Fantasy escrita por Monnie


Capítulo 1
I — Anjos e Demônios.


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta. YEY.
Aproveitem, espero que gostem!
Boa leitura.
~



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Há mais de 400 anos, no Reino de Ishgar, viver em harmonia com anjos e demônios era normal. Todos eram felizes, brincavam juntos, eram amigos, conversavam, jantavam... tudo com as duas espécies unidas. Anjos podiam namorar, casar, ter filhos com demônios. O mesmo para os demônios. Era apenas uma sociedade amigável de duas espécies diferentes, porém, com os mesmos direitos e ideais. O Rei da época, Noux, era um anjo. Suas asas brancas eram as maiores do Reino. Ele tinha um olhar ameaçador nos olhos, porém, no fundo, tinha uma alma acolhedora. Seu irmão, Johan, era um demônio. Eram gêmeos, e tiveram uma família acolhedora, com uma mãe que era maga, usava magia dos demônios perdidos para fazer remédios, curas, e, em casos raros, machucar alguém. Mas, claro, ela só estava protegendo sua família. E, seu pai, que era o Rei de Ishgar, um belo anjo caridoso. Noux e Johan não sabiam como seus pais haviam se conhecido, mas também não importava. Seu pai, apesar de ser Rei, era muito acolhedor, e nunca maltratara nenhum cidadão de seu Reino. Ao quatorze anos de Noux e Johan, seu pai começou a treiná-los. Ele queria ver qual seria digno do trono. Fizeram esgrima, corridas, acampamentos, lutas, treinaram reconhecimento de veneno, e aprenderam um pouco de magia com a mãe. A magia estava fraca na época, poucos ainda eram usuários, então não era necessário aprender. O treinamento durou exatamente um ano. Quando Noux e Johan completaram quinze anos, seu pai finalmente resolvera informar quem seria o sucessor do trono.

— Por seu ato de bondade e lealdade. Por sua força na luta, e estratégia perfeitas. Por dominar a magia, e saber usá-la nas horas certas... Decidi meu sucessor. E ele será você, Noux.

Depois de cinco anos, o Rei falecera. Ninguém soube o motivo. Nem mesmo as magias da Rainha conseguiram distinguir a causa da morte. Fora mais de um mês de luto. A Rainha, depois da morte de seu marido, começou a ficar doente. Ela não queria mais sair de seus aposentos, sequer ver os filhos. Ouvia-se, à noite, sua voz, alta e clara. Ela falava uma língua desconhecida, e com uma intensidade que os gêmeos nunca ouviram antes. Eles sabiam que algo estava errado, mas não tinham coragem para arriscar perguntar. Afinal, todos estavam sensíveis.

Noux finalmente assumira o trono, e todo o Reino ficou feliz novamente. Fora uma festa de uma semana inteira. Entretanto, sua mãe ainda não saíra de seus aposentos. Os irmãos, então, naquela noite resolveram ver a mãe.

— Mãe. — Noux batera três vezes na porta. Nada. — Mãe, a senhora está bem?

Mais uma vez, ouviram as vozes da mãe, mas estava falando outra língua. Os gêmeos se entreolharam, e abriram a porta dos aposentos da mulher, com um molho de chaves que continha a chaves de todos os quartos do palácio.

— Mãe, eu e Johan estamos preocupados com vo... — Noux não pôde terminar. Assim que entrou no quarto, viu sua mãe, com os cabelos totalmente descuidados, sua pele enrugada e suja de algo vermelho, o que parecia ser sangue. Ela tinha os olhos negros, escuros. Olhava fixamente para o chão. — Johan, fique aí.

— Mas, Noux...

— Fique aí! — Gritou. Noux entrou no quarto e foi até sua mãe. Tocou seu ombro com cuidado. — Mãe, olhe para mim.

Ela virou seu olhar para o filho. Algo sombrio estava no olhar de sua mãe. Noux sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

— Intruso... — A mulher sussurrou.

— O que, mãe?

— Intruso! — Gritou e então começou a gritar mais palavras em outra língua. Uma luz roxa saiu do chão, cegando momentaneamente os olhos claros de Noux. — Saia daqui! Queime no fogo do Inferno!

— Ma-mamãe!

A mulher havia jogado um feitiço em Noux. Uma grande marca preta rasgou suas roupas do tronco, e lá mesmo, a marca foi pregada. Era da altura do peito até a virilha, e seu comprimento era só até a cintura. A marca era um circulo com duas flechas cortando-o, uma o reflexo da outra.

— O que você... — Sibilou Noux.

— Daqui a quatrocentos anos, uma sucessora da minha magia nascerá, e com ela, todo o mal reinará. Vocês, do Reino, irão temer a vossa santidade. Vocês, do Reino, irão curvar-se à tamanha força e poder. E ela fará todo o mal escondido nesse mundo devastador florescer, e vocês irão apodrecer. — Dizendo tais palavras, a mulher sumira. Evaporou. Noux não acreditava no que estava vendo; era muito surreal.

Sua mãe acabara de lhe jogar um feitiço e evaporou no ar. O Rei saiu do quarto com os olhos arregalados e suando frio. Deu de cara com seu irmão.

— Noux, o que houve lá dentro? Eu ouvi gritos! — Johan estava olhando-o com espanto. — O que houve com suas roupas? Que marca é essa? Cadê a mamãe?

— Seus demônios inúteis... — Noux sussurrou. Claro, era isso. Como não percebera antes? Sua mãe era um demônio, e Johan também. Ele era o sucessor dela. Ele seria a pessoa que traria todo o mal para a terra! Noux tinha que fazer algo. E seria feito agora. — Johan, morra!

— O quê? — Johan esquivou-se do soco que Noux lhe lançou. — Noux, o que há com você?

— Eu vou te matar, usuário de magia!

Depois disso, o Reino entrou em Guerra. Noux fortaleceu seu exercito, e baniu todos os demônios que habitavam as terras de Ishgar. Johan, que também havia sido banido, protegeu seu povo. Johan conseguira juntar mais de 700 demônios que foram expulsos. Saíram de Ishgar e abrigaram-se em algumas terras perdidas na Floresta Kahum, que era há cinco quilômetros de distancia do Reino de Ishgar. Abrigaram-se com tudo o que tinham, e aprenderam a caçar e a lutar. O príncipe ensinava todos como deviam fazer para atacar e revidar ataques, defesas e pontos fracos. E, depois de sete meses expulsos do reino de Ishgar, os demônios se revoltaram. Atacaram o Reino, querendo seus direitos de volta.

A Guerra dos Gêmeos – como fora chamada – durou três longos anos. Johan morrera na Guerra. Noux saíra muito ferido. Os anjos venceram, Ishgar tornou-se a Terra dos Anjos. Porém os demônios também cresceram com seu povo. Dominaram toda a Floresta Kahum e mais um território imenso. Assim como os anjos, as terras em que os demônios viviam, só continham... demônios. E seguiu assim pelos últimos 400 anos. Noux formou uma família, que formou outra, e mais outra. Os demônios também elegeram um Rei e uma Rainha.

Depois de 400 anos, Agar era o novo Rei de Ishgar. Sua Rainha, Nora, era mãe de três filhos. O mais velho, David, tinha dezoito anos. O do meio, Karl, com dezessete e a mais nova, Ellya, com dezesseis recém-completos.

Ellya não gostava muito da vida no Reino. Ela sempre ficava trancada em seus aposentos, desenhando pessoas sendo assassinadas das piores formas possíveis, ou então lendo livros brutais. Ellya sempre gostara desses tipos de coisas. Ela não via motivos para a vida existir. Gostava do mal; gostava de praticar o mal. Já tentara milhões de vezes, ler livros de magia, e tentar fazer magia, entretanto seu pai não a autorizava, e ela não tinha experiência alguma nisso. A magia fora banida do Reino, desde que a mãe dos gêmeos os usou. Ellya, e toda a família dela, herdara a marca que a bruxa jogou em seu filho, Noux. Ellya tinha a marca em sua nuca, a marca pequena, porém visível. Ela sempre quis saber mais sobre a marca, porém nunca soube nada a respeito. Nem mesmo seus irmãos sabiam.

Já eram quatro horas da manhã, quando Ellya estava olhando as estrelas da varanda de seu quarto. Seus olhos eram presos em olheiras profundas, acompanhadas de uma expressão triste. Queria fugir dali.

— Que se dane. — Murmurou. Ergueu as belas asas de anjo e abriu voo.

Voou por todo o reino, olhando tudo abaixo. Desprezava aquelas pessoas. Não, melhor, as odiava. Ellya olhou para cima, vendo as estrelas. Queria ser capaz de tocá-las... Mas algo chamou sua atenção. Ellya sempre teve os reflexos aguçados, e podia notar um mínimo movimento a uma grande distancia. A movimentação vinha da floresta proibida. A Floresta Kahum. Era ali que vários demônios viviam. Um sorriso debochado se formou nos lábios de Ellya, e ela arregalou os olhos.

— Vamos ter uma diversão hoje.

Voou em direção à Floresta, porém notou a presença de guardas ali. Ela tinha que passar de outra forma. Desceu ao chão e encolheu as asas. Começou a se rastejar pelos arbustos muito bem cortados do jardim, e ficou escondida trinta segundos. Passou rapidamente pelos lírios ali plantados, engatinhando. E então, chegou ao muro que separava a Floresta do Reino. Ellya olhou para os lados rapidamente. Os guardas de ambos os lados estavam conversando com outros guardas, distraidamente. Essa era sua oportunidade. Ellya abriu as asas novamente e voou o mais rápido que pôde. Passou do muro em uma questão de segundos.

— Papai deveria encontrar guardas melhores. — Comentou.

E então, começou a voar baixo pelas arvores da Floresta. Ellya sentiu a presença de alguém, bem no coração da Floresta, e resolveu ir até lá. Voava com calma, sem pressa.

“A Floresta é um ótimo lugar para matar alguma pessoa e esconder seus restos.” — Pensou.

Ellya ouviu vozes. Vozes que não falavam sua língua. Vozes femininas. Voou com mais rapidez, querendo logo encontrar a dona daquela bela voz. Chegou até a dona da voz. Era uma bela garota, tinha seus cabelos na cor lilás, e era comprido até a região do busto – talvez um pouco mais. Seus olhos eram na coloração vermelha, e ela estava com um olhar triste. Sua boca murmurava as palavras com calma. Ela vestia uma capa que lhe cobria até a frente do corpo, na cor preta. Sua pele era quase branca. Cinza claro, talvez? Ellya viu, no chão, uma marca branca, desenhada com tinta. Ellya reconhecera aquela marca. Era a marca que estava em seu corpo. Com certeza era.

— Ei, você! — Gritou Ellya.

A garota ergueu seu olhar, espantada. Parou na hora de falar as palavras na língua desconhecida. Ela olhou de um lado para o outro, provavelmente pensando se mais alguém a havia visto. E, num súbito, abriu suas asas. Ellya logo notou. Ela era um demônio. Suas asas eram fortes e grandes. A garota olhou mais uma vez para Ellya e voou.

— Espera! — Gritou Ellya mais uma vez, e voou na direção da garota, para tentar alcança-la. A demônio era rápida, mas Ellya não ia perder. Queria conhecer a garota. — Garota, espera, eu só quero conversar!

A demônio olhou para trás, e aumentou sua velocidade, batendo as asas mais forte. Ellya irritou-se.

— Eu quero saber o que aquela marca significa! —Nenhuma resposta. — Eu tenho essa marca no meu corpo desde que nasci, olha! Minha família também tem!

A demônio, num súbito parou, voando no lugar. Ellya, no ato repentino da garota, acabou tombando com a mesma.

— Você... — A garota murmurou. — Você é da família real?

— Sim, sou. — Ellya colocou as mãos sobre os ombros da garota, que estremeceu com o toque. — Podemos conversar?

— Tudo bem.

As duas desceram, pousando em um lugar mais afastado da Floresta. Sentaram-se em rochas, e encolheram as asas.

— Qual é seu nome? — Ellya perguntou. Por algum motivo, ela sentava sendo legal com a garota. Por quê? Ellya sempre fora desprezível com ou outros!

— Basterith — A demônio respondeu, baixo o suficiente para só Ellya ouvir.

— Sou Ellya. — As duas ficaram em silencio. Então, Ellya continuou: — O que você estava fazendo na Floresta?

— Um ritual.

— Ritual? O que você é?

— Sou uma demônio.

— Cadê seus chifres? Demônios, pelo que eu sei, têm chifres.

— Eles estão invisíveis — Basterith murmurou algumas palavras em outra língua, e então seus chifres apareceram. — Magia.

— Magia?! — Ellya gritou, assustando a demônio. — Você usa magia? Mas a magia não estava morta?

— É uma magia antiga... Toda minha família usa essa magia, e eu aprendi.

— Você... Você poderia me ensinar?

— Eu... Eu não... — Basterith corou, desviando o olhar.

— Por favor! Nós poderíamos nos encontrar aqui, todos os dias, à essa hora. Você pode? Eu lhe imploro.

— Anjos e demônios não podem ter relação. É isso que a tradição diz. Desculpe. — E, dizendo isso, Basterith abriu as asas novamente, dessa vez, voando numa velocidade incrível. Nem mesmo os anjos atletas seriam capazes de alcança-la. Ellya notou. Era magia.

— Eu estarei esperando você aqui, amanhã, a essa hora! — Ellya gritou, torcendo para que Basterith escutasse.

Basterith escutou, com certeza escutou. Mas não iria aparecer ali. Claro que não. Afinal, isso era impossível. Era impossível no mundo em que viviam. Mas um sentimento a incomodava. Um sentimento do lado esquerdo do peito a fazia ter calafrios. O que era aquilo que ela estava sentindo?

A única coisa que Basterith conseguiu fazer foi ir para casa, deitar-se e tentar dormir. Tentar. Não conseguira pregar os olhos a manhã inteira, ficou pensando na princesa. Sim, Basterith sabia quem era aquela garota. Sabia quem era Ellya. E ela também sabia. Ficar com Ellya só gerava uma coisa: confusão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Desculpem pelo "chá de sumiço", eu estava com um bloqueio terrível.
Mas acho que essa obra dará certo. :D
Aceito comentários, seus gautos. Se gostarem da Fic, comentem, pois isso me dá motivação. Nha.
Beijos, até o próximo.



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