- Aaaaii! Pára de puxar o meu cabelo! – gritava um.

- Deixa de ser fresco! Você é muito molenga, sabia? – rugia o outro.

  Enquanto estavam observando através de uma grande janela, dois garotos não paravam de brigar entre si. Um tinha dreads negros com alguns brancos espalhados, vestia uma roupa branca toda de couro que consistia em calça skinny e jaqueta, onde embaixo havia uma camiseta vermelha. Ele possuía pequenas asas azuladas e uma reluzente auréola sobre a cabeça. O olhar angelical agora estava triste.

  Estava sendo segurado pelos cabelos cuidadosamente ajeitados por um garoto igual a ele. Tinha os cabelos compridos, negros, penteados para trás e escondidos por uma cartola preta, deixando à vista dois pequenos chifres vermelhos. Usava uma camisa branca abotoada, uma calça e colete azuis, adaptados às asas vermelhas e à cauda pontuda que tinha.

- Isso, isso! Ele vai assustar o Tom! Faça isso, Bill! Se vingue por todas as brincadeiras que ele já fez com você! – falava o de chifres para o nada, sendo que à sua frente, na janela, o que viam era Tom, dormindo tranquilamente.

  A visão estava se aproximando e um balde com água fria estava posicionado sobre a cabeça do loiro que quase roncava.

- Não Bill! Não faça isso! Ele é seu irmão, só gosta de brincar com você, mas nada disso é feito com maldade! Pare onde está! – disse o de branco, ainda ajoelhado no chão reclamando baixinho pelos puxões de cabelo.

  Em seguida, o balde se afastou, e pode-se ouvir um suspiro. A visão de Tom estava se afastando até que sumiu, sendo bloqueada por uma porta.

- Grrrr, seu imbecil! Ele estava prestes a sacanear o Tom! Você sempre estraga os meus planos! – o de chifres resmungou, soltou nervoso os cabelos do outro e após dizer isso, encolheu um pouco de tamanho.

  O de branco soltou um “Ai” aliviado, e olhou repreensivo para o de azul.

- É essa a intenção. Você só pensa em maldades... eu existo para fazer do Bill uma boa pessoa! Imagine se ele fosse como você! – então o de dreads aumentou um pouco de tamanho.

- Se você fosse mortal, juro que te matava, seu maricas! – e foi caminhando para longe, pegando impulso com as asas vermelhas e voando para uma parte vazia do salão.

  O de asas azuladas olhou novamente para a grande janela em frente, vendo que o garoto se olhava no espelho.

- É por causa disso que eu também sou sua consciência, Bill.