Púrpura escrita por Lerd


Capítulo 1
Conto




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Os passos do Grande Esfolador ecoavam pelas paredes do castelo do Forte do Pavor como batidas ritmadas de um coração disparado. O homem tinha pernas grandes, por isso seus passos eram longos, mas bastante ágeis. Ele caminhava como quem marcha para a guerra, sempre; fosse dirigindo-se para falar com seu suserano, fosse para deitar-se com uma prostituta. Thalon Bolton era um homem pragmático e deveras resignado.

De belo nada tinha, embora houvesse donzela que suspirasse por seus favores. Os cabelos negros e desgrenhados caíam como um manto atrás de suas costas, enquanto os olhos pálidos e tremeluzentes pareciam tudo poder ver. Thalon era também elegante, isso não se podia negar. Talvez fosse mais elegante que o próprio Senhor do Forte do Pavor, o que por si só significava muita coisa, dado o fato de ele ser seu irmão mais velho. A pele era pálida e branca e seu rosto era bastante comum. Não havia cicatrizes, ou barba; manchas ou sinal de escamagris.

Thalon Bolton tinha o rosto de qualquer homem. O irmão dizia que o que ele tinha era uma máscara, que se adaptava às situações e pessoas. Não havia um homem em Westeros com melhor lábia e facilidade de dissimular sentimentos que o Grande Esfolador. O apelido também fora ganho com mérito: os homens falavam que Thalon havia esfolado mais de dois mil homens durante seus pouco mais de trinta anos de vida, o que era um feito digno de canções. Uma já havia sido feita, mas não era suficientemente boa, de modo que seu cantor conseguiu apenas ser mais um número para aumentar a conta de esfolados de Thalon Bolton.

Já era tarde da noite, mas o assunto que ele tinha para tratar com o senhor seu irmão não podia esperar. O maldito menino maluco. Se eu não acusá-lo, quem vai? Pois decerto que aquela maluca da mãe deixará que ele afogue quantas crianças quiser, mesmo que essas crianças sejam seus outros filhos. Ela tem um preferido, e é Skylar.

Skylar Bolton era seu sobrinho e um dos filhos do meio do Senhor do Forte do Pavor. Mesmo assim, era seu herdeiro natural. O primogênito, Willow, sofria de uma doença degenerativa, e era certo que ele morreria antes do pai, ou seja, antes mesmo de poder ter sua pretensão à cadeira de Senhor do Forte do Pavor. A segunda filha do irmão de Thalon Bolton, Nymeria, era uma mulher. Skylar era o terceiro dos filhos, seguido de Roose e das gêmeas Prilla e Bria. Skylar era de longe o mais forte, o mais hábil e o mais inteligente. O sucessor perfeito. Não fosse a sua... Loucura.

As más línguas diziam que o menino devia ser bastardo de Aerys Targaryen, o Rei Louco. Thalon ouvira um dos guardas do irmão comentar que “a senhora Lena deve ter fodido o Rei Louco enquanto o marido estava em batalha”. O homem não viveu tempo suficiente para repetir a história, mas uma vez contada foi suficiente. Era como se todos já tivessem se apercebido daquilo, mas não tivessem pensado em fazer a comparação. Com o comentário do guarda, a ideia fixou-se na mente de cada um dos servos do Forte do Pavor, embora poucos tivessem coragem de externá-la, temendo o destino do guarda esfolado.

Mas algumas vezes até mesmo Thalon Bolton via-se realizando tal comparação. As semelhanças eram muitas. Ninguém nos Sete Reinos negava a bravura e a coragem de Aerys em batalha, mas ninguém negava sua loucura também. Com Skylar Bolton ocorria semelhante fato: era um guerreiro formidável, ágil, ousado. E louco. Irremediavelmente louco.

Tinha quatorze anos, um homem feito. De estrutura corporal esguia, era claro que todas as garotas dos Sete Reinos, de Winterfell à Dorne, sem exceção, teriam de bom grato se entregado donzelas a ele com a única promessa de que as desvirginasse e lhes colocasse um bastardo Bolton na barriga. Skylar tinha os olhos cinzentos dos de sua casa, mas não os seus cabelos. Willow, Nymeria, Roose, Prilla e Bria tinham cabeleiras escuras, característica da descendência do Senhor do Forte do Pavor. Mas Skylar era loiro. Loiro em um tom platinado. A mesma cor de cabelos dos Targaryen. A mesma cor de cabelo do Rei Louco...

Thalon desistiu de pensar naquilo. Poderia acabar externando seu pensamento na frente do irmão, e isso poderia ser a sua ruína. Havia esfolado incontáveis, mas nunca um parente. E queria continuar assim. Não existe homem mais amaldiçoado do que aquele que mata alguém da sua própria família.

Foi encontrar com o irmão sentado na cadeira do Senhor.

Uma máscara de ferro havia tomado conta do rosto de Sage Bolton. O homem batia impacientemente os dedos na sua escura e feia cadeira de Senhor. Sage era uma versão mais rústica do irmão mais novo, embora também mais maleável. Todas as características de Thalon estavam presentes no irmão, envelhecidas dez anos. Sage Bolton era dotado de certa amabilidade que faltava à Thalon, embora nos últimos tempos essa sua característica tivesse sido abrandada. O homem aprendera, após anos de coração mole, que nem sempre ser amado é a melhor coisa. Às vezes necessita-se de pulso firme para se lidar com as adversidades. Pulso firme esse que Grande Esfolador sempre tivera.

— Senhor. — Thalon disse, num tom de voz respeitoso.

— Irmão. — Sage retribuiu. — Espero que tenha ótimos motivos para acordar-me a essa hora da noite. Estava aquecendo a cama de Lena, como faço todas as noites, quando vieram me acordar dizendo que você queria tratar comigo. Qual é o assunto tão urgente?

Thalon não gostou do humor do irmão. O assunto que ele tinha a tratar exigiria toda a cautela possível, ou era capaz de ele mesmo ser esfolado. Não imaginava que Sage pudesse ser tão extremo, mas e quanto à senhora Lena? Era notório e comentado por todos que Sage comandava Forte do Pavor, mas a sua senhora o comandava.

— O que tenho a tratar com o senhor é particular. Absolutamente particular. — E virou o olhar na direção de dois homens vestidos com a armadura da guarda do Senhor do Forte do Pavor.

Sage fez um aceno brusco e os homens saíram. O salão ficou então absolutamente vazio, e Thalon conseguiu ouvir claramente o barulho da respiração do irmão. A sua era quase inaudível, mas a de seu senhor era tão ruidosa quanto o guinchar de um porco indo para o abatedouro.

— Pois estamos a sós, irmão. Diga logo o que tem a dizer que estou com sono.

— É sobre seu filho, senhor.

— Qual deles? — Sage fez-se de desentendido.

— O senhor sabe qual deles.

Sage Bolton bufou.

— Novamente teorias conspiratórias sobre o meu bravo Skylar, aposto. Diga-me quem foi dessa vez. Mandarei esfolá-lo como fiz com o último.

Thalon precisaria de muita coragem para dizer o que pretendia dizer a seguir. Que os deuses me ajudem.

Sou eu mesmo. Eu, Thalon Bolton, venho prestar queixa contra Skylar Bolton, seu filho.

O pescoço do Senhor do Forte do Pavor enrubesceu-se. Por um segundo Thalon pensou que o irmão havia morrido de um ataque fulminante do coração. Sage não se mexeu, limitando-se a olhar tediosamente para a porta de saída. Ele não pode dizer que minha acusação é falsa e mandar matar-me. Não sem um julgamento apropriado. E eu posso exigir julgamento por batalha. Sou capaz de vencer quase qualquer homem nos Sete Reinos. Talvez não Barristan, mas só ele. Mas Thalon não acreditava realmente que o irmão fosse capaz disso. Sage é bom e justo. Ele tem o sangue doce demais para um Bolton, mas isso é o que o torna tão honrado.

— Pois que assim seja. — E Sage Bolton estalou os dedos. Em segundos um dos guardas já entrava, e o senhor ordenou a ele: — Traga meistre Lucas. E avise ao homem para trazer penas e papel. — O cavaleiro assentiu e saiu.

— Você vai deixar a queixa... Por escrito?

— É o que parece, não é?

— Mas o senhor nem sabe ainda do que o acuso.

— De roubar no cyvasse é que não é. Para me acordar a essa hora o assunto só pode ser sobre...

— Assassinato.

Não foi Thalon quem o respondeu, e nem meistre Lucas, que acabara de chegar. Ao lado dele estava Lena Bolton, a senhora esposa do Senhor do Forte do Pavor. Fora ela quem completara a frase do marido.

A mulher não era exatamente uma visão bela, mas não era feia. Em seus anos de mocidade deveria ter tido uma beleza digna de nota, mas jamais de canções. Lena tinha os cabelos loiros dos Lannister caindo em uma cascata de cachos atrás de suas costas. Os olhos eram verdes e brilhantes. Seu único defeito era seu nariz adunco e as orelhas um pouco grandes. De resto não negava a beleza imponente dos senhores de Rochedo Casterly.

— Mulher, deveria estar dormindo. — Sage disse.

— Não consigo. Não sem meu marido para esquentar-me debaixo das peles. — Lena disse aquilo com uma sensualidade indevida em sua voz. Thalon sentiu-se irado. Ela veio defender o filho, e conseguirá. Ela consegue tudo o que quer do marido, e conseguirá mais isto. Maldita, sete vezes maldita. Que os deuses a levem e a sua boceta de mel.

Sage enrubesceu-se. Pigarreou e disse:

— Meistre, o senhor Thalon veio fazer uma acusação formal contra meu filho, Skylar Bolton. Tome nota de tudo o que ele disser.

— Certamente senhor. — Meistre Lucas respondeu. O meistre era novo, talvez novo demais para seu encargo. Havia acabado de forjar sua corrente na Cidadela, e fora enviado para o Forte do Pavor com brilhantes recomendações. Sage o considerava donzelo demais para seu encargo, mas não reclamou. O rapaz tinha a pele escura das Ilhas do Verão e os olhos da cor de ônix. Não parecia ter mais de vinte anos, mas era competente. Pelo menos era o que aparentava: estava no Forte há várias luas e desde então o estado de Willow melhorara perceptivelmente em comparação com o que fora sob os cuidados do antigo meistre Modmoon.

Thalon pigarreou também. A senhora mantinha-se a seu lado, como a coagi-lo. Não conseguirá, bruxa maldita.

— Eu, Thalon Bolton, filho de Soran Bolton, acuso Skylar Bolton de conspirar e de tentar assassinar o jovem Roose Bolton, seu irmão e filho mais novo do Senhor do Forte do Pavor. Afirmo tê-lo visto tentando afogar o irmão no grande tanque, e afirmo também que salvei o pequeno.

Lena já esperava por toda aquela fala, de modo que foi rápida em responder:

— O senhor pode provar suas acusações de que meu filho tentou matar o irmão, senhor Thalon?

O olhar de Sage vacilou entre a cunhada e o irmão.

— Posso senhora. — E ergueu o pescoço milimetricamente. — Permita-me que peça que tragam Roose Bolton. O garoto está com marcas vermelhas e horrendas no pescoço. Marcas dos dedos do irmão, que tentou afogá-lo.

— Marcas de uma doença. A convivência com Willow...

— Todos nós sabemos que o que Willow tem não é contagioso. Estou errado meistre Lucas? Se estiver, corrija-me.

O meistre vacilou na resposta. Ao mesmo tempo em que ele não podia mentir, tinha medo da reação da senhora. Pelo menos foi isso que Thalon supôs.

— Está correto, senhor. A doença de Willow não é contagiosa.

O Grande Esfolador sentiu a ira crescendo dentro de Lena. Bom. Quanto mais louca, menos válidos seus argumentos serão. Maldita, desgraçada e bexiguenta. Que os deuses carreguem sua boceta enrugada de leoa.

Sage parecia cansado. Subitamente os dez anos a mais que tinha de Thalon pareceram trinta. O homem voltou a tamborilar com os dedos no braço da cadeira, e então disse:

— Você entende do que está acusando meu filho, Thalon? Fratricídio. Em todos os lugares dos Sete Reinos isso é punível com a morte. Você deseja ver meu filho morto, é isso?

— Se assim desejasse teria deixado que Skylar o afogasse hoje no tanque.

— Falo de meu outro filho, de Skylar. Você deseja vê-lo morto?

Thalon estava preparado para aquela pergunta:

— De maneira nenhuma. Não desejo a morte de nenhum dos meus sobrinhos. Amo-os todos. De Willow à pequena Bria. Por isso mesmo sinto-me na obrigação de acusar Skylar. Jamais desejaria vê-lo morto, mas se este é o preço a se pagar pela segurança de meus outros sobrinhos, que assim seja.

— Seus sobrinhos são meus filhos! — Lena disse, ao lado dele. Thalon não se dignou a virar para encarar a mulher, preferindo agir como se ela não estivesse ali. — Skylar é um rapaz adorável. Ele é imbatível nas justas, é ágil, é ousado...

— E louco.

Sage disse aquilo com pesar, como se lhe doesse admitir tal possibilidade.

— Senhor...?

— A quem estamos querendo enganar, Lena? Eu estou mantendo esse teatro por você, pelo seu amor como mãe. Mas não há dúvidas de que meu irmão não mente.

O rosto de Lena tornou-se vermelho. A mulher parecia a ponto de rasgar seu próprio vestido de tão furiosa que estava.

— Ele quer retirar Skylar do caminho, para que quando você morra seu caminho até a cadeira de senhor seja mais fácil! — A mulher disse, num jorro suplicante.

O Senhor do Forte do Pavor envelheceu mais dez anos com a frase da mulher.

— O que ele ganharia com isto? Skylar é apenas um de meus filhos. Depois de mim na linha de sucessão existe Willow, e então Roose. E no fim ainda existe Nymeria, Prilla, e Bria.

— Doentes, mulheres e crianças. Skylar é o único que pode impedi-lo de usurpar o seu lugar e...

— Basta! — A voz de Sage Bolton ecoou como um trovão. — Pelos deuses antigos, Lena. Olhe o que está dizendo! Bobagens, sandices!

— Ela está apenas cumprindo seu papel de mãe, senhor. — Thalon disse.

Lena deu-lhe um tapa na cara. Thalon sentiu os dedos finos e gélidos da mulher tocarem sua bochecha como garras de um leão condenado. Ela então se virou e saiu. O Grande Esfolador ficou tentado a arrastá-la pelos cabelos e esfolá-la ali mesmo, na frente do marido e do meistre. Mas eu não sou um assassino de parentes como Skylar. Ela pode ter o sangue carmesim dos Lannister correndo por suas veias, mas se está casada com meu irmão, é agora também uma Bolton como eu.

Quando a porta do salão fechou-se e Sage ficou a sós com o meistre e o irmão, suspirou. Houve vários segundos de silêncio, ao fim dos quais disse:

— Eu sei o que ele é desde que tinha três anos. Quando ele nasceu, Skylar tinha os cabelos platinados como hoje, mas os olhos eram diferentes. Ah, se eram! Eram olhos purpúreos, olhos de Targaryen. — E voltou a brincar com o braço da sua cadeira de senhor. — Mas o tempo passou e os olhos mudaram. Olhos de Bolton surgiram nele, mas sua aura continuou a mesma. Foi como se aquela manifestação externa dos dragões tivesse sido sugada para dentro dele. Nossos olhos, os olhos dos Bolton, por vezes parecem ser olhos sem cor. Não acredito que isso seja verdade em nós, mas e em Skylar? E se o púrpura apenas escondeu-se dentro dele e enegreceu seu coração?

Thalon não ousou dizer palavra, bem como meistre Lucas.

— Aos três anos Skylar matou um gato. Com as próprias mãos e... Afogado. Ele segurou o pescoço do bichano e não ligou para os arranhões. A septã de Nymeria encontrou-o com os braços sangrando perto da fonte e correu para nos chamar. E o pior... Foi que aquele incidente foi apenas o primeiro. Os animais foram ficando cada vez maiores, e os métodos mais elaborados. Lena gostava de acreditar que era coisa de criança, que passaria. Mas não passou. E agora eu vejo que nunca passará. A loucura jamais cessa, jamais se abranda. Ela apenas aumenta e aumenta, até que não tenha mais para onde ir. É aí que o individuo se torna completamente mau. E com mau eu digo tudo o que de mais negro existir. Pelos deuses! — Sage gritou, de repente. — O que eu fiz para merecer um filho dragão?

O Grande Esfolador continuou calado. Foi o meistre que arriscou:

— Senhor, se me permite.

— Permito, vá em frente.

— Pois bem. Os septões gostam de acreditar que a cada homem é dado um fardo levemente maior do que ele pode carregar, e esta é a sua provação. Skylar pode ser a provação do senhor, mas ele é um fardo apenas levemente maior do que o senhor pode carregar. Quem sabe se com esforço e cuidados e...

Sage interrompeu-o:

— Na Cidadela eles ensinam como curar a loucura?

— Perdão...? — Meistre Lucas parecia confuso.

— Eu perguntei se na Cidadela eles ensinam como curar a loucura de um sujeito. Diga-me: algum desses elos de sua corrente indica que o senhor é um meistre capaz de curar a loucura de um sujeito? — E diante da mudez de meistre Lucas, continuou: — Se sim, diga-me. Após curar meu filho poderia gostar de ir até Porto Real e lidar com Aerys. Acredito que de bom grado ele o aceitaria.

O rosto escuro do meistre ficou vermelho como o homem esfolado do estandarte dos Bolton. Sage pareceu pensar por alguns segundos e então disse:

— O que me sugere irmão? Um julgamento será apenas burocrático, todos sabemos que Skylar é culpado, e o senhor pode provar. O faremos mesmo assim, mas e depois? E quando ele for considerado culpado? Ele é meu herdeiro, Thalon! Herdeiro do Forte do Pavor! — Ele mesmo tem Willow em baixa conta. — Não posso simplesmente condená-lo à morte.

Thalon sabia, desde o início, que a discussão culminaria naquele ponto.

— Eu tenho uma sugestão. Não é a mais digna de um jovem de alto nascimento, mas é a única saída para não executá-lo.

Sage fitou-o com os vazios olhos de Bolton e abriu a boca para perguntar, temendo estar correto em sua suspeita:

— E qual é a sua sugestão?

O Grande Esfolador ajeitou seu manto preso pelo broche do homem esfolado, pigarreou e disse, em voz gutural:

— A Muralha. Envie-o para a Muralha.


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