Eu não conseguia imaginar qual ia ser a reação dele tendo em conta a nossa... situação. Quer dizer, nós tínhamos nos visto naquele dia horrível, mas não trocamos uma palavra. Foi mais uma pequena troca de olhares, uma curta conversa por olhares talvez. Como se um dissesse "Hey! Faz alguma coisa!" e o outro respondesse "Se eu pudesse já tinha feito!!".

Pelo que eu percebi ainda ninguém sabia. Afinal depois daquele dia não fui atacada com mensagens que pediam para eu confirmar alguma coisa ou até ameaças de algumas raparigas um pouco exageradas.

Nem as minhas amigas sabiam. Eu não tive coragem para contar. Talvez a ficha simplesmente ainda não tenha caído. Pois, talvez seja isso. Eu simplesmente ainda não acredito no que está a acontecer.

Desde que a minha mãe morreu que o meu pai se tem afastado, nunca percebi porquê mas sempre achei que era por eu ser muito parecida com ela ou por fazê-lo lembrar-se dela, mas nunca pensei que ele fosse capaz de me vender. De vender a própria filha por dinheiro.

Ok, pela maneira que eu estou a falar parece que ele me vendeu para o tráfico humano ou para um bar de strip ou prostitutas. Não, não foi isso que aconteceu.

O meu pai e Igneel são amigos de longa data. Conheceram-se na faculdade de advocacia. Depois de terminarem a faculdade cada um criou um escritório de advogados. Os negócios, felizmente, correram-lhes muito bem, porque a Heartfilia e a Dragneel são hoje os maiores escritórios do país. Infelizmente quando a minha mãe morreu o meu pai ficou muito mal e a empresa ficou com problemas... Os problemas agravaram-se com o passar dos anos e recentemente o meu pai percebeu que teria que vender a empresa em breve.

Aí apareceu o seu velho amigo Igneel Dragneel. Ele ofereceu uma sociedade ao meu pai, juntavam os escritórios. Mas o Igneel também tem problemas, familiares, mas problemas. Por isso em troca da salvação da empresa eu teria que me casar com o filho dele.

Não pensem que eu não o conheço. Eu conheço-o. Fazemos parte do mesmo grupo de amigos, mas as únicas palavras que trocamos (na maioria) não foram muito agradáveis e pessoalmente eu não gosto dele.

Quem sou eu? Lucy Heartfilia. Ando numa escola chamado Fairy Tail (não me perguntem o porquê do nome) e acho que posso dizer que o meu estatuto social é de popular. Não pensem que eu sou daquelas vadias dos filmes que tratam mal os outros e os fazem sentir-se inferiores. Eu não sou nada disso, pelo menos eu não me considero assim e acho que os outros também não. Lá eu sou conhecida com a feiticeira celestial. Não sei quem é que começou com isso, mas as pessoas começaram a chamar-me assim. A justificação que a minha melhor amiga Levy arranjou foi que aparentemente eu "enfeitiço" as pessoas porque sou simpática e a parte do celestial é porque, normalmente, eu ajudo a resolver todos os conflitos que há na escola (ela também tem outra teoria sobre ser por causa do meu "aspeto angelical").

Quem é ele? Natsu Dragneel. Anda na mesma escola que eu e fazemos parte do mesmo grupo de amigos. Ele é capitão da equipa de futebol, super popular, convencido e prepotente. Há quem diga que esta nossa rivalidade é por causa de uma "competição" pela popularidade. Não é, apenas não gosto dele!

E agora sou obrigada a casar com ele! Casar! Tudo porque o pai dele não tem confiança nele para lhe deixar a empresa. Segundo o próprio Igneel "Ele é muito rebelde, às vezes sinto que, um dia, quanto a empresa lhe for parar às mãos ele a afunde. O casamento de certeza ia fazer com que ele se torna-se mais responsável e acho que a Lucy é a menina ideal para isso!". Agora respondam-me: o que é que o casamento tem a haver com o nível de responsabilidade do Natsu?? Nada! Mas ninguém me ouve!

Nós andamos no 12º ano. Temos 17 anos. O contrato só pode ser assinado quando ambos tivermos 18 anos.

Ainda tenho um ano de liberdade.