— Onde está Thomas? — Minho entortou a boca ao ouvir a pergunta, o nome do amigo sendo pronunciado por Brenda causava em si a mesma sensação de mergulhar a mão em um Verdugo.

Largou as madeiras que carregava, falando para um senhor que estava por perto que voltaria em breve e deixou o local em que erguiam uma aldeia, sem responder à garota. Caminhou entre árvores, o frescor do vento e das sombras permitindo seu sangue esfriar; seus pulmões se enchiam com a maresia e sua boca ficava salgada. Como as lágrimas de Thomas.

Atrás de si as primeiras estrelas, ainda envergonhadas, apareciam para apreciar o que estava no horizonte. Durante a madrugada ficava acordado para admirá-las e assistir, em sua mente, as imagens dos amigos que estavam tão distantes quanto elas. Naquele momento, contudo, se ergueu contra a figura sentada no penhasco impedindo-as de ver aquilo que apenas ele poderia.

Ergueu uma das mãos para tocar Thomas nos ombros, mas no meio do caminho deixou-a cair ao lado do próprio corpo. Apoiou o peso do corpo na perna esquerda e a cabeça pendeu para baixo, encarado os pés que esmagavam as plantas rasteiras que nasciam ali. Menos onde o amigo estava sentado, lá elas não conseguiam mais crescer.

Quando o Sol finalmente mergulhou na água, tirando o brilho do dia e deixando as estrelas fazerem seu show junto à Lua, Minho tentou impedir a todos der ver o rapaz a sua frente mais uma vez. A cor da terra se tornou permanente nos joelhos, mas aquela área já começava a rasgar e conseguia sentir a umidade na pele com sutileza. A mesma leveza do contado das costas de Thomas em seu peito, quando ele se curvava para frente e prendia o amigo entre os braços.

Os dedos de Tommy, a aquela altura, estavam gelados e necessitados de contato feito os lábios que o procuravam na calada da noite, mas que se aqueciam, mesmo a madrugada sendo fria, pois o calor que estava no sangue de Minho passava para eles.

— Eles se foram. — Ondas bateram contra as rochas do penhasco, pequenas gotículas do mar pousaram em seus corpos. Talvez fossem elas as culpas pelo choro de Thomas ser tão salgado. — Eu fiz eles partirem, faço isso com todo mundo que é importante pra mim.

— Menos você. — Tommy tornou a dizer, sem dar tempo para ele refutar aquela afirmação. — Não suma… Se você também se for, eu não… — Seu corpo balançou como as águas abaixo deles.

— Hey, estarei ao seu lado, okay? Pra sempre. — Minho balançou a cabeça, o nariz roçando na nuca do amigo e inspirando seu cheiro - o mesmo do mar. Talvez Thomas estivesse se tornando, aos poucos, parte daquela imensidão e se fosse esse o caso, estava disposto a se afogar nele e por ele.

Aquelas palavras eram mais que uma promessa, eram a certeza doce que amenizava o gosto amargo das perdas. Era o agridoce que compunha suas vidas, colorida feito cada nascer e pôr do sol.