Sons Na Escuridão escrita por Nena Lorac


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu não tenho muito o que falar aqui, então... coxinha~

Boa Leitura!



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O jovem violinista deixou seus aposentos de manhã cedo, segurando sua caixa preta e apoiando uma mochila nas costas. Andou por alguns longos minutos até chegar no centro da praça onde fizera seu pequeno concerto para a população local no dia anterior. Deu uma breve respirada e estampou seu costumeiro sorriso.

Ele abria sua caixa e retirava o instrumento de madeira. Apoiou a queixeira no lugar designado do seu corpo e começou a mover a cravelha para afinar o violino. Aquele processo poderia até ser irritante para as pessoas que passavam, pois o som do violino sendo afinado era um tanto irritante, e muita das pessoas que passavam perto de Francis o encaravam com expressões nada amigáveis.

– Se querem ouvir algo belo, precisam aguentar o violino sendo afinado antes. – Francis falava baixinho.

Naquele dia em especial, a afinação parecia meio demorada, e isso o deixava um tanto angustiado. Passou bem mais do que quinze minutos afinando seu Amati, que fez com que várias pessoas saíssem do local. Estava pensado até que o seu público seria menor naquele dia, até perceber que tinha um par de mãos segurando a barra do seu terno. Após a experiência do dia anterior, ele já desconfiava quem seria aquela pessoa.

– Garoto, eu já disse que não precisa ficar segurando a minha roupa para chamar a minha atenção.

– Me desculpe, mas eu precisava ter certeza que era você.

– Eu sempre venho tocar aqui. Só existe eu de violinista nesse lugar.

– Que bom saber disso! – ele esboçava um sorriso.

Francis estranhava essas abordagens do garoto, mas relevou por pensar que era apenas uma criança. Pediu para Matthew se sentar pois ele iria tocar para todos, o menor atendeu a seu pedido e sentou no chão.

O musicista respirou fundo, ajeitou sua postura, e pousou o arco para próximo das cordas. Não demorou muito até algumas notas surgirem, e logo depois, várias em seguida. A peça escolhida era outra obra de Charles Gounod, “Barcarolla”. Mesmo com poucas pessoas no local, elas pararam para ouvir aquela bela interpretação. De crianças a idosos, todos paravam.

Francis mudava totalmente a sua forma de interagir com o mundo quando começava a tocar. Parecia mais leve, mais feliz. Suas mãos ficavam mais soltas, e a música o deixava extasiado. E com essa mistura de situações é que suas melodias ganhavam vida.

Quando finalizou a melodia, ouviu outro bolo de aplausos, quase idênticos a do dia anterior. Como de costume, agradeceu a todos e começou a se arrumar para ir embora. Estava feliz que pode, mais uma vez, tocar para várias pessoas. Mas seus pensamentos foram cortados logo após sentir as mãos do menino em seus braços.

– Olha, eu vou precisar ir embora. Já toquei minha música hoje.

– Por favor, toque mais uma. Adoro ouvir você tocando violino.

– Estarei aqui amanhã. E tocarei mais uma música.

– Mas eu não quero ficar cego até amanhã.

Foi a frase mais estranha que Francis já ouvira em sua vida. Ele não conseguia ligar o contexto dessas duas situações. Aquele menino era realmente estranho. Seu modo de se vestir era nada convencional. E sua abordagem com as pessoas era um tanto grosseira. Mas ele queria saber o que estava acontecendo, e sem demorar muito, perguntou para o garoto o significado daquelas palavras que ele tinha dito.

Matthew abaixou a cabeça e respirou fundo até ter coragem de tirar o boné e os óculos escuros. As mechas douradas tomaram o lugar daquela pequena cabeça, e os olhos violetas apareceram. Mas esse último se tornava interessante, pois erram vazios e escuros, que acabava tornando o garoto em um ser sem expressão as vezes.

Ele acaba de entender a situação.

– Como podes perceber, eu sou cego. Mas com a sua música, eu sinto que consigo enxergar coisas que eu, até hoje, nunca pensava que poderia ver. Então, por favor, toques mais alguma coisa. Não quero me sentir cego até amanhã.


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Notas finais do capítulo

* Queixeira - É onde o violinista apoia o violino entre o ombro e debaixo do queixo. Normalmente ele é de cor preta e fica no lado esquerdo do instrumento (violinos, em geral, são feitos para os destros). E mesmo tendo esse nome, não apoiamos o violino no queixo.

* Cravelha - São as "alavancas de girar" que existem no violino (uma vez um garotinho disse para minha amiga violinista que aquilo eram alavancas de girar). Servem para dar ou tirar tensão das cordas, afinando/desafinando.

* Arco - nada mais é do que a varinha/vara que os violinistas seguram e usam para tocar as cordas. Sim, ela pode ter esses três nomes (arco, varinha e vara).

* Sim, o processo de afinação de um violino é um saco. O violino sempre desafina. Imaginem que vocês estão numa sala com ar-condicionado e acabaram de afinar seu violino, e logo em seguida, tem que tocar uma música ao ar livre, num ambiente quente e úmido, vai precisar afinar de novo.

—--------- xXx -----------

Agora eu realmente não sei quando vou atualizar isso aqui. Vou reservar minha tarde para tentar escrever alguma coisa das minhas outras fics. Mas espero que tenham gostado desse capítulo.

Até o próximo~~



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