"Nunca me Acuerdo de Olvidarte" - Pan Alban

Elas já me chamaram de louca, de sem noção e de qualquer coisa que denigra meu amor próprio.

Mas, elas não conheceram Sasuke Uchiha.

Eu temo que se

Se trata de você

Vou repetir

Os mesmos erros de ontem

O café já está frio ao lado de meu relatório, eu deveria ter acabado isso há quatro horas e estar dormindo há duas, mas o maldito resolveu me mandar um “oi”, e agora procuro passagens para a cidade onde ele está, só para ter mais uma prova daquilo que ele me proporcionou aquela vez.

Não me entenda mal, posso parecer desesperada – sou um pouco – mas, bom, você não conheceu Sasuke Uchiha.

E como é natural

Costuma acontecer

E não há cego pior

Que aquele que não quer ver

O encontrei naquele mesmo grupo de amigos que fiz quando ingressei na faculdade. Amigo do namorado de uma amiga. Eu havia acabado de sair de um relacionamento conturbado, cheio de tédio e comodismo. Decidi seguir em frente e botei a cara no mundo.

Me sentia bem com isso, me sentia livre. Não queria mais ninguém em minha vida, eu não queria depender de alguém, mas aí eu conheci Sasuke Uchiha.

Estou aqui me dando por vencida

Quase convencida que tentar é inútil

E me pergunto, o que há de errado comigo

Ele chegou faceiro, me pegou pela mão e beijou as costas dela me dando um – maldito - sorriso de canto que fez minhas pernas virarem geleia.

“ – É sempre eu prazer conhecer uma niña tan hermosa (menina tão linda)”

Canalha! Filho da mãe!

Aquela voz grossa e aquele sotaque portenho, o jeito de olhar para tudo com tédio e depois fixar em mim de modo faminto... Ele me deixou maluca!

Nosso primeiro beijo foi naquela festa da Karin, eu cheguei e fui cumprimentá-lo. Ele me agarrou.

No outro dia eu estava sozinha em minha cama ainda tentando acreditar que aquelas marcas roxas eram porque eu bati nos móveis e... foda-se vou atrás daquele maldito Sasuke Uchiha.

Meu pior castigo

É que ainda que se você vai embora

Você sabe, sabe quem vai embora sou eu

Ele me enlouqueceu com tantas palavras estrangeiras e significados absurdos que fiquei viciada naquele homem! Eu queria a sua atenção, eu queria seus olhos... ah, eu o queria. Mas ele não aparecia, só quando lhe era satisfatório.

Eu não sabia onde o encontrar, ele sempre me encontrava. Eu juro, juro mesmo que tentava me afastar, mas ele sabia usar aquele magnetismo natural.

Era só jogar o cabelo e morder aquela boca que eu... eu sou patética! Patética!

O que diria mamãe se me visse indo para a estação de trem com duas malas e nenhum plano atrás de um homem? Um homem que não sei se me quer, mas que me atormenta e faz de mim o que bem entende.

Ele me diz coisas ao pé do ouvido que não entendo, e quando pergunto o que é ele simplesmente sorri. SORRI! E eu fico assim, do jeito que me veem.

Eu tenho que esquecer Sasuke Uchiha!

Oh, oh, ooh, oh

Nunca me lembro de te esquecer

Oh, oh, ooh, oh

Nunca aprendi como deixar você partir

Meu mundo gira assim, ao seu redor

Só me lembro de uma parte

Só que eu nunca lembro de esquecê-lo.

Oh, oh, ooh, oh

Oh, oh, ooh, oh

E não me lembro de te esquecer

Meu estômago dá um solavanco quando piso meus pés em Bueno Aires. Estou seguindo meu plano de correr atrás do que eu quero, não? Pareço ridícula, mas é discutível o que pode ser patético, não é? Veja bem, um homem fazendo isso seria romântico, uma mulher... tá, até eu concordo que é ridículo! Mas, poxa, deixe vê-lo que saberá do que eu falo.

Ele se foi naquela primavera, para a casa dos pais depois de se formar. Não deixou seu número e nem uma mensagem de adeus. Partiu depois de uma noite comigo. Partiu levando junto um pedaço grande de mim.

Juro que fiquei uns bons minutos incrédula naquele dia que recebi seu “oi”. O DDI fez meu coração saltar e a mente paralisar.

Lá estava ele cutucando a ferida que deixou! A vontade de ter ele comigo me sufocando. Segui meus instintos e fui. Agora não sei por onde começar.

Por onde anda, Sasuke Uchiha?

Desço do trem

Caio na sua rede

E volto a pisar na pedra que pisei

E meu coração volta a se partir

E não há surdo pior

Que aquele que não quer ouvir

É ele! Tenho certeza que é a cara dele ao lado daquela mulher bonita! Não entendo bulhufas do que está escrito ali, mas Uchiha eu entendo e ali estava o sobrenome!

O vendedor fica gritando naquele idioma estranho enquanto eu rasgo aquele pedaço de papel estraçalhando o rosto daquele... Argh!

Ino me disse. Temari me disse. Até Hinata me disse! Mas o que eu fiz? Ignorei, claro! Fiquei cega seguindo a minha vontade de deixar aquele argentino maluquinho por mim do mesmo jeito que ele me fez ficar por ele.

“Te quiero” Te quiero uma ova! Nunca me quis e agora vou gastar minha última grana do mês para voltar para casa me sentindo um lixo. Não foi o bastante chorar daquela vez, eu tive que me humilhar.

Tudo porque eu conheci Sasuke Uchiha.

Estou aqui me dando por vencida

E quase convencida que não há ninguém mais idiota

Por isso, eu

Morro pela sua boca na minha boca

E eu tento de tudo, tudo, tudo e não

Seria desonroso demais eu beber todas num bar de Buenos Aires para afogar minha mediocridade? Se for, bom! Estou afogando minha mediocridade num bar maneiro que nem lembro o nome. Estou tão chapada – ou fingindo estar para não ser incomodada – que começo a cantar a música que eu já ouvi uma vez e que me faz lembrar dele. Eu canto tudo enrolado, mas eu sei que qualquer um ali consegue entender a minha dor, a dor de ser tola e andar por aí atrás de alguém que não me quer.

Poderia mentir

Matar ou morrer

Inclusive algo muito pior

Forçar o destino

Perder o caminho

Com o intuito de não perder o seu amor

Eu não sou obrigada! Mundo cruel!

E todos me dizem para que eu não desperdice

Porque o tempo lhes dá a razão

Vai chegar o dia

Que haverá outro na minha vida

Que me ame mais e melhor

- Sakura?

Ele está atrás de mim, consigo vê-lo pelo espelho no bar. Destino? Eu gostaria de acreditar que sim, mas to zonza pra cair nessa como uma menininha apaixonada pelo pilantra que a largou.

- Ora, quem eu vejo por aqui. Que grande coincidência...

Eu não ligo para aquela cara dele de confuso, aquele sotaque infernal que me deixa molenga.

Eu não vou cair no joguinho dele. Não vou! Eu achei que ele fosse voltar? Sim! Eu achei que ele fosse me querer de verdade apesar de ter dito somente uma vez “Yo te quiero” .

Se me quisesse eu não estaria num país estranho, olhando gente estranha, escutando palavras estranhas e com vontade de esganar ele e me afundar num buraco por me alto depreciar!

- O que faz aqui? – Ah esse sotaque afetado! E ele tá tão lindo! Foco Sakura! Foco!

- Na constituição diz que sou livre para ir e vir e sei lá mais o quê... me deixa, Sasuke Uchiha!

Oh, oh, ooh, oh

Nunca me lembro de te esquecer

Oh, oh, ooh, oh

Nunca aprendi como deixar você partir

Meu mundo gira assim, ao seu redor

Só me lembro de uma parte

- Veio... me ver?

Ah, se eu pudesse confiar naquela cara surpresa dele! Ele sabia que eu me sujeitaria àquilo! Humilhante. Ele parece surpreso, mas não! Ele não me engana!

Um cara o grito do outro lado, mas ele fala umas coisas tudo enrolado e se vira para mim novamente. Ele pede uma explicação e eu vou dar! Pela última vez!

Eu falo tudo. Toda a minha dignidade vai por água abaixo com frases do tipo “sim, eu vim por você”, “Não, eu não te esqueci e nem sei se vou conseguir” e “Você é o bastardo mais gostoso que já me apareceu” – foi humilhante, foi constrangedor, foi deprimente. Mas não duvide da capacidade de uma mulher bêbada.

- ... e ainda por cima vem com aquele “Te quiero”! Como se... como se... você nunca me quis... – acuso com direito a dedo na cara e cara de fúria.

Ele me escuta, mas parece não escutar de verdade. Fica me olhando, me olhando e então ele sorri. Mas espera, não é aquele sorriso de canto.

Ele passa a mão no cabelo rindo e isso me enfurece.

- Te quiero... eu disse mesmo, não? – ele ri mais e eu fico com a mesma cara de fúria. Ele fica lindo rindo, mas não vou me sujeitar, como eu já disse, eu não sou obrigada! – Você veio atrás de mim. – ele me olha de novo e faz carinho na minha cabeça – Ficou com ciúmes de minha mãe numa foto de jornal. – Agora minha boca se abre. Sim, eu estou chocada. Ele sorri mais largo – Você não sabe o que significa “Te quiero”?

Eu nego com a cabeça, certa de que fiz a coisa errada dando corda pra ele falar! Ele tá conseguindo mais uma vez me enrolar e... Ele pega na minha mão e dá um beijo nela como da primeira vez.

- Que bom que não me esqueceu. Venha, eu vou te dizer o significado...

E não me lembro de te esquecer