- Fred, você não está vendo o meu lado. – Tentei argumentar. Não conseguia tirar a sensação de ter um pé atrás em relação àquilo.

              - Vejo sim. – Ele sorriu. – Mas morrer nem é tão ruim assim, Hermione, tem coisas piores. – Fred brincou, irônico.

              Olhei para o chão, incapaz de rir. Ainda não conseguia pensar que estávamos em guerra, e que mortes realmente iriam acontecer.

              - Eu não quero ver você morrer. – Olhei para ele, finalmente encontrando alguma determinação. – Farei tudo que conseguir para você ficar longe de tudo isso.

              - Tarde demais.

              Antes que eu pudesse piscar, seus braços envolveram minha cintura e colidi abruptamente contra seu tórax, e sem pensar, minha mão estava em seu peito, passando para seu pescoço enquanto seus lábios tomavam conta dos meus. Meus lábios se separaram, correspondendo aos dele, e parecia que cada vez mais, nos puxávamos mais para perto. Suas mão agarraram minhas coxas, erguendo-me, e senti o último fio de resistência desprender-se de mim.

              [N/A: É rapidinho, juro! Não podia deixar de botar esse gif: https://66.media.tumblr.com/e4a1328446751b8a30c6fcb7836e4d20/tumblr_oe86cwzxeu1vqy2kso1_500.gif ]

              Senti meu corpo recair sobre a bancada de seu quarto, e Fred tirava apressadamente os papéis que estavam ali. Minhas mãos seguravam seu pescoço em ambos os lados. Seus lábios eram macios contra os meus, suas mãos eram quentes contra minhas costas. Cada toque mandava calafrios em minha espinha. Arrisquei beijar seu pescoço, e quando Fred estremeceu, recuei.

              - Merlin Hermione... Você está ficando boa nisso. – Fred murmurou, rindo.

              Quando nos aproximamos novamente, ouvimos tensão no andar de baixo. Estava prestes a me desapontar, quando ouvi o nome de Harry e só consegui focar no nome do meu amigo.

              - Harry jamais faria isso sem motivo! Um patrono, veja isso, Arthur! O garoto está em perigo!

              - Potter foi inconsequente. Assustar o primo com um feitiço é burrice. – Era a voz de Moody.

              Me levantei de supetão, disparando para a porta, seguida por Fred. Quando abrimos a porta, Gina e George pularam de susto, segurando uma Orelha Extensível nas mãos.

              - Gina, quando você quiser assistir, é só pedir, sabia? – Fred falou, sorrindo orgulhosamente enquanto eu entrei em uma cor que um tomate invejaria. – E George, sei que sua vida amorosa está bem precária, você também pode vir com Gina.

              - Que ótimo, obrigada pela permissão! Podemos filmar também? – George ironizou, sorridente. – Mione, você tá bem? Aprendeu a se transfigurar em um pimentão?

              - N-Não, e-e-eu vou... – Gaguejei, antes de sair correndo para o andar de baixo. Não podia perder tempo com meu constrangimento se Harry estava em perigo. Logo que cheguei, dei de cara com Alastor Moody, Nynphadora Tonks, Kingsley Shacklebolt, professor Lupin, lphias Doge, Dedalus Diggle, Emmeline Vance, Sturgis Podmore e Hestia Jones. Era realmente muita gente, o que só podia significar que a encrenca em que Harry se metera era tão grande quanto o grupo de pessoas à minha frente.

              - O que aconteceu? – Perguntei, esbaforida. – Harry está em perigo?

              - Não, querida. Está tudo sob controle. É apenas um problema com um feitiço, mas estamos indo buscá-lo. Agora, volte para seu quarto. – Molly tentou me tranquilizar, exasperada.

              - Eu quero ir junto. Posso ajudar.

              - Hermione, querida, por favor. Não podemos arriscar colocá-la em perigo. É uma missão simples, não precisamos que você se machuque indo junto. Logo Harry estará conosco. Por que você não chama os outros e preparamos algo para ele comer ao chegar? – Olhei ao redor. Sabia que era uma batalha perdida quando vi os olhares de determinação em todos os presentes. Lupin piscou para mim, assegurando-me que tudo ficaria bem. Assenti e voltei para cima, relutante.

              - Chame Sirius, Hermione. Ele irá querer ver Harry. – Moody resmungou. – Quem sabe isso melhore o estado de espírito dele.

              Sirius não era o tipo de pessoa mais caseira do mundo. Sabia que ele se sentia inútil a não ser pelo fato de ceder sua casa, e ainda que todos se compadecessem da situação do padrinho de Harry, não podíamos perdê-lo. Sempre que Sirius nos contava histórias sobre ele, James, Lupin e Peter, era notável a dor da perda e da saudade em seu olhar. Os gêmeos adoravam ouvir as coisas que os quatro aprontavam juntos, e Sirius se empolgava muito quando conversavam, o que acho que fazia bem para ele.

              Enquanto subia as escadas, vi uma orelha pendurada na escada, o que significava que Gina, Fred, George e Ron provavelmente estiveram ouvindo a reunião da Ordem e já sabiam o plano deles, e subi correndo para que me contassem qualquer detalhe a mais que tivessem conseguido.

              - Não sei nem porquê tentamos participar dessa porcaria. Nunca nos deixam fazer nada. – Gina resmungou, mal-humorada, acabando de verbalizar o que todos nós sentíamos.

              - Pelo menos Harry está chegando, irmãzinha... – George segurou os ombros dela, sorrindo maliciosamente.

              - Como você pretende recebê-lo? – Fred se juntou a George, um de cada lado da irmã.

              - Merlin, vocês não cansam de fazer a mesma piada com Gina toda santa vez que Harry vem visitar? – Grunhi, levando Gina para longe dali.

              - Obrigada, Mione. – Minha amiga murmurou enquanto íamos para uma das salas da enorme casa e nos largávamos em um sofá empoeirado. O impacto levantou uma nuvem de pó, fazendo com que nós duas espirrássemos e tossíssemos vigorosamente.

              - Mione, você e Fred não vão tornar a coisa de vocês pública logo? – A ruiva perguntou, quando nos recompomos.

              - Não sei se há algo para tornar público.

              - E aquilo no quarto dos gêmeos foi um jogo de golfe no qual Fred achou você muito boa? – Gina riu, e empurrei seu ombro.

              - Gina, se você contar o que você ouviu para alguém... – Murmurei, nervosa. Aquilo era tão atípico para mim, seria horrível se mais pessoas soubessem que ando por aí me agarrando com o irmão mais velho do meu melhor amigo. Malfoy nunca me deixaria em paz.

              - Tarde demais, já contei para mamãe.

              - O quê? – Meu sangue gelou, e fiquei boquiaberta.

              - Merlin, Hermione, eu achava que sair com o Fred te daria um senso de brincadeira... Voltando ao assunto, - Gina prosseguiu antes que eu conseguisse repreendê-la por quase me matar de susto – não tem nada demais em namorar alguém. Fred não é tão mulherengo quanto você pensa, sabe.

              - Não é por isso. – Murmurei, pensando comigo mesma que a experiência toda de Fred era uma boa coisa, já que eu era tão experiente quanto uma batata. – Tenho medo de colocá-lo em perigo.

              - Pode até ter, mas acho que esse não é o motivo. – Gina me sobressaltou com essa frase. – Hermione, eu, você, Fred e o mundo sabemos que todos estamos em perigo desde que conhecemos Harry, e todos aceitamos o risco. Você não tem só medo de colocar meu irmão em perigo, tem medo de colocar as cartas na mesa com o resto do mundo. Tem medo do que os outros vão pensar, não é?

              Tudo fez sentido. Gina clareou meus sentimentos melhor do que eu mesma pude.

              - Não tenho vergonha de Fred, se é o que você está pensando. – Gina revirou os olhos como se fosse a afirmação mais óbvia do mundo. – Acho que minha “reputação” contradiz minhas ações, e não sei o que vão pensar de mim. Como os professores vão me olhar sabendo que saio agarrando Fred por aí?

              Gina quase rolou de tanto rir. Encarei-a, séria, até que parasse. Não vi graça nenhuma no que tinha acabado de dizer, e não sei onde ela achou.

              - Hermione, você não acha que os professores nasceram velhotes sábios, né? Eles também já viveram isso, Merlin. Fora que você e Fred namoram porque se gostam, não para agradar os outros. Na pior das hipóteses, Ron vai ficar enciumado, mas ele supera. Ficar se esgueirando pelos cantos com Fred não vai durar para sempre.

              - Gina, quando você ficou tão esperta? – Lembrei da garotinha envergonhada que um dia fora minha amiga e mal podia acreditar na transformação arrebatadora que a atingira como um trem.

              - Sempre fui, Mione. – Ela riu, convencida. – Agora acho que você tem que falar com...

              Fomos interrompidas pela chegada de Harry. Saí correndo da sala, pronta para rever meu amigo. Quando meus olhos cruzaram com os cabelos pretos desengonçados em um quarto com Ron, mal consegui verbalizar alguma coisa, apenas dei nele abraço mais apertado que consegui.

              Mas Harry estava bravo, muito bravo.

              Gritou sobre como ele foi deixado no escuro durante o verão todo, tendo que aguentar a vida com os Dursley sem ao menos uma carta para amenizar sua situação. Ele viu, com certa satisfação machucada, que nossas mãos estavam com marcas dos bicos de Edwiges, que nos punia sempre que Harry mandava uma carta e não enviávamos resposta.

              Sentamos e conversamos com Harry. Sobre a Ordem, sobre como Dumbledore nos proibira severamente de mandar qualquer carta para Harry, sobre como Percy traíra sua família para apoiar Fudge, aquele calhorda corrupto. O mais difícil que tive que contar foi sobre a maneira que o Profeta Diário estivera pintando a imagem de Harry como um egoísta mentiroso, negando-se a acreditar que Voldemort estava realmente de volta.

              Quando terminamos, levamos Harry para jantar, onde Sirius o recebeu com satisfação imensurável.

.................................................................

              Enquanto Sirius conversava com Harry pela casa, aproveitei para subir as escadas e talvez, se encontrasse com Fred, tentaria arrumar coragem para fazer o que temi desde que soube que nos gostávamos.

              Quando reconheci as costas altas dele, puxei-o para um cômodo vazio antes que ele entrasse em seu quarto. Infelizmente, Fred se assustava tão facilmente quanto eu, e ele só teve tempo de começar seu berro de susto antes que eu tampasse sua boca com minha mão.

              - Merlin, Fred, você se assusta muito fácil.

              - Claro, essa casa parece um covil do mal! – Ele disse, exasperado. – Mas obviamente nunca negaria a você o prazer de me puxar para cantos escuros.

              - Ouça, Fred. Acho que se não falar o que preciso agora, vou perder a coragem e acabar desistindo, então fique quieto e me escute. – Tomei fôlego, e Fred assentiu, com as sobrancelhas franzidas e um olhar inquisitivo. – Acho que todos estamos em perigo, eu, Harry e Ron principalmente. Mas pensei no que você e Gina falaram, e namorar você não vai ser um perigo maior do que o que você já enfrente por ser irmão de Ron. E... Se eu morrer, seria um prazer morrer sabendo que fiz de tudo para sermos felizes, todos nós. E morreria feliz para salvar você, Harry, Ron ou qualquer pessoa que precisasse. Percebi que... Não me importo com o que os outros pensarão... Se você também não se importar, claro.

               Fred me encarou por um tempo, sem saber o que dizer.

              - E eu achando que isso seria só mais uma sessão de beijos... Foi bem melhor. – Fred suspirou, sorridente. – Já estava mais do que na hora de assumir, tenho que inibir o surgimento de mais caras como o Krum.

              - Você sabe muito bem que Krum não é nada mais que meu... – Fui interrompida por Fred segurando minhas bochechas e me puxando para sua boca. Foi uma coisa delicada, como se ele tivesse medo que eu desaparecesse por entre seus dedos ou fosse quebrar como o vidro. Sentia o sangue pulsar em suas costas, e gostava de como eu conseguia fazê-lo se arrepiar tanto quanto ele conseguia em mim. Gostava de como ele suspirava e me puxava mais para perto quando corria meus dedos por seu cabelo bagunçado e macio.

              Principalmente, gostava de como nos completávamos.

              - Merlin! Hermione? – Era a voz assustada de Ron. Fred se virou para ele, toranando seu rosto visível. – Fred? O que... O que diabos é isso?

              - Ron... Temos que conversar. – Tentei. Fred tentava analisar o rosto de Ron em busca de algum sinal do que ele estava pensando.

              - É, tenho certeza que vocês dois já conversaram bastante entre vocês.

              - É verdade. – Fred sorriu. – Roniquito, não é nada demais. Você não disse que estava lambendo o chão em que Lilá Brown pisa?

              - É mas... Minha melhor amiga e meu irmão mais velho... É um pouco estranho. – Ron disse, ainda constrangido por ter nos visto. Eu, por outro lado, dei graças a Merlin que ele chegou em um dos beijos mais inocentes do mundo, já que ele poderia ter visto bem pior. Ainda assim, era um pouco estranho.

              - Ron, estaria tudo bem para você se eu e Fred estivermos juntos? – Perguntei, calmamente. – Podemos te dar um tempo se é disso que você precisa. – Fred franziu as sobrancelhas, contrariado. Prossegui mesmo assim. – Sei que não somos o par mais óbvio do mundo, mas eu realmente gosto dele, Ron.

              - Tudo bem... Pelo menos Fred é melhor que aquele idiota do Krum. – Ron resmungou enquanto ia para seu quarto.

              - Merlin, essa foi fácil... – Fred suspirou. – Onde é que estávamos mesmo?