Humanos escrita por Nando


Capítulo 2
Margarida


Notas iniciais do capítulo

E mais um capítulo de humanos! Agora no papel de Margarida! Novos personagens aparecem! E uma batalha de ideais começa! Fiquem para ver!



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Estava à frente da porta da minha nova sala. Respirei fundo, tentando acalmar-me. Já tinha mudado de escolas várias vezes devido ao trabalho dos meus pais, mas a cada escola que ia era sempre tudo de maneira diferente, e o nervosismo aparecia sempre. E desta vez tinha mais um motivo, David. O rapaz que me tinha salvado e que prometera tornar o mundo um lugar mais gentil, sem usar a violência. Podia realmente contar com ele? Esta pergunta permanecia, mas tinha outras que soavam muito mais alto. Quem de verdade é ele? Que segredos guarda?
A porta á minha frente abriu-se, e uma senhora de meia-idade, com cabelos escuros pediu-me para eu entrar.
Quando coloquei um pé dentro da sala, deparei-me com vários alunos, distribuídos por várias mesas, ficando dois a dois. Todos se encontravam juntos, menos um. Um aluno encontrava-se sozinho, David. Os nossos olhares encontraram-se por breves momentos, até que ele desviou o olhar para a sua mesa, totalmente indiferente.
A professora pediu que me apresentasse. Respirei fundo, e comecei o discurso que sempre faço quando vou para uma nova escola:
–Olá a todos! O meu nome é Margarida e vou ser a vossa nova colega, espero que possamos passar um ano maravilhoso juntos!
Palmas. Os alunos começaram a apresentarem-se, acotovelando-se uns nos outros para me tentarem conhecer. Apenas quatro rapazes e uma rapariga tinham ficado sentados, e David era um deles.
Ouvi as vozes de uns rapazes a dizer que eu era bastante linda e ficavam a olhar como se eu fosse algum tipo de Deusa. Cerrei o punho para controlar a minha fúria, não queria que acontecesse mais nada daquilo outra vez…
A professora tentava ordenar aos alunos para se sentarem, mas os seus gritos ficavam inaudíveis entre a multidão que se juntara á minha volta a dizerem os seus nomes. Não tinha decorado nenhum.
A multidão só parou quando um dos rapazes, que estavam sentados, se levantou e com uma voz calma mas rígida disse:
–Tenham calma! Ela chegou hoje! Deixem-na ao menos respirar!
Os alunos começaram-se a dispersar e ouvi várias raparigas a comentar de como ele era fantástico. Olhei o rapaz. Era muito parecido com David. Só tinha poucas diferenças, como o cabelo e os olhos. Seriam irmãos?
Após todos os alunos estarem sentado, a professora finalmente conseguiu falar:
–Muito obrigada Pedro – Então ele chamava-se Pedro. – Agora que está tudo mais calmo, Margarida, dirige-te ao único lugar livre, ao pé daquele rapaz. – Disse apontando para David.
Caminhei calmamente até ele, enquanto ouvia murmúrios contra David, do tipo “ Pobre coitada, logo ficou sentada a seu lado” “David, aquele maldito nem sabe a sorte que tem”. Suspirei, parecia que David não era lá muito adorado.
Puxei a cadeira e dei um olhar de relance para ele, que não foi retribuído. Virei-me para a frente, e deparei-me com vários olhares de ódio deitados a David. A professora esperou até que todos se virassem para a frente, para depois prosseguir com a aula. Olhei para David, mais uma vez, e então decidi escrever, em vez de falar. Abri o meu caderno, e escrevi tentando começar a conversa: “Parece que não és muito famoso”. Deslizei o caderno até ele. David agarrou no caderno e escreveu ao lado da minha mensagem; “Grande novidade”. Dei um riso abafado, e prossegui com a conversa: “ As tuas feridas estão bem?”
–“Só me dói um pouco o braço esquerdo, e as tuas?”
–“Sinto-me maravilhosamente bem!”
–“Ainda bem!”
–“Então já arranjaste um modo para fazer aquilo que dissemos?”
–“Não te posso dizer aqui! Quando vier a pausa do almoço eu digo!”
Tentei convence-lo mas não consegui. Derrotada, acabei por escrever coisas tentando saber mais sobre ele. Descobri que o rapaz que se tinha levantado era seu irmão gémeo e que eram completamente opostos. Também lhe contei coisas sobre mim. A minha irmã mais velha, que morava com o marido, e sobre como o trabalho dos meus pais levava-me a ir de um lado para o outro, e muitas outras coisas. Parecia que nos conhecíamos há muito tempo!
A campainha tocou, e não consegui aguentar a minha curiosidade. Agarrei-o por um braço e saí a correr pela porta, evitando vários alunos que tentavam falar comigo. Olhei para trás e havia quatro alunos que nos olhavam de maneira diferente. Os quatro que além de David, tinham permanecido sentados. Pedro, o irmão de David, que olhava espantado para aquilo tudo, os dois rapazes que olhavam desconfiados e a rapariga que me olhava com cara de ódio, que me fez tremer da cabeça aos pés.
Após muita correria, chagamos a um lugar silencioso, e sem ninguém á vista. Virei-me para ele e disse, sem rodeios:
–Desembucha, qual é o teu plano?
David suspirou e disse algo que nunca eu esperava ouvir:
–Vou fazer um livro!
Hesitei, sem saber o que dizer. Um livro? Algo tão simples? Como isso iria ajudar? Ao me ver naquele estado, David remedou rapidamente:
–Este livro vai ser diferente! Vai criticar os humanos!
–Mas um livro? Tem muitas falhas!
–Eu sei! Mas não temos nada a perder!
Olhei para ele! A ideia do livro parecia bastante vaga, mas David estava certo disso. Sorri, era um rapaz interessante!
–Muito bem! Vamos lá fazer isso! Vamos arranjar dias para nos encontrarmos e pensar como podemos começar este livro.
–Eu por acaso arranjei algumas ideias, que podem ser úteis!
Ouvi atentamente, aquilo era fantástico! Um livro ao início podia ser uma ideia fraca, mas David fez tudo de maneira para que desse certo! Mesmo se acertasse uma pessoa, podia ajudar bastante!
Foi então que ouvimos passos. Olhámos diretamente para lá. Era um dos rapazes que tinha ficado sentado. Olhou para nós com grande desprezo. Silêncio total. Até se podia ouvir o som do vento a bater nas árvores e algumas folhas voavam. O recém-chegado quebrou o silêncio com um riso forte que me fez dar um salto. Quando se acalmou voltou com o seu olhar de desprezo e disse:
–Crianças! Como vocês pensam que isso possa ajudar! Um livro? – Nova risada – Como isso pode atingir alguém? As pessoas não vão mudar, com palavras bonitas, isso não serve para nada! – Cerrou o punho – Eles só vão entender quando houver alguém que os controle! Como um Deus!
Fiquei parada sem saber o que dizer. David interveio:
–Então estás a pensar conquistar o mundo, para fazer com que as pessoas façam o que queres?
–Exatamente! – Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Desta vez foi David que riu. Olhou para ele com ar de gozo:
–Essa ideia é ainda mais estúpida do que a do livro! Vais conquistar o mundo! Então também estás a pensar lutar contra os EUA e a Rússia? Lamento dizer-te, mas isso é uma atitude mais infantil do que a do livro!
O rapaz mostrava agora sinais de ira, e acabou por falar numa voz alta e forte:
–O meu nome é Adrian! E vou conquistar o mundo! Fica a ver, David!
Os dois trocaram olhares de rivalidade, enquanto ficava pasmada para tudo aquilo. Quando pensava que mais nada podia acontecer, outro rapaz chegou, também era um dos que tinham ficado sentados. O seu olhar era de alguém que não se importava com nada e as suas roupas alternavam entre preto e vermelho. Parou, alisou os seus cabelos totalmente negros e disse numa voz despreocupada:
–Para quê mudarmos os humanos? E se os fizéssemos mostrar a sua verdadeira face? Ou deva dizer, e se espalhássemos o caos e a destruição?
O meu cérebro parou por uns momentos. Outro que queria fazer mudar o mundo! Mas este era diferente! Queria-o destruir! Como alguém pode pensar isso?
Um silêncio mortal instalou-se. Adrian foi o primeiro a chegar-se á frente:
–Destruir o mundo? És doido? Que ganhas com isso? Ninguém te pode respeitar assim, já que ninguém quer um mundo destruído!
–E quem disse que eu quero que me respeitem? A vida deve ser vivida á nossa maneira e eu estou a seguir as regras! O meu maior desejo é mostrar aos humanos os desastres que podem causar – deu uma risada abafada - mas podem se aperceber tarde demais… Esse é o meu maior desejo, criar o APOCALIPSE!
Aquilo era demais para mim. Apocalipse? Destruição do mundo? Quem era aquele rapaz? Olhei para David. Encontrava-se parado, espantado com tudo aquilo, mas ainda assim falou:
–Nunca pensei que teria tantas pessoas com ideais tão diferentes… Posso saber o teu nome?
–Jack.
–Prazer. Bom lamento dizer-te mas nunca poderás destruir o mundo, nem criar algo como o Apocalipse. Devido a uma razão, és HUMANO, e os humanos não conseguem criar trabalhos de Deuses!
Jack cerrou o punho e preparava-se para atingir David, mas foi parado por Adrian que lhe segurou na mão, impedindo-o. Olhou para Jack e depois para David. Por fim, colocou a pergunta que me fez tremer dos pés á cabeça:
–Parece que nunca nos vamos entender assim… Os nossos ideais são diferentes, então proponho um desafio… Uma luta entre ideais! Qual sairá vencedor? Conquistar o mundo, destruí-lo ou chamar a atenção dos humanos? Parece-me um belo desafio! Alinham?
David e Jack hesitaram mas acabaram por anuir ao mesmo tempo. Adrian deu um largo sorriso, estalou os dedos e disse:
–Então que comece a batalha pelos ideais!
Foi o sinal de partida. Cada um seguiu então caminhos diferentes. Fiquei parada sem saber o que fazer. Batalha entre ideais? Apocalipse? Nenhum tinha chegado ainda á fase adulta, mas já estavam a pensar em mudar o mundo. Eles ainda eram jovens. Mas porque me sentia tão insegura? Olhei em redor e deparei-me com um rapaz a sair depressa dali. O meu corpo parou por inteiro. Ele devia ter ouvido tudo! E não era um rapaz qualquer. Era um rapaz que podia pará-los, principalmente a David.
O rapaz era Pedro, irmão de David!


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Notas finais do capítulo

E então gostaram? Se sim, não esqueçam de dar o vosso apoio para eu poder continuar! O próximo cap será no papel de Pedro! Esperem para ver!



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