Pity Party escrita por Anne B Farrell


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Quando fiz essa historia estava passando por um bloqueio muito grande e decidi escrevê-la mais para desenferrujar minha escrita, espero que achem aceitável o resultado.
Recomendo ouvirem a musica que me inspirou enquanto leem https://www.youtube.com/watch?v=6bAPlojfgO0

Obs: Decidi deixar os horários nesse formato, pois foi à forma que mais me agradou.



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“Convido-te para a festa de aniversário de Melanie, para comemorar mais um ano de alegria e felicidade então venha para um dia de diversão.

Local: Alameda da esperança, 333. Ás 15h00min do dia 10/12.”

De olhos fechados começo a imaginar como a minha festa será divertida, como iremos rir e conversar, como dançaremos e depois comeremos todos os doces que eu fiz. Não consigo manter meus olhos fechados, muito menos dormir, a ansiedade não me deixa e meus pensamentos ficam rodopiando em cenas perfeitas que quero viver. Eu sei que estou fantasiando, é apenas uma festa, mas em minha mente ela será como um ponto decisivo na minha vida de adolescente. Chego a imaginar-me fazendo amigos e talvez o Marcelo finalmente me notando.

Quando finalmente durmo eu sonho com isso, estou no meio de uma festa e todos os meus colegas estão nela e eles finalmente percebem como sou divertida e interessante. Ao acordar não quero levantar quero ficar presa ao meu sonho para sempre.

9: 30 da manhã.

Começo a escolher a minha roupa. Varias combinações diferentes, varias possibilidades e quase nenhuma me agrada. O vestido rosa me deixa infantil demais, o vestido branco me deixa gorda, o azul não fica bem em mim. Escolho por fim uma saia azul e um casaco amarelo parece decente, parece bom e eu me sinto linda, é um sentimento novo para mim e começo a me sentir mais confiante. O nervosismo desaparece.

10: 30 da manhã.

O bolo não está pronto. Os salgadinhos estão gordurosos demais. Minha mãe ainda foi buscar as lembrancinhas e acho que os biscoitos não vão dar. Estou tendo um ataque de nervos e precisei usar um saquinho para hiperventilar. Parece que quando mais você planeja mais as coisas dão errado.

11: 30 da manhã.

A comida está pronta e maravilhosa. Há salgados, doces, biscoitos e um lindo bolo de dois andares rosa e enfeitado com detalhes branco. Posso até ouvir os comentários sobre como a comida está deliciosa, eles fazem minha orelha coçar.

13: 00 da tarde.

Não almocei falei que queria deixar espaço para a comida da festa, fiz bem é claro. Começo a encher as bexigas, a perdurar a corda da faixa com os dizeres “Feliz aniversário, Melanie”. Toda a casa está decorada no rosa e no branco. Há uma mesa para os chapeuzinhos e junto esta as lembrancinhas. Tudo está pronto e só faltam duas horas para eles chegarem.

14: 00 da tarde.

Tento pelo menos três penteados diferentes antes de deixar o meu cabelo em uma trança lateral, lavo meu rosto duas vezes antes de fazer uma maquiagem agradável. Mesmo assim não fico feliz quando me olho no espelho, eu giro de um lado para outro e sinto vontade de chorar. Mas não há outras opções, esse é o melhor estado em que posso ficar.

14: 30 da tarde.

Olho ao meu redor e vejo como tudo isso é infantil. Parece uma festa de criança e eu não sou criança, nem meus colegas. Eles vão me achar ridícula se virem isso e a sensação de que não consigo respirar volta. Com uma faca começo a estourar freneticamente as bexigas e meu cachorro começa a latir do lado de fora, aqueles chapeuzinhos imbecis rasco e jogo fora, arranco o cartaz da parede e o coloco na lixeira do lado de fora, antes olho ao redor, mas não vejo ninguém, o que é bom e ruim.

15: 00 da tarde.

Chegar na hora é muito fora de moda, eu sei. Por isso nem sequer me preocupo apenas sento no sofá e coloco a musica para tocar, assim até os vizinhos saberão que há uma festa aqui. Sentada mantenho um sorriso no rosto, é quase sinistro, mas me ajuda a manter escondido o fato de que estou me contorcendo por dentro.

15: 20 da tarde.

15: 27 da tarde.

15: 35 da tarde.

15: 38 da tarde.

15: 42 da tarde.

Qual o problema desse relógio fazendo tic-tac? Parece que gosta de me perturbar, aposto que se tivesse um rosto estaria rindo de mim, consigo até vislumbrar um sorriso debochado ali. Ele não sabe que pessoas descoladas costumam se atrasar até uma hora? E meus colegas são muito descolados. Eles vão vir.

15: 50 da tarde.

Continuo a sorrir, mesmo quando minha mãe passa por mim com um olhar de pena, ela me pergunta se quer que ela fique aqui ou se pode ir trabalhar, digo a ela que pode ir, meus amigos logo chegarão, garanto aumentando ainda mais o sorriso.

16: 30 da tarde.

Sinto vontade de chorar, mas não o faço sei que eles virão e quando vierem não quero que me vejam com a maquiagem borrada. Em vez disso saio e sento-me na escada da entrada. Estou a todo o momento olhando de um lado para outro da rua, consigo até imaginar eles chegando do horizonte sorrindo para mim, ai eu levantarei e acenarei para eles, eles pedirão desculpas pelo atraso e falarão do transito e eu direi “Tudo bem”, ai a festa começará.

Algumas pessoas surgem na rua, mas não é ninguém que conheço, alguns carros passam, mas nenhum para. E eu continuo a olhar de um lado a outro.

17: 37 da tarde.

Não aguento mais manter um sorriso desconfortável no rosto e começo a chorar, as lágrimas vem e vem e não param mais. Olho-me no espelho, meu rímel desceu pelas minhas bochechas e meus lábios estão borrados de vermelho, pareço um palhaço triste. É assim que eu me sinto agora, uma palhaça.

18: 00 da tarde.

Está frio e meu casaco não é impenetrável, finalmente decido entrar. Minha casa fica ainda mais melancólica decorada para uma festa cujos convidados não apareceram, eu me sinto assombrada pelos fantasmas dos ausentes, estou em uma casa mal assombrada.

18: 40 da tarde.

A musica está alta e eu rodopio, rodopio e nunca as lagrimas param. Veja que divertido eu posso festejar sozinha, não preciso de vivos para me divertir.

19: 00 da noite.

Hora de assoprar as velinhas. Pego o meu maravilhoso bolo e o coloco sobre a mesa fincando as velinhas com o numero 12, com a ajuda de um isqueiro eu as acendo. O efeito da luz naquela escuridão é lindo e eu começo a cantar parabéns com os meus amigos imaginários. Muitas palmas, muitas vivas para a menina estúpida sem amigos.

Parabéns para ela, parabéns para mim.

E eu assopro com apenas um pedido.

19: 03 da noite.

O meu bolo está uma delicia e fica ainda mais saboroso com o salgado gosto das minhas lágrimas. Bem que bom que ninguém veio. Mais comida para mim!Epa!

19: 10 da noite.

Rio muito enquanto jogo o meu estúpido bolo no chão, rio mais ainda quando jogo os salgados e doces no chão. Continuo a rir enquanto destruo as lembrancinhas com os meus pés. Que se dane que eu me cortei, ninguém se importa mesmo. Tudo isso a um som de pop rock, afinal essa é uma festa muito animada.

19: 20 da noite.

Quando não tem mais nada para destruir começo a acabar comigo mesma, rasgo a minha feia saia em varias partes, desfaço a minha trança e arranho os meus braços e grito tão alto quando posso.

19: 25 da noite.

Minha vontade de destruir tudo passa e eu caio de joelhos no chão, choro como um bebê que foi abandonado.

19: 40 da noite.

Dou mais uma olhada no modelo do convite que eu havia escolhido com tanto cuidado, não havia nada de errado com ele, nenhum erro de digitação, nenhuma informação errada. O problema está na aniversariante que não é nada popular. Eu o rasgo.

19: 43 da noite.

Desligo a musica e deixo o silêncio da minha solidão tomar conta. Os fantasmas rondam-me enquanto eu subo na mesa e amarro os meus lençóis. Eles se divertem muito quando eu salto da mesa quebrando o meu pescoço. Com certeza essa será uma festa memorável. A melhor festa de todas.


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Notas finais do capítulo

Eu amo saber o que os outros acharam da minha historia, então usem a caixinha ai embaixo para deixar um comentário e uma autora muito feliz.



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