Ps:Te Odeio escrita por Follemente


Capítulo 29
Relax


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora novamente. :)
Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/664064/chapter/29

Sair com o Guido é realmente relaxante. Claro que às vezes me pergunto: “porque sou amiga desse ser?” ou “o que o destino queria quando me fez conhecer essa criatura?”. Mas ele é de longe o melhor amigo que alguém pode ter. Claro que com seus inúmeros defeitos.

Medeline é outra criatura que me faz bem, apenas com sua presença. Ela é meio avoada, mas é um amor de pessoa e uma amiga excepcional. Ela está viajando no momento, foi visitar uns parentes distantes. Não sei quando volta, mas já está fazendo uma falta.

—- Ai que saudade da minha gnominha. – diz Guido dando um gole no vinho

Quando ele me chamou pra sair, jurava que era pra alguma boate, dessas que ele vai sempre, ou qualquer outra coisa, mas não. Ele me trouxe a um restaurante italiano.

—- Mas vocês vivem brigando Guido. – digo dando um leve sorriso

—- Exatamente por isso. – ele diz me deixando confusa – Com quem vou brigar agora?

—- Ai Guido. – digo sorrindo – Também estou com saudades da Medeline. – digo dando uma garfada em meu prato

Ficamos algum tempo em silêncio, até que eu volto a puxar assunto.

—- Não esperava que você me convidasse para um jantar. – digo limpando a boca com o guardanapo – Esperava uma boate, uma festa, alguma coisa mais animada.

—- Acordei a fim de preparar um jantar com um bom vinho pra acompanhar. – ele diz levantando a taça apreciando a cor do vinho -- Mas como não sei cozinhar. – ele diz rindo – Resolvi vir neste restaurante. E como detesto ir à restaurantes desacompanhado...

—- Entendi... – digo dando um gole no vinho

Ficamos em silêncio novamente.

A verdade é que não paro de pensar na besteira que fiz em abrir minha boca para o João. Falei mais do que devia e agora não sei como resolver. Ele tem que esquecer o que eu disse. E se eu desse com uma frigideira na cabeça dele? Não isso seria muito arriscado.

—-Maria, você está bem? – Guido pergunta me despertando

—- Ah, sim. – digo – Estou bem sim. Por que?

—-Porque não parece. – ele diz – Aconteceu alguma coisa?

Para o Guido não tem problema em contar. Ele já sabe, alias descobriu pela minha boca grande também.

—- Eu te contei a historia do meu pai achar que eu estou grávida né? – ele afirma com a cabeça – Então, amanhã finalmente vou desfazer essa historia. E a reação do papai está me preocupando.

—- Ah, mas com certeza ele vai entender.

—- É que tem outra coisa. Hoje eu acabei falando demais -como sempre- e acabei deixando escapar que eu não posso ter filhos, para o João. – digo apertando os lábios

—- Ah, agora sim, acredito que esse seja o real motivo da preocupação. – ele diz – Não sei o porquê de você ainda guardar essa historia Maria. Sua mente precisa ser estudada, sinceramente.

—- Nossa! Olha muito obrigada, você me ajuda muito falando isso. – digo me encostando na cadeira

—-Claro. Maria você não tem doença alguma, apenas não pode gerar filhos. Isso não é crime e nem pecado. – ele diz – Eu sei, a maneira que você descobriu não foi uma das melhores, mas passou. Vida que segue, alias que seguiu né.

—- Guido, eu simplesmente não consigo contar. Quer dizer só se for espontâneo. – digo – Mas imagina. Meu pai está sonhando agora com um neto que ele nunca terá. Como vou contar pra ele que a sua única filha, não pode lhe dar netos?

—- Ué contando. Seria mais difícil se fosse pra contar que você matou alguém.

—-Você não está ajudando.

—- O que eu quero dizer, é que é pra você superar. Você está com medo da reação do seu pai, quando na verdade quem ainda não conseguiu superar isso é você. – ele diz – E se você quer realmente dar netos a seu pai, já existe a adoção. Alias existe a algum tempo. – ele diz sorrindo

Retribuo o sorriso

—- Vamos parar de falar nesse assunto, vamos? – pergunto colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha

—- Ótima ideia. – ele concorda – Alias acabo de ter outra ideia. – ele diz chamando o garçom

O encaro confusa

—- Perdi a vontade de terminar minha noite tranquilamente. – ele diz pagando a conta do restaurante – Vamos dançar monamour. – ele diz levantando

—- Esse é o Guido que eu conheço. – digo também levantando

—- Oh, não me passa a perna não em. – ele diz – O próximo jantar você quem paga.

Rio.

Saímos do restaurante rumo á uma das boates favoritas do Guido. E uma das mais animadas. Na primeira vez que fui nessa boate, tive a sensação de estar dentro de um videogame.

Chegamos e não demora muito, para Guido ir em direção ao bar e logo após se perder no meio das pessoas. Procuro esquecer todos os problemas e me divertir.

***

Por segurança minha própria. Resolvi voltar de taxi pra casa. Onde está meu carro? Não faço a mínima ideia. Guido disse que ele iria ficar bem no estacionamento da boate. Não o Guido no estacionamento, o carro no estacionamento. Eu tenho a impressão de que não estou no meu normal. Mas normal eu nunca fui mesmo, então tá tudo em casa.

A música que estava tocando na boate quando sai, ou quando cheguei, eu não lembro. Está no volume cem na minha cabeça.

Entro no elevador do meu prédio, eu acho, e subo para o meu andar. Se não tivesse um senhor super simpático dentro do elevador, ele não iria subir. Porque ele não funciona por telepatia. Ainda.

Estou na porta do apartamento de alguém, é meu apartamento mesmo. Abro a porta e entro. A música não para de tocar

—- Relax don't do it. When you want to go to it. Relax don't do it When you want to come. Relax don't do it. When you want to go to it. Relax don't do it When you want to come – entro cantando

A sala está escura, caminho com todo o cuidado do mundo. Ainda cantando baixinho. Quando estou quase na porta que da para o pequeno corredor, bato de frente com João que acende as luzes na hora.

—- Ah, que isso João? – digo sem esconder o leve susto – Que brincar de pique esconde uma hora dessas. – digo batendo no pulso sem relógio

Aliás...

Eu sai de relógio?

—- Evidente que não. – ele diz – Fui buscar apenas um copo d’água na cozinha. – ele diz

—- Sei. E você tem poderes de visão noturna agora é? – digo fazendo gestos com a mão – É porque todas as luzes estavam apagadas.

—- Não, apenas não vi motivo para deixá-las acesas. – ele diz

Se ele soubesse como seu jeito Aurélio de falar me irrita

—- Tá, tá, tá... – digo passando as duas mãos no rosto – E o que você está fazendo acordado? – digo fazendo gestos com a mão

—- Não está fazendo muitas perguntas? – ele diz indo sentar no sofá

—- É que sou curiosa. – digo esfregando os olhos de sono

—- Estava sem sono. – ele diz apoiando os braços nos joelhos

—- Aham, sei. – digo – Você estava me esperando. Pensa se que eu não sei. – digo

—- Não tenho motivos algum, pra isso. – ele diz – Mas queria conversar com você mesmo

Caminho até o sofá e me sento ao seu lado

—- Pode falar. – digo – Sou todo ouvido.

Essa expressão soa estranho. Eu só tenho dois ouvidos, não todo.

—- Sobre o que iremos falar? – digo de olhos fechados

—- Sobre o que você me disse mais cedo. – ele diz

Disse tantas coisas mais cedo. Não lembro nem do que disse quando cheguei. Ah, é eu estava cantando. Relax don’t do it when you want to go it...

Ah, o João ainda está falando.

Simulo uma arma com a mão, e “aperto o gatilho”. Nessa hora acho que apaguei de verdade.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

COMENTEM



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ps:Te Odeio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.