Eu juro que eu não sabia o que falar. Mentia pra ele? Falava a verdade? Ele continuava me olhando sem falar nada apenas esperando uma resposta que eu não sabia dar.

– León, eu não queria falar sobre isso.

– Me desculpa Vilu. É que, por mais que não falamos muito, eu me preocupo. Nunca te vejo nas festas, nem nos passeios que a gente faz... Você é sempre tão afastada e eu nunca entendi isso.

– É, eu sei.

– Bom, eu preciso ir Vilu. Senão vou me atrasar, tenho um compromisso.

– Tá, tudo bem.

Descemos as escadas, nos despedimos e depois que ele foi embora Angie veio falar comigo.

– Vilu você tá bem?

– Tô, por quê?

– Você parece meio triste.

– Eu não tô triste.

– Não quer falar o que você tem?

– Não.

– Vilu...

– Olha Angie se for pra você ficar falando que o León é o homem da minha vida, sendo que nós conversamos um pouco por dois dias e então ficar me perturbando com essa ideia maluca que você teve é melhor nem conversar comigo, obrigada.

– Essa nunca foi minha intenção Vilu. – Ela disse triste e meio decepcionada. Respirei fundo e a abracei. Eu não queria que ela ficasse daquele jeito.

– Desculpa Angie, não queria te deixar triste.

– Acho que não sou a única que está assim.

– É que você acha que a vida é um mar de rosas, um conto de fadas e, especialmente você, deveria saber que não é nada disso! E isso me irrita um pouco.

– Não é isso Vilu. Só estou tentando seguir em frente.

– Eu também estou!

– Mas está do pior jeito. Por que não tentar colocar um sorriso nesse rosto e levantar a cabeça do que seguir em frente quase que se arrastando, deixando as coisas acontecerem e você nem perceber.

– Eu queria tanto que as coisas fossem diferentes.

– Eu também. Mas faça o que eu te disse e você vai ver como as coisas vão mudar.

– Eu espero.

– E não vou mais te encher o saco por causa do León, eu prometo. – Ela disse rindo e separando o abraço.

– Tá bom. – Eu disse rindo também.

...

No dia seguinte, na escola, tudo parecia ocorrer bem até que Francesca, uma menina que senta atrás de mim me chamou no meio da aula de filosofia.

– Violetta, posso falar com você? – Ela perguntou baixinho.

– Pode. – Eu disse me virando pra ela.

– Então, é que eu e mais uma galera vai sair hoje a noite, vamos em um parque de diversões novo por aqui . O León sugeriu convidar você e a gente concordou porque você tem que se enturmar mais. E aí, topa?

Eu de verdade não conseguia acreditar. Claro que fiquei meio receosa mas lembrei do conselho da Angie, que ficaria muito feliz se eu aceitasse.

– Tá bom. – Eu disse.

– Então tá, vai todo mundo se encontrar na minha casa ás sete ok. Você sabe onde eu moro não sabe?

– Sei sim.

– Então tá combinado.

Pelo que eu via, Francesca sempre foi uma das garotas mais legais da classe, bonita e na maioria das vezes tinha notas boas, então se ela vai não deve ter nada de errado.

Chegando em casa, no almoço, contei pra Angie sobre o convite da Francesca.

– Angie, a Francesca me convidou pra ir no parque de diversões com mais alguns amigos hoje a noite.

– Sério Vilu! E você aceitou né?

– Aceitei.

– Ai Vilu que ótimo! Você vai ver como vai te fazer bem conhecer pessoas! – Ela disse, talvez mais feliz que eu.

A tarde toda eu fiquei desejando que o tempo passasse mais rápido para a hora finalmente chegar. Uma hora antes eu fui me arrumar e me aconteceu uma coisa que nunca havia acontecido. Não fazia ideia do que vestir.

– Angie, me ajuda aqui! – Eu gritei do quarto e logo ela chegou.

– O que foi Vilu?

– O que eu visto?

Ela começou a rir e parou na frente do guarda roupa, ao meu lado. Ela colocou um monte de roupas em cima da cama e então começou a me perguntar do que eu gostava e depois de meia hora eu estava pronta. Eu estava usando uma calça jeans, a que eu mais gostava e uma camiseta preta com um estampa de caveira dourada e cheia de detalhes, uma das minhas camisetas favoritas e por último o meu All Star preto, que sempre me acompanha. Passei apenas um lápis de olho e um batom clarinho e então Angie me levou até a casa da Francesca.

– Juízo e se divirta muito ok?

– Ok. – Eu disse saindo do carro.

Apertei a campainha e Francesca abriu a porta, ao me ver ela sorriu.

– Vilu! Você veio mesmo!

– Vocês achavam que eu não viria?

– Talvez, mas ainda bem que você veio.

Ao entrar na sala de estar vi um monte de gente. León, Camila, Naty, Maxi, Broduey e Ludmila.

– Gente a última que faltava chegou! – Francesca disse.

– E aí Vilu. Como é que você tá? – Camila perguntou sorrindo.

– Tô bem. – Eu disse sorrindo também, o sorriso de Camila era contagiante.

– Meu Deus! Vilu qual é a sensação de falar pela primeira vez?

– Ludmila, por favor. – Maxi repreendeu.

– Não liga não Violetta, ela fala isso, mas ela é legal. Só não sabe guardar o que pensa. – Broduey disse.

– A Ludmi é ótima! – Naty disse.

– Bom, já que chegou todo mundo vamos indo? – León disse.

– Bora! – Broduey disse.

Saímos da casa da Francesca e fomos caminhando, pelo que falaram era pertinho. Todos conversavam demais, já eu ficava meio quieta.

– Se solta Vilu, todos são muito legais, não precisa ficar com vergonha. – León disse se aproximando de mim.

– Eu sei, é que não conheço eles direito.

– Então já tá na hora de conhecer. – Ele disse piscando pra mim e me colocando no meio de todos.

– E então Vilu, você vai ter que ficar aqui no meio e conversar com todo mundo, você queira ou não. – Francesca disse.

– Tá bom. – Eu disse rindo.

– Tá, fala pra gente alguma coisa sobre você. – Camila falou.

– O que querem saber? – Perguntei.

– Você gosta de parques de diversões? – Naty perguntou.

– Nunca fui em um.

– Não?! Então bem-vinda ao parque de diversões. – León disse.

Olhei pra frente e vi muitas luzes, crianças, balões e sorrisos. Olhei pra León que também sorria pra mim e então foi quase impossível não sorrir.