Máquina Mortal escrita por Helen


Capítulo 1
Capítulo Único — Mortalidade.




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Respirava.

O ar saía e entrava. Era possível ouvir o som que ele fazia quando saía das cavidades nasais. Algo tão simples e automático, que a máquina não havia percebido sua importância até o dia em que precisou fazer aquele simples ato manualmente.

Seu corpo, aquecido mais do que deveria, lhe incomodava. Não conseguia diminuir a temperatura. Por isso era obrigado a ficar deitado. Queria sentir frio. Algo refrescante. Mas quando havia tentado duas vezes, apenas piorou sua situação.

Duas máquinas também feitas de carne estavam na mesma sala branca. As glândulas lacrimais fabricavam mais lágrimas do que os globos oculares poderiam aguentar, então elas desciam pelo órgão integrante do sistema tegumentar, conhecido também como pele. Elas caíam no chão, puxadas pela gravidade.

A máquina de carne estava deitada na estrutura metálica, onde repousava um colchão feito com espuma. Uma contração súbita do diafragma causa uma expulsão ruidosa de ar pela boca. Soluço. O diafragma se contraiu subitamente mais duas vezes, até que os pulmões, cansados, decidiram que era hora de parar. Avisaram ao órgão oco de tecido muscular estriado cardíaco, o qual tinha função de bombear o tecido conjutivo líquido por toda a máquina, dizendo: "vamos todos nos aposentar hoje". O restante da máquina concordou, inclusive o cérebro. Ignorando a alma, todos começaram a lentamente a terminar suas funções, entrando em aposentadoria.

A máquina fechou os olhos e respirou uma última vez antes de desligar. E então, desligou.


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