Saruhiko mais uma vez sentia aquele sentimento vazio numa sala fria em um sofá sem vida, estalou sua língua, não adiantaria nada gastar mais um dia de folga trancado em casa, se levantou, pegou suas chaves e saiu,trancando a porta atrás de si, a rua estava vazia por causa do recente frio de inverno, um floco de neve caia lentamente e Saruhiko esticou sua mão para que o floco fofinho caísse, já havia passado tanto tempo, um vento frio o acordou de seu pensamentos, e o fez arrumar o casaco que usava e sem pensar em uma trajetória começou a andar.

Sem nada para ocupar a mente, o vazio em seu peito se fez presente fazendo com que os pensamentos de Fushimi fosse guiado para a única pessoa com quem sentiu afeto, um sorriso irônico se formou em seus lábios um pouco arroxeados pelo frio.

Toda sua adolescência acreditava que os sentimentos humanos eram idiotas, não tinha culpa a criança dos cabelos negros, seus pais viviam trabalhando e nunca se fizeram presentes na vida de Saruhiko, não se importava, não se importava com nada e com ninguém, em uma das mudanças frequentes, em uma nova escola que julgará idiota como todas as outras, conheceu Misaki Yata, um moreno babaca que fazia muita gritaria, sem saber como acabou por virarem amigos, seu primeiro, talvez único, amigo de verdade, os dois jovens criaram laços fortes, sem perceber MIsaki era o único com quem realmente se importava e queria estar, e estava.

Em um dia que tinha tudo para ser normal como qualquer outro foi interrompido por um ruivo que se apresentou como Mikoto Suoh, o tão falado rei vermelho, líder do clã Homra, não teria dado tanta importância se não fosse pela expressão presente no rosto de Misaki, como se o mesmo tivesse encontrado um refugio, um lar, e sem pensar duas vezes aceitou o convite para entrar para o clã, e onde Misaki estava Saruhiko ia atrás, eram companheiros, um lutava pelo outro, tomando conta das costas para que o inimigo não os atacassem pelas costas.

Fushimi percebeu tarde de mais que se juntar ao Homra, deixar Misaki se juntar ao Homra, foi sua destruição. Desabou em seu quarto, sozinho, começou a chorar, seu vazio eterno começou o atormentar quando percebeu que para Yata não significava nada, que em um piscar de olhos a boca de Misaki deixou de chamar Saru para chamar Mikoto. Homra tinha outro significado para o pequeno moreno, esse significado que Saruhiko não conseguia entender, nesse dia em seu quarto decidiu que nunca mais choraria de novo, não importou quanto seu coração doeu quando contou para Yata que havia saído do Homra e se juntado aos azuis, o Scepter4, nem mesmo uma lágrima saiu de seus olhos.

Uma coisa boa, aos olhos de Fushimi, acontecia, agora Misaki o notava, Saruhiko ficava um pouco feliz mesmo que os lábios de seu ex-amigo viviam a exclamar xingamentos e reclamações contra o mesmo, mesmo que fosse chamado de traidor, bem, ele tinha a atenção do skatista toda para si.

Um vento frio acordou Saruhiko de seus pensamentos, um riso debochado saiu de sua boca, seu corpo o levou ao parque em se deu conta de seus sentimentos por Misaki, antes de Homra. Manteve tudo o que sentia pelo amigo com medo de perder seu único amigo, de perder Misaki, mas no final não adiantou muita coisa, mesmo recebendo todo o ódio de Yata seu sentimento não mudou, recebendo a indignação, a raiva e o desprezo, via tudo isso nos olhos avelãs do menor e continuava o amando, e o vazio em seu peito pesava cada vez mais.

Saruhiko se sentou num dos bancos próximos a uma grande árvore e deixou-se relaxar fechando seus olhos, o tempo gélido o acalmava, ficou parado na mesma posição como se estivesse concentrado, arrumou seu casaco parecia estar mais frio que o normal. Ao escutar um barulho de rodas e de manobras de skate, abriu um sorriso de quem comeria sua comida favorita, o som foi aumentando e Saruhiko se levantou, ficando próximo da pista de passeio, esperou que Yata passasse e o chamou.

-Mi~sa~ki

O skatista levou um susto quase caindo de seu skate e virou-se com raiva, procurando o dono da voz.

-O que você quer, seu maldito macaco traidor?

Fushimi abriu sua boca para falar algo mas acabou por continuar caldo, estalou sua língua mais uma vez nesse dia gelado, sentiu um pouco de tontura e virou-se indo se sentar de volta no banco.Misaki estranhou a atitude de seu antigo companheiro, Saruhiko não trocara insultos consigo, não havia coisa mais estranha que isso, só podia significar que algo estava errado, muito errado, ficou um pouco preocupado, não podia negar, por impulso andou até o mesmo colocando uma de suas mãos sobre a testa do outro, deixando seus rostos próximos, o que deixou Fushimi um pouco corado, estava distraído quando Misaki apareceu tão perto de si, andava muito distraído nesse dia, a mão de Misaki era quente, Saruhiko viu sua visão escurecer e balbuciou alguma coisa antes de seu corpo cair.

Acordou em um lugar quente, manteve seus olhos fechados e sentiu o aroma de Misaki, se arrumou um pouco mais no que parecia ser o sofá, após sentir um outro cheiro no tecido levantou rapidamente ficando levemente tonto, estava no Homra, isso explicava o cheiro de Mikoto.

- Que bom que acordou, Saruhiko! - saudou Izumo Kusanagi

-Obrigado por cuidar de mim - estalou sua língua antes de agradecer, estava indo embora, aquele lugar era desagradável.

-Parece que conseguiu impressionar o pequeno Yata.

-Do que você esta falando? - perguntou para o bartender que ilustrava as taças.

-Você não se lembra? Você disse - Izumo foi interrompido por Misaki que atravessou a porta parando um pouco próximo de Fushimi.

Saruhiko mirou a porta vendo o menor passar correndo pela porta, seus olhos se encontraram por leves segundos, o mais alto sentiu dificuldades em entender o que os olhos avelãs transmitiam antes do mesmo virar o rosto corando bruscamente. Sem entender a reação do ex-companheiro Fushimi olhou para Kusanagi pedindo pela resposta recém interrompida.

-Não se lembra de ter se declarado?

E como se tivesse começado um incêndio, o rosto de Saruhiko ficou vermelho rapidamente, se lembrou de suas palavras para o menor no parque antes de desmaiar em cima do mesmo. Os dois corados um de frente para o outro, se encaravam intensamente.

-Que-queria falar - Yata começou - queria dizer que também te amo! - após revelar seus sentimentos o menor quebrou o olhar olhando para baixo.

Saruhiko por impulso se aproximou de Misaki dando-lhe um selo, uma lágrima de felicidade escapou dos olhos do maior que sorriu sendo correspondido com outro sorriso, Yata limpou o rosto de Fushimi e começou um beijo mais profundo, separaram-se e se encararam novamente.

- Misaki, eu te amo!