Os olhos esbugalhados visavma toda a extensão cinza que surgia a cada metro que seu automóvel andava, as marcas de expressão e tempo bem fundas em seu rosto, provocando várias cavidades que todas as pessoas que lhe viram caminhando pela cidade observaram. As juntas de seus dedos adquiriam uma coloração esbranquiçada ao passar dos segundos em neon no relógio do carro.

As luzes pareciam brincar em um pisca-pisca constante, porém, aquela brincadeira era algo que só poderia ser desfrutado por alguns tipos de pessoas, e o motorista era uma delas, não que ele desejasse. O farol era o contraste do cenário, da noite, da mente, de tudo. Era tanta iluminação dentro de tanta escuridão que não duvidaria que um monstro aparecesse na frente do carro.

A lataria fora mal estacionada, não tão torto a ponto de impedir a passagem de futuros automóveis, mas os obrigaria a serem mais cuidadosos. A cerca mostrava marcas de ferrugem por toda sua estrutura, alguns até chegavam a cair enquanto outros esperavam pacientemente sua vez, prontos para fazer um estrondo ao deitarem no chão ou ficarem presos nos galhos das árvores que cresciam em grande liberdade por ali, tampando a visão de pedestres curiosos. Obviamente, nada poderia proteger a vida de ninguém caso houvesse um acidente, muito menos intenções.

Bastava passar um pé, ficar na ponta e sentir seus dedos esmagarem levemente as pedras por cima do calçado e repetir esse mesmo passo. Agora, sua visão não continha mais uma construção, o que lhe dava o direito de deixar seus pensamentos libertos e o direito do que fazer com sua pacata vida. Porém, não era garantido clara certeza.

As mesmas dúvidas que lhe perseguiam tornam-se mais forte com o eco do local, e todo o ser é puxado para baixo com espontânea vontade, a queda abraçando o que não seria mais um corpo vivo.

Seu único desejo não seria cumprido.

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Hinami passava um lenço nos lábios manchados com o líquido vermelho que não gostava, porém nada podia fazer quando seu estômago lhe traia. Ajeitou os talheres no prato vazio, pronto para levar a outro cômodo.

A culpa que lhe pesava nunca pensou que se tornaria a satisfação de uma alma que já não está mais perdida, aquilo que só podia ser do feitio de um ghoul.