“É, omma. Hoje faz um mês que SungMin me contou sobre seu irmão e seus pais. Eu realmente acho que ele é um garoto de ouro. Mesmo que tenha sofrido tanto, ainda é um garoto tão zeloso e carinhoso...

Eu realmente fiquei comovido por ele. Todos os dias eu agradeço por ter ficado com vocês pelo menos até os meus, atuais, 17 anos. Eu realmente não sei o que seria da minha vida sem vocês por perto. Acho que eu ia virar o adolescente mais rebelde do mundo... Talvez.

Omma, se você estivesse aqui, você aceitaria que eu gostasse de um garoto? Porque, Omma... Eu acho que estou gostando de um. DongHae veio me dizer que eu tenho que ser mais esperto. Eu já falei com ele, pouco, mas falei...

HyukJae, então. Vive dizendo coisas que eu não entendo. E mesmo sabendo que ele é uma boa pessoa, eu não consigo falar com ele como falo com DongHae. Acho que tudo que eu já disse pra ele foram respostas a algumas de suas perguntas. Apenas as que mereciam uma resposta. Ele faz perguntas bem idiotas quando quer.

Omma, e se o SungMin não corresponder? E se ele ficar com raiva de mim pelo fato de ser gay? E se ele achar que eu sou igual ao ex do irmão dele? E se eu, no fim, só estiver confundindo tudo? E o pior de tudo, e se ele corresponder?

Acho que tenho que parar de pensar nisso. Vou acabar fazendo besteira. No fim eu devo estar apenas confundindo tudo, afinal... Eu e ele somos muito amigos, certo? Deve ser apenas isso...

Acho que ele já terminou de falar com o irmão dele, então estou indo. Vou acompanhá-lo até a casa dele hoje. Deseje-me sorte e muita sabedoria numa hora dessas, omma.

Saranghaeyo, do seu filho KyuHyun.”

**.**

– Não acredito que em dois meses de aula esses professores já passaram cinco trabalhos em quarteto, bando de exagerado. Estou cansado de tanto trabalho – reclamava Hyuk ao que juntávamos nossas mesas para mais um trabalho.

– Pelo menos ficamos sempre juntos, nós quatro – disse Hae, com um sorriso no rosto.

– Bem... Eu gosto desse assunto – disse Min, sorrindo ao meu lado. Estávamos de mãos dadas, como passamos a ficar nas aulas.

– História é o cumulo! – disse Hyuk, suspirando e colocando a cabeça na mesa, fazendo-nos soltar uma risada baixa.

– Guerra sino-japonesa é um assunto muito bom – eu disse e os dois me olharam, espantados. Eles ainda não estavam acostumados comigo interagindo por vontade própria. Apenas dei de ombros, encostando-me melhor na cadeira.

Logo soou o toque para o intervalo e os dois a nossa frente saíram, deixando-nos sozinhos, como de costume. Rápido vir-me-ei para minha mochila, pegando meu pacote de batatas enquanto SungMin pegava sua caixa de morangos. Mesmo depois de dois meses nossos lanches continuavam os mesmos.

Assim começamos a comer em silencio, vez ou outra eu colocava uma batata na boca de SungMin e ele me dava um pedaço de morango. Eu gostava da nossa amizade assim, era confortável ficar com ele como ninguém conseguiu me fazer estar antes.

Já havia acabado a minha batata e ele seus morangos, então apenas joguei os pacotes fora e sentei-me ao seu lado novamente. Puxei sua cadeira para mais perto da minha e abracei-lhe pelos ombros. O mesmo apenas apoiou a cabeça em meu peito enquanto eu lhe dava beijos nos cabelos.

Era bom ficar assim com ele, abraçado, vendo o tempo passar. Eu sinto falta de ficar assim com alguém às vezes e ele sempre é o meu escape de tudo. Vi ele bocejar e ri um pouco, bagunçando seus cabelos.

– Kyu... – Sua voz manhosa era o meu remédio para qualquer dor – Eu estou com sono.

– Eu diria pra você dormir, mas logo vai bater a campa e eu não acho que o professor vai gostar de ver você dormindo na sala de aula – disse, vendo-o fazer um bico.

Coloquei minha mão em seu queixo, levantando sua cabeça e olhando-o nos olhos enquanto encostava nossos narizes. Vez ou outra fazíamos isso, de nos acariciar mais intimamente, sem a menor pretensão de passar disso. Pode até haver vontade, mas nunca pretensão.

Às vezes eu olhava seus lábios assim, de perto, e sentia uma vontade muito grande de selá-los nos meus. Não sei o porquê de querer isso, mas eu queria muito. Eu não sei explicar o que é isso, só sei que é muito forte.

A campa bateu e antes que ele pudesse afastar completamente seu rosto do meu, eu selei o canto de seus lábios, sentindo algo se revirando dentro de mim. SungMin me olhou um pouco assustado e eu apenas peguei sua mão debaixo da mesa enquanto ajeitava-me. Logo ele passou a olhar pra frente e não comentamos mais sobre isso.

**.**

Já era sábado e mais uma vez eu e SungMin íamos para a casa do HyukJae, afinal, tínhamos um trabalho a fazer.

Sempre que tinha trabalho nós nos reuníamos na casa do loiro, pois sua casa era mais espaçosa para dormirmos e era perto da casa de todos. Principalmente da minha, o que me deixava muito feliz, pois quase sempre que íamos pra lá SungMin dormia em minha casa.

Assim que chegamos deixamos nossos sapatos nos mesmos lugares de sempre eu guardei as nossas luvas, tocas e cachecóis, meus e do SungMin. Entramos e fomos direto para o quarto de Hyuk, onde Hae se encontrava dançando alguma musica em frente ao espelho.

Sentei na cama de Hyuk com SungMin ao meu lado, ambos encostados na cabeceira da cama. Logo abri o braço e ele apoiou sua cabeça em meu peito enquanto eu lhe acariciava as madeixas negras. Ele aprendeu a não ligar para a presença dos outros dois que já estavam tão acostumados com o nosso jeito carinhoso.

Estava tão cansado, sempre chegávamos cedo para nada já que DongHae começava a dançar e Hyuk sumia por algum canto da casa. Deixei meu braço escorregar dos ombros para a cintura de meu ursinho, puxando-o para mais perto de mim. Logo ele passou por cima de minha perna, ficando entre as duas enquanto eu lhe abraçava.

Coloquei minha cabeça em seu ombro, começando a beijar calmamente seu pescoço. Eu gostava de fazer isso, sabia que SungMin era sensível naquela área de seu corpo e adorava ouvi-lo suspirar. Então resolvi lamber ali, mas o que eu não esperava era um suspiro mais alto de SungMin, que acabou chamando a atenção de DongHae.

– Yah! Parem com isso. Eu estou aqui, sabiam?!

Apenas escondi mais minha cabeça no pescoço de SungMin, rindo ali, vendo-o se arrepiar enquanto também ria um pouco. DongHae virou de frente ao espelho novamente, voltando a treinar seja lá qual fosse aquela coreografia e eu voltei a dar atenção ao meu ursinho.

**.**

Já era noite, havíamos feito maior parte do trabalho esta tarde, depois do almoço. Amanha só precisávamos reler pra ver se não tem nenhum erro e imprimir o trabalho. Eu e SungMin estávamos deitados na cama de baixo. Não mais a dos pais do Hyuk, mas a que tinha embaixo da sua.

Na nossa segunda noite aqui descobrimos que a cama do Hyuk foi feita sob medida. Ela era uma bicama de casal. Eu estranhei bastante de inicio, mas agora eu estou aceitando isso melhor.

SungMin e eu estávamos um de frente pro outro e brincávamos de guerra de dedões. Eu sempre ganhava e o meu premio maior era ver um bico nos lábios de Min, aqueles lábios lindos e rosados. Mas ele não estava gostando nada da brincadeira.

– Kyunnie, cansei! Você sempre ganha – ele resmungou apenas para que eu ouvisse e eu apertei a sua bochecha, juntando nossos narizes enquanto ria do seu jeito infantil.

Vi ele colocar a mão na boca, bocejando. Podia notar que seus olhos estavam quase fechados de sono. Dei um beijo em sua bochecha, passando a distribuir vários beijos por ali. Coloquei minha mão na cintura de SungMin, puxando-o para mais perto de mim, sentindo suas mãos em minha camisa, apertando-a.

Passei a língua em seu lóbulo, logo descendo para dar beijos e lambidas em seu pescoço, gostava de saber que aquele era seu ponto fraco. Podia ouvir seus suspiros baixos, o que me fez rir.

– Kyu... – Parei quando ouvi ele me chamar, colocando minha bochecha colada a sua, facilitando nossa comunicação sem que os outros ouvissem – Você... Não acha isso estranho?

– O que, Minnie? – perguntei, acariciando sua cintura.

– O jeito que agente se trata... Os nossos carinhos... – Afastei-me para olhar em seus olhos quando ouvi suas palavras.

– O que têm eles? Você não gosta?

– N-não. Não é isso... É que... Kyu, eles não se parecem com carinho de amigos.

– Mas nós somos melhores amigos, Minnie – eu disse, acariciando seu rosto.

– Você entendeu o que eu quis dizer, Kyu. Não se faça de inocente... Estou falando... Que nossos carinhos parecem de... – Ele se aproximou do meu ouvido, para sussurrar ainda mais baixo – Namorados!

– Apenas... Deixe como esta, Minnie – eu disse, abraçando-o novamente – Você não gosta assim? – Senti o mesmo balançar a cabeça em afirmação – Então deixe estar até entendermos, tudo bem?! Prometo que, assim que eu entender, eu lhe contarei.

Não dissemos mais nada naquela noite. Apenas nos abraçamos e dormimos.