Humanos escrita por Nando


Capítulo 5
Jack


Notas iniciais do capítulo

E estou de volta! Tenho que vos dizer que este cap vai ser mais pesado, então quem não gostar de histórias pesadas mantenha-se longe! Mas aproveitem a leitura!



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A preguiça controlava-me por completo. Estava totalmente estendido no sofá com os olhos postos na televisão ligada nas notícias. Ao que parecia tinha havido um ataque de terroristas que tinha morto há volta de 50 mortos. Não sabia mais detalhes. Tinha apenas os olhos fixados em todo o caos e destruição que tinham causado. Maravilhoso! Quem me dera poder ser eu a causar aquilo! Desviei o olhar para o meu telemóvel. Não me tinham telefonado. Tinha entrado para um grupo de terroristas que se infiltravam entre as pessoas e fingiam viver uma vida normal, mas devido a ser muito novo eles disseram para aguardar. Que chatice!

Nunca acreditei no destino mas naquele momento, eu acreditei. O telemóvel tocou. Paralisei por completo. Seriam eles? Dei um salto na direção do telemóvel, e apanhei-o com mãos firmes. Observei o número. Eram mesmo eles! Cliquei no botão verde e coloquei o telemóvel no meu ouvido, uma voz grave e rouca falou-me do outro lado:

–Então recruta, como tens passado?

Respondi um breve “bem” esperando que ele fosse direto ao assunto:

–Bom acho que está na hora de te fazer uma avaliação. Gostarias de vir observar um ataque a uma aldeia que vamos fazer. Coisa pouca. É só para meter medo aos governantes…

O meu rosto abriu-se de alegria. Finalmente! Após tanto tempo iria poder entrar no meio do caos e da destruição! Fantástico!

Fiz uma pausa para me acalmar e disse que quando quisesse, eu estaria pronto:

–Isso mesmo que eu quero ouvir! Um carro irá te buscar às 8 horas da noite. Tudo bem contigo?

–Sim perfeitamente! – Os meus pais tinham saído e não iriam voltar para dormir, não havia nada para me impedir!

–Bom então até lá!

Desliguei o telemóvel e deixei-o cair no sofá. Nunca me sentira tão feliz na minha vida! Era por aquilo que tinha desejado! Nunca tivera um propósito na minha vida, até ao dia em que soquei todos os garotos, no jardim-de-infância, por estarem a gozar comigo. O sangue nas minhas mãos e os gritos assustados das crianças… Fora maravilhoso! As crianças ficaram ilesas, embora algumas tivessem passado por um pequeno coma, o caso passou por tribunais, mas safei-me de boas.

Desde esse momento a minha humanidade foi-se perdendo, e acabou por desaparecer de vez no dia que vi falar sobre ataques terroristas, pessoas que iam contra os ideais implantados no mundo e que usavam violência em grande escala para atingir os seus objetivos, não me interessavam esses objetivos, apenas fiquei fascinado com a violência usada, então comecei a usar tudo o que sabia para entrar num grupo de terroristas, e após muito tempo, tinha conseguido!

Olhei o relógio faltavam umas horas, então decidi-me aprontar. Fui em direção da casa de banho, tranquei a porta, despi-me e entrei na banheira. A água tocava-me gentilmente nas costas, fazendo com que os meus músculos relaxassem. Após uns vinte minutos saí e enrolei-me na toalha por um bocado, limpando todas as partes do meu corpo. Com o trabalho terminado, atirei a toalha para longe e comecei a vestir-me. Escolhi uns jeans pretos, uma camisola vermelha e um casaco negro. Despenteei o meu cabelo ao meu estilo e olhei-me no espelho. Perfeito! Sai da casa de banho e sentei-me no sofá a olhar para o relógio, esperando as horas passarem.

Depois de muita espera ouvi uma buzinadela vinda da rua. Saltei do sofá e saí correndo de casa, sem sequer desligar a luz ou trancar a porta. Quando cheguei á rua um carro preto esperava-me. Entrei pela porta de trás e acomodei-me. Um homem com o dobro dos meus músculos e com uma barba mal feita segurava o volante, e virou-se para mim:

–Estás preparado?

Acenei afirmativamente e o homem pisou no acelerador, fazendo com que o carro desse um guincho e saísse pela estrada fora, a grande velocidade.

Encostei-me para trás e olhei pela janela, observando o caminho por onde passávamos. Em pouco tempo saímos da cidade e então tudo que se via era mato. Demorou mais de uma hora para chegarmos ao nosso destino e quando finalmente, o homem no volante disse que tínhamos chegado, saí disparado do carro e uma lufada de ar fresco veio na minha direção. Respirei fundo e dei uma vista ao redor. Havia uma grande presença de árvores e, ao longe, avistava-se uma pequena aldeia. Era aquela que eles deviam ir atacar.

O condutor saiu de trás de mim e guiou-me por uns caminhos cheios de mato espesso. Após alguns minutos, o homem parou e fiz a mesma coisa. Há nossa frente encontravam-se alguns homens armados com pistolas, metralhadoras e até granadas. Rapidamente fui bombardeado com comentários do tipo: “então novato estás preparado”; “olha que pode ser pesado demais”; “uma coisa é ver na TV outra é ver ao vivo”…

Eu disse que estava totalmente preparado e que não precisavam de se preocupar comigo, e nesse momento, o que mandava em todos os homens ali presentes, chegou-se ao pé de mim, colocou a sua mão no meu ombro e disse com voz forte:

–Tu ficarás ali a assistir tudo – Apontou para um rochedo - podes fugir, podes tentar ajudá-los, mas não nos culpes se morreres…

Assenti com a cabeça e o comandante virou-se para os seus homens:

–Vamos então começar com isto! – Elevou o punho – Está na hora do ataque!

Entre urros e balbúrdias os homens saíram disparados cada um para seu lado. Fiquei a olhar fascinado para tudo aquilo e lentamente dirigi-me até ao meu posto. Observei os homens a fazer um cerco, sem serem notados, á volta da aldeia. Foi então que soou uma voz forte que gritou algo, que eu não entendi, e do nada, várias granadas voaram em direção á aldeia, criando múltiplas explosões. As casas começaram a cair com a força das explosões, as pessoas começaram a correr desesperadas e desorientadas, sem saber o que acontecia, mas não importava para onde fugissem acabavam por ser apanhadas por tiros. As pessoas tombavam no chão, com o sangue a escorrer pelo corpo. Arregalei os olhos. Fantástico! Tal como imaginara! Dei uma risada pela forma como a vida das pessoas podia acabar tão rápido. Humanos eram criaturas fracas!

Espantado com tudo aquilo deparei-me com cinco crianças que estavam a tentar fugir desesperadamente. Eram três rapazes e duas raparigas, um rapaz, que devia ter menos um ano do que eu, comandava os outros. Havia um que devia ser uns dois anos mais novo que eu, e os outros eram crianças. Sorri e olhei para os lados. Não estava ninguém a ver. Desci a colina e mal toquei com os pés firmes no chão dei uma corrida em direção delas.

Após passar muitas casas destruídas e a arder, finalmente cheguei ao pé das crianças. Ao me verem deram uns passos para trás, cheias de medo. Olhei-as, de alto a baixo. Estavam totalmente esfarrapadas, completas de poeira e sangue, num estado miserável. Não consegui evitar. Estendi-lhes a mão e disse no tom mais amigável que consegui:

–Venham comigo, eu vou vos mostrar uma saída!

As crianças ficaram relutantes por uns momentos, mas acabaram por aceitar. Guiei-as por caminhos destruídos e foi então que vi ao longe um armazém, era perfeito! Indiquei-lhes o caminho, e em pouco tempo chegamos. Abri a porta da frente e deixei-os entrar primeiro, trancando a porta atrás de mim. O armazém era espaçoso, estava completamente vazio, mas ninguém os veria ali. Disse-lhes para se ajeitarem o melhor possível, e os garotos sentaram-se no chão entre choros e murmúrios, eu sentei-me um pouco mais longe. Foi então que o mais velho se aproximou de mim e disse com voz fraca:

–Obrigada por nos teres ajudado! Realmente te agradecemos!

Foi a gota de água. Não consegui aguentar. Levantei-me e dei uma risada bem alto. As crianças pararam a olhar horrorizadas para mim, paralisadas pelo medo:

–Vocês acharam mesmo que eu vos ajudaria? Ahahaahahaha! Crianças esperançosas sois! Os humanos não são tão amigáveis assim!

Tirei a pistola que tinha escondida atrás de mim e apertei o gatilho. O som ressoou fazendo vibrar os meus ouvidos. A bala acertou na testa do garoto mais novo. O corpo tombou imóvel sem reação, um rasto de sangue escorria pela sua cabeça, fiquei maravilhado com aquela cor. Era uma cor tão viva!

Voltei a olhar para o corpo imóvel. Tinha matado uma criança! E não me sentia culpado! Sentia-me até renovado! Olhei as caras dos outros garotos, o medo atormentava-lhes por completo. Que caras maravilhosas!

Um dos rapazes veio na minha direção tentando-me socar, desvie-me mais agilmente do que antes eu poderia fazer. Estava mais vivo! Agarrei-o pelos cabelos e atirei-o para longe. Foi então que decidi abrir o jogo. Abri a porta do armazém e disse entre risos:

–Do lado de fora está a liberdade! Corram atrás dela! Mas aviso-vos já que vai ser difícil! – Apontei com o dedo indicador para a pistola.

Duas garotas desataram a correr até á porta entre gritos de medo e horror. Apertei o gatilho duas vezes. Duas balas saíram e acertaram nas duas. Os corpos tombaram pelo chão, novo mar de sangue! Virei-me para os únicos que faltavam. O garoto que me tinha agradecido e aquele que se tinha atirado para cima de mim. Caminhei até eles e disse numa voz amigável:

–Vamos fazer isto de outro jeito! Um de vós pode fugir mas terá que me entregar o outro!

Dei um olhar na cara deles. Parados até aos ossos! Foi então que o mais velho, aquele que me tinha agradecido, levantou-se e disse numa voz forte:

–Seu monstro! Tu não mereces ser humano! Devias acabar no inferno! Nunca te daria o meu irmão! – Estendeu os braços a impedir o caminho até ao outro – Se queres atirar em alguém, atira em mim! Estou pronto para ti, seu lixo!

–Oh que comovente! Um irmão a proteger o outro! E esses insultos não me afetam! – Apontei a arma, mas não disparei, esperando pelo momento certo. Foi então que o rapaz á minha frente falou:

–Corre Leo! Eu vou-te proteger!

–Mas…

–Não há tempo para mais nada! Vai de uma vez!

Leo começou a chorar e desatou a correr até á saída, virei a arma na sua direção e disparei, mas o tiro foi impedido por o seu irmão que se atirou para a frente da bala acertando-lhe na barriga, impedindo que a bala chegasse ao irmão, fazendo com que o Leo fugisse. Enervado, acertei com um pontapé no rapaz que me tinha impedido, e repeti o processo até que ele parasse de respirar.

Olhei em volta. Quatro corpos de crianças estavam á minha volta, e eu tinha-os matado. Dei uma risada. Acho que definitivamente eu já não sou humano. Ouvi um barulho e vários terroristas entraram e viram o meu trabalho. Silêncio total. Foi então que o comandante veio falar comigo:

–Parece que fostes além das nossas expectativas! Matas-te quatro crianças a sangue frio! És oficialmente um monstro!

Revirei os olhos para ele e respondi-lhe:

–Parece que não sou o único! Qual foi o propósito disto? Não serve para base, e nem afeta nada. Fizeste isto apenas pelo gosto de matar!

O comandante deu uma risada e estendeu-me a mão:

–Estás oficialmente no grupo!

Apertei-lhe a mão com firmeza. Era agora que o meu destino começava. Aquele tinha sido o meu verdadeiro nascimento. Abri um largo sorriso. A vida era divertida!


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Notas finais do capítulo

E então gostaram? Eu sei que pode ter sido um pouco pesado mas vai ser importante para a história! Até ao próximo cap!



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