Coletânea de Clichês escrita por Head Wind


Capítulo 2
Mantenha em segredo (por ele)


Notas iniciais do capítulo

Bem meus amantes de clichês, essa fic é uma coletânea de romances água com açúcar e histórias completamente previsíveis mas não menos amadas por isso, os nossos queridos clichês! Porém essa história vai ser um pouquinho diferente, ela vai ser dividida em três partes. Espero que gostem porque essa história é meu xodó.

Aproveitem!
XOXO
Head Wind.



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O que teria acontecido se ele não tivesse sido tão covarde?

“Antes tarde do que nunca.”

Esse ditado nunca foi tão irônico.

Porquê era tarde, mas ele não poderia fazer mais nada a respeito. Ele jogou fora todas as suas chances, todas as oportunidades, e agora estava traçando um caminho que tinha escolhido, mas por quê estava tão triste? Não foi com isso que ele havia sonhado durante anos?

A resposta? Em parte, mas tudo seria melhor com ela.

Leo, prestes a completar 18 anos, um jovem considerado por muitas garotas extremamente bonito, charmoso, galante, romântico e sensual.

Extrovertido, sempre na companhia de seus vários amigos, sempre rindo, se divertindo.

Considerado pelos professores um dos melhores alunos, inteligente, dedicado, caprichoso, etc.

Pelos pais, um filho perfeito, prestativo, obediente, organizado...

Para sua irmã mais nova, Fernanda, seu herói, mesmo ela tendo 15, sempre carinhoso, amigo, brincalhão, sempre soube como anima-la e sem dúvida os dois eram inseparáveis.

Mas como todas as pessoas do mundo, Leo esconde segredos que não conta nem para sua própria sombra. E infelizmente, para ele, estava prestes a abandonar o seu maior segredo, sem nunca ter lutado para conquista-lo.

Covarde” a palavra que não parava de se repetir em sua mente, “Covarde” era isso que ele era, ele sabia.

Ele não conseguiria nem se desejasse muito, e ele não queria contar. Já tinha se acostumado com o fato de que nunca teria sua atenção, seu afeto, carinho, amor, de que nunca a teria.

Seu sorriso, tão lindo, tão cativante, todos os tipos dele, o alegre, o tímido, o envergonhado, o eufórico... Todos incríveis, jamais seriam dele.

Seu olhos, ah... seus grandes e lindos olhos castanhos, escuros como o café, o brilho deles, eram a perfeição.

Sua boca rosada, pequena mas carnuda, perfeita, uma perdição.

Seus longos cabelos negros, ondulados, ela costumava ficar brincando com eles, eram macios, brilhosos, e tinham cheiro doce, um cheiro incrível.

Sua pele pálida, macia, com cheiro de rosas.

Seu rosto enfeitado por poucas, mas encantadoras sardas.

Seu corpo pequeno, de aparência frágil, cheio de curvas, uma obra de arte para ele.

Sua risada melodiosa, tão gostosa de se ouvir...

Sua inteligência e curiosidade eram impressionantes.

Ela era linda, de qualquer jeito, mas conseguia ficar ainda mais quando ficava corada.

Suas manias... Irritantes para os outros, maravilhosas para ele, ela mordia a bochecha quando estava distraída, o que a forçava a fazer um biquinho torto lindo, para ele é claro, os outros achavam estranho. Mordia o lábio sempre que ficava ansiosa, brincava com o cabelo quando entediada, ela amava que mexessem no cabelo dela... A lista de manias é enorme, uma mais incrível e linda que a outra para Leo.

Sua voz, doce e melodiosa era encantadora, quando ela cantava parecia um anjo...

Se ele a amava? Sim! É claro que sim! Ele amava tudo nela, cada detalhe, até mesmo a forma como ela pronunciava seu nome com um lindo sotaque mineiro.

Noites em claro, pensando nela, repetindo conversas em sua cabeça, ouvindo a risada dela...

Sua paixão “secreta” era exposta por ele através de seus desenhos.

Seus desenhos... Ah, seus desenhos, eram tão impecáveis ao olhos de terceiros, perfeitos, sem falhas, mas ao seu ver... Faltava algo, os desenhos que ele fazia dela, traços precisos e perfeitos, mas faltava algo, talvez... Mas não, ela não saberia de seus desenhos, não, ela não saberia de sua pequena obsessão, não, ela jamais saberia das vezes em que desejou tê-la ao seu lado, de quanto queria beija-la, abraça-la, toca-la...

Seu amor se manteria em segredo, ela não poderia saber, como ela reagiria? O que ia achar dele?

Durante dias ele dormiu sorrindo, ao se lembrar do seu primeiro abraço, ele tremia muito, mas ela parecia não notar, ele estava nervoso, ela tinha o abraçado, eram colegas, tinham amigos em comum, mas não eram próximos, seu perfume tinha ficado em sua roupa o resto do dia, desde então ele mantinha sempre algumas rosas em um jarro, perto de sua cama, e por um momento, conseguia fingir que ela estava lá com ele, dormindo ao seu lado.

Ele era um grande babaca, a amava, a amava tanto, tinha medo de perde-la, mesmo que ele jamais a tenha tido, sentia ciúmes, e não disfarçava direito, as amigas dela tinham notado é claro, e falado com ele, graças a sua fama de galinha, vieram todas com pedras na mão, mas não era muito difícil notar o quanto ele era doido por ela, mesmo sendo tímido, se conseguissem puxar assunto, se notava o quão apaixonado ele era, e mesmo assim, nunca se declarou.

Quando ela chegava, ele começava a suar frio, ficava tremendo, desesperado, tentava, mesmo que tímido chamar sua atenção, e só conseguia aborrece-la, mesmo com a ajuda das amigas dela, ele não conseguia, estava destinado a guardar aquele amor sufocante para ele.

“Alice jamais saberá.” – Era o que ele pensava, agora muito menos...

“Idiota! Babaca! Filho da Puta! Viado!” – Ele se xingava mentalmente, chutando o que visse por seu quarto, até que, ao chutar uma das suas estantes de livros, daquelas que vão do chão até quase tocar o teto, um livro de couro caiu em sua cabeça, ele reconheceu o livro, era um velho conhecido.

Ele tinha 12 anos quando o comprou, quando o viu na papelaria o achou ridículo, bem típico de filme norte-americano adolescente, onde a menina cdf, feia e ridicularizada se tornava linda, popular e invejada e sua paixão platônica pelo jogador de futebol americano era correspondida, era obvio que ele não iria comprar, até que ele abriu o pequeno caderno, depois de uma pequena luta com o fecho, a folha era limpa, não tinha desenho algum, nem mesmo linhas, era perfeito para o que ele queria, desenhar.

Ele então agora com 17, quase para completar dezoito, abriu o livro, ele ainda tinha dificuldades com o fecho, e lá estavam, vários desenhos, ele já desenhava perfeitamente aos doze anos, mas era incapaz de colorir um, seus desenhos coloridos eram ridículos, sabia disso porque em uma caixa que ficava em sua mesa de estudos estava cheia dos primeiros desenhos coloridos dele, e eram de dar vergonha. Vários olhos castanhos, enfeitados com longos, grossos e volumosos cílios, narizes pequenos e delicados, bocas pequenas e carnudas, com um leve tom rosado, como se tivesse medo de pintar e estragar o desenhos, formatos de rostos femininos, todos iguais, cabelos negros, em várias posições, solto, preso, em trança, bagunçado, liso, ondulado, atrás da orelha, de frente, de costas... Já no meio do caderno, quando os detalhes do rosto dela tinham parado de ser o seu foco de desenho e passado a ser seu corpo, se viam apenas um desenho por página, ele parecia ter adivinhado como seria o corpo dela mais tarde, já que ele detalhava cada curva, desenhos dela de costas, de lado, de frente, tinham alguns desenhos dela sentada também, um onde ela era uma sereia, sentada em uma pedra, brincando com o cabelo, usando vestidos longos e delicados, vestida de princesa, com uma pequena coroa em sua cabeça, com asas de uma fada, e seu desenho favorito dela, com longas asas de anjo, com as asas brancas fechadas, no chão, olhando para baixo, com seu vestido longo e de aparência leve voando com o vento, assim como seu cabelo escuro, e uma única mecha lhe caindo no rosto, depois daquele tinham vários dela como um anjo, voando, sentada, ser anjo lhe caia bem.

As quatro ultimas folhas do caderno continham o seu maior sonho, ele a tinha desenhado um pouco mais velha, 22 anos talvez, usando um vestido de noiva, ele, também mais velho, estava ao seu lado, depositando uma aliança em seu dedo anelar, uma aliança fina brilhava no dedo dele, e ele tinha retratado os olhos castanhos dela, com uma pequena lágrima, de alegria, lhe escorrendo o rosto angelical, em seu desenho, eles eram marido e mulher. Na página seguinte, estavam os dois, sorrindo um para o outro, com 25 talvez, e ela estava gorda, quer dizer, gorda não, só com uma barriga enorme, 8 meses talvez? Sim, ela estava grávida, de oito ou nove meses, nos olhos dos dois, se via somente amor, e em seus sorrisos, felicidade plena. Penúltima página, lá estavam os dois novamente, agora com 30 anos, ele com uma linda menininha no colo, com 4 ou 5 anos, com cabelos negros e ondulados, e os olhos mel dele, já ela, Alice, tinha em seus braços um garotinho de 3 anos, de cabelo liso e meio espetado, e olhos castanhos, da cor do café, eles estavam na sala, brincando, e tinham um cachorrinho também, era um pequeno filhote de pug, pareciam tão felizes... Na última página, já não se encontravam as crianças, nem o cachorro, no sofá da sala, se encontravam dois velhinhos, de pele enrugada, mas com aparência feliz, uma senhora de cabelos brancos ondulados, com poucas mechas negras, e um senhor de lisos cabelos brancos, talvez irreconhecíveis aos outros, mas os olhos castanhos dela, ele reconheceria em qualquer lugar do mundo, e com um pouco de esforço, ele conseguia se reconhecer...

Seu maior sonho, casar, constituir uma família e envelhecer, junto e ao lado dela.

Ele se lembrava que por alguns dias após ter preenchido o caderno só com desenhos dela, ele pensou em lhe entregar, e assim se declarar, mas ela começou a namorar, e ele ficou desolado, depois disso decidiu que não contaria, ela não saberia, pois mesmo sem saber, ele já tinha se sentido humilhado, por pensar em se declarar e ela gostar de outro, se ele falasse então, ela o humilharia na frente de todos, sem dó nem piedade.

Talvez esse tenha sido o erro dele, manter em segredo, por anos foi o que ele pensou.

“Mantenha em segredo.”

“Mantenha em segredo.”

“Mantenha em segredo.”

Ele tentou, ficou com várias garotas, namorou algumas, mas nunca conseguiu esquece-la, faziam quase 7 anos que ele a amava.

Nunca se declarou, era um covarde, e agora, não iria se declarar mesmo, ele iria se mudar, por causa da faculdade, queria estudar em uma faculdade grande, e tinha passado em Jornalismo na USP, e ela provavelmente faria na UERJ, também Jornalismo, uma coisa que tinham em comum... Estava quase tudo pronto, suas malas já estavam feitas, e estava guardando em caixas tudo o que ele queria e precisava levar para seu novo apartamento, em São Paulo.

Mas aquele caderno, ele tinha lhe dado de alguma forma, força, coragem... Ele iria contar para ela, iria se declarar, se ela o recusasse, como sabia que faria, ele não tinha nada a perder, ia se mudar, conhecer gente nova, talvez uma garota que chamasse sua atenção, era isso que ele faria, e deixando seus desenhos e o caderno preto em sua cama, espalhados, pegou seu skate e voou para a casa dela, eles moram no mesmo bairro, mas ela morava perto da praia e ele um pouco mais afastado, sabia onde ela morava graças a vários trabalhos em grupo, que graças aos amigos em comum, e as amigas dela, que passaram a gostar dele, sempre faziam juntos.

Ele parou em frente à casa dela, e tocou a campainha, quem atendeu foi o pai dela, o “tio” João como ele gostava que o chamassem.

– Oi Tio. – ele acenou meio envergonhado.

– Oi rapaz, tudo bem? Quer entrar? – João, o pai dela, assim como Victoria, sua mãe, sempre gostaram muito do Leo, algo que o deixava feliz.

– Estou bem, na verdade é rápido, eu queria falar com a Alice, ela está?

João o olhou desconfiado, mas conhecendo o garoto, não viu nada de estranho na pergunta.

– Na verdade não rapaz, desculpe, se tivesse chegado 10 minutos antes, ela estaria, saiu voando de casa, parecia atrasada, mas falou que voltava logo, pode voltar mais tarde se quiser, ou eu aviso que você veio, e ela passa lá.

Decepcionado, ele estava completamente decepcionado, não era para ser, ela realmente não saberia por sua boca que ele a amava.

– Não dá, mas fala que eu passei por favor? – João desconfiou dessa vez, e vencido pela curiosidade perguntou.

– Ué, como assim Leo? Ela passa na sua casa de noite, não tem problema... – Mas ele o cortou.

– Acontece Tio, que se ela passar lá, quem não vai estar sou eu, eu estou indo morar em outro estado, passei em Jornalismo na faculdade dos meus sonhos, e eu vou hoje, daqui a pouco na verdade, me despedi de todo mundo ontem, mas a Alice não foi...

Surpreso, era o que João estava, não sabia que Leo ia se mudar, se ele pudesse escolher alguém para sua filha, sem dúvida seria o rapaz de olhos mel, por mais que tivesse fama de pegador, ele era gentil, carinhoso e amigo, qualquer um notava isso, e o menino tinha ido até a sua casa para se despedir de sua filha, que nem era tão amiga dele, o garoto valia ouro.

– Eu não sabia que você ia se mudar rapaz... Alice, acho que estava passando mal ontem, ficou o dia todo trancada no quarto...

Ela tinha passado mal? Estava bem agora? O que ela tinha? Era grave? Ele estava preocupado, mas só respondeu:

– Ah, bem eu venho nas férias, e quem sabe eu não vejo o senhor né, tchau, e manda um beijo pra Alice.

João concordou com a cabeça e ele voltou para casa, como sempre, com ela na cabeça...


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Odiaram? Amaram? Acharam sem sal? Pelo amor de Merlin digam o que acharam! Não se esqueçam que essa é só a primeira parte! Faltam duas.
Deixem seus pedidos nos comentários ou mande uma MP. Digam o que gostariam de ler na próxima história, que eu vou atender todos os pedidos, mesmo que demore um pouquinho.

XOXO
Head Wind.



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