Ps:Te Odeio escrita por Follemente


Capítulo 31
Perfume inconfundivél


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!!
Boa leitura
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Falta apenas uma hora para o almoço com o papai. Estou bem mais relaxada. Pensei bem e não é nenhum bicho de sete cabeças. Afinal o papai só acha que eu estou gravida, quando isso é impossível. Ah, nem é um problema tão grande assim. Ou é?

Como eu sempre pego transito, resolvi me arrumar mais cedo. Assim que saio do banho, escuto o telefone tocar. Deixo tocando por mais quatro vezes. Se for importante liga de novo. Saio do banheiro e vou procurar algo para vestir. Vamos ver, é apenas um almoço na casa do meu pai. Então escolho um short social e uma bata também social, acompanhado de um salto bege. Nossa!! Estou parecendo uma blogueira de moda. Mal termino de colocar o salto e o telefone toca novamente. Estou com nenhuma pressa para atender. Chego na sala e atendo o telefone. É papai

—- Liguei para o seu celular milhares de vezes e só caia na caixa postal. –  ele diz

Traduzindo “milhares de vezes”: ligou só uma vez

—- Meu celular deve ter acabado a bateria. –  digo – Mas diga o que o senhor quer?

—- Eu estava pensando... – ele começa. Lá vem. – E resolvi que hoje quero almoçar em um restaurante.

Eu chiclete na cruz, não foi?

—- Em um restaurante papai? –  pergunto sem esconder o desanimo na voz

—- Sim, aquele restaurante japonês que eu levava a sua mãe lembra? –  ele diz – Faz tanto tempo que não vou lá.

Ou que isso? Vale chantagem emocional? Vai pagar de viúvo sofrido agora?

—- Tudo bem papai. – acabo aceitando – Eu vou tentar avisar o João.

Parece que eu estava adivinhando.

Fiquei conversando com o papai por mais dois minutos e depois ele desligou. Eu espero que ele não tenha comprado nada para esse neto de vento. Mas se tiver comprado é bom que eu dou para a Aurora. Ela vai gostar.

Tento falar com o João pelo celular mais só da caixa postal. E eu não tenho o número da empresa. Infelizmente terei que ir até lá. Ir para a casa do papai separada dele é uma coisa, agora ir para um restaurante, acho que papai acharia no mínimo estranho.

Pego minha bolsa e saio.

Eu só fui a empresa umas duas ou três vezes, nunca fui muito chegada no trabalho do papai. Acho um pouco chato trabalhar com publicidades, apesar de não estar tão longe do que eu faço. A não sei explicar. O papai sempre quis que eu fosse uma publicitaria e assumir suas empresas. Mas não para isso que ele tem o João.

Chego a empresa do papai e logo sou abordada, pelo Juliano. Incrível como a primeira impressão é que fica. Não consigo disfarçar a cara de desdenho

—- Há que devo a honra da visita? –  ele diz cruzando os braços

—- Há que você deve? –  refaço a pergunta – Eu não vim lhe visitar. –  termino

Ele sorri sem graça

—- Me expressei mal –  ele diz

—-Como sempre não é Juliano? –  digo dando um leve sorriso

—- Eu só queria dizer que a... –  o interrompo  

—- Eu quero saber do João. –  digo rápido – Ele está na sala dele? –  pergunto já andando em direção a sala de João

É estranho andar por este espaço, é como se todos ficassem te olhando. Gente eu não sou um E.T. Entro na sala de João sem bater e tenho uma surpresa.

—- Ah, como vai senhora Maria? –  ela pergunta ajeitando alguns papeis sobre a mesa

—- Senhora é a última coisa que eu sou. – digo dando um leve sorriso – É Daniele seu nome, não é? –  pergunto me aproximando

—- Sim – ela diz timidamente dando a volta na mesa

—-Secretaria do Juliano. –  digo dando a volta na mesa e sentando na cadeira de João ficando de frente para ela

—- Exatamente. –  ela diz – O senhor João está temporariamente sem secretaria então... – a interrompo

—- Então você está trabalhando para os dois? –  digo  

—- Pode se dizer que sim. –  ela diz

Respiro fundo

—- E onde está o João? –  pergunto mexendo nas canetas que estão sobre a mesa

O João é realmente um tipo raro. Tem três potinhos de canetas aqui, cada potinho para uma caneta de cor diferente. E para que tantas canetas?

—- Ele está em uma reunião. –  ela diz – Não deve demorar

—- Reuniões sempre demoram Daniele. –  digo colocando a caneta azul no potinho de caneta preta

—-Ele não gosta muito. –  ela diz e a encaro

—- De que de reuniões?

—- Não – ela dá um leve sorriso – De colocar as canetas em potinhos diferentes?  -- ela termina

Dou de ombros

—- Eu sei disso. –  digo sorrindo – Por isso mesmo que faço. Eu confesso que gosto de ver o João irritado. Você não?

—- Nunca o vi irritado. –  ela diz

—- Ah, claro ele gosta demais de você para ficar irritado. –  digo e a vejo ficar vermelha – Não precisa ficar com vergonha Daniele. – digo

—-Eu preciso levar esses papeis... – a interrompo novamente

—- Os papeis podem esperar. –  digo – Me faça companhia essa reunião vai demorar que eu sei. –  digo encostando na cadeira – Senta

Digo e ela o faz

—- Não quero que a senhorita, pense... – a interrompo novamente

—- Não vou pensar nada de você pode ficar tranquila. –  digo sorrindo – Agora vamos ser francas?  

Ela hesita

—- Claro – ela responde um pouco apreensiva

—- Você gosta do João, não gosta? –  pergunto. A vejo ficar ainda mais vermelha

—- Claro, ele é um ótimo, colega de trabalho, um ótimo... – ela diz gaguejando

—- Um ótimo homem... – a interrompo – Não que eu ache. –  digo sem pensar – Quer dizer... esquece isso que eu disse. –  digo me concertando na cadeira – E você entendeu a pergunta. Eu pedi para sermos francas. E você concordou.

Ela abaixa  

—- Pode falar Daniele. Não sou nenhum monstro. –  digo – Eu só quero saber se você gosta ou não, do meu noivo.

Ela se levanta

—- Eu realmente preciso entregar esses papéis. – ela diz – Com licença – ela diz indo até a porta

—- Gosta. –  afirmo sorrindo e me encostando na cadeira – Que bobeira gente. Era só falar se gosta ou não. –  digo girando na cadeira

Fico um bom tempo na sala sozinha ouvindo apenas o barulho do ar. Mexo e remexo nas canetas. Giro no sentido horário e no sentido anti-horário, e nada dessa reunião acabar, daqui a pouco crio raízes aqui. Ligo para papai e aviso o atraso.

Giro mais uma vez ficando de costas para a porta. Quando ouço alguém abrir a porta. Esse perfume é inconfundivél

—- Surprise!!! -- digo girando na cadeira ficando de frente para ele

Ele coloca a mão no rosto e balança negativamente

—- O que você está fazendo aqui Maria? –  ele diz fechando a porta

—- Vim fazer uma visitinha para meu noivo. Por que não pode? –  pergunto com ar de deboche

—- Não. –  ele responde serio  

—- Essa reunião demorou pra caramba em? –  digo levantando – Do que vocês tanto falam?

—- Não lhe interessa. –  ele diz – Maria você mexeu nas minhas canetas?

—- Eu estava no tedio. –  digo – E qual o problema das canetas estarem misturadas gente? Elas vão escrever diferente por acaso?

—- Não. Mas não era para você mistura-las. – ele diz concertando as canetas

—- Sabe qual o nome disso? –  pergunto e ele me encara – Racismo. Preconceito é isso. –  digo

 -- Do que você está falando garota? – ele diz ainda concertando as canetas

—- De você. Você é racista, não querendo misturar, preto com azul, azul com vermelho. – digo

Ele sorri e balança a cabeça negativamente

—- O que você veio fazer aqui afinal? – ele pergunta sentando em sua cadeira

—- Ah, eu vim receber contada do Juliano e perguntar a Daniele se ela gosta de você. – digo já rindo da sua expressão

—- O que? – ele pergunta se inclinando pra frente

—- Ah, lá já ficou todo interessadinho. – digo brincando – Olha se você investir mais um pouquinho consegue.

—- Eu não estou acreditando nisso. – ele diz balançando a cabeça negativamente

—- Pode acreditar. – digo – Cara ela tá tão na sua . –  digo sorrindo

Ele permanece serio

—- Ok. Parei de brincar. – digo colocando as mãos para trás – Eu vim, porque o papai mudou o local do nosso almoço. Vai ser em um restaurante japonês. – digo

—- Porque você não ligou avisando? – ele diz se levantando

—- Ué eu tentei, mas caia na caixa postal. – digo – E olha vamos logo. Já estamos atrasados. – digo  

Ele levanta e pega as chaves dentro de uma gaveta

—- Querido, vamos no meu carro. – digo balançando minhas chaves

—- É hoje que eu morro. – ele diz colocando as chaves no bolço

—- Se eu der sorte quem sabe. – digo sorrindo.

No caminho do restaurante tento ligar para papai. Na quinta tentativa consigo. Aviso que já estamos chegando. Ele comunica já está nos aguardando a um tempo. Enquanto falava no telefone dirigindo. João quase passava, graças a tal infração cometida. E depois que desliguei me deu uma aula de autoescola sobre falar ao celular enquanto dirigi.

Eta serumaninho chato

Chegamos no restaurante e papai como sempre está acompanhado de Margarida. Já até me acostumei com o encosto. Antes que ele fizesse qualquer gesto demonstrando afeto pelo meu ventre vazio. Eu fui logo avisando que tinha um assunto sério para falar com ele.  

Ele ficou um pouco apreensivo, e preferiu conversar depois do almoço. E assim foi. Almoçamos e papo vai papo vem. Aliás papo entre os três estou completamente concentrada. Corto o assunto. E conto logo toda a verdade, menos a parte de eu não poder ter filhos. Papai não esconde a decepção, deixando meu coração em pedaços. Mas ele se mostra feliz pela Aurora, disse que entende eu não ter contado. E ressalta que quer ser avô logo. Nessa hora o João me encara e eu desvio o olhar. Eu vou contar, mas não agora.


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Notas finais do capítulo

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