Amor gelado escrita por Vanessa Carvalho


Capítulo 1
1° Capítulo




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A noite estava muito escura, mais do que o normal. Os outros guardiões dormiam profundamente. Jack estava olhando as estrelas lembrando a vida que poderia ter tido caso não tivesse morrido naquele dia em que salvou sua irmã. Teria se apaixonado, obviamente. Ele se sentia solitário. Suspirou fazendo flocos de neve para passar o tempo. O inverno logo chegaria e ele não via a hora de poder brincar com as crianças, o que ele mais gostava.

Desde que fora recrutado pela lua para ser um guardião, havia tido aventuras divertidas com seus amigos, principalmente o Coelhão, seu melhor amigo, apesar de quase nunca concordarem e viverem discutindo. Ele se sentia grato por finalmente ter amigos, mas queria saber o que era estar apaixonado. Certa vez escutou Jaime comentando que estava apaixonado e se viu pensando em como isso aconteceria com ele, mas, obviamente, não havia muitas opções. Aliás, não havia nenhuma opção nesse campo. Uma das fadinhas do dente estava fazendo companhia para ele e há muito já havia desistido de chamar a sua atenção.

Por algum tempo pensou em conversar com Norte sobre isso, já que ele era o único casado da equipe, mas ele o via tão ocupado com sua fábrica que desistia antes mesmo de chegar perto dele. Coelhão seria impossível, provavelmente ele diria que isso seria uma distração, apesar de Jack desconfiar que ele tinha uma coelha (Ou coelhas) esperando por ele mundo afora.

Ele não podia pedir conselhos para a Fadinha também. Desde que ela voltara à ativa, quase nunca parava, e mesmo assim, seria estranho conversar sobre isso com ela. Jack desconfiava que ela nutria uma apaixonite aguda por ele. E com o Sandman, bem, ele não falava, mas sempre ficava atendo. Ele certa vez, através de sua areia, conversou com o Jack afirmando que ele encontraria alguém logo. Jack desconfiava disso.

Foi quando o céu ficou com um escuro estranho. Há alguns anos ele não via uma escuridão daquela forma, quase como... Breu. Seria impossível, ele estava derrotado, sem poderes. Ele mesmo se encarregava de vigiá-lo constantemente. Não podia ser ele... Ou podia? E se fosse... Como ele conseguira escapar?

Jack pensou em acordar os outros, mas era a sua tarefa vigiar aquela noite. Sabia que tinha que acordá-los, mas preferiu ver o que estava acontecendo sozinho. A Fadinha já havia pego no sono, então, feito uma pluma, levantou voo e partiu. Pegou seu cajado e foi em direção a um local já conhecido da cidade: a casa do Jaime e da Sofia. Eles estavam crescidos agora, mas nunca deixaram de acreditar em Jack Frost e seus amigos.

Quando chegou lá, seus temores se tornaram reais. Breu estava tentando penetrar nos sonhos das crianças... De novo. Jaime nada poderia fazer a não ser proteger sua irmã. Jack correu para perto deles dois.

– Jack! – Gritou Jaime. Ele estava numa rua sem saída preso entre Breu e a parede de uma casa. Sofia estava atrás dele olhando assustada para o homem todo de preto à sua frente.

– Ora, se não é meu velho amigo Jack Frost. – Breu falou com uma voz gélida.

– O que você está fazendo aqui, Breu? Não cansa de apanhar? – Jack falou se aproximando lentamente para ficar entre ele e as crianças.

– Apanhar? De quem? De você? Você não passa de uma criança mimada com um cajado, Jack. - Breu falou lançando a sua já conhecida areia preta. Jack conseguiu desviar a tempo, levando junto Jaime e Sofia.

– Jack, estou com medo.

– Não fica Sofia. Eu vou tirar você e seu irmão da rua. Jaime, trate de levar a sua irmã para bem longe daqui, entendeu?

– Mas... Você vai lutar com ele sozinho? Não, eu quero te ajudar.

– Jaime, olha, você já vai ajudar bastante se ficar fora de perigo. Eu vou ficar bem, já consegui derrotar essa areia molhada uma vez, lembra?

– Sim, mas...

– Por favor, vai agora. – Jack falou deixando os dois perto da casa de um dos amigos dele.

– Jaime... Ele vai lutar sozinho? Temos que fazer alguma coisa. – Sofia olhava a tudo assustada, mas não poderia deixar o Jack sozinho.

– Sofia corre, pega o globo que o papai Noel te deu, vamos chamar os outros.

Enquanto Sofia e Jaime chamavam os outros, Jack e Breu começavam a lutar ferozmente por entre as nuvens. Ao longe, tudo não passava de trovoes de uma forte tempestade, mas Jaime, Sofia e seus amigos sabiam o que realmente estava acontecendo. Jaime se preocupava com o que poderia acontecer com Jack. Há algum tempo, ele vinha notando que seu mais precioso amigo estava disperso e por vezes ele pensou que Jack estivesse perdendo seus poderes.

– Jaime, meu garoto. O que traz a sua chamada? – Norte respondeu sonolento.

– Desculpa acordar o senhor a esta hora, mas precisamos da sua ajuda. O Breu conseguiu escapar e... – Nesse momento um dos raios de Breu caiu perto de onde eles estavam assustando Norte.

– Pelas barbas de Merlim, o que está acontecendo ai?

– O Breu, Norte, ele escapou. O Jack apareceu aqui, mas eu estou temendo que ele perca essa luta. Ele não parece muito bem. – Areia congelada caía a todo momento. Jack lutava com bravura, mas Jaime sabia que logo ele sofreria um ataque mais sério.

– Aquele garoto rebelde e teimoso. Já estamos indo. COELHÃO, SAND... – Jaime ouviu Norte gritar antes que o globo perdesse contato com ele.

Apesar de aparentemente empatados, Jack sabia que Breu estava infinitamente mais forte desde a última vez que eles se encontraram. Como será que ele ficou tão forte assim? Ele se alimentava do medo, e as crianças não tinham mais medo do bicho papão. Jack começou a achar que havia sido uma péssima ideia ter ido enfrenta-lo sozinho.

– Então... Jack... Está gostando dos meus novos poderes? Onde eu estava tive tempo de treinar. Lembra? Você e seus amiguinhos me jogaram no Limbo? Lá eu conheci pessoas que me ensinaram a potencializar a minha areia negra. Ela agora causa grandes ferimentos. Ela pode... Inclusive... Matar... Você – Breu falou atingindo uma nuvem perto de onde Jack se encontrava.

– Essa sua areiazinha não é de nada, Breu. Eu já derrotei você uma vez, e posso fazer isso de novo. Eu também tive tempo para aprender uns truques novos. – Jack falou atingindo Breu com um vento gelado e geada. Breu conseguiu segurar seu ataque em uma única mão.

Assim que Breu tocou na geada ela ficou negra feito a noite. Negra feito... A escuridão. Jack se assustou. Como ele conseguiu ficar tão forte assim? Ele estava começando a ficar fraco. De alguma forma, Breu estava sugando seus poderes através da bola negra. Jack notou que seu cabelo começou a apresentar algumas mexas castanhas escuras. Estava difícil sequer ficar voando.

Ele começou a perder os sentidos, mas conseguia ver a risada seca de Breu. Ao longe viu que Sofia ainda estava assistindo. Ele não podia perder e deixa-la nas mãos daquele maluco. Ele precisava lutar. Com muito custo ele conseguiu atingir um raio desestabilizando Breu. Suas forças começaram a voltar e seu cabelo voltou a ficar branco feito a neve. Aos poucos Jack foi se recuperando. De longe viu o trenó do Norte se aproximando. Ele nunca ficou tão feliz em vê-lo. Ele chegou a tempo de colocar Jack no banco de trás. Coelhão, Sand e a fadinha já estavam em posição de ataque.

– Olha só, o resto da trupe chegou bem a tempo de ver seu querido boneco de neve virar água. – Breu falou apertando a bola negra. Jack começou a lutar para respirar. De alguma forma, aquela bola e Jack estava ligados. – Vejam bem, em meu exílio eu aprendi a controlar os poderes das pessoas contra elas. O Seu querido Jack tem poucos minutos de vida. – Breu apertava mais e mais a bola negra e Jack simplesmente parou de respirar.

– Seu... Desgraçado. – Coelhão gritou pulando em cima do Breu.

Os dois lutavam ferozmente e iam se afastando cada vez mais para alto mar. Norte, Sand e Fadinha tentavam reanimar Jack em vão. Em determinado momento, Breu conseguiu atingir um punhado de areia em Coelhão que bateu com toda força no trenó. Com o impacto, Jack, ainda desacordado, acabou caindo no mar. Fadinha e Sand ainda tentaram encontra-lo, mas as ondas estavam fortes demais. Quando todos voltaram a sua atenção para Breu, ele havia desaparecido. Lá em baixo, em a única coisa que encontraram de Jack foi seu cajado... Completamente estraçalhado.

– Norte, o que vamos fazer? – A fadinha perguntava com lágrimas nos olhos.

– Não se preocupe Fadinha. Nós vamos acha-lo. – Noel falava sem realmente acreditar em suas próprias palavras. Enquanto isso, Colheão e Sand buscavam o que sobrou do cajado de Jack.


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