Pequenos Dramas do Cotidiano Adolescente escrita por Manzke


Capítulo 7
VII – Fotos.


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é um tiro pra quem tá na friendzone :v



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Amélie – Terça Feira, dia 19

Amo as terças. Porque sempre que é terça feira, eu e o Andy pulamos a ultima aula e vamos até um armazém velho e abandonado perto do lado Callaghan, e ficamos por lá, nadando nos dias quentes, fazendo fogueiras, dançando, cantando, acampando ou só vamos por ir mesmo.

E quando fazia muito calor durante o verão, inventávamos qualquer desculpa e íamos dormir no armazém, levando todo tipo e coisa que se pode imaginar. Comida, almofadas, sacos de dormir, coolers cheios de refrigerantes (que foram trocados por garrafas baratas de cerveja depois do ensino médio), e quaisquer outras tralhas que achássemos interessantes.

Lembro que foi em uma noite como essa que percebi que estava apaixonada.

Naquela noite, tudo tinha parecido tão certo, tão encaixado, como se não houvesse nada no mundo capaz de me deixar triste, e nós dois estávamos ali, com um pouco de cerveja que não sei como o Andy arrumou, e parecia que havia um lugar mundo pra Amélie Santiago.

Eu me apaixonei pelo Andy devagar, aos poucos, como tudo que comecei na minha vida. No começo, éramos só amigos, e eu não sentia nada por ele. Claro que isso era no primeiro ano. Mas conforme o tempo passava, eu via que era sempre ele ali, sempre ele que estava comigo em tudo. E quando eu vi, o Andy era a minha pessoa favorita entre as pessoas daquela escola.

Não queria me apaixonar. Ainda não quero estar apaixonada por ele, mas amor não é nenhuma escolha, conforme provavelmente você sabe. Ninguém escolhe se apaixonar. Acredito que é possível escolher se vai sofrer ou não por qualquer coisa, mas não se gosta ou não disso.

Mas nunca importou se eu tinha me apaixonado por ele ali ou não, porque continuava sendo um dos melhores lugares do mundo pra mim, e nós continuávamos indo lá, e ninguém podia tomar isso de mim.

E independente de Debbie, nós continuamos fazendo isso, todas as terças.

E lá estávamos nós, juntos, ele deitado em um conjunto de almofadas velhas e surradas que levamos pra lá a um milhão de anos e eu tirando fotos na minha Polaroide, deixando os filmes caírem e se revelarem aos meus pés.

– Você viu oque todo mundo do anda falando? – Ele perguntou.

– O baile? – Respondi fazendo careta pra uma foto que esperei sair boa. – Sim, ouvi boatos.

Comecei a ouvir um barulho de “tum-tum-tum-tum” e esperei que não fosse o teto caindo, mas não me virei para verificar.

– Não, não é só o baile. Vai ter uma festa na mansão McBarry. Sabe o Jean McBarry?

Todo mundo sabia do Jean McBarry.

– Sério? Achei que ele tinha pais superprotetores que sempre estavam em casa, por isso nunca ninguém dava festas na mansão deles.

Me virei pro Andy, descobrindo que o som vinha da bolinha de borracha que ele jogava no teto e voltava pra mão dele. Bati uma foto da cena.

– É, mas eles foram pra um cruzeiro. Vai ser na sexta antes do baile.

– Ok, mas oque isso tem a ver comigo e com você?

Ele deu de ombros, pegando umas fotos que um pé de vento arrastou até ele.

– Podíamos ir, oque você acha? – Ele disse passando as fotos que eu tirei da paisagem.

– E Debbie? Ela vai também?

Ele soltou um suspiro, guardando uma das fotos em que eu aparecia fazendo careta no bolso do jeans.

– Não. Não estou falando com ela.

– Há quanto tempo? Umas três horas? Esse não é o recorde de vocês?

Ele parecia estar paciente, apesar de eu sinceramente não dar motivos nenhum pra isso. Quando me olhou nos olhos, me arrepiei.

– Não, eu resolvi seguir oque você me disse Mélie. Nós não estamos mais namorando, te juro.

– Sério?

Meu coração estava palpitando.

– É, é sério. – Ele levantou uma sobrancelha pra mim. – Tá tudo bem?

Eu estava TÃO feliz que mal conseguia respirar.

– Tá, tá tudo muito bem! – Eu fui até ele e bati uma foto nossa, ele deitado nas almofadas e eu sorrindo.

– E então, vamos na festa?

– Não sei. Quer dizer, vai ter um monte de gente que eu não conheço e tudo o mais. – Eu disse girando a bolinha de um lado a outro.

– E gente que você conhece. A Alex, o James, a Marjorie. Vamos, por favor.

Depois de ele ter dito que tinha terminado com a Debbie, eu ia até a Polônia com a Alex o James e a Marjorie.

– Ok, ok, eu vou. Mas prometa que não vai se afastar de mim, odeio ficar sozinha, e sabe muito bem disso.

– Tá bom, Vossa Majestade, não lhe deixarei sozinha a menos que me peça. – Ele disse revirando os olhos.

– Não revire os olhos pra mim, Andrew Springs. – Eu disse irritada.

Ele riu de mim.

– Uhhh, que medo dela.

Eu fiz a melhor cara de indignada que consegui e me levantei, indo em direção à porta do armazém.

– Adeus, Andrew.

Sai do armazém pro dia quente lá fora e bati a porta. Logo ouvi o Andy saindo do armazém e correndo até mim. Olhei pra trás e ele vinha correndo o máximo que podia e estava quase me alcançando. Comecei a correr o mais rápido que eu pude oque não é muito.

– Volta aqui Amélie Santiago!

– Nunca! – Eu gritei de volta pra ele.

Ele me alcançou e me pegou pela cintura, me levantando do chão. Tentei lutar, mas sou muito mais magra e fraca que o Andy, então deixei ele me arrastar de volta ao armazém.

O toque do Andy em mim me deixava vermelha e confusa. O perfume dele enchia minhas narinas e me fazia ficar tonta, de um jeito muito bom.

Se o tempo congelasse ali, não iria reclamar de forma nenhuma.

Andy me soltou no soltou no chão do armazém e me encarou com uma sobrancelha erguida.

– Se eu te soltar, vai sair correndo de novo? – Perguntou ele.

– Eu não vou, estou cansada demais pra isso.

Ele então me soltou e me arrastei até as almofadas.

– Podíamos dormir aqui depois da festa, oque acha? – Eu sugeri esperançosa. Talvez até demais.

– Podemos. Mas oque vai dizer pra suas mães? Ninguém sabe do armazém, você sabe.

Eu não tinha pensado nisso. O armazém era um segredo muito bem guardado.

– Bem, posso dizer a elas que vou passar a noite na sua casa. Elas não vão ligar pra conferir, as conheço. É só eu dizer que de manhã você me traz pra casa que ninguém vai estranhar.

Ele me olhou e riu. Era um plano com várias chances de falha, mas ia dar certo.

– Você pode ser uma peste quando quer, sabia? E alias esse plano ia dar muito mais certo se você tivesse um carro.

Fazia mais ou menos dois meses que eu pedia um carro a minhas mães e ainda não tinha obtido resultados.

– Não sou peste, sou prática. E eu sei disso, mas não é pra mim que você precisa reclamar. Vai me ajudar ou não vai?

– Claro que vou né Mélie, eu sempre ajudo, até quando eu não quero


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Notas finais do capítulo

Beijo Beijo



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