Pequenos Dramas do Cotidiano Adolescente escrita por Manzke


Capítulo 1
I – Apenas amigos.


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste ♥



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Amélie. - Sexta-feira, dia 15

Eu sempre tive a ideia, de que se você puder esconder alguma coisa, um sentimento, um segredo, sei lá, um dia você não vai precisar mais esconder nada, porque não vai haver oque esconder.

Transformar as suas mentiras em verdades. Viver elas até que você mesmo creia nelas.

Isso provavelmente é o conceito mais errado já elaborado por alguma pessoa na historia. Você pode esconder um sentimento por muito tempo, pra enganar pouca gente. Ou por pouco tempo, pra enganar muita gente. Se orquestrar direito, pode guardar um sentimento de muita gente e por muito tempo.

Mas nunca vai poder apagar ele. Não de dentro de você.

Sentimentos, em especial se você ainda é novo demais pra sequer entender a imensidão de todo o mundo, são coisas complicadas. Eles implicam nas decisões, nas escolhas, na atuação que fazemos todos os dias por alguma razão. As pessoas pensam em sentimentos como amor e paixão. Mas pra mim, é mais do que isso. A raiva e a frustração, e mais uns mil, são sentimentos que pesam até mais nas nossas escolhas. Porque você pode tomar uma decisão séria por amor, mas pode mudar toda a sua vida por raiva. Eu isso não torna o amor menos importante, caso alguém vá me julgar.

Acho que se um dia eu levar a sério todos os papéis que guardo na minha bolsa, eu gostaria de escrever alguma coisa que falasse disso. De sentimentos. Do amor, e em como o ser humano faz coisas estupidas por ele. Da raiva e em como o ser humano faz atrocidades por ele. Da frustração e de como os seres humanos de destroem por ela. Da vingança e...

Mas enfim, isso não importa.

Era final do dia na escola, mais uma vez, assim como estava sendo há vários meses naquele começo de verão quase frio.

Eu estava acabando o segundo ano do ensino médio e faltava menos de um mês pro verão, e três meses pra eu ser uma aluna do terceiro ano.

Na verdade, eu gostava daquilo. Da rotina. De ir pra escola, de ouvir as piadinhas sobre o meu cabelo bizarro, de andar com a minha bolsa cheia de desenhos que eu e o Andy tínhamos feito à mão.

Aquela rotina me dava à sensação de que tudo tinha um ritmo aceitável. Encaixado, simples e confortável. Não a montanha russa que parecia ser as minhas férias e todo o tempo que eu não estava na escola ou com o Andy.

Provavelmente, se você não estudar no San Martin, um colégio de ensino médio, entre muitos colégios de ensino médio em Boston, você não sabe quem é Andrew Springs. Se estudar, mesmo que seja o seu primeiro dia de aula, você sabe quem é ele.

Todo mundo sabe. Mas, o bom do Andy, é que ele é conhecido pelos motivos certos. Como, em tese, todo mundo deveria ser. O Andy era aquele tipo de pessoa que não era popular, atleta, CDF ou qualquer outra coisa que poderia chamar atenção. Ele era só o Andy.

O cara que ajudava todo e qualquer que precisasse. Que era legal com qualquer um que fosse não importando de onde era. Aquele tipo de pessoa que te conquista apenas em sete palavras. A pessoa com quem você tinha certeza de que podia falar por horas a fio e estaria tudo bem no final.

E ele era melhor amigo da Amélie Santiago. A garota que ninguém conhecia, ou conhecia pelo Andy.

Aliás, embora eu duvide que você esteja de verdade querendo saber, é claro que eu tinha que ser apaixonada pelo Andy.

Não gosto de falar disso. Não gosto que ninguém saiba disso, não gosto de escrever sobre isso, e se eu pudesse sufocar isso até sumir de vez, o faria de bom grado. Eu faria tudo pra ser só a melhor amiga dele.

Mas enfim, isso não importa.

Eu e o Andy, meu melhor amigo, pra todos os efeitos, estávamos fazendo hora na sala. Quem não tinha aulas extracurriculares, estava indo pra casa nessa hora, assim como eu devia. Mas não, eu estava ali, com o Andy. Claro que estava.

- Eu vou voltar, eu acho, com a... Debbie.

- Ah, fala sério, Andy.

Andy apenas ignorou o meu sarcasmo irritado. Continuei sentada na classe vazia, da sala de aula vazia, da escola quase que vazia. Provavelmente eu ia perder o ônibus escolar e voltar pra casa a pé.

- Estou falando, Amélie.

A raiva contaminava os poros da minha pele.

- Não posso acreditar. O ano letivo vai acabar em poucos dias e você vai sair com ela?! Depois de apenas, sei lá, 13 dias com o fim desse namoro estúpido com aquela menina estúpida? Meu Deus, Andrew, você ama se torturar não é?

Ele ficou andando pela sala pra evitar me olhar nos olhos.

- Porque você a odeia, em?

Ele ainda se dava o trabalho de perguntar. Ser a Amélie era tão difícil.

- Porque ela te faz sofrer o tempo todo! E você nunca, nunca faz nada quanto a isso, Andy. Deixa ela te machucar como se você não valesse nada, mas eu vou te dizer uma coisa que eu duvido que já tenham dito antes: Você vale a pena, Andrew.

Ele ficou me olhando, como se olhasse pra uma coisa do cotidiano com outros olhos pela primeira vez. E não disse nem uma palavra.

O amor devia fazer as pessoas suportarem mais do que na verdade podem, mas pelo contrário. Por eu o amar demais isso era mais do que eu podia aguentar.

- Não deixa essa garota te machucar de novo, por favor.

Peguei a minha bolsa, pus no ombro e sai andando da sala, com aquela sensação de que os olhos dele ficaram cravados em mim enquanto eu andava.

O pior dos sentimentos pra mim, sempre, sempre vai ser a frustração, que na verdade é um misto de vingança, dor, derrota, tristeza e vergonha. Porque a frustração é aquele sentimento em que todo mundo vive preso, mas ninguém sabe oque fazer, como reagir, como sair de dentro da imensidão de tudo aquilo.

Se eu pudesse escrever sobre a minha vida, sei qual seria o titulo.

Memórias Frustradas.


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Notas finais do capítulo

Revisão foi feita pela metade porque eu possuo quase 0 de paciência, por isso, minhas desculpas caso encontre eventuais erros.
A história possui três personagens, e os capítulos se alternam entre elas.
O próximo sai sexta/sábado/domingo, depende do dia que eu lembrar



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