I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 4
Time bomb.


Notas iniciais do capítulo

Notas iniciais: Vamos ás desculpas primeiro: Estou sem internet, ela vem por algumas horas e depois vai embora e some por dias, o que me dificulta muito á postar; muito mais se eu não estou acordada quando ela decide voltar. Então, eu só demorei pra voltar por causa disso, mas aqui estou eu, espero que gostem do capítulo porque eu escrevi com muito carinho. Let's go!



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NARRAÇÃO: PEETA MELLARK.

Quando voltei ao Distrito 12, eu tinha o objetivo de viver uma vida normal, apesar dos pesares. Eu pretendia retomar á vida que eu tinha, e eu era padeiro. Reerguer a padaria era uma vontade minha de tempos, mas só quando Greasy Sae me pediu para fazer um bolo, que eu percebi a urgência de colocar esse plano em prática logo.

Entrei em contato com algumas reformadoras da Capital, para comprar os materiais da reforma que faria, e com algumas pessoas que podiam me vender fornos e tudo o que eu ia precisar para trabalhar na padaria. Quando disse o meu nome, todas as pessoas quiseram fazer a reforma e me dar os fornos de graça, mas eu me recusei. Detesto quando as pessoas querem ser legais comigo por acharem que tem algo para me agradecer, não sou digno de tudo isso.

Já que eu ia reconstruir a padaria, eu precisava de homens para trabalhar comigo, mas não qualquer um, eu queria alguém de confiança, alguém que realmente precisasse. Se eu colocasse cartazes espalhados pelo Distrito, apareceriam fãs, e não é disso que eu preciso. Na manhã seguinte, falei com Delly e Greasy Sae no café da manhã, pedi que elas me arranjassem homens para o feito, e mulheres, com tanto que sejam pessoas de confiança. Elas ficaram muito animadas, e eu fiquei feliz por fazer a coisa certa. Os fornos estavam programados para chegarem em 1 semana, e saber disso me deixou um pouco ansioso, e eu decidi que precisava logo de pedreiros. Tomei um banho e vesti uma roupa leve, estava tão calor no Distrito 12 esses dias que eu tomava mais banho do que comia.

A situação do meu distrito ainda é precária, mas a minha situação também é. Eu olhava para todos aqueles escombros, toda a poeira, e aquelas pessoas tentando arrumar tudo, e eu me reconhecia em tudo. Eu era uma pessoa completamente destruída, a poeira – que são os meus fantasmas – podia ser tirada aos poucos, mas nós nunca podemos tirar a poeira completamente, certo? Sempre sobra um pouco nas brechas, eu estava sempre beirando o colapso. E eu tinha as pessoas que tentavam me arrumar, como Delly e o dr. Aurelius.

Parei na frente de onde costumava ser a minha padaria, estava completamente destruído. Aqui costumava ser meu lar, foi onde eu cresci, onde eu aprendi tudo o que eu sei. Ao redor, pessoas construíam casas para si e me encaravam, apesar do mal-estar por ser visto nesse momento tão íntimo, eu ignorei. Enfiei as mãos nos bolsos e fechei os olhos, me concentrando nas memórias felizes desse lugar, o que foi extremamente difícil, e eu percebi que quanto mais eu tentava me lembrar, mais fácil seria de eu ter uma crise, o que não é a minha intenção.

Um rapaz com roupa de entrega estava me encarando, com uma expressão confusa. Eu sorri levemente para ele, e quando eu ia dar meia volta, ele correu para me acompanhar, colocando o braço ao redor dos meus ombros como se fosse meu melhor amigo, eu engoli em seco, não podia ser grosso com ele, ou rude – eu constantemente tenho vontade de ser idiota com as pessoas desde que fui telessequestrado, e tenho sempre de me controlar, é mais fácil do que parece -, ele me adora, não está fazendo para me deixar constrangido. Ele pigarreou, tirando uma folha do bolso de traz da calça, balançando-o na frente do meu rosto.

– Eu estava indo na sua casa agora mesmo, acredita? Foi uma sorte eu ter te achado aqui, senão eu ia dar uma volta em vão. As flores são para a srtª Everdeen?- Ele perguntou, erguendo uma sobrancelha para mim. Eu revirei os olhos, peguei o papel em suas mãos e li, era da floricultura que eu tinha falado com Effie. Essa foi rápida!

– Oh, certo, obrigado.- Eu disse, ele me deu uma caneta, que também estava no bolso da sua calça, e eu assinei, confirmando que tinha recebido a entrega.- Pode levar para a minha casa, eu vou logo.- Eu disse, sorrindo mais gentilmente, ele não era um jornalista, era apenas um entregador curioso, e ser curioso é normal na Capital, apesar de ele não parecer um garoto da Capital, não os que eu costumo ver por ai, se bem que nada parece do jeito que eu costumo ver mesmo. Ele mordeu o lábio inferior, e eu revirei os olhos, normalmente essa é a reação que as pessoas tem quando vão me fazer perguntas constrangedoras.

– Mas e então, as flores são para a srta. Everdeen?- Ele perguntou, colocando o papel e a caneta de volta nos bolsos, parecendo constrangido. Eu revirei os olhos.

– Ela não é muito do tipo que gosta de flores, né?- Eu perguntei, erguendo uma sobrancelha e sorrindo de canto. Detesto que falem de mim e de Katniss, mas detesto ainda mais que não tenha nada para falar sobre mim e Katniss. Gostaria de dizer que as flores são para ela – e realmente são, mas não diretamente assim – e que estamos juntos e bem, mas não é assim. E não vai ser assim.

– Definitivamente.- Ele riu, eu ainda estava com o sorriso brincando no canto, e ele deu de ombros.- Bem, nos vemos na sua casa, sr. Mellark.- Ele disse, virando-se de costas e indo até o caminhão da floricultura, dando a partida e indo para a vila dos vitoriosos.

Esperei alguns minutos até começar á ir também, observei calmamente cada pedacinho que se reconstruía. Alguém estava abrindo uma costureira, um cartaz estava dizendo “abriremos em 1 mês, aguardem”, e eu tentei me lembrar de alguém do Distrito 12 que costurasse bem, então me lembrei de muita gente está vindo de outros Distritos para cá, como a mãe de Katniss foi para o Distrito 4.

O sol estava muito quente, e quando eu olhei no relógio do meu pulso, eram quase meio dia, o que explica a altura do sol, e o suor que descia pelo meu pescoço, costas e peito. Eu me sentia um porco, suando dessa forma. Quando eu trabalhava na padaria, mamãe me mandava tomar banho várias vezes no dia quando era verão, dizendo que era muito nojento que alguém que trabalhe com comida seja tão suado, como se eu tivesse culpa!

Quando cheguei em casa, o garoto do caminhão estava de pontas de pé na janela da sala, espiando para dentro da minha casa. Não sei o que ele procurava, mas tive que respirar fundo para não ralhar com ele, sua curiosidade estava passando dos limites. Eu pigarreei e ele se virou assutado, com os olhos arregalados e a mão no peito. Eu crispei os lábios, de cara fechada, demonstrando que a sua atitude podia ser tudo, menos aprovada. Eu enfiei as mãos nos bolsos e ergui uma sobrancelha.

– O senhor estava demorando muito... Eu queria ver se não... Se tinha alguém para me atender.- Ele deu a desculpa mais esfarrapada que pôde inventar, eu mantive a minha sobrancelha erguida e ele fez uma careta.

– Isso ou estava querendo saber mais sobre a minha vida.- Eu disse, revirando os olhos. Peguei a chave no meu bolso e abri a porta, olhando para ele.- Onde estão minhas flores?- Ele foi rapidamente buscar uma caixa com várias mudas de prímulas, e me entregou.

– Me perdoe senhor Mellark, eu não queria ser intrometido.- Ele disse, eu dei de ombros.

– Todo mundo se intromete na minha vida de alguma forma.- Eu disse, acenando para ele e entrando em casa sem me despedir. Alguns segundos depois eu me arrependi e quis abrir a porta e dizer á ele que tudo bem, que eu não me importava e que entendia que ele quisesse saber mais sobre mim, aliás, ele estava acostumado á ter sempre notícias minhas; mas ele já tinha entrado no caminhão, e talvez ele comentasse com alguém, e as pessoas achariam que eu dou abertura para me espionarem, coisa que não quero.

Coloquei a caixa de prímulas no chão ao lado de sofá, fui até a cozinha e peguei o meu almoço, que estava na geladeira, colocando-o no micro-ondas. A parte boa de morar sozinho é que você pode fazer coisas que normalmente você não faria se morasse com mais alguém, tipo tirar a camisa no meio da sala e ir subindo a escada enquanto desabotoa a calça, coisa do tipo.

Tomei um banho de água fria, me acostumei á tomar banhos assim no Distrito 13. A água lá era sempre muito fria, porque água quente gastava dinheiro demais, e eles são completamente economistas. E a economia deles me ajudou inúmeras vezes. Na maior parte das vezes em que eu me encontrava com Katniss lá, tomar banho após isso, me fazia ficar melhor, mais relaxado. E na Capital, quando eu estava fazendo a minha terapia, e eu me lembrava de alguma coisa, tomar banho frio me acalmava. No fim, ter ficado um tempo no Distrito 13 me ajudou á ter mais controle sobre o que eu me tornei.

Quando desci, coloquei um copo de suco de morango e o meu almoço, que era arroz com peixe empanado, e comecei á comer lentamente. A parte ruim de morar sozinho é que, obviamente, você está sozinho. Não gosto de tanto silêncio, me dá muita oportunidade para pensar em coisas que não devia. Então eu me levantei e liguei a televisão, mesmo que ninguém estivesse comigo, eu podia fingir que tinha. Lavei a louça assim que acabei de comer – depois que eu comecei á me lembrar melhor de quem eu realmente sou, acabei descobrindo que era mais organizado do que antes, eu me sinto muito desconfortável quando as minhas coisas estão fora do lugar ou sujas, acho que vou precisar de uma nova terapia para tratar isso também -, e peguei uma pequena pá que tinha nos fundos da casa, luvas, e fui para a frente da casa de Katniss.

Quis fazer como o entregador e espiar a sua janela, mas eu não faria isso com ela. No momento certo ela apareceria, e eu a veria porquê ela me permitiu isso, e não porquê eu a violei. Apesar disso, eu sabia que Katniss não ia sair de casa tão cedo; Greasy Sae me disse que ela estava muito traumatizada com tudo o que tinha acontecido – a morte de todas as pessoas desde os primeiros jogos, a morte de Prim, a despedida de Gale, o abandono da mãe – e que ela se recusava á viver, então acho que vai demorar um tantão de tempo até que ela se acostume com a ideia de que dá sim pra sobreviver com a dor, as pessoas em Panem são a prova viva disso, já que todos nós adquirimos medos novos, traumas novos, dores novas, com tudo o que passou.

O calor era castigante, e o suor escorria pelas minhas costas, testa e braços. Eu limpava o tempo todo, e em uma dessas vezes, eu inclinei a cabeça um pouco para o lado, e percebi uma sombra ali. Olhei por uns segundos, até perceber que era a silhueta de uma mulher, era Katniss. Mesmo que eu não tivesse me virado para olhar, eu sabia que era ela. Engoli em seco, eu estava preparado para tê-la tão perto? Era seguro para ela? Mas eu estava com tanta saudade que acabei me virando. E não me arrependo.

Olhei primeiramente para o seu rosto, apesar de ela estar suada, seu rosto não estava corado, como deveria estar por causa do sol, muito pelo contrário, ela estava pálida. Não porque tinha ficado tanto tempo sem ver a luz do sol – apesar de ser um fator á ser contado como prova -, mas porque ela estava em pânico. Eu também estava, engoli em seco.

Fechei minhas mãos em punhos e os olhos com força, respirando fundo algumas vezes, tentando me controlar. Não, eu não ia ter uma crise agora, não importa o que inventaram na minha cabeça, Katniss Everdeen não é uma bestante, ela não queria me matar, ela salvou a minha vida. Katniss Everdeen não é uma bestante, eu a amei, e ela me protegeu, porque é isso que nós fazemos, nós protegemos um ao outro. Katniss Everdeen não é uma bestante, bestantes foram feitas para nos pôr medo, e ela é tão bonita, quem sente medo de alguém tão bonito? Abri os olhos, ela não podia mesmo ser uma bestante, não sendo tão linda.

O meu batimento cardíaco desacelerou e eu sorri, meu peito estava em paz novamente, e eu queria abraçá-la, pois tinha sentido muito a sua falta. Ela estava com os olhos estreitos, queixo travado, ela cruzou os braços quando eu não vacilei no sorriso, o que me fez sorrir mais abertamente. A roupa que ela vestia não era o suficiente para esconder as diversas cicatrizes e enxertos de pele que ela tinha espalhados pelo pescoço e pelos braços, ela não estava usando os remédios que o dr. Aurelius mandou.

Ela deu um passo para trás quando eu me levantei, o que me recorda que normalmente eu estou ansioso para matá-la ou fazer qualquer tipo de mal contra ela. Até onde ela sabe, eu tenho uma pé nas mãos que poderia facilmente alcançar seu crânio e matá-la antes que ela perceber. Larguei a pá rapidamente quando percebi que tinha uma arma, não era muito seguro, para mim, estar com algo do tipo, eu nunca sei quando vou ou não poder me controlar. Por instinto ou mania que eu tenha adquirido em algum momento da vida, eu passei a mão no cabelo. Tinha esquecido completamente de que estava mexendo em terra antes, e percebi que tinha enchido o meu cabelo de areia, proferindo uma careta ao meu rosto, e então ela fez a última coisa que eu esperava: Riu. Gargalhou mesmo, com vontade.

Quando foi a última vez que eu vi Katniss gargalhar? Busquei nas minhas memórias reais, as que eu consegui recuperar, houve alguns momentos de risadas. A maior parte deles eram falsos, para agradar as câmeras, mas existiam alguns reais. Poucos, mas estavam ali. Os olhinhos se tornando pequenos enquanto era sorria abertamente, seus dentes brancos demais por causa dos produtos que foram usados na Capital, e então eu sorri. Ela era tão bonita, como eu pude um dia me perguntar como pude me apaixonar por ela? Não estava na cara? Alguém consegue não se apaixonar por ela? A Capital podia me telessequestrar um milhão de vezes, e eu me apaixonaria por ela novamente em todas elas. Eu sempre vou me apaixonar por essa garota, sempre. Todas as vezes em que eu a vir, vou me apaixonar de novo. Sempre.

– O que está fazendo aqui?- Ela perguntou, quando conseguiu se controlar. Eu tinha sentido tanta falta da sua voz, a maior parte das minhas memórias eram de ela me falando coisas duras, então eu adorava ouvi-la pois as memórias se tornavam banais. Eu balancei a cabeça, não quero me lembrar do que foi, quero viver o presente, foi para isso que vim para cá. Quando mexi a cabeça, a areia do meu cabelo caiu, e para não fazer outra careta, eu simplesmente mordi o lábio inferior.

– Eu pensei que você não ia ficar incomodada por eu plantar essas flores aqui, na minha casa não dá pra plantar, o sol bate lá diretamente, e está tão calor, e tão forte que as flores vão morrer rapidamente, mesmo que eu regue várias vezes. Mas aqui não, aqui é menos... Enfim.- Eu disse, rezando para que ela acreditasse e que concordasse, mas é claro que não era esse o motivo, eu só queria que, quando ela começasse á sair de casa – apesar de ela já ter começado, aliás, de onde será que ela está vindo?-, e voltasse, olhasse para esse pequeno ponto e se lembrasse de mim, porque ela sempre se lembraria de mim quando olhasse para isso. Ela suspirou, e quando eu pensei que ela diria que eu não podia, ela me surpreendeu.

– Não, tudo bem. Que flores são?- Ela perguntou, e o meu coração deu uma despencada. Como dizer isso sem fazer com que ela fique irritada, triste ou tenha um ataque de depressão na minha frente? No que eu estava realmente pensando quando eu escolhi essas flores para colocar aqui? É claro que ela não aceitaria isso.

– Prímulas.- Eu disse, mordendo o lábio inferior. Ela abriu a boca, arregalou os olhos e levou a mão ao peito. Eu engoli em seco, pedindo para que ela não gritasse comigo, mais para não ter uma crise, do que para não me magoar. Eu não me importava de ser magoado por ela, na verdade.

– O que você disse?- Ela perguntou, sua voz era dura, irritada. Eu engoli em seco de novo, ela estava irritada. Seu olhar se tornou penetrante, eu suspirei.

– Se você não quiser, eu posso tirar.- Eu disse rapidamente, já estava arrependido de ter tido essa ideia. Sério, o que eu tenho na cabeça? Ela negou nervosamente com a cabeça, cruzando os braços de forma defensiva. Apesar de ela tentar demonstrar raiva, eu conseguia ver a dor que eu estava lhe causando colocando isso aqui. Ela não ia se lembrar de mim quando visse as prímulas, ela se lembraria de Prim, e em como não consegui salvá-la. Eu sou um idiota.- Eu vou tirar.

– Não faça isso.- Ela disse, quando eu comecei á me agachar para tirar aquela droga dali. Ela me puxou pelo braço, me pegando desprevenido. Eu olhei para a sua mão no meu braço, a forma possessiva como ela o segurou, não como alguém que está com medo de eu matá-la á qualquer momento, não como alguém que quer me matar. Não eram mãos de bestantes, eram as mãos da minha garota. Suspirei, ela não é sua garota, Peeta.

– Eu não quero que você fique mais deprimida do que já está.- Eu disse baixinho, percebi que a minha voz tinha assumido um tom mais calmo, mais doce, e eu me reconheci alguns anos mais novo. Era assim que eu me sentia quando conseguia agir como o Peeta que eu era: como se eu tivesse envelhecido 50 anos e me tornado exatamente a pessoa que disse que não me tornaria. Ela tirou a mão do meu braço e imediatamente meu corpo sentiu falta, mas eu ignorei.

– Qual era a sua intenção?- Ela perguntou, é claro que ela não tinha caído naquela história de “não posso plantar no meu jardim, posso plantar no seu?” Eu mordi o lábio inferior, suspirando.

– Eu não sei, acho que eu queria te dar algo para ter esperança.- Eu disse, enfiando as mãos sujas nos bolsos. Ela engoliu ruidosamente.

– Esperança?- Ergueu uma sobrancelha para mim, eu revirei os olhos. Era meio babaca falar disso depois de tudo o que aconteceu só porque decidimos ter esperança, mas não era exatamente por isso mesmo que eu tinha colocado as flores aqui, então dei de ombros.

– É.

– A Prim teria gostado.- Ela falou baixinho, olhando para a muda. Eu suspirei, lá estava o olhar triste. Ela olhou para mim, balançando a cabeça lentamente.- Porque você voltou, Peeta?

– Aqui é o meu lar.- Eu disse, era metade do motivo. A outra parte é que eu não suportava a ideia de ficar longe dela, não que eu e ela estejamos muito próximos por aqui, mas pelo menos eu sei que ela está do meu lado. Na Capital eu não tinha notícias dela, eles me privavam disso para que eu não tivesse crises.

– Obrigada.- Ela disse.

– Pelo quê?- Eu perguntei, ela suspirou, revirando os olhos. Ela começou á andar na minha direção e eu prendi a respiração, mas ela só estava indo para a porta, que estava destrancada. Eu suspirei.

– Por ter comprado essas flores para homenagear a minha irmã, você sempre foi muito emotivo, não esperava menos de você.- Ela disse, sorrindo de canto para mim, apesar de seu olhar declarar dor sem tamanho. Eu suspirei, a forma como ela deu significado para o meu ato me pegou de jeito, e eu percebi que no fundo eu também tinha vontade de homenagear Prim, de dizer á Katniss que eu estava com ela nessa.

– Eu sei o que você está sentindo.- Eu disse, afinal, fui eu quem perdi meus pais e todo o resto da minha família e amigos, e ainda tive que perder a memória. Ela concordou com a cabeça.

– Eu sei.- Ela disse, abrindo a porta e entrando sem se despedir. Eu me agachei novamente e voltei á trabalhar nas flores, mas meu pensamento estava nela.

O que ela estava fazendo agora? Eu estava tão feliz por nós termos tido esse contato, esse primeiro contato real. Ter ouvido a sua voz tão perto, o seu toque no meu braço, sua risada e o seu olhar. Eu estava me sentindo como se eu tivesse 15 anos de novo e estivesse vendo-a adorar os bolos na vitrine ao lado de Prim, eu me sentia um garoto apaixonado que só espera uma oportunidade, ou a ousadia e a coragem se apossarem de si, para que sua garota seja sua garota. Balancei a cabeça, não, eu não vou criar expectativas sobre Katniss. Temos fantasmas demais, eu sou uma bomba relógio, ela nunca estaria segura ao meu lado, e nem deseja isso. Ela tem fantasmas demais.

(…)


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Notas finais do capítulo

Vocês com certeza notaram a diferença entre a narração da Katniss e do Peeta, principalmente agora, quando eles se reencontraram, MAS VOU EXPLICAR: o Peeta e a Katniss tem formas muito distintas de narrarem, e eu acho que a Katniss em algumas vezes edita o que quer ouvir, ou só escuta o que considera mais importante, entenderam? Espero que sim, se não, me digam nos comentários. Um beijo!



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