The Masquerade escrita por A Friend


Capítulo 1
The Masquerade.




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—Não, não, não.

Ayuzawa Misaki exclamou no momento em que Satsuki falou a sua ideia.

—Mas, Misa-chan, é uma ótima ideia! - Honoka tentou convencer a morena de olhos dourados.

—O Maid Latte está passando por alguns problemas em relação aos clientes. Não temos mais tanta audiência. - disse a gerente. - Você não se preocupa?

Misaki passou a mão pelos cabelos. É claro que se preocupava. O Maid Latte era como sua segunda casa. Faria tudo por ela. Bom, tudo o que podia. E, definitivamente, um baile de máscaras não estava na lista.

—Um baile de máscaras? Sério? - indagou Misaki. - É uma péssima ideia! Os convites, a comida, propaganda. Isso sem falar das máscaras e roupas! É muita coisa!

—Precisamos tentar! - Satsuki disse. - Ou o que você sugere?

A mente de Ayuzawa estava completamente apagada. Permaneceu um tempo em silêncio, procurando um argumento ao menos convincente para usar contra aquela ideia idiota. Não diria que a ideia era maluca apenas pelo fato de que realmente era maluca.

Mas, para sua infelicidade, as outras maids consideraram sua falta de conversa como redenção.

—Ótimo! - exclamou a gerente, um pouco mais animada do que o normal. -Temos duas semanas para nos organizar, com propaganda da festa, os petiscos, e precisamos arrumar um DJ pra música também.

—Espera um minuto, aí! Quer que a gente arrume tudo isso e mais um pouco, em duas semanas?!

—Exatamente, minha querida Erika. - sorriu a mulher. - Vamos, vamos. A partir de amanhã, vamos trabalhar como nunca! Boa noite! - despediu-se e saiu noite afora.

Ótimo, pensou Misaki. Era tudo o que ela precisava.

Se dirigiu até o vestiário para tirar aquele uniforme de empregada apertado, e colocou uma calça, camiseta e tênis comuns. Saiu pela porta dos fundos, como sempre fazia, e deu de cara com os olhos verdes sarcásticos de Usui.

—Olá, Ayuzawa.

Ela revirou os olhos, e segurou a mão do namorado. Ficaram em silêncio, aproveitando a companhia um do outro. Claro, não tinham muito o que conversar. Pelo menos, Misaki não estava muito animada para falar sobre o evento.

—Então... - começou Usui. - Baile de máscaras, hein?

A namorada arregalou os olhos na direção dele, incrédula. - Você ouviu nossa conversa?!

—Não é como se você e suas colegas de trabalho fosse exatamente um poço de discrição. - comentou. - Mas a ideia até que é boa.

—É. É ótima. - ironizou Misaki. - Ótima para loucos. E isso é que não falta no Maid Latte. Pelo jeito, você também é um.

Ele riu. - Acho que sou mesmo. - aproximou o rosto à orelha de Misaki, e sussurrou. - Louco por você.

A maid semicerrou os olhos, e empurrou Usui com a mão, revirando os olhos, acostumada com aquele tipo de atitude idiota, e tentando esconder a vermelhidão em suas bochechas.

Ele era só um alien perseguidor pervertido, mesmo.

—De qualquer forma, Usui - ela desconversou. - E-eu...

—Você... - ele a prensou contra a parede, acariciando seu rosto.

—Se-será que você... - respirou fundo. Odiava quando ele fazia aquilo com ela. - Você vai ao baile... C-comigo?

"Que droga, isso é mais difícil do que parece", pensou.

Ele sorriu, e a beijou. Ah, que coisa. Ela adorava quando ele a beijava daquela maneira. Lenta e carinhosamente. Se separaram, e, sem o seu próprio comando, percebeu que estava sorrindo.

—Eu adoraria, Ayuzawa Misaki. - ele respondeu. - De verdade. - sua face entristeceu-se. - Mas não vou poder.

O desaparecimento do sorriso dela e os olhos perdendo o brilho que ficou presente por um segundo, foram o bastante para abalá-lo ainda mais.

—Meus pais... Eles... - sua voz falhou. Odiava quando decepcionava Misaki. - Bolaram uma viagem pra gente. Querem se reaproximar de mim. Vamos para uma das praias que eles têm.

Misaki sabia que deveria ficar feliz por Usui. Ele tinha uma péssima relação com os pais. Tinham razão de quererem ficar mais perto do filho, e notava-se que o garoto também desejava ficar mais próximo da família. Mas a maid ficou incrivelmente entristecida com a notícia. Seu desgosto pelo baile aumentou ainda mais. Usui não poderia estar com ela. Não iria poder segurar sua mão, e fazê-la se sentir melhor.

Ainda assim, colocou um sorriso falso no rosto e falou:

—Que ótimo, Usui. Fico feliz com isso.

Os dois sabiam que não.

*Duas semanas depois...*

Misaki ajeitou o vestido no corpo.

Em sua opinião, era o pior vestido que já foi colocado em seu campo de vista. Já não gostava do uniforme de empregada; achava-o ousado demais. Agora, aquele vestido? Ela parecia uma menina delinquente que aprontava todas.

Claro, era bonito, não podia negar isto. Mas, ao olhar de perto, nunca poderia se imaginar vestida nele. "Nossa, imagina se os alunos do Seika me vissem assim", pensou. Pela primeira vez nas duas demoradas semanas, a maid agradeceu por ser um baile de máscaras. Assim, se por algum acaso do destino, outro colega de escola a visse, não iria reconhecê-la.

Ela parecia uma princesa. Era preto e vermelho, e valorizava as suas curvas. Apesar de pensar que se sentiria mais confortável se ele fosse longo, ele parecia cair perfeitamente nela. Parava um palmo acima do seu joelho, e atrás o vestido descia como uma cauda. Ele parecia quase feito pra ela.

Ela odiava Satsuki por isso.

A máscara também não era feia. Também centrada no preto e vermelho, era simples comparada às outras que a gerente tinha escolhido. Tinha uma rosa vermelha e alguns enfeites em um lado da máscara.

Apenas o sapato não lhe agradava muito. Era uma bota preta de cano médio e cadarços, com um salto que não era tão alto, mas também não tão baixo. Não era acostumada a usar salto alto. No café, algumas maids gostavam de usar saltinhos, mas ela sempre preferiu uma bota simples. Ou seja, isto resultou em uma Misaki com uma pequena dificuldade para andar.

(Link: http://www.polyvore.com/misaki/set?id=183866955)

Ao chegar no local do baile, surpreendeu-se. Era enorme, como um palácio. E era quase isso mesmo. Ficava num canto um pouco mais afastado da cidade, mas, ao redor, ainda parecia movimentado. Não parecia antigo, porém não era tão novo. Como era em forma de quadrado, em cada ponta projetava-se uma torre pontuda, e no terraço haviam algumas pessoas. Provavelmente, para poderem se livrar do alvoroço que estaria lá embaixo.

Odiou Satsuki ainda mais por convencê-la a ir para aquele lugar.

Logo quando entrou, seus olhos lacrimejaram por causa das luzes que se projetavam daqui e dali. A música era alta, e as pessoas se mexiam loucamente ao redor dela. Andou até um determinado local, onde as organizadoras da festa estavam, e, assim que entrou no cômodo, fechou a porta e, com os olhos fechados, respirou fundo, até perceber que havia gente no lugar.

—Misaki!

Satsuki, Erika e Honoka estavam lá, devidamente arrumadas. A gerente, obviamente, vestiu-se como a própria personalidade. Seu vestido era longo e rosa, e o cabelo preso com uma presilha brilhante, e segurava a máscara combinante com o vestido em uma das mãos.

(Link: http://www.polyvore.com/satsuki/set?id=183937902)

—Olá, pessoal. - cumprimentou com um pequeno sorriso. - Nossa, Satsuki. Se arrumou bem, viu?

Ela sorriu como uma maníaca. - Ora, obrigada, Misaki. Desculpe se exagerei, mas, bem, eu sou a coordenadora executiva principal da festa. Tenho que estar à altura.

—Coordenadora executiva principal? - indagou a morena.

—Eu acabei de inventar esse nome.

—Ah, certo.

Honoka era a mais simples, mas não deixava de ter a beleza. Com o vestido azul com poucos detalhes e a máscara também azul quase sem enfeites, parecia quase ser mais nova.

(Link: http://www.polyvore.com/honoka/set?id=183870405)

Então, Misaki olhou para a Erika, e os olhos arderam. Se Misaki parecia uma princesa, Erika certamente era uma rainha. O cabelo ruivo estava preso em um coque, e uma tiara dourada acrescentava mais brilho ao cabelo. O vestido verde era quase no mesmo estilo de Ayuzawa. Descia até um pouco abaixo do fim das coxas, e atrás caía a cauda do vestido. A máscara também era belíssima. Para não deixar muito monocromático, ela era dourada, como os seus saltos.

(Link: http://www.polyvore.com/erika/set?id=183951728)

—Vocês estão incríveis. - elogiou-as, que agradeceram com um largo sorriso.

—Você não fica de fora, hein, mocinha? - disse Erika. Tirou a máscara do rosto, e olhou para a morena. - Não acredito que a gerente te convenceu a pôr esse vestido. Está lindo.

—Eu também não acredito. - concordou Misaki. - Não estou me sentindo muito confortável com ele.

—Ah, mas eu sei quem vai ficar muito feliz com você nesse vestido. - Satsuki sorriu divertida. - Cadê ele, hein? Não o vi ainda.

—Ele não vem. - respondeu Misaki, friamente. - Foi fazer uma viagem com os pais dele.

—Que pena. - comentou a gerente, aparentemente triste. - Isso não é nada moe.

Misaki revirou os olhos, internamente.

—Bem - continuou a mulher de trinta anos. - isso não vai atrapalhar nossa festa. Vocês não serão maids hoje, mas podem ir agora oferecer conforto aos nossos convidados. E tratem de colocar um sorriso nesse rosto. - olhou acusadoramente para Misaki. - Ah, mais uma coisinha. Hoje, vocês usarão codinomes.

—Por quê? - indagou Honoka.

—Porque fica mais divertido assim. - respondeu, com seu típico sorriso doce demais. - Honoka, você será a Imensidão Profunda. Erika, a partir de agora você é a Árvore Dourada. E você, minha doce Misaki, é a Rosa Negra. Aproveitem a festa!

***

Misaki respirou fundo, terrivelmente entediada.

Satsuki disse à ela para pôr um sorriso, porém sua boca já estava dolorida de tanto sorrir para os convidados, e trocar palavras com outros. Sem falar que, certamente, ela não tinha motivo nenhum para sorrir.

Despediu-se de uma garota que nunca tinha visto na vida, e foi até um garçom, pegando logo um como de refrigerante. O líquido desceu pela sua garganta como se fosse ácido, e sentiu-a queimar. Definitivamente, aquilo não era refrigerante. Deixou o copo ainda com uma boa parte da bebida em cima de uma mesa qualquer, e se dirigiu ao banheiro, um pouco tonta.

Depois de sair do banheiro, já melhor, encontrou com Erika, que conversava animadamente com uma mulher. Provavelmente, já se conheciam.

—E então... Ah, oi, Misaki! - parou sua conversa para cumprimentá-la.

—Oi, Erika. - disse. - Eu já estou de saída, podem continuar, não quero atrapalhar.

—Imagina, Misa-chan. - retrucou a ruiva. - Essa é minha prima, Hahiru. Hahiru, essa é minha amiga de trabalho, Ayuzawa Misaki.

—Prazer em conhecê-la. - falou Hahiru.

—O prazer é todo meu.

Engataram numa conversa interessante até para Misaki, até que a mesma sentiu as costas queimarem, e notar que alguém a encarava atentamente. Virou-se para poder identificá-lo, seja lá quem fosse. Já sentia que alguém a olhava desde o início da festa, mas não conseguira ver quem era. Ninguém ali parecia suspeito, então, seu olhar caiu sobre um garoto. Vestia as roupas masculinas comuns de bailes como aquele, tipo os da realeza. Usava uma máscara verde escura que cobria todo o seu rosto, e estava encostada na parede, longe de qualquer outro campo de visão, além do de Misaki. Erika cutucou-a para chamar sua atenção, e, quando foi olhar de novo, o rapaz desaparecera.

—Com licença. - pediu, e logo foi atrás do garoto.

Andou por quase toda a área do local da festa, e não encontrou nada. Derrotada e cansada, fez meia-volta e começou a andar até um lugar mais calmo. Contudo, uma voz que Misaki não conseguiu reconhecer soou em meio à música alta.

—Procurando alguém?

Era o mesmo garoto que ela vira. O topo da cabeça estava coberto pelo capuz da capa, e ele possuía um pequeno sorriso sarcástico, e os olhos verdes como uma imensidão de árvores. Ele a lembrava tremendamente alguém...

—Usui. - murmurou. - É você?

Ele suspirou dramaticamente.

—Talvez eu seja, ou não. - respondeu. - Gosto de comparar este baile de máscaras à vida. Será que você pode entender o porquê?

Ela piscou, e ele tinha sumido.

***

Mais uma vez, Misaki sentia-se entediada.

Passara mais uma boa parte do baile conversando com desconhecidos, e ao mesmo tempo, procurando o mascarado misterioso por quem ela insistia pensar o tempo todo.

Atravessou uma ala movimentada - na verdade, todas eram -, até poder enxergá-lo novamente, e sentiu o coração bater novamente mais forte. Então, ele notou que ela a observava e saiu de seu campo de visão. Misaki começou a segui-lo, vez ou outra perdendo-o de vista. Até que chegou onde praticamente não havia ninguém: o terraço.

O vento era frio, e fazia as pernas descobertas de Misaki tremerem. Pelo visto, ele não parecia estar ali. Triste, se dirigiu até as escadas. Mas antes de poder completar a ação, sentiu seu corpo ser puxado e uma mão tapando a boca.

Fez uma careta de dor ao sentir as costas prensadas na parede de um quarto escuro. O rapaz com a máscara verde estava lá. Contra a própria vontade, seu coração começou a bater mais forte. Qual é o meu problema?, perguntou-se. Nem ao menos o conheço. Não posso estar apaixonada por ele.

Mas seu coração não a enganava. Talvez sua mente, mas nunca o coração. Quando o via, ele batia mais rápido. Suas mãos suavam, e ela sentia mais e mais vontade de saber que estava debaixo daquela máscara. A única vez que se sentira assim fora com... Usui.

—Eu sei que é você. - confessou. - Tem que ser.

Estendeu a mão para poder tocar a máscara dele, e o rapaz recuou, hesitante.

—Me desculpe por isso. - ele sussurrou, para que apenas ela pudesse ouvir. Segurou as mãos pequenas e firmes dela, e guiou-as até a máscara dele, tirando-a. O rosto de Usui revelou-se, e Misaki sentiu o alívio percorrer pelo seu corpo. Abraçou-o com uma força inimaginável, enquanto ele sussurrava um "eu te amo".

—Usui, seu idiota. - respondeu, e beijou-o. - Quer sair daqui?

—Com o maior prazer. - ele sorriu.

***

Já lá fora, de mãos dadas, eles caminhavam pela redondeza, até que Usui estacou no lugar onde estava.

—Deixa eu ver uma coisa. - pediu. Segurou a mão de Misaki no alto, o que não era difícil, pelo fato de que, mesmo com a namorada de salto alto, ele ainda tinha uma boa vantagem na altura. - Dá uma rodadinha.

A garota estranhou, mas respondeu ao pedido do loiro, que sorriu divertidamente.

—É, agora posso dizer com certeza. - agarrou Ayuzawa pela cintura. - Você está linda.

Direcionou as mãos até o rosto dela, e retirou a máscara preta e beijou sua testa.

—Aliás, você é linda, Rosa Negra.

A menina corou diante do apelido idiota que havia ganhado.

—É como eu disse. - comentou Usui. - A vida é um grande baile de máscaras, e cabe a cada um de nós descobrir o que tem atrás de cada uma.

Enquanto andavam de volta para casa, e ao encarar os olhos abertos de Usui, porém ainda tão fechados quanto um dia de chuva, Misaki não teve como não se perguntar:

Teria ela se apaixonado por Usui ou por sua máscara?


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