O Controlador escrita por IfiniteVitium


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Verdade




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Durante seu coma, uma das cenas que mais se repetiram em sua mente foi o momento em que sua primeira paixão de infância disse que o amava. Era quase que algo que o fazia saber que dia era, todos os dias, nos primeiros raios da manhã seu cérebro repetia essa cena.

°§§°

Deep Vision:

-Brooklyn, 2005-

Sempre fui apaixonado por ela, Miranda, com seus cabelos negros, lisos e longos. Seus olhos verdes, sua pele macia. Ela sempre linda.

Foi minha primeira paixão, minha primeira visão de beleza.

Me lembro como ela também gostava de mim, suas amigas sempre ficavam rindo dela quando ela ficava me olhando. Podíamos ter 7 anos, mas eu sabia que iriamos ficar juntos para sempre.

Em um dia ensolarado ela estava no ponto de ônibus, sozinha, esperando o ônibus da escola. Eu pensei que seria minha chance de dizer para ela como eu amava. Me sentei no banco ao seu lado, mas ela pareceu não ter percebido.

--Oi, Miranda! – Cumprimentei. – É um dia linda, não?

--Olá, Theo. – Ela respondeu com seu lindo sorriso. – Sim, é um lindo dia.

--Eu gostaria de te dizer algo, muito importante para mim. – Disse já sentindo minhas bochechas arderem. – Eu acho que te amo. – Depois que disse isso ela deu um sorriso radiante.

--Eu também acho que te amo. – Deu uma risada fofa. – Engraçado, não? – Perguntou. –Mas agora eu tenho que ir, para escola. E quando eu pegar aquele ônibus, nunca mais iremos nos ver. – Ela disse ainda sorrindo, mas parecia meio triste.

Quando ela se levantou eu agarrei seu braço.

--Podemos fugir, para o parquinho! Ai você não vai precisar ir embora. – Eu disse e já fui puxando ela. –Poderemos ficar juntos, para todo o sempre. – Prometi.

Ela deixou seus livros caírem no chão e foi comigo.

Quando chegamos lá ficamos apenas balançando um do lado do outro.

--Ficaremos juntos mesmo? Como nos contos de fadas? – Ela perguntou, sempre sorrindo.

--Claro, você só precisa pedir, e deixar. – Respondi, ela logo começou a pular e bater palmas.

--Eu deixo, vamos ficar juntos, para sempre. – Ela implorava e então eu fiz o que ela pediu.

Segurei em sua mão e então ela sorriu de uma forma tão brilhante, e assim ela foi viver seu feliz para sempre comigo.

Ficamos brincando no parquinho, mas quando ficou tarde e eu tive que ir ela disse que iria ficar sozinha lá. Eu deixei e fui para casa.

No dia seguinte as pessoas diziam que ela tinha morrido, mas eu não acreditava nelas, nem quando fui ao enterro. Ela não podia estar morta, eu podia ver ela respirar. Ela apenas estava dormindo, dormindo e sorrindo.

Truth:

-Brooklyn, 2005-

Na verdade, nada disso aconteceu.

Era um dia chuvoso, ela estava indo para escola, vestida com uma capa de chuva por cima da roupa. Fazendo de tudo para proteger seus livros, estava louca para ir a escola. Mas quando viu Theo chegando, ficou logo apreensiva, era um menino que morava na sua rua. Ele sempre a encarava e a assustava, mas sua mãe dizia que ele só fazia isso porque a achava bonita, nada de ruim iria acontecer.

--Oi, Miranda! – Ele a cumprimentou – É um dia linda, não?

--Oi Theo. – Ela disse sem fazer contato visual com ele. –Não, está chovendo. Eu odeio quando chove. – Ela ficou confusa com a pergunta dele, mas deixou para lá.

--Eu gostaria de te dizer algo, muito importante para mim. –Ele disse com suas bochechas coradas– Eu acho que te amo. – Depois que ele disse isso ela ficou sem expressão e não sabia o que dizer, sentiu seu semblante ficar mais sério, ela nunca sorria.

--Ah... É? – Ela perguntou. – Eu... N-Não sei o que dizer. –O ônibus chegou bem naquele instante, aquele ônibus amarelo podia salvar a vida dela, ela só precisava entrar. –Depois a gente conversa, eu preciso ir.

Mas antes que ela pudesse ir, ele agarrou seu braço. Sorrindo de forma doentia.

--Podemos fugir, para o parquinho! Ai você não vai precisar ir embora. – Ele disse e já foi puxando ela, com muita força para uma criança de 7 anos. –Poderemos ficar juntos, para todo o sempre. – Ele prometeu e ela ficou com ainda mais medo, sabia das coisas ruins que aconteciam na cidade. A televisão falava de mortes o tempo todo, ela morria de medo.

Mas ela não conseguiu vencer ele, o ônibus foi embora e ele puxou ela com mais força a levando embora. A menina lutava tanto que acabou deixando cair seus livros, que ela nunca pudera abrir.

Quando chegamos lá ele forçou ela a se sentar no balanço molhado, ela chorava de medo, mas fazia o que ele mandava. Theo sentou no outro balanço e ficou balançando contente.

--Ficaremos juntos mesmo? Como você disse– Ela perguntou, chorando baixo.

--Claro, você só precisa pedir, e deixar eu entrar. –Ele respondeu e ela levantou do balanço na hora, tremendo de medo.

--Eu deixo, se você não machucar minha família. – Ela implorava e então ele fez o que ela pediu.

Ele segurou em sua mão e então já começou a entrar na mente da menina. A cabeça de Miranda doía cada vez mais. A dor era insuportável, tão insuportável que ela caiu de joelhos na areia que parecia lama. Deu seu último suspiro.

Ele com algum tipo de controle mental fez com que o corpo da menina levitasse, e juntos – o corpo dela e ele – brincaram em todos os brinquedos, com aqueles sorrisos artificiais. Até que ficou muito tarde e então ele foi embora para casa, abandonando o corpo da menina na areia.

Na manhã seguinte duas crianças de 9 anos iam brincar no parquinho quando acharam o corpo da menina, correram atrás de suas mães e contaram o que viram.

Quando a mãe de Miranda soube ficou chocada, não sabia o que fazer. Foi mãe da menina por tanto tempo, não tinha mais ninguém para se apegar. Sua mãe já tinha morrido, seu marido abandonou ela e seu pai não gostava dela.

A polícia teve que empurrar a mulher de perto do corpo da filha para que os paramédicos levassem para ambulância e então ao necrotério. Fizeram a perícia no corpo, mas não descobriram quem fizera aquilo e como a menina morreu, deram por morte natural e a mãe teve que fingir acreditar nisso. Por um longo tempo.


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