I do, i need you. escrita por hollandttinson


Capítulo 27
A vida é boa.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tô atualizando o mais rápido possível porque essa história já está concluída e salva, tá? Falta só postar pra vocês. Então comentem muito, que eu posto o proximo mais rápido. E muito obrigada pelos comentários anteriores. Bom capítulo!



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Narração por Katniss.

Depois de fazer amor com Peeta no chão do quarto de pinturas, e conseguir provar das sensações mais prazerosas do mundo, enroscada no corpo do homem que eu amo, nós nos levantamos e fomos para o banheiro. Tomamos banho juntos, e lá, fizemos amor novamente. Quando acabamos, vesti um pijama qualquer, sentindo o sono me invadir, mas muito além dele, a fome, então nos lembramos dos convidados.

Foi Peeta que desceu para saber como estavam as coisas. Pelo que ele me disse, alguém arrumou a casa. Tirou a mesa, guardou a comida em tigelas de vidros, e deixou tudo organizado. Era como se aquela noite nunca tivesse existido, e seja quem fosse que fez aquilo, eu seria eternamente grata.

Peeta subiu com pratos para nós dois, e vinho. Jantamos na cama, em meio a carícias e risadas. Quando acabamos de comer, ele desceu os pratos sujos, e depois subiu. Me aninhei em seu peito, e dormimos juntos, provavelmente a melhor noite de nossas vidas.

Acordei com um pulo, Peeta já tinha levantado. Meu coração estava acelerado, era como se eu tivesse tido um pesadelo, mas não me lembrava de nada. Minha roupa estava ensopada de suor, meu cabelo grudado na testa, eu respirei fundo diversas vezes até conseguir fazer meu coração bater tranquilo. De olhos fechados, eu tentava me lembrar o motivo do meu pânico, mas não consegui.

— Já acordou, meu amor?- A voz de Peeta me fez abrir os olhos. Ele estava segurando uma bandeja com pãezinhos, suco de laranja e frutas, e estava com um enorme sorriso nos lábios. Tentei fingir a melhor cara de paisagem que eu consegui, enquanto ele se sentava do meu lado e colocava a bandeja no meu colo.

— Sim. Porque não me acordou?- Perguntei, pegando um pedaço de mamão com o garfo. Ele deu de ombros.

— Imaginei que estivesse cansada. Além disso, eu queria trazer café da manhã na cama para você. É um grande dia para mim, e eu estou tão feliz por você estar participando dele, e por estar aqui comigo. Queria fazer o mínimo por você.- Ele disse, fazendo meu coração aquecer. Eu realmente nunca vou merecer ele. Mas ninguém vai.

— Você já faz o máximo, e o máximo do máximo, o impossível, por mim. Mas obrigada, eu estou mesmo cansada.- Eu disse, percebendo um pequeno incomodo nos meus ombros, que eu ignorei, dando de ombros e olhando para ele.- E então, muito ansioso para hoje a noite?

— Ah, nem me fale!- Ele disse, soltando o ar dos pulmões de forma dramática, e tirando um suor imaginário da testa, eu ri.- Mas está tudo pronto, e as ruas estão uma bagunça! A costureira do Prego – Peeta ainda chamava o centro do Distrito 12 de Prego, por costume, mas era quase um tipo de shopping center agora, muito organizado e seguro – disse que recebeu uma grande quantidade de pedidos para vestidos. Acho que eles estão mais ansiosos do que eu.

— Eles estão é ansiosos para aparecerem na TV, ou conhecer Paylor, ou tirar uma foto com você para dizerem aos netos que conheceram você.- Eu disse, dando de ombros enquanto dava uma mordida no pão. Peeta deu de ombros também.

— Mesmo assim, quanto mais gente, melhor. Estou doido para receber várias encomendas. Pelo que Paylor falou, a galera da Capital só vai querer os meus bolos. Eu vou ser famoso por alguma outra coisa além de quase ter morrido na Arena, e depois quase ter matado você.- Ele disse, percebi que tocar no assunto machucava, mas ele ignorou, e eu também. Sorri para ele, dando tapinhas no seu ombro.

— Olha só, meu menino cresceu!- Eu brinquei, ele mostrou a língua para mim, depois revirou os olhos e se levantou.

— Bom, já passa das 9h da manhã, então eu vou tomar um banho e começar a fazer o almoço, você vai me ajudar?- Ele perguntou, sem olhar para mim, indo na direção do armário. Eu fiz uma careta.

— Vou. Effie e Haymitch vão vim almoçar com a gente?- Eu perguntei, ele saiu do armário com uma calça jeans na mão e uma camiseta rosa clara, e uma cueca. Ele analisou meu rosto sobre a pergunta, depois suspirou.

— Eu liguei para lá quando acordei, pelo visto ninguém ficou bravo pelo nosso comportamento de ontem, mas eles decidiram que a sua mãe vai fazer o almoço hoje, na sua casa.- Ele disse, mordendo o lábio inferior. Eu fiquei com raiva, e era irracional.

Ela tinha passado 1 ano longe, nem sequer se perguntou como eu me sentiria aqui, sozinha, sem ninguém para cuidar, depois de perder minha irmã, meu melhor amigo, e meu amor. Eu estava sozinha, depois de ter passado pelo pão que o diabo amassou, e ela tinha ido “viver em paz” em outro distrito, me deixando no inferno. Sozinha.

E agora lá estava ela, na minha casa. Que eu consegui graças a minha habilidade em ter sido sacana com a Capital, porque se dependesse dela, a anos e anos atrás, nós não teríamos nada. Aliás, estaríamos todas mortas e tantos anos atrás! Mas eu, mesmo depois de tudo, me ergui, enquanto ela fugiu. É tudo o que ela sabe fazer, fugir.

— Eu quero que ela saia da minha casa.- Eu falei rápido, praticamente cuspindo as palavras, sentindo minha mandíbula doer com a força que eu cerrava meus dentes. Peeta ainda estava analisando meu rosto, e vi que ele percebeu a raiva, e ergueu as mãos, para começar a se defender, ou defender ela.- Eu não quero ouvir mais nada. Mande ela para a casa de Haymitch, ou para a casa do caralho. Eu quero que ela saia da minha casa AGORA.- Gritei a última palavra, e Peeta pareceu se assustar.

— Katniss, você sabe que...

— Eu estou avisando, Peeta. Se ela não estiver fora da minha casa até o fim do dia, eu mesma vou lá e vou expulsá-la. Foi invenção sua trazer ela para cá, é problema seu.- Eu disse, saindo da cama e indo para o armário. Troquei de roupa sem tomar banho, vesti minha roupa habitual de caça, e praticamente saí correndo de casa. Peeta não disse nada.

Cheguei a floresta rápido, eu corri para lá. As pessoas me encaravam enquanto eu passava por elas, não olhei para nenhuma, apenas corri. Imaginei o quão louco meu rosto parecia estar, eu me sentia louca, o coração acelerado, o sol pós-inverno sob a minha cabeça. Não dei a mínima, corri o mais rápido que pude, só queria chegar logo.

Quando cheguei, peguei meu arco e flecha em seu esconderijo de sempre, e desliguei minha mente de qualquer coisa que não fosse o silencio que a caçada pede. Eu não estava fora de forma, ainda era muito boa naquilo, mas não tinha mais a menor graça caçar, exceto para manter o frigorífico do Prego funcionando, mas até para isso eu teria que falar com eles, coisa que eu não queria.

Notei uma movimentação atrás de mim e ergui a flecha, quase atingi o meio do peito de Gale, por instinto. Abaixei o arco quando o vi, e ele deu um sorriso para mim, me fazendo revirar os olhos e dar de costas, continuando andando. Ele veio atrás de mim, é claro.

— Bom dia Catnip, ou será que você está tendo um mal dia?

— O que você está fazendo aqui?

— No Distrito, na floresta ou atrás de você?- A voz dele tinha um tom de riso, que só estava aumentando ainda mais a minha raiva.

— No mundo.- Eu respondi de forma seca e ouvi ele gargalhar atrás de mim. Fechei minhas mãos em punho e parei bruscamente, me virando para olhá-lo.

— O que quer, Gale?

— Pra começo de conversa, você poderia parar de me atacar, estamos só eu e você aqui, e eu não te fiz mal algum.- Eu ri com escárnio, fazendo ele revirar os olhos.- E depois, eu venho aqui todos os dias. Você quem mudou de vida, gata.

— Ah, é mesmo? Mas não fui eu quem fui para outro Distrito para virar o que eu mais criticava, não é?

— Não, você só ficou aqui e fugiu de qualquer chance de se curar de um milhão de feridas abertas que você tem, e agora encontrou em Mellark a desculpa que precisava para continuar fingindo que nada aconteceu.- Ele disse, eu dei um passo para trás, sentindo as palavras de Gale me atingir. Ele cruzou os braços, erguendo o queixo. Sabia que tinha ganhado.

— Eu não encontrei no Peeta uma..

— Eu não estou criticando seu relacionamento com ele, acho até que vocês se merecem.- Ele falou as palavras como se fosse um xingamento, em seguida deu de ombros.- Mas não diga que eu a abandonei, porque você sabe que eu ficaria, se você tivesse deixado. Eu teria ficado para sempre, Katniss.

Prendi a respiração. Não, o Gale não estava começando a se declarar para mim no meio da floresta, um dia depois de eu ter me entregado a Peeta, né? Não podia ser. Balancei a cabeça.

— Você está enganado, Gale.

— Sobre o que, exatamente?- Ele pareceu confuso.

— Peeta não é a desculpa para fingir que nada aconteceu. Eu sei que aconteceu. Não tem nenhum dia que eu não me lembre de tudo. Mas, diferente do que você acha, Peeta é a razão pela qual eu ainda estou aqui, porque não importa para onde eu fuja, as minhas feridas não tem cura.

— Você nunca tentou curar, desde que eu te conheço, você só fica passando outras coisas por cima delas, amontoando sofrimento. Seria tão mais simples se você se afastasse de tudo, se pudesse ver por outro ângulo...- Novamente, eu ri de deboche.

— Ver por outro ângulo? Serio? Em qual desses, meu pai e minha irmã retornarão? Em qual deles minha mãe não vai ter me abandonado? Em qual deles você não vai ter sido a pessoa que praticamente assinou o atestado de óbito da minha irmã?- Foi a vez dele recuar um passo, mas eu não parei.- Em qual deles todas as pessoas que morreram por minha causa, ressuscitarão?

— Sua causa? Meu Deus Katniss, você ainda vive nesse mundo colorido em que você acha que tudo gira em torno do seu umbigo? Ninguém fez absolutamente nada por sua causa. Era muito maior que você, mil vezes. Você era só um símbolo.- Ele disse, eu travei meu queixo, erguendo minha cabeça.

— Espero que tenha valido a pena.

— Valeu. Somos livres.

— A que preço?- Ergui uma sobrancelha, ele bufou.

— A liberdade não tem preço, Katniss. Ou você é livre, ou não é.

— É, mas não é irônico que você tenha toda a sua família inteirinha e linda, enquanto o resto está pisando sob as cinzas dos seus?- Eu perguntei, e na mesma hora quis retirar o que eu disse, mas já era tarde. Quase deu para ouvir ele engolindo em seco. Gale me encarou por alguns segundos, depois balançou a cabeça.

— Já vi que foi realmente um erro voltar. Você mudou, Katniss. Muito. E é uma pena.- Eu ri de novo, dessa vez, era falso. Não tinha nenhum sentimento, não tinha graça, só dor.

— A sua opinião a meu respeito deixou de ter importância para mim a muito tempo.- Eu disse, me virando e voltando a andar. Dessa vez, ele não veio comigo. Mas eu queria que viesse.

Voltei para casa andando normal, sem nenhuma caça, os ombros caídos, me sentia derrotada. Não havia o menor vestígio da alegria que Peeta me proporcionou de ontem pra hoje. Aliás, eu nem nele pensei. Eu só queria deitar na minha cama e não sair nunca mais.

Quando abri a porta da sala, Peeta não estava. Buttercup estava dormindo tranquilamente no sofá, nem se mexeu. Eu fui para o banheiro. Não sei quanto tempo fiquei debaixo do chuveiro, apenas olhando para uma rachadura pequena na cerâmica, mas em algum momento a agua começou a ficar fria, e eu saí. Me enxuguei bem devagar, como se meus músculos estivessem doendo, não estavam, mas não consegui fazer de forma diferente.

Me enrolei num roupão e fui para o quarto. Me afundei na cama e me cobri até o pescoço, olhando para o teto. Não tinha nada lá para olhar, e mesmo assim eu não queria desviar o olhar. O silêncio era tanto que eu conseguia ouvir meu coração batendo e minha respiração, e depois ele foi interrompido pelos meus soluços. Eu não tinha percebido que estava chorando, até ouvi-los.

Meu corpo tremia, eu estava chorando nervosamente. A pior parte é que eu não sabia se eu estava chorando por Prim, mamãe, Gale ou por mim mesma. Só sabia que algo estava errado, tão errado que não me restava outra escolha além de chorar até as lágrimas secarem sozinha. Eu poderia chorar o dia todo.

Não. Não podia. Hoje a padaria de Peeta inaugura. Eu não posso fazer isso com ele!

Olhei para o lado e Peeta tinha colocado o meu vestido numa cadeira, ao lado do seu smoking. Nós ficaríamos lindos lado a lado, era realmente uma capa de revista magnífica. Não haveria nenhum olho que não estivesse nos olhos. E aí eu chorei mais ainda.

Eu não queria nada disso. Eu não quero ficar linda, porque eu não me sinto linda, eu não quero me achar linda, eu não quero me achar! Não quero capa de revista, não quero que ninguém me veja. Eu queria sumir.

Coloquei as mãos no meu rosto, não conseguindo conter as lágrimas, e os meus soluços estavam cada vez mais altos. Sentei na cama, estava difícil de respirar com tanto choro, estando deitada. Queria arrancar minha pele fora, não sei.

— Katniss?- Ouvi a voz calma e doce de Annie na porta do quarto. Ela segurava Finnick Jr no colo, ele estava acordado e me encarava. Eu tentei acalmar meu choro, mas não consegui. Annie veio andando calmamente, sentou-se na cama do meu lado e ficou olhando para o teto, enquanto balançava Finnick, que ainda me olhava, com os olhos do pai.

— Ele.. Tem... Os...

— Olhos dele. Eu sei.- Annie disse, sorrindo para mim, com tristeza. Eu concordei com a cabeça. Olhar para Finnick me acalmou, e devagar meu choro foi cessando. Quando eu parei de soluçar, Annie sorriu para mim de novo, ainda com tristeza.

— Sente falta dele?

— Todos os dias.- Ela disse. Eu sabia que era uma pergunta ridícula, mas deu vontade de perguntar. Eu nunca esqueceria dele, nem o que ele fez por mim, não importa o que Gale disse sobre nada ter sido por mim. No fundo, Finnick era meu amigo.

— Ele ajuda?- Apontei para o bebê em seu colo, e dessa vez o sorriso não foi triste. Ela suspirou, olhando para o filho em seus braços, que sorriu de volta para ela, e fez um barulho.

— Ele é a minha vida, Katniss. Finnick me salvou de mim, a anos atrás. E agora, o que ele me deixou, vai me salvar pelo resto da minha vida. Sou tão grata por tê-lo! No começo fiquei tão assustada! Como eu faria para criar uma criança com o meu estado psicótico? Mas aí Johanna me indicou o seu médico, e eu tomo meus remédios direitinho, nunca tive nenhuma crise desde então. Quero estar saudável e bem por ele.

— Mas... Não é justo.

— Não é mesmo. Ás vezes tenho tanto ódio em meu coração! Mas sei que Finnick me diria para pensar diferente. Me diria coisas positivas. Então eu ajo como se estivesse ouvindo-o. Escuto meu coração, porque é lá onde ele está. Para sempre.- Ela disse, sem olhar para mim. Eu olhei para o teto novamente, suspirando pesadamente.

— Acha que Prim vai me perdoar um dia?

— E pelo que ela deveria te perdoar?- Annie perguntou, confusa. Eu senti o bolo se formar de novo na minha garganta.

— Por não ser forte.- Ela riu.

— E quem disse que você não é forte? Ora Katniss, desabar não é sinônimo de fraqueza! Até o céu chora as vezes, e já viu o tamanho dele? Você é forte Katniss. Prim sempre soube disso. Não foi em vão.

— Ela quem deveria estar aqui, não eu.

— Mas não está. Você está. Aproveite. É o que ela diria. É o que ele diria. Não faça o que eles fizeram parecer em vão. Isso sim não seria justo.- Ela deu de ombros. Ficando em pé porque Finnick começou a chorar.- Peeta quem me pediu para vim aqui, ele ouviu seus soluços e não teve coragem de subir, achou que tinha sido o motivo deles.

— Não foi.

— Eu sei. Ele está lá embaixo, tem um almoço maravilhoso preparado para você.- Ela disse, se aproximando e me dando um beijo na testa.- Vai ficar tudo bem, Katniss. No final, tudo fica bem. Porque a vida é boa.

(...)


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