve gigante. E o engraçado é que se não fossem vocês me banirem para o Limbo, eu jamais teria aprendido o que aprendi. A força de vocês vem dessas crianças. A crença dela em vocês está mais forte que nunca e eu jamais poderia destruir isso, não agora. Mas... Se não há crianças... Então, eu aprendi que a força vital delas, e quanto mais nova melhor, é a melhor coisa para me fazer imortal. Esqueci sobre aquele velho gagá do Nicolas e vim atrás de crianças. E quanto mais ligação ela tem com vocês, mais forte é a força vital delas. A do Jaime, por exemplo, tem um poder fantástico. O Jack ficou mais forte quando cada criança acreditava nele graças a esse pirralho aqui. Sem ele... Adeus Jack! – Breu falou soltando Jaime.

– Jaime... – Todos gritaram.

Jaime estava frio e pálido. Era como se toda vida dele não existisse mais, mesmo ainda respirando. Sand entendeu que o que Breu sugou não foi a vida propriamente dita, mas apenas a força de viver, deixando Jaime como uma criança triste. Mas, Sand tinha alguns truques guardados na manga. Ele juntou areia suficiente e envolveu Jaime num cálido abraço. Nesse abraço foi mostrando através dos sonhos, coisas boas, a esperança, e felicidade que ainda há no mundo. Mostrou as crianças brincando e cantando, felizes na noite de natal, andando de bicicleta, felizes. Mostrou o amor. Com isso a cor começou a voltar para o rosto do Jaime e ele começou a abrir os olhos. Ainda estava fraco, mas já estava bem melhor que antes.

Norte e Coelhão ainda foram atrás do Breu, mas já era tarde demais. Ele havia sumido. De novo. Jack já estava fora há muito tempo. Era hora da turma trabalhar sério, encontra-lo a tempo para deter o inverno rigoroso que se aproximava. E eles iam começar na casa do Jack. Após deixarem as crianças do bairro seguras e se protegerem contra o frio intenso que é a casa de Jack, todos partiram em direção ao sul.

Para Jaime e Sofia, Norte deixou a tarefa de tentar localizar Jack com o Globo de Sofia. Ele não queria que as crianças corressem mais perigo além do que já haviam corrido e ficar observando se a névoa envolvendo o nome de Jack desaparecia foi a única forma que ele encontrou para mantê-las seguras.


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