Histories of a Maximoff escrita por Cookie


Capítulo 5
Scarlet smoke


Notas iniciais do capítulo

Não vou ficar enrolando vocês e me desculpando pela demora, vou simplesmente deixá-los ler o capítulo.

Tradução do título: Fumaça escarlate



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Música: Gasoline - Halsey

 

Sei que isso vai soar meio cliché, mas tudo o que é bom dura pouco.

Estava na nova escola fazia apenas 4 dias quando os rumores começaram. Começou com coisas mais leves, como "Ela deve estar com o cabelo sempre solto para tentar esconder os chupões que leva", mas aí começou a ficar mais sério, como "Ouvi dizer que ela veio de um manicômio. Será que se a gente começar a pressionar ela sobre essa história ela vai surtar?" Ou "Sabia que ela é irmã daquele tal do Pietro? Será que ela vai sair pichando muros que nem o irmão ou fazer coisa pior?"

Sinceramente, tudo o que eu queria fazer era dar meia volta, ir pro meu quarto e passar o dia inteiro assistindo Pretty Little Liars.

Poucos eram os que falavam comigo, como o Kurt, a Vampira (não tenho ideia do porquê desse apelido) e a Kitty. De vez em quando, um dos bobões dos amigos do Pietro vinham me encher o saco. O pior deles era o Groxo. Ele era nojento e insistia em me chamar pra sair toda vez que me via. Quando ele iria se tocar que eu não estou nem aí pra ele? Outro que eu não suporto da gangue do meu irmão é o Lance. Ele acha que pode mandar em todo mundo. Tudo o que eu queria fazer era dar um tapa na cara dele, com a minha mão cheia de anéis. Mas corria o risco de acabar na sala da diretora Darkroom, que estava me vigiando, aliás.

Quando ouvi o sinal que indicava o horário do almoço, nem esperei o professor dizer "Classe dispensada". Peguei meu material e fui em direção ao meu armário para deixar alguns livros lá e pegar outros. Fui em direção à cantina e coloquei um almoço bem leve - arroz à grega e bife de frango grelhado + um suco natural de laranja + uma maçã - e ouvi Kitty me chamando. Virei-me e fui em direção à mesa em que ela estava. Junto à ela, estavam Kurt, Vampira, Jean e mais dois caras que eu não conhecia.

— Wanda, esses são Scott e Bobby. Meninos, essa é a Wanda.

— Muito prazer. - disse o de cabelos castanho-claro meio puxados para o loiro-escuro – Sou Bobby.

— Prazer. - respondi.

O outro cara, Scott, apenas acenou com a cabeça. Uma coisa que achei intrigante nele: ele estava de óculos escuros dentro do prédio. Mas, como sou educada, resolvi nem perguntar.

— Então, Wanda... - começou Kitty. – Nós vamos dar uma festa no sábado lá na mansão em que moramos e a gente queria te convidar. Você topa?

— Claro. Por que não?

— Legal, depois te trago o endereço certinho. - assenti.

Só espero que essa festa não seja um desastre.

[x]

Cheguei em casa e joguei a mochila ao lado do sofá, onde também me joguei. Estava exausta e só queria dormir. Jean tem razão quando diz que a voz tediosa do professor Heron tem um efeito sonífero que pode durar por horas.

Eu já estava naquele estado de espírito que a pessoa está inconsciente, mas não está nem dormindo nem acordada, quando a voz de Erick ecoou pela sala, me fazendo voltar para a realidade.

— Onde está o Pietro? - ele questionou, ao ver que eu voltei sozinha para casa.

— Saiu com a corja de delinquentes dele. - disse sonolenta, com a voz abafada por estar com o rosto contra o braço do sofá.

— Céus, onde eu estava com a cabeça quando decidi adotar dois pré-adolescentes? - ele comentou mais para si do que para mim.

O barulho da fechadura denunciou que a grande porta de entrada da casa foi aberta, revelando Pietro segurando a mochila com os dedos um pouco sujos de tinta. Apenas virei a cabeça para o lado para vê-lo.

— Onde estava? - Erick questionou.

— Por aí. - meu irmão respondeu.

— O que tem nas mãos? - Erick se referia a tinta.

— Dedos. - Pietro respondeu. Ri de sua petulância.

— Pietro, vamos logo isso. Está de castigo porque estava pichando o muro de alguém. - Erick disse, massageando as têmporas. Ultimamente, ele estava muito irritado por causa de algo que aconteceu no trabalho, provavelmente.

— Mas, pai, sábado tem a festa da Jean e o muro era de um hospital abandonado! - ele fez manha. Ah, verdade, ainda tinha essa festa.

— Se você se comportar bem até o dia, poderá ir. - meu pai adotivo disse antes de ir em direção à saída da sala, fazendo meu irmão bufar.

— Erick! - me sentei no sofá, chamando sua atenção antes que ele saísse da sala. – Eu também fui convidada pra festa... Posso ir?

— Não. - ele respondeu rápido. Sinceramente, eu esperava um sim.

— Por que não?

— Porque não.

— Eu estou indo bem na escola, não me meto em confusão e tenho boas companhias, que são justamente as pessoas que vão dar a festa e foram os únicos que se enturmaram comigo. Agora o Pietro, que sai pichando muros alheios, pode ir?

— É diferente. Você acabou de sair da clínica...

— E daí? Eu nunca precisei realmente estar lá! - me irritei, ficando de pé com os punhos cerrados. Meu sono havia passado totalmente e agora meu sangue fervia.

— Wanda... - ele disse, como se já estivesse cansado de ter aquela conversa tantas vezes. E eu também estava.

— Só me dê um motivo convivente pra ter deixado Pietro ir e eu não! - eu estava quase gritando.

— Pietro nunca precisou ir para um manicômio! - ele bradou.

Fiquei o encarnado, indignada. Pietro também parecia reprovar a atitude dele.

Erick podia não acreditar em mim quando dizia que o que matou meus pais não foi um simples acidente, mas agora, ter colocado uma criança em um manicômio por causa disso e anos depois, jogar isso na cara dela já é um pouco demais, não acha?!

— Wanda... - ele disse, em tom arrependido. Acho que minha cara não era das melhores do momento – Por que essa festa é tão importante assim?

— Porque seria a primeira festa de que terei na adolescência, que não fosse num manicômio cercada de malucos e enfermeiras nada gentis vestidas de branco. E sabe que isso é culpa sua, não sabe? - admiti, correndo em direção ao meu quarto.

Abri a porta rapidamente e me joguei na cama, fazendo algumas almofadas caírem da mesma. Olhei para a escrivaninha ao lado da minha cama, focando minha tenção em um porta-retrato que continha uma foto minha e de Pietro com Erick, semanas depois que ele nos adotou. Na foto, nós sorríamos abraçados no meio de um parque. Um sorriso nostálgico escapou dos meus lábios. 

Sempre gostei de Erick, mas depois que ele me enfiou naquele manicômio, nossa relação ficou um pouco, digamos, estável e diferente, o que já era de se esperar. Mas, até o momento, achava melhor não demonstrar isso. Afinal, acabei de receber alta do manicômio e se sair um pouco da linha (e para demonstrar toda a minha revolta por ter sido tratada como louca, teria que fazer loops nessa linha), acho que Erick é capaz de me trancar naquele lugar de novo.

Erick achava que eu estava traumatizada pela morte dos meus pais e que precisava de um motivo, que não fosse um disparo acidental, para justificar o ocorrido com meus pais no dia do meu aniversário.

E na verdade, sim, no início, eu só precisava de um motivo para o "acidente", achando que isso iria me confortar, como se meus pais não tivessem morrido por nada. Mas depois, que descobri que existiam mais "coincidências" naquilo do que se podia considerar normal, fiquei disposta a descobrir o real motivo do disparo dos mísseis à qualquer custo.

Quero dizer, sei que erros nos projetos, desastres naturais, terrenos irregulares e vários outros fatores causam o desabamento de prédios constantemente, mas o que aconteceu onde eu morava foi milimetricamente calculado demais para ser apenas coincidência.

Pense comigo: "acidentalmente" dois mísseis são disparados, atingindo "acidentalmente" o único erro no projeto de um prédio e faz "acidentalmente" apenas uma parte do piso de um único andar ruir.

Eu era a louca ou as pessoas que consideram todas aquelas coincidências apenas... coincidências, eram os loucos?

[x]

POV NARRADOR

Dias haviam se passado e na sexta-feira antes da festa, Pietro havia conseguido persuadir Erick a deixá-los irem na festa na mansão. Ele fizera um acordo com o pai: Erick deixaria eles irem com a condição de que Pietro passa-se a se comportar melhor e ficasse de olho em Wanda. Obviamente, ela não sabia do acordos. Mas ficou feliz quando soube que poderia ir a festa. E agora, os dois estavam lá, no meio da mansão onde a festa acontecia.

POV WANDA

Pietro estava conversando com seu bando, enquanto eu não conseguia aproveitar a festa. Mesmo dias após Erick ter pedido desculpas e ter alegado que falou tudo aquilo sobre eu estar doida, não conseguia fazer as palavras dele parem de ecoar na minha mente. Eu fiquei realmente doida?

Aquela era minha primeira festa oficialmente como adolescente estava sentada à um canto, sendo incomodada por uma leve, porém incomoda dor de cabeça.

Apenas meu corpo estava presente na festa, porque minha mente estava divagando em outro lugar. Só conseguia pensar na hipótese de realmente ter ficado obcecada demais em desvendar a morte dos meus pais que, talvez, não tivesse nada para se desvendar. Resumindo: me questionava se realmente poderia ter ficado doida.

O esboço de um sorriso debochado e amargo apareceu no canto dos meus lábios. Em meus pensamentos, debochava de mim mesma. E se tivesse mesmo ficado paranoica, ainda por cima por nada? Havia sim, chances de tudo aquilo ter sido apenas coincidências, mas eu não queria acreditar nisso. Muito menos queria acreditar que tinha chances de que todos os anos perdidos naquele manicômio foram em troca de nada. Uma obsessão que me custara quase tudo em troco de nada. E se o acidente que tirara a vida dos meus pais realmente houvesse acontecido simplesmente por coincidência? Não, coincidências não tão bem elaboradas. Ou será que estava apenas ficando maluca?

Essas questões estavam me deixando nervosa, desconfortável e necessitando de respostas. Mas conforme me afundava mais nos pensamentos sobre o assunto perturbador, uma sensação estranha ia se intensificando em mim. Sentia que algo dentro de mim que parecia estar adormecido, havia despertado e agora lutava para se libertar, e isso causava uma estranha e leve sensação de queimação.

Meus dedos formigavam, com as pontas ficando levemente avermelhadas e com uma leve sensação de queimação pelo corpo todo, parecendo que todo o fluxo sanguíneo se concentrava mais em meus braços, indo em direção os seus dedos, onde a queimação era maior. Uma sensação bastante parecida com a que tive no hospital, anos atrás.

Tive a leve impressão de que algo parecido com uma fumaça de cor avermelhada havia saído dos meus dedos.

Talvez, fosse apenas a impressão das luzes noturnas, que como eram de várias cores, se misturavam e piscavam a todo momento, atrapalhando ver os detalhes do local nitidamente. Ou fosse a bebida fazendo efeito e confundindo os meus sentidos. Ou, talvez, Erick tinha razão e eu realmente estava ficando maluca.

Um dos amigos de Pietro, Groxo, se aproximou de mim, tentando ter um ar galanteador. Mas ele era muito estranho. Me lembrava um anfíbio, um sapo, sei lá.

— Já te falaram que você fica ainda mais bonita com luzes noturnas? - ele disse.

— Meu irmão sabe que está aqui flertando comigo? - perguntei, sem paciência para aturar as investidas dele.

— Sei lá. Qual o problema?

— Você. - sorri amarga.

— E sabe qual é o meu problema? - ele questionou, sorrindo sacana. – Não ter você como namorada.

— Babaca. - revirei os olhos.

— Ah, qual é? Eu sei que você sente algo por mim. - ele continuou insistindo.

— Não sinto quase nada por você. O que sinto é tão pequeno quanto você. - rebati, o fitando de cima a baixo. Ele era realmente muito baixinho. Acho que era a leve corcunda ou as pernas meio tortas que davam essa impressão. Para ter uma ideia, ele é mais baixo do que eu.

Agora, tinha certeza que havia o irritado. Eu só queria que ele parasse de dar em cima de mim todas as vezes que me visse.

— Acabei de achar outro problema contigo: você é louca. Quando me disseram que você saiu de um manicômio, não acreditei. Mas agora, eu vejo. Você é louca e estranha. Por que estava em um manicômio, Wanda? - ele disse, em tom maldoso.

Aquilo me incomodou ainda mais. Ninguém jamais havia dito aquilo - que eu mais temia e cogitava no momento - tão alto e claro. Óbvio que corriam boatos pela escola, mas a maioria chegavam aos meus ouvidos por meio de conversas em forma de sussurro que eu mesma escutava sem querer quando passavam por mim. Mas achei engraçado um cara que parece um sapo me chamar de estranha.

— Cala a boca - ela disse entre os dentes.

— Alguns dizem que ficou doida após uma experiência traumática, acho ver alguém morrer. Ou ser culpada pela morte de alguém. Eu não sei qual das duas é verdade. - ele comentou. Mal sabia ele que as duas teorias estavam certas.

Meio atordoada, coloquei as mãos nos ouvidos, tampado-os, numa falha tentativa de não ouvir o que ele dizia, mas ele só continuava a me provocar.

Sem coragem de encarar a ele e também um tanto perturbada, olhei para o lado, vendo um dos amigos de Pietro dar leves cutucadas nele, chamando sua atenção e apontado assustado para mim, com sua boca formando um perfeito "O", gesto que foi repetido por meu irmão.

Franzi cenho, um tanto angustiada pela situação, como se perguntasse para meu irmão o que estava acontecendo e porque a dor de cabeça aumentava consideravelmente a cada segundo. Sem respostas, olhei para onde todos os amigos de Pietro, - inclusive Groxo - olhavam assustados: minhas mãos.

Elas estavam envoltas por uma espécie de fumaça de cor vermelho escarlate. De primeiro momento, pensei que era uma máquina de gelo seco próxima a mim que estava sendo iluminada pelas luzes, causando esse efeito. Mas, não. Não haviam máquinas de gelo. Aquilo sai das minhas mãos. Saia de mim.

Só havia uma explicação plausível: eu estava definidamente endoidando.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deem uma passadinha lá na nossa outra fic (Legion of New Heroes), please.
Vocês (criança, adolescente, adulto...não importa) gosta de desenhos? Assiste o Bom Dia e Companhia ou já assistiu? (tenho quase certeza que todos vão dizer sim) Lá passava o desenho X-men: Evolution, onde o Groxo tinha uma quedinha pela Wanda. Se não ficou muito claro, foi de lá que eu tiramos essa ideia.



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