Acordei bem tarde, já era mais de meio dia, ainda bem que hoje era domingo pensei. Tinha um cheiro de comida gostoso no ar e escutei risadas vindas da cozinha. Hoje iria conhecer a tal de Serena, namorada do meu pai. Abri a gaveta do meu criado mudo e peguei uma aspirina. Tomei sem água mesmo. Levantei-me, e fui direto para o banheiro tomar um banho.

Coloquei um vestido leve azul claro e fui em direção à cozinha. Meu pai e a namorada estavam na pia picando legumes. Tinha que admitir, ela era linda, tinha cabelos loiros enormes que desciam como uma cascata pelas costas, olhos verdes e uma aparência bem jovem.

– Finalmente Ana. Achei que estava morta naquele quarto! Vem conhecer a Serena. - Disse meu pai contente. Aproximei-me dos dois e estendi minha mão para ela.

– Olá, eu sou a Ana. – disse estendendo minha mão.

– Oi Ana, meu nome é Serena. Estou muito feliz por finalmente conhece-la. – Disse com um sorriso deslumbrante, enquanto apertava minha mão de volta.

– O prazer é todo meu. - respondi.

– Estamos quase terminando de fazer o almoço. – Meu pai disse voltando a se concentrar nas panelas. Sentei na bancada e nos três ficamos conversando animadamente.

Gostei da Serena, era a primeira madrasta de que eu havia simpatizado. Ficamos quase a tarde toda juntas, depois meu pai me convidou para ir com eles jantar fora, mas recusei, queria ficar um pouco sozinha com meus pensamentos.

Fui para meu quarto e deitei na cama, abri meu facebook e havia varias solicitações de amizades dos meus novos amigos da festa. Fiquei sorrindo que nem boba. Aproveitei para checar meus e-mails e vi que tinha um da Bárbara, estava decidida a não ler, mas a curiosidade me venceu. Abri o e-mail:

Ana, eu sinto muito pelo que você viu. Sei que todos devem estar enchendo sua cabeça para que fique com raiva de mim. Mas eu não fiz por mal! Você é minha melhor amiga. Simplesmente aconteceu. Gabriel se aproximou de mim e foi tentando me conquistar aos poucos. No começo fugi dele para não te magoar, mas acabei me apaixonando. Não consigo ficar longe dele, mas também não consigo ficar longe de você! Como podemos resolver isso? Por favor, me responda.

Li várias vezes este e-mail, mesmo que tivesse acontecido naturalmente e que ela não tivesse culpa, se fosse ao contrario, mesmo apaixonada, eu não faria nada disso com ela. Respondi o seguinte para ela:

Bárbara, eu entendo sua situação, mas antes de qualquer garoto vinha a nossa amizade. Você se apaixonar pelo Gabriel pode ate ser sem maldade. Mas custava ter falado comigo antes? Eu precisava me preparar, e não dar de cara com vocês dois juntos a escondida! Sinto muito, mas preciso de um tempo para te perdoar verdadeiramente. Estou muito magoada e não consigo nem te olhar. Não me procure, quando eu estiver pronta irei te procurar. Seja feliz!

Cliquei em enviar e a bloqueei. Confesso que me senti um pouco melhor sabendo que ela não fez de proposito, mas me senti melhor ainda sendo aceita pela galera do colégio. Preparei minhas coisas e fiquei esperando minha mãe. Assim que ela tocou o interfone, desci correndo e entrei em seu carro.

– Oi Aninha, como foi o final de semana? – perguntou mais animada que o normal.

– Foi bom e o seu? – Perguntei curiosa para saber o que a deixou animada desse jeito.

– Ótimo, eu fui encontrar um cara que conheci pela internet, e ele era incrível! – Disse quase saltitando no banco.

– Uau, que milagre foi esse? É a primeira vez desde o divorcio acho. – disse feliz por ela.

Durante todo caminho, ela me deu detalhes do seu encontro e fiquei muito feliz por ela. O nome dele era John e ele era advogado como ela, ambos tinham muitos assuntos em comum. Já tinham até marcado um próximo encontro.

Quando chegamos a casa, fui direto tomar um banho. Dei boa noite para minha mãe que estava ao telefone provavelmente com o namorado e fui me deitar. Em meio ao sono senti meu celular vibrar, uma mensagem de Gabriel, fiquei animada de inicio, mas logo lembrei que ele agora estava com Bárbara. Decidi apaga-la sem ler, seja lá o que ele tinha para me dizer, não tinha a menor vontade de saber!