Your Eyes escrita por STatic


Capítulo 1
Capítulo Um


Notas iniciais do capítulo

Eei!
É só uma coisinha que eu simplesmente não consegui tirar da cabeça, espero que gostem!

Ps: Não se prendam muito em detalhes médicos hahah



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Castle POV

Meus passos ecoavam pelo corredor estranhamente vazio do hospital, o som produzindo uma melodia constante e, aparentemente, enlouquecedora.

–Castle, você pode, por favor, parar com isso? – Espo perguntou de seu lugar em uma das cadeiras, a voz soando irritada.

–Você está me deixando tonto. –Ryan adicionou.

–Ou você se senta, ou eu vou te chutar com tanta força que você não vai poder fazer isso por um longo tempo. –Lanie avisou, e bom, não era inteligente ignorá-la.

O que diabos seria aquilo? Algum tipo de complô contra mim?

Dei dois passos para mais perto deles, voltando a cadeira e me sentando.

–Desculpe, eu só estou...

–Nervoso. –ela me cortou. –Eu sei. Mas ela vai ficar bem! O máximo que ela conseguiu foi uma concussão e alguns dias em casa.

–Sortuda. –Espo resmunga e eu o encaro, perplexo. –O quê? –pergunta e dá de ombros.

Eu tentava absorver a calma que eles transmitiam, mas imagens da última vez em que estivemos ali em uma posição parecida giravam em minha cabeça, tornando essa tarefa praticamente impossível.

Como aquilo podia ter acontecido? Quer dizer, era absolutamente ridículo. E improvável. Mas ainda assim, nós obviamente atraíamos aquele tipo de coisa, como se o mundo inteiro conspirasse para que acidentes completamente impossíveis acontecessem conosco.

Totalmente estúpido. Mas ainda assim aconteceu.

O dia começara tediosamente normal. Beckett ocupada com a papelada do nosso último –e brilhantemente resolvido- caso, e eu ocupado com o jogo novo no meu celular, lançando olhares para ela à cada poucos minutos porque, Deus, ela ficava linda quando estava concentrada daquela maneira. Eu podia notar o sorrisinho que se espalhava pelo seu rosto às vezes, e não podia deixar de me perguntar o que ela estaria pensando.

O joguinho de quem-observa-quem e o tédio infinito da papelada acabou quando o telefone da mesa da Beckett tocou pouco antes da hora do almoço. Fiz um movimento automático para pegar o telefone – tamanho era meu alívio por algum tipo de mudança-, recebendo um olhar de Beckett que me fez recuar de imediato.

Nós tínhamos um caso, e por mais triste que isso fosse e por mais horrível que soasse, meu dia havia melhorado consideravelmente. A cena do crime era em uma parte da cidade em que eu nunca havia estado antes –e que eu adoraria não voltar nunca mais-, a rua estreita e o prédio onde estava o corpo era antigo, as escadas de emergência do lado de fora velhas e enferrujadas. Praticamente gritavam problema.

Lanie já estava lá e, depois de todos os procedimentos de praxe, nós seguimos para a saída. Em um segundo, Beckett estava bem ao meu lado, revirando os olhos para alguma bobagem que eu falava, e no outro, ela estava correndo e perseguindo um cara que eu sequer havia visto.

Ela correu pelo longo corredor em direção a escada, o som dos saltos impossivelmente altos ecoando por toda sua extensão e, mesmo sendo rápida, o homem claramente tinha uma vantagem.

Eu não sei o que ela estava pensando, simplesmente corri atrás deles- já que ele obviamente tinha algo de suspeito para Beckett o estar perseguindo daquela maneira, e bom, eu sou o parceiro-, chegando bem a tempo de ver o desastre acontecer. No momento em que o vi virar e descer em disparada a escada, eu sabia que aquilo não podia ser bom.

Quando ele desceu as escadas, Beckett atrás dele e eu atrás de Beckett, ela se desequilibrou. Ainda no segundo degrau, algo deu errado com seu salto e ela caiu. Meu coração parou de bater por um segundo, e depois do choque inicial, eu me vi descendo as escadas de dois em dois degraus, enlouquecido para chegar até ela. Quer dizer, a escada não era muito longa, mas ainda assim uma queda daquela não me parecia nada animador.

A imagem do seu corpo rolando escada abaixo se prendia em minha mente idiota de escritor que imaginava os piores cenários enquanto eu me ajoelhava ao seu lado, com medo do que poderia encontrar.

Ela estava consciente, mas definitivamente tonta.

“Ei, Castle” ela murmurou, os olhos se estreitando em uma aparente tentativa de me ver melhor.

Eu fiz um rápido acesso de sua situação enquanto Ryan e Esposito chegavam perto, totalmente confusos. No segundo em que viram Beckett caída, Ryan ligou para uma ambulância e após eu explicar rapidamente o que havia acontecido, Espo saiu em uma tentativa provavelmente inútil de localizar o tal homem.

Sua cabeça tinha um pequeno corte, e eu podia ver seu cabelo ficar um pouco sujo de vermelho, meu estomago se revirando. A última vez que eu vira o sangue dela ainda assombrava meus sonhos de vez em quando. Além disso, seu punho estava torcido em uma direção que não era nada natural. Aquilo devia estar doendo horrores, mas ainda assim ela não dava qualquer sinal de estar sentindo nada, o que aumentava minha preocupação ainda mais.

Eu falei com ela durante todo o tempo, preguntando onde mais ela estava sentindo dor, tentando a manter imóvel quando ela afirmava que estava bem e que só precisava de um curativo. Até que ela parou, toda a teimosia deixando seu corpo. Ela parou e simplesmente ficou quieta, me deixando a segurar no lugar e tirar os cabelos do seu rosto enquanto assegurava que estava tudo bem. Kate Beckett me deixou fazer tudo isso e não mais lutava para se levantar, e de algum modo aquilo tornou a situação ainda pior para mim.

Especialmente quando ela fechou os olhos. No exato momento em que eu ouvi as sirenes, seus olhos se fecharam e seu corpo ficou flácido nos meus braços. Os médicos chegaram rapidamente e me asseguraram que ela ficaria bem, mas isso não me impedia de me apavorar.

–Ela acordou na ambulância, isso é um bom sinal, certo? –perguntei, voltando meus pensamentos para o presente.

–Foi provavelmente devido a concussão. – Lanie disse.

–Certo. – eu não estava muito convencido, mas deixei que ela me acalmasse.

Algum tempo depois, um médico saiu da porta em que eu havia sido impedido de entrar. Nós nos levantamos imediatamente, e o médico se aproximou. Nós éramos, por mais estranho que possa parecer, os únicos ali.

–Detetive Beckett? –ele perguntou e nós assentimos. –Ela está bem. Ela teve uma concussão um pouco séria, além do corte na cabeça que não foi profundo. Mas nós tivemos que realizar uma pequena cirurgia no punho, que está quebrado. Nada muito severo, e ela vai estar em perfeita forma em pouco tempo.

Bom, aquilo era um alívio.

–Nós podemos vê-la?

–Claro. Ela ainda está dormindo, por causa da anestesia, mas deve acordar logo. –ele disse, indo em direção a porta.

–Ham, na verdade, você pode ir, Castle. Nós vamos achar esse cara e terminar o caso. - Espo disse.

Eu os olhei, surpreso, mas acabei por concordar. Foi Lanie quem falou depois:

–Nos mantenha informado, e diga a Kate que eu apareço depois, e que se ela burlar as recomendações médicas, eu vou caçá-la. –ameaçou, antes de virar e sair, os outros dois a seguindo com expressões divertidas.

Tudo bem, seria só eu então.

Segui o médico até o quarto que ele indicara como sendo o de Kate, abrindo a porta e olhando em sua direção imediatamente. Ela estava com os olhos fechados e não parecia estar dormindo, apesar do que o médico havia dito. Sua mão direita estava enfaixada e repousava sob o seu corpo, sua respiração a movendo lentamente. Me aproximei mais da cama e a observei mais de perto, notando o modo que suas sobrancelhas se moveram, sua expressão se tornando franzida, como se estivesse zangada por algum motivo. Aquilo me fez rir, e eu me movi, tirando uma mexa de cabelo que estava em seu rosto.

Ao sentir o movimento, sua expressão voltou a se suavizar e ela abriu os olhos, piscando contra a luz forte e depois me encarando em cheio, seus olhos fixos nos meus. Depois de alguns segundos, ela sorriu. Um sorriso completamente aberto, carregado de felicidade e extremamente espontâneo. Tão sem motivo aparente, e aquilo era muito incaracterístico de Kate Beckett.

Ela me encarou com aquele sorriso por um tempo maior do que mesmo a cortesia da rainha da Inglaterra exigia, e em algum momento eu comecei a ficar desconfortável. Em resumo, aquilo tudo era bem atípico.

–Então... Como se sente? –perguntei, tentando começar uma conversa. Me movi novamente, me sentando na cadeira mais próxima à cabeceira da cama, seus olhos me seguindo.

Ela não disse nada, apenas assentiu com a cabeça, o sorriso imperturbável.

–Foi uma queda bem feia. –tentei novamente, começando a ficar preocupado.

E novamente ela não disse nada, apenas continuou me encarando, como se eu não tivesse dito nada. Quando comecei a pensar que seria melhor chamar o médico, ela resolveu falar. E teria sido menos perturbador se ela tivesse continuado calada.

–Seus olhos são tão azuis. –ela disse e suspirou, logo depois ficando mais séria. –Eu amo o jeito que eles são... Brilhantes e azuis.

Eu tive que disfarçar uma tosse, antes de voltar a falar: -Você está bem? –talvez a pancada na cabeça tenha sido muito forte, por que Kate Beckett não falava assim, e não sorria assim. Definitivamente.

–E eles ficam pequenininhos quando você sorri... É adorável. –ela fala com uma vozinha mais fina, depois ri um pouco. –Como um garotinho. Eu estou bem e você? –pergunta, me deixando perdido com a rapidez que mudava de tópicos de conversa.

–Eu estou bem, eu acho... Hm... Como está se sentindo? –perguntei e coloquei minha mão em seu rosto, sentindo sua temperatura. Ela fechou os olhos por um segundo, o sorriso ainda ali.

–Chapada. Flutuando alto... Talvez sejam as drogas que eles dão aqui. Quer dizer –ela olhou em volta. – eu estou em um hospital, certo?

–Oh, certo. –confirmei, finalmente entendendo seu estado de espírito. Eu já havia tido minhas experiências com anestésicos, mas nunca nada assim. Talvez fosse algo pessoal.

Mas bom, estava aí uma oportunidade que eu não podia deixar passar.

–Então meus olhos são lindos, hã? –perguntei, me endireitando na cadeira, muito mais animado agora.

Ela riu, virando a cabeça para o outro lado e depois voltando a me encarar. –Eu não disse que são lindos...

–Mas eles são. –confirmei e ela riu. –Eu estou curioso, detetive Beckett... O que mais você acha lindo em mim?

–Oh, isso não é justo!

–O quê? –perguntei com uma inocência fingida.

–Eu estou transbordando de remédios para dor...

–E então?

–Você está se aproveitando de mim! –ela acusou, soando clara e como se estivesse falando algo óbvio para uma criança de seis anos pela milésima vez.

Eu ofeguei, atuando um choque.

–Bom... Eu... Tá, talvez. –me rendi. –Mas você provavelmente não vai se lembrar disso mesmo, então me divirta!

Ela me encarou por um tempo, e eu podia ver que ela estava tentando com muito ardor parecer séria, invocar qualquer parte de si que controlava a temida detetive Beckett, mas falhando miseravelmente quando o brilho divertido aparecia no fundo dos seus olhos.

Ela não seria detetive Beckett agora. Apenas Kate. E uma Kate anestesiada.

–Tudo bem, eu falo. Não que isso vá fazer diferença, seu ego já é enorme sem minha ajuda...

–Vai fazer diferença, acredite. –eu murmurei e ela estreitou os olhos. –Você dizia...?

–Suas mãos. –ela disse e tocou o próprio rosto, onde minhas mãos estiveram a apenas alguns minutos atrás. Eu pude sentir o já familiar calor em meu peito com o movimento. –São macias, e quentes... E eu posso jurar que meu coração perde uma batida toda vez que elas encostam em mim, mesmo que por acidente.

Tudo bem, eu não esperava por isso.

Eu não interrompi, e ela continuou falando, o sorriso ainda ali presente, mas não tão pronunciado quanto antes. Era apenas uma leve curva dos lábios, sua voz baixa e doce e eu havia sido pego completamente de surpresa.

–E seus cabelos... São muito macios e eu aposto que você tem mais produtos para eles do que eu. –ela riu levemente. –E seus ombros são largos e os braços fortes, e as vezes que você me segurou, ou me abraçou... Eu as repasso na minha cabeça as vezes, por que é tão bom e seguro... Como respirar ar fresco depois de muito tempo.

A essa altura eu estava completamente sem fala, toda a vontade de me divertir com a situação transformada em cinzas.

E pelo visto, ela não tinha acabado.

–E aquela vez que você me beijou... Que nós nos beijamos... Digamos que salvar Ryan e Esposito não foi a melhor parte da noite. – eu concordava. Quer dizer, quantas milhões de vezes eu repetia aquilo em minha mente? Ou simplesmente passava para o papel? Muitas vezes, até hoje.

Ela fechou os olhos, e por um momento eu achei que ela tivesse voltado a dormir.

–Eu estou gastando toda a minha energia para ser capaz de voltar aquilo, por tanto tempo quisermos. –ela disse com os olhos ainda fechados. Quando voltou a falar, seus olhos estavam abertos e me encaravam, uma sinceridade transbordante por trás das íris verdes – Eu estou apostando todas as minhas fichas em nós, Castle. Em ficar boa para você, para nós.

Eu não tinha certeza se entendia o que ela queria dizer, mas uma parte de mim sabia que tinha a ver com as paredes. As paredes que eu tentava derrubar dia após dia, e que estava disposto a continuar até conseguir acabar com cada uma. E, aparentemente, ela também estava.

–Ninguém jamais vai me ver apostando contra você. –eu respondi, vendo seu sorriso em resposta, fazendo o meu próprio aparecer.

–Aí está! –ela disse. – Eu disse, eles ficam pequenos quando você sorri. É adorável.

Eu ri e ela me acompanhou, antes de bocejar, e eu sabia que ela logo voltaria a dormir. Ela passou a língua sobre os lábios e eu me levantei, indo até a pequena mesa perto da porta, voltando com um copo de água.

Ela me olhava com uma expressão divertida enquanto a ajudava a beber.

–O quê? –perguntei exasperado. Ela não podia continuar a me olhar assim e não explicar o motivo.

–Como eu pude me esquecer? –Kate respondeu rindo enquanto eu andava de volta até a mesa, devolvendo o copo ao seu lugar.

–Esquecer? –eu estava ainda mais confuso agora. Me sentei e a encarei, esperando a resposta.

–Oh, Castle... –ela riu e revirou os olhos, fazendo uma careta de dor. – Essa bunda... Como eu pude esquecer de mencioná-la? É como uma marca registrada, ou algo assim... –ela bocejou novamente, ainda rindo um pouco. –Maravilhosa a bunda, Rick.

Certo. Kate Beckett acabou de elogiar minha bunda. Mais uma pra lista de coisas improváveis que aconteceram hoje.

–A sua não é nada mal também, Kate. –disse e ela riu, já fechando os olhos. –Eu amo a Kate chapada.

Ela riu e murmurou um “certo”, os olhos ainda fechados. Continuei a observando fascinado por alguns minutos, esperando que ela voltasse a falar, ou que abrisse os olhos. Quando ela não os fez, me encostei na cadeira, decidido a esperar que ela acordasse.

Algum tempo depois, ela se moveu um pouco na minha direção.

–Os olhos ainda são a melhor parte. –murmurou ainda sem abrir os olhos.

Me inclinei sobre ela mais uma vez, sem ter certeza se ela estava mesmo acordada. Pelo visto, não estava mais. Sua respiração era tranquila e seu rosto relaxado.

Eu ainda não podia acreditar em tudo o que havia sido dito ali, na promessa de tudo. Ainda assim, me aproximei e sussurrei em seu ouvido: -Eu amo seus olhos também, Kate. E aposto todas as minhas fichas em nós.


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam!Beeijos