Hora Negra

Lilium

Os iusti meditabitur sapientiam  

Et lingua eius loquetur iudicium  

Beatus vir qui suffert temptationem Q

uia cum probates furerit  

Accipiet coronam vitae  

Kyrie, ignis divine, eleison  

Oh quam sancta  

Quam serena

Quam benigna

Quam amoena

Oh castitatis lilium

13 de agosto de 2010

23:58

Os sinos da igreja começam a tocar. É o aviso pra toda a cidade de Lírio, de que a hora negra esta chegando. Minutos antes da meia-noite, a cidade começa a viver um período de escuridão. Nenhuma luz fica acesa, uma a uma as luzes se apagam. Apenas o pouco brilho da lua cheia e das pequenas estrelas, restam pra iluminar a cidade.

Os moradores trancam suas casas, fecham cada janela, cada cortina, todas as portas, e em meio a escuridão, deitam em suas camas, e esperam a hora passar. Dormir, eles não podem. Mesmo que tentem  não conseguem. É como se a cidade estivesse impedida de dormir durante àquela hora.

   Quando o relógio bate a meia-noite, e toda a cidade esta trancada, aí sim começam os gritos. Os sons da hora negra, são perturbadores, são demoníacos. Ouve-se gritos, sons estranhos, batidas, sussurros, choros e risos. Nenhum morador jamais viu o que se passa na cidade a essa hora. Os poucos curiosos que tentaram a sorte, não sobreviveram pra contar. Os moradores apenas sabem que a meia-noite, eles devem  se trancar em casa, e esperar até que tudo volte ao normal. É como um pesadelo, e a cada mês o pesadelo volta. À hora negra, ocorre todo mês, na semana da lua cheia, e não há  nada que os habitantes de Lírio possam  fazer.

   Durante o dia, a cidade vive normalmente, cada um com seus afazeres, e em hipótese alguma falam sobre o ocorrido da semana de lua cheia. As crianças são  as únicas que comentam umas com as outras, mas logo são  ensinadas, a nunca falarem disso. E assim a tradição do silêncio passa de geração em geração.

Algumas vezes ocorre de um turista visitar a cidade. A população não gosta dos turistas e sempre os mandam embora. Boa parte, não fica mais que um dia na cidade, os poucos que ficam, não sobrevivem ao período de escuridão pra contar história.

O fato é que aquele era o primeiro dia da escuridão do mês de agosto. Todos estavam apreensivos, e com medo, mas ninguém falava nada um pro outro. Era como se nada fosse acontecer, mas a apreensão estava em cada feição dos habitantes.

 Não importava o quanto rezassem, pedissem ou clamassem. A meia-noite, os portões do inferno se abririam, e a hora negra ia chegar.

A hora se aproximava, e os sinos da igreja tocavam. O Frio da noite penetrava as paredes das casas, enquanto as pessoas fechavam as portas e as janelas. O medo estava presente em cada silhueta, e muitos corriam contra o tempo. Olhavam pro céu, e viam a escuridão se aproximar.

À hora negra se aproximava. A hora onde tudo era escuridão, tudo era frio, e a cidade se transformaria, em um  lugar sombrio, onde as trevas imperaravam.

Todos os dias de lua cheia a pequena cidade de Lírio, no interior do Brasil, passava pela mesma situação. Muitos diziam, que aquela maldição da cidade , começará a mais de 100 anos, quando um famoso senhor, dono de uma casa que até hoje era vista como assombrada pelos moradores, descobriu um portal. O que poucos sabem, era que esse portal, era o elo de ligação, entre dois mundos. E a meia-noite de cada noite de lua-cheia, esse elo era aberto.

Lírio

[Salmo 36:30](HEBR. 37:30)

A boca dos justos

Anuncia a sabedoria

E sua língua Proclama o direito

[S. Tiago 1:12]

Bem aventurado o homem que

Sofre a tentação

Porquê, depois que tiver sido provado,

Receberá a coroa da vida

Senhor fonte de bondade

Senhor,

oh fogo divino,

tende piedade

Oh quão santa,

Quão serena,

Quão benevolente,

Quão agradável,

Oh casto lírio.