Humanos escrita por Nando


Capítulo 1
David


Notas iniciais do capítulo

O rickmoore voltou!!!! Lamento para quem gostava de Harley, mas as aulas começaram e não consegui acabar. Mas criei uma nova história que poderá ser do vosso agrado!! Humanos, uma batalha entre ideais! Esperem para ver!



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Pedro chamou-me pela quinta vez. Abri os olhos devagar e virei-me para ele. O meu irmão gémeo fintava-me com os seus olhos castanhos-claros, da mesma cor que os seus cabelos. Era mais baixo do que eu, mas tinha o dobro da esperteza, embora duvidasse que ele a fosse usar em casos críticos. Chamou-me pela sexta vez:
-Veste-te depressa, David! Em vinte minutos temos que apanhar o autocarro!
Fechou a porta com um estrondo. Fiquei parado por uns segundos a decidir se me levantava ou não. Acabei por me levantar, contrariado. Fui devagar até á casa de banho, quase pedindo licença a um pé para mexer o outro.
Franqueei a porta e mirei-me ao espelho. Os meus cabelos castanho-escuros pareciam ter andado numa revolução e os meus olhos verdes escuros mal se abriam. Tinha estado até á meia-noite acordado a jogar online, ganhei todos os confrontos.
Lavei a cara múltiplas vezes, até conseguir abrir os olhos perfeitamente. Voltei para o meu quarto e vesti a primeira coisa que vi. Uns jeans azuis-escuros e um casaco vermelho. Calcei uns sapatos pretos e saí do meu quarto, descendo as escadas com a única força que tinha pela manhã.
Cheguei à cozinha e deparei-me com o meu irmão já pronto, a olhar-me como quem diz para se despachar rapidamente.
Sorri-lhe e sentei-me, começando a comer bem devagar, mastigando calmamente enquanto observava divertidamente a cara de ira do meu irmão. E essa ira acabou por explodir. Correu na minha direção e puxou-me um braço, levando-me de rasto, enquanto eu acabava de mastigar uma torrada.
Ele começou a correr, puxando-me com força. Fui olhando á volta. O Verão mostrava sinais de já estar no seu fim, para dar espaço ao Outono. As aulas tinham começado há duas semanas, e por mim já podiam ter acabado. O secundário era complicado, e os meus pais ainda queriam que fosse para a Universidade! Tenho apenas 16 anos, uma vida inteira pela frente, e não me apetecia gastá-la toda a estudar.
Comecei-me a sentir cansado de tanto correr, nunca fora o meu forte, mas o meu irmão era ótimo! Para falar a verdade, ele é ótimo em tudo! Às vezes duvidava se ele era meu irmão gémeo, mas as semelhanças não mentiam.
Avistamos o autocarro ao longe e o meu irmão deu um sprint que fez os meus pés levantarem-se do chão, e conseguimos chegar antes das portas se fecharem. Sentámo-nos em dois bancos livres, e tive que aturar o sermão do meu irmão até á escola. Não captei nenhuma palavra do que ele disse. Olhei para a janela e deu uma olhada ao redor. Árvores, plantas, animais… A Natureza transbordava de uma calma harmonia. Ao observar toda aquela calma, perguntei-me: se as plantas e os animais conseguiam, porque os humanos também não?
As portas do autocarro abriram-se anunciando que tínhamos chegado á escola. Desatei a correr para não ter que ouvir mais o meu irmão. Quando vi que não me seguia encostei-me a um canto e dei uma olhada no meu relógio, ainda era cedo. Tirei o telemóvel do bolso e dei uma olhada nas notícias. Após alguns minutos de pesquisa, suspirei. Sempre a mesma coisa: homicídios, roubos, burlas, problemas no governo, ataques de terroristas… Tudo que se via era o ser humano com a sua verdadeira face. Será que os humanos não percebem que com isto só se acabam por se destruir a si mesmos? O que é certo? O que é errado? Desde pequenos somos ensinados que não devemos roubar ou matar. Mas o ser humano acaba por fazer na mesma. Embora alguns tenham motivos (que não justificam os seus atos), todos os humanos têm o desejo de poder e da destruição. Todo o ser humano é assim! Incluindo eu mesmo…
Os meus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha, e dirige-me rapidamente até á sala, ultrapassando alunos despreocupados e professores que apenas queriam que a sua carreira desse certo. Depois de mais um corredor, cheguei finalmente à sala! O professor já se encontrava lá. Fui direto até ao meu lugar, no fundo da sala ao lado da janela. Ninguém desviou o seu olhar para mim, ninguém se importava, o meu irmão era o centro das atenções. Eu nunca tivera ninguém a quem pudesse chamar amigo!
Mas algo era diferente, virei-me para o lado e reparei nos dois novos alunos a fitar-me seriamente. Sorri-lhes e virei-me para a frente. Quais eram os nomes deles? Não me lembro.
Ignorei-os e fingi prestar atenção na aula, deixando a rotina fazer o seu trabalho. O toque da campainha anunciando um intervalo de vinte minutos. Entrada novamente na sala até ao meio-dia. Pausa para almoçar e entrada de novo nas aulas. Mas a aula que lhe seguia não aconteceu, o professor tinha faltado e não havia substituto. Fantástico! Decidi dar um salto até ao café mais próximo, sem dizer nada ao meu irmão, como é óbvio!
No caminho ouvi um berro abafado. Virei-me rapidamente, tentando perceber a origem da voz. Voltei a ouvir e o meu corpo moveu-se como uma mola. Desatei a correr (mais rápido do que o habitual) e deparei-me com uma cena de que nunca gostei de ver. Três rapazes, que pareciam ser uns quatro anos mais velhos, batiam numa rapariga que devia ter a mesma idade que eu. Cerrei o punho, enquanto a ira se alastrava por completo no meu corpo, até que não a consegui controlar:
-Parem já com isso!
Os três rapazes viraram-se devagar para mim, e usando uma linguagem deficiente que faria qualquer professor ter um ataque de coração, disseram:
-Disseste alguma coisa, rapazinho?
Dei uma risada forçada, como sempre fazia quando estava nervoso:
-Apenas achei estranho, três rapazes que dizem parecem tão fortes, estarem a bater numa simples rapariga, que nem se pode defender!
Os olhares deles começaram a mostrar sinais de ira. Cerraram os punhos e estalaram os dedos:
-Parece que temos um valentão aqui! Queres brincar?
Hesitei, mas já não havia nada a ser feito, tinha chegado ali, e ia acabar com aquilo:
-Atacar inocentes como se fosse uma brincadeira, quão horrível e repugnante isso é! Pessoas como vós… Eu odeio profundamente!
Foi a gota de água. Um soco veio na minha direção, acertando-me em cheio na cara. Andei uns dois metros no ar até me estatelar no meio do chão. O meu nariz sangrava, mas não tive tempo de o estancar, pois um pontapé acertou-me em cheio na barriga. Contorci-me, fazendo um esgar de dor, enquanto outro soco me acertava, e sem me dar tempo para perceber o que se passava, estava a levar socos e pontapés de todos os lados. Não sabia para que lado me virar, nem o que devia fazer. Quando me dei conta estava a sangrar por todos os lados, e o meu corpo já nem sentia mais nada.
Quando se cansaram, começaram-se a rir e a cuspir-me para cima, acabando por ir embora. Fiquei a vê-los partir sem saber o que fazer.
Uma pinga caiu na minha cara, e aos poucos começou a chover. A chuva caía na minha cara, misturando-se com o sangue. Não me conseguia mexer, estava totalmente paralisado. Porque o ser humano era assim? Porque eu ia contra isso? Porquê?
Senti algo rastejar até mim. Virei-me e deparei-me com a rapariga que eu ajudara. Os seus cabelos, que deviam ser louros, estavam completamente sujos e desalinhados, os lábios tinham um rasgão, e olhos, que eram da mesma cor que os meus choravam sem fim. A sua boca abriu-se e ela começou a falar:
-Desculpa… Não queria envolver ninguém… Porque sou tão fraca?
Á medida que falava, a sua voz ia ficando cada vez mais baixa, senti pena. Então fiz-lhe uma festa na cara. O seu choro parou por uns segundos:
-Está tudo bem, a culpa não foi tua…
O choro voltou, agora mais forte. Suspirei e decidi perguntar-lhe:
-Porque te batiam?
Esperei um pouco até ela acalmar, para então dizer numa voz rouca e fraca:
-Mudei-me recentemente para aqui, e eles vieram falar comigo, tentando ser amigáveis e logo começaram a se atirar para cima de mim, neguei-os a todo o custo e então eles começaram-me a bater.
As lágrimas voltaram a escorrer pela face dela. Passei-lhe a mão da cara, secando-as, voz dela ficou um pouco mais grave:
-Porque os humanos são assim? Porque fazem isto?
Uma pessoa que pensava da mesma maneira que eu! Engoli em seco e apertei-lhe a mão com força. Olhei seriamente para ela:
-Não te preocupes, eu farei-os aperceber dos seus erros!
Ela começou a soluçar e fitou-me preocupada:
-Mas se usarmos violência, apenas estaremos a piorar as coisas!
-A paz não se alcançará com a violência! Eu vou usar outro método e vou por a minha alma nisso!
O choro dela então parou. Vi então um sorriso, e as palavras que me fizeram ter a certeza do que iria fazer:
-Eu estarei contigo até isso estar feito!
Sorri e então perguntei:
-Qual é o teu nome?
-Margarida e o teu?
-David.
Ajudou-me a levantar e tratou-me de alguns ferimentos, com o maior cuidado possível. Olhei as horas e reparei que estava atrasado para apanhar o autocarro até casa. Despedi-me dela e desatei a correr até à paragem, chegando mesmo a tempo. Entrei e deparei-me com o meu irmão sentado. Tentei evitá-lo, mas não consegui. Ao me ver naquele estado, começou logo a fazer milhões de perguntas. Eu respondi que tinha caído e que me tinha esfolado todo. Ele não acreditou e começou a fazer perguntas para ver se me descaía, mas não conseguiu. Isso sempre fora uma das coisas em que era melhor que o meu irmão.
O autocarro chegou finalmente ao destino. Descemos e fomos silenciosamente para casa. Abri a porta e ao me ver a minha mãe deu um berro e também ela começou a fazer perguntas, ao que eu respondi sempre a mesma coisa. Mandou-me então tomar um banho, e fui sem hesitar.
Liguei o chuveiro e fiquei parado enquanto a água me tocava gentilmente na pele. Comecei a me perguntar como eu iria fazer as pessoas mudarem. Falar era fácil. Saí do banho sem uma resposta concreta.
Ao jantar fui bombardeado por perguntas do meu irmão e da minha mãe. Olhei para o meu pai em busca de ajuda. Limitou-se a encolher os ombros. Suspirei, derrotado e comecei a responder tudo ao quanto me perguntavam, a parte inventada, claro…
Depois de jantar fui direto para a cama. Despi-me e coloquei um pijama, deitando-me logo de seguida na cama, puxando os lençóis completamente para cima. Embrenhado pelo conforto dos lençóis, comecei a pensar o que eu poderia fazer para as pessoas refletirem sobre os seus atos. A única coisa em que eu era bom era em criar histórias, sempre fora bom nisso! Estanquei, fiquei parado por uns segundos, acabando por dar um salto na cama caindo de bruços no chão. Era óbvio! E se eu criasse um livro a criticar os atos humanos? Embora fosse uma coisa pequena, se alguém lesse e concordasse, mesmo que fosse uma única pessoa, ela poderia fazer a sua parte. Transmitindo de pessoa para pessoa. Era um plano com defeitos, mas não tinha nada a perder!
Cerrei o punho. Um mundo melhor… Seria possível?


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Notas finais do capítulo

E então gostaram? No próximo capitulo mostrarei a visão da Margarida. Não esqueçam de dar o vosso suporte nesta história!!!!
Até ao próximo cap!



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