Beijo Mortal escrita por Becca W


Capítulo 2
Capítulo 2




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A polícia estava ciente do assassinato. Suspeitaram dos alemães, mas eles não teriam motivos para matar um senhor de idade com um corte na garganta de orelha a orelha.
"Jack o Estripador está de volta?"
— Pelo jeito deu um bom jeito de disfarçar o que fizestes não é? — ela lia o jornal enquanto encarava os olhos de Jean — pode ser um pouco imprudente às vezes, mas ainda o acho muito inteligente, por isso te admiro. — Jean a beijou, porém fora um beijo seco e sem vontade.
— Você é uma fase, sabe disto, não é? — ele perguntou — não tente desgastar a tua vida vivendo ao meu lado.
— Mas eu não tenho uma vida Jean, sabe disto — a garota levantou do pequeno sofá vermelho na qual sentara e segurou o homem delicadamente pela cintura — sei que sou uma fase, por isto quero que esta seja a melhor de todas. — tentou beija-lo, mas Jean a afastou.
— Você por acaso percebe o perigo que está correndo? Eu assassinei aquele homem por pura sede de matar! — ela pôde ver o ódio surgindo nos olhos dele — eu ia matá-lo por ser um canalha assassino, mas nunca pensei em matá-lo para me satisfazer.
— É a sua natureza querido, não há nada que possa fazer, é o seu jeito, você não escolheu isto.
— Por favor, pare de dizer que esta maldição é algo normal Francine! Eu não posso mais controlar-me igual antigamente, você sabe que não. Você devia ir embora.
Os olhos da garota encheram-se de tristeza, o homem que ela amara estava a despachando, como se ela fosse um brinquedo que ele não quer mais brincar e tivesse de encontrar outro melhor. Ela não queria ser substituída.
— Jean, estamos juntos a quatro anos — ela gemeu, fazendo aquela cara que o homem tanto odiara — você ensinou-me a falar inglês, lembro-me do dia em que me encontrou na França pelas ruas, você foi o único que se importou comigo e agora não se importa mais.
— Por Deus, Francine! — ela nunca havia o irritado tanto quanto agora, ele estava repleto por raiva e ódio, o que mais desejava naquele momento era por as mãos em sua garganta e assassina-la, da mesma forma que fizera com Robert — Pare de ser imprudente e pare de se fingir de inocente! Eu sei o que você é, eu te salvei por pena Francine, eu tive pena de você, tive pena por quatro anos — tudo o que passava pela mente de Jean era matá-la — eu realmente cheguei a te amar, mas nestes últimos meses, estes últimos meses...
— Estou preocupada contigo, você começou a agir estranho — os punhos de Jean cerraram — você anda muito ausente, bem agora que tomei uma decisão importante.
(Tudo faz sentido, como pude ser tão ignorante, ela quer tornar-se um de "nós", ela quer ter esta maldição, quer perder a sua vida para o mal)
— Francine, eu não posso — ele segurou as mãos da garota — mesmo se pudesse não o faria. — ela o soltou rapidamente.
— Por que não Jean? Não me quer por perto? — a garota o provocou.
— Francine, você tem uma vida pela frente, você tem esta escolha, você tem esta escolha que não tive. — lágrimas ácidas rolaram pelo rosto de Jean, Francine as percebeu. Ele se lembrara do dia que tornou-se aquele demônio.
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1853 - França
Terminara mais um dia chuvoso do outono francês, poucas pessoas na rua, pouco movimento. Comércios estavam fechando neste momento e as ruas ficavam desertas e escuras, o que iluminava o local eram os lampiões, que ainda não tinham sido acesos.
Um jovem saía de seu trabalho com destino a sua casa, era uma boa caminhada, mas que era feita todos os dias, de segunda à segunda. Todos os dias encontrava as mesmas pessoas, os mesmos bairros, as mesmas casas e os mesmos becos.
— Jovem garoto, por favor, ajude-me — uma criatura pálida com os olhos fundos arrastava-se para perto dele, que recuou rapidamente, mas logo o ajudou — claro senhor, venha, segure minha mão!
Ele ergueu a mão. Erro, não devia. Perdeu sua família, sua vida, perdeu tudo. A criatura o puxou para o beco, mordeu seu pescoço e seus pulsos e o abandonou ali. O jovem ficou dias lá naquele beco escuro, sentia seu sangue ferver, sua pele enrijecer, sua vida desaparecer. Ele sentia uma sede gigante, o Sol o machucava, ele sabia no que se tornara.
Ele era um monstro, uma criatura como a que o atacou.
–--
— Tudo o que eu lhe peço é que não entre neste mundo, não abandone sua vida sadia que lhe foi dada, apenas digo isto. — ele a beijou na testa — Tenho que ir. Vou a qualquer lugar, talvez eu volte.
— No final das contas você vai mesmo me abandonar? — Jean deu de costas e saiu do quarto em que estavam.
— Não. Só irei resolver alguns negócios numa casa próxima. — ele estava tremendo e passou as mãos no rosto violentamente — Não matarei ninguém desta vez, apesar de estar indo na casa de um velho rico novamente.
Francine apenas o olhou e ele se foi. Ela sabia o que aquilo significava, ele iria abandoná-la, como fizera com outras pessoas. Cada vez mais era claro em sua cabeça o monstro que ele era e estava cada vez mais nítido que ela fora feita de trouxa, novamente.
Tinha de fugir. Voltar para a França talvez, mas queria ir embora. Ver sua família ou fazer novos amigos. Uma coisa Francine concordava com ele: ela ainda tinha uma vida pela frente e não iria desperdiçar.
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Ele chegava mais perto da antiga Casa das Rosas, que na época de 1893 possuía um dos jardins mais bonitos da Europa, mas, quarenta anos depois, após um estranho homem comprar esta casa, o belo jardim apodrecera como a carne de um bicho morto entrando em decomposição. Tudo ocorreu tão rápido que nem a própria natureza pôde salvar o que ocorreu ali.
— Presumi que viria jovem garoto.
(Maldito seja o homem da capa preta, criatura monstruosa que retirara minha vida e me transformara num demônio, que queime no inferno, isso se lá já não for tua casa)
— Há tempos sabia que precisaria de mim para algo. — o homem sorria maliciosamente para Jean — Todos sempre me procuram, todos sempre pedem meus conselhos e minha ajuda, poderia ter se passado mil anos e eu sabia que uma hora ou outra viria aqui.
— Laurent, sua criatura infernal — Jean cerrava os punhos em forma de ataque, porém tentava se conter, sabia que o homem era mais forte do que ele.
— Vejo que veio com muito ódio no seu coração — ele riu — pretende me matar? — seus olhos vermelho-sangue o intimidaram, sua pele branca como mármore quase o cegou e seus dentes afiados como uma navalha quase o cortaram — Acho que não será possível.
Jean estava ofegante no momento, Laurent era uma criatura antiga, não sabia-se muito de sua história, mas sabem que ele tem muita fama entre os humanos e principalmente entre os outros. Todos, literalmente todos o procuravam por ajuda.
— Quero fazer uma proposta, senhor. Uma proposta irrecusável


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