Estava chovendo no caminho de volta para casa, ainda era tarde olhei para o relógio e ele marcava cinco horas, já havia parado de chorar, estava mais calma, apenas queria chegar logo em casa e descansar, era isso que queria esquecer todos os meus problemas, apenas descansar.

 

O farol estava fechado quando parei, fiquei olhando para fora do carro, vi uma criancinha linda, ela estava toda suja com uma boneca de pano muito velha em suas mãos, ela estava com a cabeça baixa , podia ouvir o que estavam falando ou pelo menos o que a mulher ao seu lado falava.

Ela estava gritando com a menina, como se ela fosse um lixo, ela falava coisas absurdas, coisas que nunca imaginei alguém falando um dia para uma pessoa, a menina chorava cada vez mais abraçando sua boneca, aquilo era de cortar o coração.

 

- Não sei por que inventei de ter você, olha aqui sua peste, fica aqui, se você pensar em me seguir ira sentir muita dor, não quero mais ver você, e reze para que alguém apareça aqui e te pegue, senão terá que aprender a viver na rua, não me siga- a mulher simplesmente saiu andando deixando a criança , sem nem ao menos olhar para trás, ela virou o quarteirão e desapareceu, a criança ficou olhando para os lados perdida, ela abraçou a boneca e voltou a chorar.

 

Não podia ficar parada sem fazer nada, algo dentro de mim dizia para ajudar essa garotinha, abri a porta do carro e desci, as pessoas que estavam atrás de mim começaram a businar e a me xingar , o farol já havia esverdeado e eu não sai do lugar, apenas deixei o carro parado e andei ate a menina.

 

Me aproximei dela e me ajoelhei em sua frente, ela pareceu não perceber minha presença, levantei minha mao e acariciei seus cabelos negros, na mesma hora ela levantou a cabeça asustada.

 

- Não precisa ter medo, o que houve pequena?

 

- Eu to sozinha- ela disse ainda com a voz chorosa

 

- O que houve?

 

- Minha mãe falou que era para eu ficar aqui, que ela nunca mais queria me ver, ela não me ama, eu não quero viver na rua moça – ela voltou a chorar novamente aquilo realmente era de cortar o coração , eu não sabia o que fazer.

 

- Shhh... não precisa chorar pequena – eu a abracei com calma e carinho, ela retribuiu o abraço ainda chorando.

 

Não podia deixa-la ali sozinha, a mãe dela realmente não iria mais voltar, eu havia ouvido, ela não queria mais a menina e isso estava me machucando.

 

- Qual seu nome?

 

- Marrie – ela disse secando os olhinhos com a palma da mão.

 

- Eu me chamo Alice Marrie, se eu comprar um sorvete para você  promete que para de chorar?

 

- Vou tentar moça.

 

- Esta bem vem – eu disse me levantando e estendendo a mao para ela , ela segurou minha mao e a coloquei no banco de trás do carro colocando o cinto de segurança nela.

 

Entrei no carro e olhei pelo retrovisor, ela estava olhando para fora com um olhar triste, apertando sua boneca contra o peito.

 

- Quem te deu essa boneca Marrie?

 

- Eu encontrei na rua, minha mãe falava que não ia me dar nenhuma boneca, que se eu quisesse era para brincar com o que eu tinha, mais eu não tinha nada.

 

- Por que sua mãe te deixou?

 

- Ela dizia que não gostava de mim, ela nunca gostou de mim, ela me batia sempre que chamava ela, ela dizia que não era para chamar ela.

 

- Que horror – realmente eu estava chocada, como alguém poderia bater em uma criança como Marrie? Ela era adorável, uma criança encantadora.

 

- Onde vamos? –ela me perguntou levantando a cabeça tentando ver meu rosto.

 

- Vamos no shopping Marrie , já foi em um?

 

- O que é isso?

 

- Voce vera , e com certeza ira amar

 

Não demorou muito estacionei o carro e entramos no shopping, olhei para seu rostinho que brilhava de felicidade, não parecia mais a mesma criança, ela olhava para todos os lados, as pessoas andando para lá e para cá , as luzes, as vitrines com roupas, brinquedos, eu apenas dei um sorriso e segurei em sua mao tão pequena , a puxando para que me seguisse.

 

Andamos pelo shopping todo , comprei algumas roupas para Marrie, ela estava encantada com o tanto de roupas, pelo visto ela nunca havia ganhado roupas novas, essa menina precisava de alguém e eu estava decidida , esse alguém seria eu.

 

- Marrie – disse a chamando e me sentando em uma mesa da praça de alimentação, ela andou ate mim com um sorriso meigo , delicado, mais mesmo assim não deixava de demostrar sua felicidade.

 

- Oi – ela se sentou ao meu lado.

 

- Marrie, bom você sabe que sua mãe não vai mais voltar não é mesmo? -  na mesma hora que terminei de falar essas palavras seu sorriso se desmanchou, ela abaiixou a cabeça e abraçou a velha boneca de pano- mais e se eu tivesse essa chance? Eu quero cuidar de você Marrie, você quer morar comigo?

 

- É verdade moça? – ela deu um grande sorriso e logo pulou em meu colo me abraçando.

 

- Sim é verdade minha pequena – eu disse retribuindo sue abraço

 

- Moça ... é bem... eu... eu ...

 

- Pode falar Marrie

 

- Eu posso te chamar de mãe?

 

Não sei por que mais assim que ela disse essas palavras uma felicidade invadiu meu peito , na mesma hora comecei a chorar, mais não de tristeza e sim de felicidade.

 

- Eu fiz você chorar? – ela me perguntou com a voz fraca preste a chorar.

 

- Não querida, eu estou feliz, pode me chamar de mãe pequena, não sei por que mais eu a amo, como se realmente fosse minha filha, e agora você será.

 

Ela encheu os olhinhos de lagrimas e me abraçou , ela chorava em meu colo e eu apenas sorria, agora a felicidade poderia voltar em minha vida, pelo menos aos poucos.

 

- Vamos para casa? – eu perguntei a pegando no colo e a colocando no chão.

 

- Sim – ela disse num tom quase gritando, eu apenas sorri e me levantei pegando as sacolas e saindo atrás dela.

 

Percebi que ela havia parado e andei em sua direção , ela estava olhando para a vitrine de brinquedos, onde havia uma boneca de porcelana, muito bem feita, ela era linda, realmente incrível, tinha os cachos castanhos e sua roupa de época, como se fosse uma simples dama.

 

- Gostou? – eu perguntei me ajoelhando ao seu lado

 

- Sim ela é linda, ela me parece uma fada, parece com você mamãe.

 

- Vem – eu disse a puxando para dentro da loja.

 

Ao sairmos do shopping Marrie estava radiante, realmente estava linda em seu  vestido cor de rosa, ela brincava com a boneca de porcelana, ela entrou no carro e coloquei o cinto de segurança nela.

 

Olhei para o relógio e eram nove horas da noite, já deviam estar me procurando , peguei o celular e vi que tinha dez ligações perdidas de Jasper e cinco de Edward , disquei o numero do celular de Jasper e logo em seguida ele atendeu.

 

- Alo Alice

 

- Oi Jazz , desculpa so vi suas ligações agora desculpa amor.

 

- Onde você esta?

 

- Estou voltando para casa, não se preocupe daqui a pouco estou ai.

 

- Não demora amor

 

- Não irei, beijo te amo

 

- Tambem te amo

 

Desliguei o telefone e olhei pelo retrovisor, Marrie estava dormindo, ela parecia um anjinho dormindo, estacionei o carro na garagem e abri a porta de trás, ela se assutou com o barulho e acordou.

 

- Desculpe querida não queria ter lhe acordado

 

-Tudo bem  , chegamos mamãe?

 

- Sim chegamos minha pequena vem.

 

Ela saiu do carro e agarrou minha mao, entrei com ela ainda sonolenta, assim que cheguei na sala todos olharam para mim.

 

- Alice o que esta acontecendo? Quem é essa criança? – Edward gritava para mim , todos apenas estavam olhando para Marrie

 

- Edward posso explicar mais por favor pare de gritar.

 

- Entao anda Alice explique – ele gritava cada vez mais, o que fez com que Marrie se assustasse e fosse para trás de mim , olhei para ela que estava quase chorando.

 

- Edward você esta assustando ela pare.

 

- Entao me diga e seja rápida.

 

Eu contei o que havia acontecido, todos estavam em silencio, podia apenas ouvis Rose soluçando baixo enquanto Marrie escondia o rosto entre minha perna.

 

- E acha que o certo seria trazer uma criança que nem conhece para casa? Como se tudo fosse uma brincadeira de boneca? Já pensou nas conseqüências Alice? Claro que não, como vai criar essa menina? Isso não é mais uma brincadeira Alice, já deixou de ser, agora cresça , não tem mais seis anos para brincar de boneca – Edward falava essas palavras em um tom mais do que auditivo, ele as gritavam para mim

 

- Nunca pensei que isso era uma brincadeira de boneca Edward, já sofri muito na minha vida para ainda acreditar em contos de fadas, não estou brincando de boneca, sei o que quero e o que vou fazer da minha vida, queira você ou não, e espero que aceite Marrie pois ela ira morar comigo.