Lucas olhava seriamente para a mãe. Os olhos claros dela miravam os dois com tanta raiva.

—Você tava ouvindo atrás da porta?— Lucas perguntou.

—É verdade que você está namorando essa garota, João Lucas? Com tanta moça do seu nível por aí...

—Eu e a Du estamos namorando sim, mãe.

Eduarda que estava com o coração acelerado, sentiu um arrepio quando os olhos de Maria Marta a encararam.

—Quem diria que você iria conseguir seduzir o meu filho, mas também vive correndo atrás dele - o tom de voz dela era de raiva.

—Para com isso— Lucas levantou da cama.

—Mas meu filho...

—Mas nada. Você não tem o direito de falar assim com a Du. Não tem o direito de se meter assim na nossa vida.— a raiva podia ser sentida pelo tom de sua voz.

—Claro que eu tenho direito! Principalmente quando vejo que os meus filhos estão tomando o caminho errado e você baixe esse tom de voz comigo seu moleque!— o tom avermelhado já havia tomado por completo o rosto da matriarca.

Eduarda olhava nervosa para Maria Marta. Sabia o poder que ela tinha, o poder de conseguir tudo o que queria. A menina dos cabelos vermelhos temia por ela mesma, por Lucas, pelo futuro dos dois.

—Você não respeita ninguém né? A toda poderosa Maria Marta manda e desmanda na vida de todo mundo, mas comigo não vai ser assim não!

As vozes dos dois já podiam ser ouvidas nos outros cômodos da casa. Clara abriu a porta do quarto para ir em direção ao quarto do caçula quando encontrou Zé Pedro, a esposa, Silviano e Amanda no corredor.

—Gente, o que tá acontecendo?— Clara perguntou.

—O João Lucas aprontou de novo, só pode— Zé Pedro disse.

—Pelos gritos da tia Marta, a coisa foi feia viu!— Amanda disse - vamos lá gente, saber o que tá acontecendo.

As vozes alteradas continuavam no quarto do caçula dos Medeiros.

—Mas eu não podia esperar nada melhor com o tipinho de gente que você anda né?! Você pode até está fazendo isso para me afrontar— Marta continuava corada de raiva quando voltou sua atenção novamente para Eduarda.

—E você garota, não diz nada?

—Dona Marta, eu...— Du estava muito nervosa.

—Você não vai falar desse jeito com a Du, não vou deixar— Lucas disse.

Clara entrou no quarto acompanhada por todos que estavam ouvindo a conversa.

—O que tá acontecendo aqui mãe?— ela disse observando a expressão amedrontada de Eduarda.

—Seu irmão resolveu afrontar nossa família— Marta disse.

—O que o Lucas fez?— Clara perguntou.

—Ele e essa esquisita estão namorando, acredita? namorando!— Marta estava vermelha.

—Sério, Lucas?— Clara disse olhando curiosa para o irmão.

—Esses dois?— Zé Pedro disse incrédulo.

—É sério Clara— Lucas segurou na mão de Du e percebeu que estava gelada, a menina ficou em pé ao seu lado - Eu e a Du estamos juntos. Ela é minha namorada e quero que todo mundo respeite isso.

—Lucas, meu filho, você só pode estar de brincadeira né?!— Marta continuava indignada.

—Não tô de brincadeira dona Marta e tem mais uma coisa— o garoto respirou fundo, estava disposto a contar tudo de uma vez. Segurou firme a mão de Eduarda para ganhar mais coragem.

Du, que já estava muito nervosa com toda aquela situação, quando percebeu a intenção de Lucas em contar toda a verdade pensou que não ia mais aguentar, tamanho o choque de emoções que estava sentindo. Já esperava a pior reação possível de Marta.

—O que tem mais Lucas? não é possível que possa piorar— ela levou as mãos à cabeça, massageando as têmporas.

Zé Alfredo tinha chegado em casa e encontrado Claraíde na escada escutando a confusão. Ela lhe contou que tinha acontecido alguma coisa no quarto de João Lucas e o Comendador se dirigiu para lá.

—Mãe, calma, a senhora não pode ficar tão nervosa assim— Zé Pedro disse.

—Que fusuê é esse?— o Comendador disse ao entrar no quarto.

—Zé, vê se põe um pouco de juízo na cabeça desse moleque, acredita que ele está namorando essa esquisita?— Marta disse.

—Essa confusão toda é por causa disso? Marta, faça-me o favor né?!— Zé Alfredo perguntou observando a esposa.

—Zé, será que você não percebeu que ele tá fazendo isso para nos afrontar?

—Gente, vamos parar de nos meter na vida do Lucas né?! ele já é grandinho demais— Clara disse.

—Pai, foi bom o senhor tá aqui, tenho uma coisa pra contar e é bom tá todo mundo reunido— Lucas disse.

—Lucas, é melhor a gente conversar primeiro— Du disse temendo a reação de Marta.

—Du, é melhor a gente contar tudo de uma vez - Lucas disse segurando forte a mão dela.

—Contar o que?— Marta perguntou seriamente.

Lucas respirou fundo, não estava sendo fácil.

—Eu e a Du— Eduarda apertou sua mão - a gente vai ter um filho.

Um silêncio estranho pairou no ambiente. Todos observavam o jovem casal. Maria Marta arregalou os olhos.

—Não, isso não tá acontecendo— ela disse, sua cabeça já latejava - você tem certeza?

—Tenho— Lucas disse.

—Tem certeza que esse filho é seu?

Eduarda olhou indignada para Marta, não estava mais aguentando aquela conversa.

—Claro que tenho, esse filho é meu— Lucas respondeu seriamente.

—Mas...

—Não comece, Marta.— o Comendador se pronunciou.

—Zé, você ouviu esse absurdo? essa garota deu o golpe da barriga no seu filho e você não quer que eu fale nada?— Marta continuou.

—Chega de confusão Marta e saiam todo mundo daqui. Agora sou eu que vou conversar com esses dois.