POV CJ

 Pronto, eu estava ferrada. Descobriram minha identidade. Não, se acalma. Primeiro eu tinha que me livrar da roubada. Percebi que o garoto estava distraído então lhe dei um chute no peito. Levantei e quando eu preparava para correr o cara me segurou pelo pulso. Ele era forte.

 Ele me puxou em sua direção e eu bati a cabeça em seu peito. Olhei para seu rosto, seus olhos eram intensos. Suas feições rígidas, o fazia parecer mais bonito. Prendi a respiração.

—-Então você é CJ?—ele perguntou com um sorriso encrenqueiro que me fez suspirar.

 EI! Eu não suspiro! Fechei a cara e lhe dei um soco fazendo-o me soltar, se eu fugisse com certeza ele iria me entregar. Eu não ia me mostrar de fraca.

—-Quem pergunta?—repliquei enquanto ele recuperava a compostura.

—-Onde está minha educação diante de uma dama, me chamo Paulo Guerra.—o cara...quer dizer, Paulo disse com desdém enquanto estendendo a mão.—O prazer e é todo meu.

 Meio relutante a apertei. E o olhei nos olhos.

—-E então, CJ é uma garota?—ele riu. Tirou o gorro revelando um cabelo escuro e revolto.

 Senti meu rosto esquentando. Eu detestava quando me subestimavam, eu andava de skate melhor que muitos garotos por ai.

—-Te interessa?—retruquei e ele me olhou de uma maneira estranha.

—-Parece que eu estou olhando uma versão feminina minha.—ouvi Paulo sussurrar.

—-Hein?

 Ele me olhou e deu uma leve corada antes de responder:

—-Nada que te importe. Então você é ou não o tão famoso, quer dizer, famosa CJ?

 Será que eu devia confiar nele?

—-Depende...—comecei meio hesitante.

—-Ei eu não sou fofoqueiro, se quiser falar com um eu chamo minha irmã.—Paulo rosnou e eu ri.—Fiz você rir, agora vai me responder ou vai ficar enrolando?

—-Você me fez rir grande coisa.

—-Eu te fiz uma pergunta simples. Só responda com sim ou não. Você é CJ?

 Perdi a paciência e sabendo que ele não iria desistir.

—-Sou sim, mesmo que isso não te importe.

—-Viu? Foi tão difícil responder essa simples pergunta?—ele debochou.—Cara, eu nunca pensei que CJ poderia ser...

—-Uma garota?—sugeri ficando vermelha, dessa vez de raiva.—Isso é machismo sabia, garotas podem andar de skate tão bem quanto garotos, por isso que eu não queria que me reconhecessem iam me tratar de uma maneira inferior...

 Paulo interrompeu meu discurso tapando minha boca.

—-Cara, eu acho demais você ser uma garota. Uma das minhas melhores amigas anda de skate melhor do que eu. Ela que me contou sobre você.—quando Paulo comentou isso meu ego deu uma inflada.

—-Ela estava aqui outro dia com um cara?—lembrei enquanto tirava a mão dele da minha boca.

—-Sim. Mas ela se referiu a você como um garoto e eu fiquei surpreso porque o cara que estava com ela tem uma queda por ela e achou que você estivesse dando em cima dela.—Paulo riu e eu também.

—-Não obrigada.

—-Agora que nos entendemos, o que acha de ir dar uma volta para conversarmos?—Paulo sugeriu meio cauteloso.

 Pensei um pouco antes de responder:

—-Sim.