Posso Empacotar Seu Coração? escrita por Izzy Herondale, Zia Jackson, Menina Radiante


Capítulo 3
Capítulo Dois: O cachorro, o irmão e um plano para me arruinar


Notas iniciais do capítulo

Oioioi, tudo bem?
Aqui é a Zia, uma pessoa que está muito alegre por todos os que comentaram e estão lendo a história.
Sério, eu amo vocês ♥.



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Jasmine Oliveira

O relógio parecia estar contra mim, como se retrocedesse no tempo ao invés de avançar.

— Ei. — Chamou a garota ao meu lado. — Me empresta seu apontador? Soltando um longo suspiro, estendi o objeto à ela. Caroline era o tipo de colega de classe que pedia absolutamente tudo emprestado: Lápis, borracha, dinheiro, papel sulfite e até mesmo o meu fone de ouvido recém-comprado ( o outro foi ela quem estragou). Não sou do tipo de pessoa que liga para essas coisas, mas sentar ao lado de uma pessoa que te pede algo de cinco em cinco minutos durante os duzentos dias letivos pode ser algo um pouquinho estressante.

— Não se esqueçam da tarefa. — Falou o professor de informática.. — Estão dispensados.

E, assim que terminou a frase, o sinal tocou. Agarrei minha bolsa e saí da sala de informática em disparada até os armários.

— Ei! — Gritou Talita. — Será que dá pra esperar?

— Desculpe. — Falei, ofegante — É que eu quero comprar um sorvete antes do ônibus chegar.

Allana nos alcançou, junto de Sabrina.

— Melhor desistir, Jas. — Disse Sabrina— A fila está enorme, acho que todo o ensino médio resolveu comprar sorvete na cantina hoje.

— Ah, merda!

— Jas! — Repreendeu Allana. — Isso é vocabulário de uma moça?

Talita começou a rir, dizendo algo sobre Allana ter sérios problemas com vocabulário.

— Lia, você vai de ônibus hoje? — Indaguei.

— Não, minha mãe não me avisou nada até agora.

— Ok. Cadê a Flávia?

— Aqui. — Disse uma voz atrás de mim. — Cara, a internet da escola está muito ruim hoje.

 — Ninguém mandou você descobrir a senha. — Disse Sabrina, com desgosto.

— Ah, vai me dizer que não é útil? — Talita falou, colocando seus livros dentro do armário. — É bem melhor do que gastar com 3g.

— Útil é, mas não é certo. Vocês não prestam atenção na aula e...

Nerd! — Gritamos juntas.

Um professor que caminhava pelo corredor nos lançou um careta, porém continuou seu percurso tomando café.

 — Tá, agora temos que ir. — Chamou Flávia, sem tirar os olhos do celular. — Se ficarmos aqui mais dois minutos é capaz de perdermos o ônibus.

— Perder o ônibus ou perder o Batman de vista? — Zombou Talita (ou Lia).

Batman era o apelido de um garoto que estudava na escola estadual perto de nosso colégio. Ninguém sabia dizer o que acontecia entre ele e Flávia, mas com certeza algo acontecia. O garoto se chamava Bernardo, mas era o típico “famosinho da cidade” e seria meio arriscado falar o nome dele em alto e bom som no meio da escola (até porque muitas garotas daqui viviam tentando ficar com ele).

 — Tchau, meninas. — Me despedi.

Acenando, saí rapidamente pela grande escadaria do colégio.

* * *

— Ei, esperem! — Gritou uma voz atrás de mim e Flávia. — Parem de andar!

Assustadas, nós duas paramos bruscamente para encarar a pessoa que gritara. Ela Talita, para meu alívio.

— O que foi, Lia? Aconteceu alguma coisa? — Indaguei.

Ela nos alcançou, ofegante e cansada. Levou alguns segundos até que explicasse o ocorrido.

— Minha mãe me avisou de última hora que eu tinha que voltar de ônibus.

— Me deixa voltar. — falou uma vozinha atrás de Talita. — Mamãe não disse que eu precisava voltar de ônibus também.

Tarsila, a irmã caçula de Lia, era o “mascote” das garotas. Ela conversava o tempo todo e era muito legal,além de entender de alguns dos assuntos.

— Tarsi, se a mamãe viesse te buscar ela teria me avisado, não acha? — Disse Talita. — Agora pare de choramingar e volte a andar, acabaremos perdendo o ônibus se ficar aqui reclamando.

— Eu não estou choramingando. — Falou, ajeitando a mochila nos ombros.

Começamos a conversar sobre um trabalho que estressara a todos da sala de aula.

— Vamos ser sinceras. — Flávia falou. — Que tipo de professor pede um texto de, no mínimo, cinquenta linhas?

— A Patrícia, é claro. Para ser sincera, eu não vejo a hora do bebê dela nascer, é bem melhor aturar a estagiária do que ela e aquela voz aguda. — Reclamou Talita.

— “Ai turma, quanto mais vocês reclamam mais trabalho eu passo” — Falei, imitando a voz irritante da professora. — Se lembram daquela vez em que ela mandou a turma toda para a diretoria?

— Quem iria se esquecer de uma coisa dessas? — Talita riu. — O mais legal foi a cara da diretora quando a turma começou a tomar o cafezinho dela.

— Ou quando o Lucas perguntou se ainda tinha bolacha. —Flávia complementou. — Meu Deus, aquele dia foi inesquecível.

— A nossa turma é a lenda do colégio Gaia. — Falei. — Prevejo uma bela homenagem na formatura do terceirão.

— A minha professora de português não gosta da turma de vocês. — Comentou Tarsila, sem graça. — Ela diz que vocês fazem muito barulho no intervalo. Acho que ela não entende que o colégio é grande, têm muitos alunos e, consequentemente, muito barulho também.

Tarsila estava no sexto ano, por isso alguns dos professores dela já haviam lecionado para nós também. Não era o caso dessa professora, ela era nova.

— Eu sinto falta do fundamental. — Comentou Flávia. — Era legal.

— Adoro o fundamental. — Tarsila falou, abrindo um sorriso. — Mas não gosto muito de comprar na cantina, demora demais e tem gente que fura a fila. —

 É só empurrar eles pra fora. — Talita riu. — Ou começar a falar que o dia pro signo deles vai ser horrível, não é Jas?

— Meu Deus, vocês ainda se lembram disso? — Comentei. — Foi um bom modo de afastar a galera.

— E um bom modo de ser chamada de esquisita também, se quer saber.

Estávamos agora na esquina que levava ao ponto de ônibus e, quando Flávia parava de conversar conosco do nada, não era um bom sinal. Talita e eu nos encaramos antes de começarmos a vasculhar com os olhos o aglomerado de alunos ali presente, e não demorou muito para que encontrássemos o que fizera nossa amiga congelar.

— Bernardo. — Falei. — E uma rodinha de meninas ao seu redor.

 — Shh, não fale o nome dele! — Repreendeu Flávia. — Use o codinome.

Batman e uma rodinha de garotas. — Corrigi.

— Vocês viram aquela garota loira? Ela está se jogando pra cima dele!

Demorou um pouco para que encontrássemos ele novamente em meio à tantos alunos. Aquele ponto reunia alunos das três escolas ao redor (a nossa e duas estaduais) e ficava um pouco difícil de enxergar em meio à tantas cabeças e uniformes.

— Flávia, você e ele não namoram, ela não tem culpa nada. — Talita falou, revirando os olhos. — Se está incomodada, vá até lá e fale com ele.

— Não! Ele devia estar afastando aquela ridícula de lá! Deveria vir até aqui e me falar oi.

— Ele não lê pensamentos. — Acrescentei. — Vai ver ele está pensando na mesma coisa que você. Além do mais, vocês nem tem uma classificação amorosa ou um rótulo. Não são namorados, não são ficantes e nem estão enrolados.

— Ele sabe o que somos. — Comentou ela. — Mas age como se não soubesse.

Por uma intervenção divina, Tarsila começou a conversar antes que Flávia ficasse com ainda mais ciúmes. E, nesse momento, parecia ser de extrema importância o fato de que um colega de sala dela tinha um papagaio em casa. Quando o ônibus chegou, embarcamos rapidamente e seguimos até o terminal. * * *

— Tchau, Jas. — Despediu-se Talita na esquina que levava até seu prédio. — A gente se fala depois.

— Tchau. — Despedi-me. — E Tarsila, parabéns por ter gabaritado a prova de português.

A garotinha abriu um largo sorriso e acenou à medida que se distanciava. Colocando os fones de ouvido, segui pela rua até a minha casa, conseguindo ouvir a música que Bruno escutava mesmo há certa distância. Bruno era um ser um tanto quanto peculiar. Em certos dias, eu adorava que ele fosse meu irmão, ele era educado, me ajudava a convencer a minha mãe de que eu precisava sair de casa e , às vezes, me ajudava em matemática (matéria que e acho extremamente irritante e um pouco inútil. Quer dizer, quando é que eu vou usar Bhaskara na minha vida?). Porém, em outras vezes, meu irmão era o perfeito rascunho do diabo, um dos exemplos é ligar o rádio no último volume e ficar ouvindo rap com os amigos dele ou quando se escondia atrás da porta do meu quarto e me dava um susto e por aí vai.Hoje, pelo o que pude perceber, seria um dia propenso a aguentar a versão irritante de meu irmão.

Já no portão de casa, apertei o botão do controle e esperei até que ele se abrisse. Tentando não ser notada, segui para o meu quarto rapidamente e fechei a porta. Foi aí que descobri que meu irmão devia ter se juntado ao vento em um complô para ferrar com os meus planos, já que um estrondo soou da porta descontrolada. Caso tenha ouvido o barulho por cima de todo o lamento e indignação do rap que tocava, Bruno não se importou. Aumentou ainda mais o volume e fechou a porta de seu quarto. A obrigação dele era se certificar de que, quando eu chegasse em casa, eu almoçasse (era isso que minha mãe repetia para ele sempre que via que a comida sequer havia sido tocada). Mas bem, não era culpa dele se eu preferia comer chips ou sorvete à arroz e feijão. Como se tivesse sido lembrado de sua obrigação, ele gritou por cima da música:

— Vai comer.

Ignorei-o completamente. E, se tem algo que Bruno não suporta, essa coisa é ser ignorado. Em alguns segundos, um labrador de pelos negros surgiu na porta do meu quarto, segurando meu chinelo completamente destruído no meio da sua boca.

— Beck! — Exclamei. — Não!

Para ser sincera, eu só tenho três certezas na vida:

1)Todos nós vamos morrer  

2)que Beck era o cachorro mais maluco, bagunceiro e destruidor de coisas da face da Terra.

3) Meu irmão adora o quanto o fato dois me deixa doida e sem chinelos, colchas, travesseiros e outros objetos.

Minha casa era como um zoológico, abrigava dois cachorros vira latas muito amigáveis e calmos (Bob e Marley), uma tartaruga pacífica (Dorothy), duas calopsitas adoráveis ( Simba e Alladin) e o labrador do meu irmão, Beck. Cachorros são bagunceiros às vezes, eu sei disso, mas Beck é algo fora do normal, é como uma versão canina de meu irmão que está disposto a sabotar as minhas coisas e que só obedece ordens de seu amo. Como pequenos anjos enviados do céu, Bob e Marley surgiram no quarto, de forma que Beck saísse da porta.

Bob era extremamente carinhoso, por isso assim que me viu correu até mim e ficou esperando por atenção. Acariciando o pelo claro dele com uma mão, coloquei a mochila de lado com a outra. Marley me cheirou e depois se deitou ao lado da minha cama, preguiçoso como sempre. Rumei até a cozinha, apanhei um pedaço da pizza do dia anterior e comi em frente à TV. Beck, como um perfeito fiscal da minha mãe, correu do corredor até o sofá e abocanhou o pedaço de pizza, engolindo-o de uma vez. Depois, começou a latir.

— Poxa, Beck. — Lamentei. — Você comeu o último pedaço.

Vitorioso, o cachorro voltou para o quarto do meu irmão, onde certamente iria escutar com atenção o plano de Bruno para estragar meu dia. Mas tudo bem, um dia o cachorro ainda se juntaria ao lado Jasmine da força e então seria a vez de seu antigo dono sofrer.

A vingança entre cães e irmãs de um irmão mala sem alça era um prato que comia frio.


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Notas finais do capítulo

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