Dois tons de amor. escrita por Greyce


Capítulo 7
Aconchego do Coração.




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Tô com sintomas de saudade, Tô pensando em você
Como eu te quero tanto bem aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você pois te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem

Marisa monte — A sua

Dormi agarrado com a nossa foto juntos, não me lembro se sonhei só sei que acordei me sentindo feliz como há tempos eu não me sentia.

Demorei um pouco para sair da cama, me vestir ainda era complicado e difícil eu não tinha força suficiente nos braços ainda, mas com jeitinho eu ia conseguindo. Alguém batia em minha porta.

— Entra.

— Bom dia filho, dormiu bem?

— Bom dia mamãe, sim dormi bem. — sorri pra ela. — Porque está me encarando desse jeito?

— Eu pensei que precisava de ajuda, pelo visto.

— Não, não preciso, eu tenho que aprender a me virar, não é mesmo dona Elizabeth? Nem sempre terei gente me bajulando.

— Sempre terá eu amor.

— Eu sei, mas você tem sua vida.

— Mas...

— Mamãe vamos tomar café?

— Sim claro, mas antes quero conversar com você posso?

— Sim.   

— Ótimo, vou chamar seu pai.

Não demorou muito pra que ambos estivessem sentados na minha cama com os olhos fixos em mim. Papai sempre mais serio, duro, quando ele franzia o rosto as rugas da testa saltavam, olhos azuis tão claros que parecia uma lagoa, seu cabelo estava ficando grisalho o que dava a ele um ar de coroa bonitão, sempre bem vestido e com um corpo atlético papai sempre foi um homem bonito, mas com o olhar triste, ele não falava muito de sua infância e nem da sua adolescência. Já mamãe era ao contrario dele.

— O que querem?

— Ontem nós discutimos Elliot por sua causa. — Disse papai ríspido

— Mas como assim? O que eu fiz? Desculpe.

— Não querido, não se desculpe, Por favor George não fale assim com ele.

— Desculpe filho, e que eu e sua mãe estávamos com uma dúvida.

— Qual?

— Quando você sofreu o acidente ficamos preocupados de te perder, e quando acordou ficamos felizes com a sua recuperação, quando vimos a sua evolução ficamos ainda mais gratos, você sempre foi muito dedicado então...

— Filho o que seu pai quer dizer é que... Ficamos com medo de você sair novamente com um carro, claro um carro adaptado e...

— Não me coloquem com um motorista, se fizerem isso eu vou ser infeliz pro resto da minha vida.

— Sabemos disso meu filho, sua mãe e eu decidimos que você tem todo o direito de ir para onde quiser então.

— Então.

— Abra a cortina Elliot.

Arrastando a cadeira cheguei perto da cortina e a abri, meu queixo caiu quando vi um carro novinho estacionado no quintal.

— Isso é serio?

— Sim, ele e seu use com sabedoria, por favor cuidado, ele e adaptado para cadeirante, seu instrutor chega em meia hora. — Papai me entregou as chaves passando a mão pelo meu cabelo ainda despenteados.

— Obrigado.

— Disse abrindo a porta e indo pro quintal.

Marcos estava lá fora encarando o carro boquiaberto.

— Eles passaram dias discutindo sobre esse carro pra você mano.

— Eu achei que nunca mais ia dirigir na vida.

— Tome cuidado.

— Não precisa você também falar isso.

— Não fique bravo eu apenas quero seu bem.

— Eu sei, mas me irrita já chega eles. — apontei pra dentro de casa, Marcos deu uma sonora gargalhada.

— Vamos tomar café Marcos.

— Sim, mas só um segundo tenho que te dar uma coisa também

— O que?

Ele enfiou a mão no bolso do Armani cinza que vestia e me entregou um papel.

— Eu sei que precisa de repostas espero que as encontre.

***

Nós dois já tivemos momentos
Mas passou nosso tempo
Não podemos negar foi bom
Nós fizemos história Pra ficar na memória
E nos acompanhar
Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também

Marisa Monte — Depois

— Papai, papai, papai.

Eonora corria pela casa com um bico enorme, ela sempre buscava pelo pai quando Iago a importunava.

— Papai.

— O que foi meu anjo.

— O Iago está se escondendo de mim. — Ela disse pulando no colo do pai cruzando os braços.

— Mas vocês não estavam brincando de esconde, esconde?

— Sim estávamos.

— Então querida.

— E que ele se esconde muito bem e quando eu menos espero ele, pula dos lugares me assusta.

Alberto gargalhou com Eonora em seu colo, ela, no entanto detestou a risada do pai, e desceu do seu colo com cara de brava o fitou intensamente e correu pelo apartamento em busca de Iago, logo em seguida escutamos um grito acho que ela finalmente achou seu amigo, ou será ele que a achou?

— Acho graça na sua filha. — disse Alberto me tirando dos pensamentos.

— Ela não e só minha meu amor.

— Ela e toda sua seu gênio e tudo mais.

— O que quer dizer com isso? — Agora eu que o fitava intensamente, ele riu, se levantou da poltrona e me beijou a testa.

— E disso que eu estou falando, tal mãe, tal filha.

— Já está indo?

— Sim amor, tenho que trabalhar.

Me levantei e fiquei nas pontas dos pês Alberto era bem mais alto que eu, era tão alto que eu tinha que ficar nas pontas dos pês enquanto ele ainda se curvava para me beijar, minhas mãos passeavam por sua nuca enquanto as dele acariciavam minha cintura.

— Troca de germes. — rebateu Iago.

— Eu nunca vou beijar ninguém assim.

Alberto me olhou e sorriu.

— Está na hora de ir meu amor.

— Tudo bem — ele me dava um selinho — já estou indo.

Ele pegou suas coisas e as chaves do carro e partiu, me sentei na poltrona novamente, meus pensamentos vagavam para o passado sempre, mas desde quando aquela enfermeira me ligou eu vivia por lá relembrando da época mais feliz da minha vida, relembrando de como era ser feliz de verdade. Não que eu não fosse feliz eu era, mas a época que vivi com Elliot me ensinou a amar de verdade.

— Mamãe.

— Oi filha.

— Eu cai e ralei meu joelho olha só.

— Cadê o Iago?

— Tá com o vovô no quarto, ele ta com saudade da vovó hoje, está triste.

— Entendi, vamos por um curativo nesse joelho?

— De bichinho?

— Sim meu amor de Bichinho.

Peguei ela no colo e a levei para o banheiro assim que a sentei na pia ela começou a chorar porque não queria fazer a higiene no machucado, com muito carinho e amor eu disse que era preciso, que se não cura-se limpo ela poderia ter outros problemas que doeriam mais. Eonora tinha um gênio forte às vezes me lembrava de Elliot, o sorriso dela assim como os olhos e o jeito de andar eram todos deles ela era graciosa assim como o pai.

Outra vez me lembrei dele, ele tinha acordado depois de dez anos em coma, dez anos um tempo muito longo, queria saber se ele estava bem, queria ter coragem de ter ido lá, queria poder voltar no passado e...

Não eu não podia fazer isso não adianta eu querer seguir em frente se a minha cabeça continuasse no passado, eu tinha que ter consciência que minha vida era essa, que essa era quem eu era, aquela moça que Elliot conheceu adormeceu junto com ele e não acordou, nunca ira acordar.

Quando ele sofreu o acidente fiquei meses indo no hospital, até descobrir a gravidez e ser expulsa de casa pelo meu pai que não me queria em casa com um filho na barriga de uma pessoa que estava morto vivo, minha mãe coitada chegou a apanhar por mim foi quando eu decidi que aquilo não valia a pena, foi quando eu decidi que eu iria mudar, não sabia como, mas eu não iria ser a mocinha frágil que precisava ser salva, isso foi quando conheci Alberto. Há Alberto, um verdadeiro anjo em minha vida, uma pessoa que eu mal conhecia e que se dispõe a me ajudar custa-se o que custa-se. Eonora se remexeu na pia e desceu correndo assim que coloquei o curativo no machucado, ele pegou minha mão deu um beijo e sorriu, saiu saltitando pela casa em busca do amigo e do avô. Me sentei na poltrona e mesmo que eu não quisesse as minhas lembranças me invadiam a cabeça.

Ele me viu sentada do lado de fora do hospital, eu chorava sem parar, soluços sacudiam meu corpo, ele se sentou ao meu lado e eu me levantei, mas ele segurou meu braço, olhei assustada pra ele, mas seus olhos transmitiam tanta paz que eu me sentei de novo, queria poder desfrutar daquela paz que ele emitia.

— Desculpe! Não quis parecer rude te segurando.

— Tudo bem.

— Qual é o seu nome?

— Anne.

— Prazer Anne, eu sou Alberto.

— Trabalha no hospital?

— Sim, sou cardiologista, me formei faz pouco tempo.

— Que bacana.

— Desculpe se eu for parecer intrometido, mas porque chora tanto assim? Perdeu alguém?

— Ainda não sei.

— Então porque esse choro, a pessoa pode sobreviver?

— Ele está em coma faz algum tempo já, é os médicos disseram que ele pode não acordar.

— Entendi.— Um silêncio incomum se instalou entre a gente. — Ele é o pai do seu bebe?

— Como você sabe que eu estou grávida?

— Sou médico esqueceu? Percebi o volume da sua barriga.

Depois desse dia Alberto sempre conversava comigo, me distraia, me fazia rir, mas quando ele descobriu a verdade ele foi duro, rude e eu me senti desamparada novamente.

— Anne a gente precisa conversar.

— Oi Alberto.

— Porque está dormindo na praça?

— Eu, eu.

— Não minta pra mim.

— Não é da sua conta ok.

— Como não? Vem mentindo pra mim dizendo que vai pra casa todo dia a noite, quero saber por que! Ande me conte.

— Não!

— Por que? — Ele falou bravo segurando meu braço e me levantando banco no meio da cantina do hospital.

— Me solte, está me machucando.

Puxei meu braço e sai do hospital, todos olhavam para gente, e eu estava vermelha de vergonha com aquela cena toda.

— Anne pare ai mesmo! Me diga o que está acontecendo!

— Ok quer saber mesmo?

— Sim.

— Muito bem, meu pai me expulsou de casa, não tenho pra onde ir. E isso que está acontecendo Doutor Alberto, eu estou sozinha no mundo com meu filho, SOZINHA entendeu?

— Anne eu...

— O que? Sente muito? Eu sei que sente, eu também, me sinto patética em vim ao hospital todos os das esperando que a minha esperança acorde, todos os dias eu peço eu oro pra Deus pra que ele me devolva à única pessoa que se importa comigo, mas ele não me escuta, ele não se mexe me deixou sozinha.

— Não é verdade.

— O que não é verdade? Está me chamando de mentirosa?

— Não, não e verdade que está sozinha, eu estou aqui com você, eu sei que vai achar loucura, mas venha morar comigo meu apartamento e grande e eu vivo sozinho ali é...

— Não, não posso eu...

— Anne eu estou apaixonado por você, não quero te ver sofrendo, aceite minha ajuda, eu juro que eu vou me comportar com você, me deixe te ajudar.

— Você estragou tudo!

Disse limpando meus olhos com a manga da blusa era inaceitável ele estar apaixonado por mim, digo olhe pra ele, olhe pra mim. Eu era um NADA com letras grandes pra ver se todos vissem e me deixassem em paz, olhei pra ele furiosa, isso não era justo.

Eu esperava que ele fosse gritar, me arrastar dali e me levar embora, mas não ele suspirou me puxou para um abraço, eu retribui o abraço ele cheirava a sândalo e sol aspirei fundo porque queria guardar aquele cheiro porque seria a última vez que eu sentira ele, eu iria embora. Me despedi definitivamente de Elliot eu sabia que ele não ia acordar e não era certo eu ficar ali, peguei meus poucos pertences e fui pra rodoviária, pedi algumas moedas pra que eu pudesse mudar de cidade mas Alberto me achou, ele colocou as mãos na cintura e me olhou duro me levantei do banco e ele veio ao meu encontro.

— Sou tão ruim assim que não quer ficar perto de mim?

— Não é que eu não posso te corresponder do jeito que você merece.

— Anne eu te amo, e amor não se pede nada em troca, nem que se ame de volta, por favor, venha comigo, eu não me perdoaria se algo acontecer com você ou esse bebê, deixa eu te ajudar, quando ele nascer e você estiver estabilizada pode partir se quiser, mas não vá agora por favor!

Ele me segurava em seus braços fortes, apoiou sua testa na minha e sorriu, deslizou suas mãos por meus braços e pegou na minha mão, deixei ser conduzida ele me colocou dentro do carro rumo a sua casa, a qual eu nunca mais sai.

E engraçado como no meio do caos, no meio da tempestade você acha um lugar seguro, um lugar para você chamar de seu, um porto seguro, uma rocha, um lugar onde cabe tudo que você mais deseja, afeto, atenção, carinho, amor. Alberto sempre foi um anjo em minha vida, e sempre continuaria sendo, e hoje eu dizia que o amava é era a mais pura verdade.

— Mamãe.

— Oi filha, o que quer?

— Vovô vai comigo e com Iago na praça tudo bem?

— Seu Arthur cuidado com eles na rua, sabe como Eonora gosta de correr.

— Tudo bem minha querida, eles vão me obedecer.

Seu Arthur na verdade era bisavô de Eonora ele era avô de Alberto veio morar com a gente depois que dona Cecilia morreu de um infarte ele sentia muita saudade da esposa é quando estava assim às crianças era sua fuga, sorri ao ver os dois pegando na mão calejada daquele velhinho simpático e gargalhando eles saíram do apartamento. Alguns instantes depois a campainha toca, me levantei sorrindo abri a porta.

— Esqueceram a chaves? — Meu coração bateu descompassado quando o vi na minha porta, ele sorriu sem jeito ao me ver.

— Olá Anne.

— Elliot.

Você pode fechar os seus olhos para as coisas que você não quer ver.

Mas não pode fechar o seu coração para as coisas que não quer sentir.
William Shakespeare.


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Notas finais do capítulo

Se você lia volte lá n começo porque reformulei a história toda, e por favor comente pra eu saber que tem alguém lendo, obrigada ♥



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