O tempo foi eterno antes de se encontrarem e ainda mais duradouro até que pudessem ficar juntos, travaram batalhas diariamente pra entender aquele amor complexo e o encaixar dentro de si. Era tamanho, que a todo o segundo transbordava. Os dias eram flores.
Azuis, dourados, vermelhos.
Perfumados, mágicos.
Alguns tinham espinhos. Nada os impedia e o amor crescia.
Sonhos ficaram mais ousados, planos se estendiam mais adiante no futuro, lembranças não aplacavam a saudade. Ficaram cada vez mais criativos. Juntos e distante. Filmes que ninguém via, dias de olhos fechados, rotinas compartilhadas. Sentir a presença de alguém nunca fora tão necessário.
Não se sabe o que ou quando, mas algo os atrapalhou. Os astros, um sonho, um dia, um alguém. Vários ninguém. Até que as batalhas foram travadas entre si e os espinhos tornaram-se espadas, fortalezas foram erguidas, príncipes dourados deixaram de brilhar e a maga não conseguiu proteger o amor.
Ardeu.
O inconsciente, o onisciente e os inconsequentes conspiravam contra a linha vermelha, a união do destino. A felicidade sempre foi invejada por todas as forças do universo.
Quando os dias eram bons, a terra movia ao contrário e a sintonia era quebrada. Quando os dias eram incríveis, tragédias aconteciam. As lembranças amargavam o amor, os dias especiais eram saudosos e solitários, ser onipresente já não era suficiente. Uma coleção de desejos, futuro imaginado, planos traçados, beijos ansiados, abraços aconchegantes e olhares quentes se acumularam onde já não cabia mais.
Mas não importava a tragédia, o amor estava lá. Isso é ser a metade de um todo. O sentir constante da dor e pesar do outro. O sentir constante do amor, do ódio, da consciência.
Sentir a alma.
Ainda espero o fim da guerra, a solução ou a destruição.
Mas a vida se alinha, Marte e Vênus se encontram. O deuses agradecem as preces.

É época de florir novamente.